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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

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ex Kamikaze, 31.07.06
Amigo Carteiro, aquele abraço ainda mais especial neste seu dia de aniversário e parabéns por ... ter ido de férias! Pensando no que Vexa escrevia aqui há 1 e 2 anos atrás é caso para dizer: que progressos :)
E olha João, podes ter a certeza que não és so tu que queres brindar pelo teu pai e com ele... e ainda que aqui o champagne seja apenas virtual , vai um brinde com uma imagem algo ambígua, um toque de humor negro que o sol não brilha para todos, como bem lembra o MCR no antecedente postal.



PS 1- Carteiro, espero que os seus níveis de ansiedade baixem durante as férias...então não podia ter esperado mais uma horita e dar-nos a pimazia da lembrança, homem?!
PS 2 - e quem sabe até logo mais, ao sul, nosso "padroeiro" ...

3-euros-3 por cada 15 m

Incursões, 31.07.06
A 3-euros-3 por cada 15 minutos, não estão à espera que eu faça um relatório, pois não? Limito-me a sublinhar que isto é uma roubalheira. Estou no Algarve, pois, no Montechoro, que é o sítio onde poiso quando deixo as coisas para a última hora.

Cheguei já à noite e, por isso, não sei como anda o tempo. Sei apenas que está vento. Espero melhorias para amanhã. Mas, se não houver, paciência. Importante mesmo foi o ter conseguido sair.
Aproveito para informar que já comecei a fazer 46 anos. Não precisam de dar os parabéns, mas obrigado na mesma :-), porque sei que já estão todos a abrir garrafas de champanhe (o João já está a chamar-me convencido). E, pronto, é assim a vida ao preço de 3-euros-3 por cada 15 minutos.
Abraços para todos do carteiro Hermenegildo e do João.

antes de ir para férias

d'oliveira, 30.07.06
Uma das imagens que me persegue desde que tenho idade para pensar é a de um menino de quatro cinco anos com um sobretudo muito bonito e um estrela de David (estrela de seis pontas) na lapela. O menino tem as mãozinhas no ar. Como quem está ameaçado por indizíveis assassinos. Não sei se o menino sobreviveu ao horror dos campos de morte nazis. Sei apenas que essa imagem é a imagem da suprema infâmia. Como uma de hoje: dezenas de corpos de crianças são retirados mortos da cave de um edifício onde, com as mães, também mortas, se escondiam das bombas de Tsahal, o exército de Israel. Até prova em contrário, o desonrado exército de Israel. Entretanto os porta-vozes do governo e do exército de Israel já tentaram desmentir este assassínio de civis. Primeiro disseram que as mulheres e crianças são usadas como escudos pelo Hezbollah. Depois disseram que não se compreende como um ataque feito pela manhã só é tornado público à tarde (como se retirar quatro inteiros andares de cima de uma cave, se fizesse em cinco minutos!...). Finalmente disseram que os mísseis tinham sido dirigidos para um alvo a quatrocentos e sessenta metros (que precisão!!!). Agora, alguém fala em inquérito. Por favor não o façam! Primeiro porque vai concluir-se que foram os terroristas do Hezbollah que os mataram. Ou que foi uma fuga de gás. Ou um depósito de bombas ali mesmo ao lado. Ou...Ou... Depois porque não punirão os assassinos. E muito menos darão vida aos mortos. Respeitem estes, ao menos.
Espero também que a conhecida articulista Esther Muchnik que diariamente defende a outrance o Estado de Israel, não tenha filhos, que tendo-os não sejam crianças, que já o não sendo que estejam longe das bombas, que tendo-os. adultos e perto do local dos combates não sejam atingidos por um míssil fantasma... Ou não o disparem...

A vertigem da biblioteca infinita

ex Kamikaze, 30.07.06




A simples visão do exterior da instalação – Book Cell, do eslovaco Matej Kren - que se ergue no átrio do CAM (note-se que não é a da foto, embora seja do mesmo autor) - impressionou-me: aquelas coloridas paredes de livros habilmente sobrepostos, num equilíbrio aparentemente precário, constituía de per se um objecto arquitectónico de impactante beleza.
Não liguei ao aviso que prevenia os incautos dados a vertigens: entrei afoita, que não me penso dada a essas idiosincrasia, nem não sou moça de ficar de fora a ver, e a nesga de luz e cor que se entrevia pela abertura daquela “torre feita de livros” estava programada para atrair mesmo os menos curiosos….
E eis-me inesperada e subitamente quase em desiquilíbrio, pés hesitantes sobre a ficticiamente estreita passagem ladeada de espelhos que, multiplicando até ao infinito essas paredes feitas de sabedoria inerte, pareciam querer atrair-me ou para o abismo daquela espiral de inalcançável conhecimento ou para o infinito de um céu sem horizonte.
Saí assustada, perante a queda consabidamente imaginaria mas ainda assim iminente. E fiquei à espreita pela abertura de saída, pés fora, cabeça dentro, contemplando o impossível sonho de saber.

Por aí

Incursões, 30.07.06
Eu também. Vou por aí, com o meu Joãozito, até ao Sul, ele que queria um boné laranja e com rede, que não conseguimos encontrar.
Comprei uns corsários - esta noite-, eu, que sou um bocado conservador, mas que gosto de viajar com o ar do puto que até podia ir ao festival do Sudoeste (Olá, Mariana, estás bem por aí?). Adolescência maltratada ou a recusa de outras coisas, que tal a recusa do tempo? Vou por aí. Se tiver tempo e um computador por perto, direi o que ando a fazer. Será mau sinal. Sinal de que não consegui desligar (para que estou com isto, se sei que não consigo desligar?).

Agradeço, contudo. O grito de sexta-feira. O final do dia, do prazo e dos prazos. Quase 300 artigos, 100 doumentos? Já nem sei.

Conto de uma mulher

Sílvia, 29.07.06

Por várias vezes tentou escrever o texto, outro texto, palavras outras. Por muitas vezes saiu da frente do computador e foi sentar-se na poltrona da sala, buscando a forma, o conteúdo do texto que precisava escrever.Algo leve, passageiro. Sabia de uma espécie de ansiedade que a invadia, como se tivesse um compromisso com a escrita. Um compromisso interno, externo, já não conseguia definir bem. Sabia que as fontes para escrever o poema, a prosa, são muitas. Todas ao alcance da mão, da mente. Ao alcance do olhar.
No entanto, apesar disso, apagou todas as vezes o que ia rascunhando.

Não é isso, não é isso, murmurava consigo mesma. Nada sobre o oceano ou a tarde linda lá fora. Nem sobre os flamboyants colorindo o caminho de um vermelho peculiar. Sempre e tudo lugares comuns.E sentava-se novamente em frente à tela branca. As mãos dele por entre a sua blusa e a pele, descendo-lhe pelo corpo, lentamente. Tocando-lhe os seios. A boca na sua nuca. O frisson. Sacudia a cabeça para afastar a memória. E recomeçava a escrever: era uma tarde vazia, a rua...

As palavras dele ao seu ouvido: amo-te, nunca saberás quanto. As palavras dele entrando-lhe pelo peito, gravadas nela. És minha, entendes? Só minha, sabes disso. E segurava-lhe os braços, a carne, abraçava-a com força. O tom trêmulo da voz dele correspondendo ao estremecer dela, à sensação de alguma coisa líquida descendo-lhe pelo corpo, de frio na espinha. O desejo invasivo e uma ternura que nunca sentira. A boca oferecida ao beijo enquanto pendia a cabeça para trás. As palavras dele. És meu amor definitivo, sabes? Nunca mais te deixarei ir. Amo-te, amo-te, amo-te. Para sempre. E ela acreditava. Acreditava e sabia.


Levantou-se e foi à cozinha beber um suco, um café, uma qualquer coisa. Precisava escrever e não queria escrever memórias. Memórias de um tempo há muito passado. Memórias pregadas em si, impressas na sua história. Precisava ver-se livre da memória da paixão, do amor. Ao menos desta intensidade. Precisava reorganizar-se. Era uma mulher que amava a vida, uma mulher apaixonada, e queria de volta a disponibilidade afetiva que um dia tivera. Não queria esquecer a história, o privilégio de a ter vivido, mas apagá-la um tanto. Descer sobre ela véus, fumaça. Nada parecia atenuar essas lembranças nítidas.

Passou pela cozinha e ligou a televisão. A lembrança dele não a deixava. O abraço por trás enquanto faziam qualquer tarefa na cozinha. As mãos nos seus quadris, nas coxas levantando o vestido. Meu amor, amo-te. Nunca esperara por isto. Os corpos fundidos. O desejo dele, fúria e suavidade. As palavras dele. Nunca pensei que amaria novamente, nem que pudesse amar assim. Nunca amei como te amo. Nunca pensei que amaria as tuas palavras. Encantas-me. Fascinas-me. Quero-te minha. Quero-te, sem limites. E ela o amava, sem limites .Os dois conversando depois do amor, a intimidade repartida à meia luz. As pernas, os corpos, plenamente acomodados um no outro, encaixados como peças de um puzzle. Descansados. Sem incômodos. Risos e atenção, carinho. Os livros, os poemas lidos, a música compartida.

Desisto! Escreveu na tela. Desisto. Respirou fundo, rendida.

O ar ou a dor a entrar-lhe no peito.Vencida a resistência, sentou-se na cadeira a chorar um choro manso. A mulher que não esperava mais. Que voara vôos inesperados. Que o amara porque era livre com ele. Que saltara para um abismo de dúvidas sem hesitar. Que o tivera nos braços chorando, o corpo enroscado no dela. Que o tivera em si, perdidos os dois na surpresa de serem um só. Que se perguntara todos os dias porquê. Que construiu todas as hipóteses possíveis. Que conversava todos os dias consigo mesma como se conversasse com ele. Que sabia ser aquele o último amor de sua vida, mas que ainda se dispunha a amar. Que dorme com esses paradoxos. Que ora a um deus – ela que não crê - pela anestesia. Que chora muito baixo para que ninguém perceba e o homem não sinta, apesar da distância, suas lágrimas.


Sentada a mastigar, pedaço a pedaço, o silêncio.


Silvia Chueire

Em resposta a quem nunca tem dúvidas, chamo os reforços

Incursões, 29.07.06
Quando, Sábado passado, abri o Expresso e li a crónica do primo João (Pereira Coutinho), sorri e achei que aquele era o registo, eu que ando farto de lhe dizer que ele tem de voltar ao estilo inicial - corrosivo! Ele costuma olhar-me de soslaio quando lhe digo estas coisas. Mas ouve-me, que eu sou mais velho e, aqui para nós que ninguém nos ouve, talvez tenha sido um dos principais culpados por ele andar ligado aos jornais em vez de ser um desgraçado advogado.

Soube há pouco, por interposta pessoa, que é mesmo assim, e que, por ser corrosivo, foi o mais comentado da edição passada do Expresso. Liguei-lhe há minutos: desce ele, a pé, uma avenida de Lisboa e acrescenta que a semana foi dura. Não deixou a coisa pelo recatângulo e, na sua coluna na Folha de São Paulo, andou a escrever cartas aos terroristas. Milhares de comentários. Também me contou que escreveu sobre a guerra civil de Espanha e comprou uma guerra com o Embaixador. Boa, João! Por aqui, as pessoas não têm dúvidas de que os sionistas são uns bandalhos assassinos. Na minha suprema ignorância, eu tento ser equilibrado e suscitar as minhas dúvidas.
Mas, para os que aqui andam e não têm dúvidas, eu aproveito-me de ti, que também não tens dúvidas. Temos que ser uns para os outros, pá.

Por isso, deixo ficar aqui as palavras iniciais do teu texto na Folha (Ah, e diz ao Alberto Gonçalves que li a crónica dele esta semana na Sábado e que ele está em grande forma. Ainda começo a comprar a revista por causa dele...).

Caros senhores terroristas

Começou a época das manifestações. Leio agora que, só em Londres, milhares de pacifistas saíram à rua para marchar contra a guerra no Oriente Médio. Nada a opôr. Marchar contra a guerra é simpático. Mais ainda: é cómodo. Você pode não saber nada sobre o conflito, nada sobre as razões do conflito, nada sobre as consequências do conflito. Mas é contra. Ser contra é a absolvição do pensamento: uma forma tranquila de colocar a flor na lapela do casaco e mostrar a sua vaidade moral ao mundo. Hitler invadiu a Polônia, exterminou milhões de judeus e procurou subjugar um continente inteiro? O pacifista é contra. Contra quê? Contra tudo: contra Hitler, contra Churchill, contra Roosevelt. Contra Aliados, contra nazistas. E quando os nazistas entram lá em casa e se preparam para matar o pacifista, ele dispara, em tom poético: "Não me mate! Você não vê que eu sou contra?" É provável que o nazista se assuste com a irracionalidade do pacifista e desapareça, correndo.

Capitão: "Eu não mandei você matar o inimigo?
"Soldado: "Sim, meu capitão. Mas ele era contra. Fiquei com medo."

(O resto está na Folha Online)

Do Mar Inquieto - "A bebé perdeu o nome"

Incursões, 29.07.06
«Este é o título da nota final que, com destaque, acompanhou este artigo da edição impressa do Diário de Coimbra de hoje, e que não consta da edição on-line - que passo a transcrever: "A forma como a Comunicação Social abordou este caso mereceu críticas da parte do procurador do Ministério Público. O magistrado lamenta sobretudo o facto de o nome da bebé ter sido "amplamente difundido".Facto um: o nome foi, efectivamente, divulgado, e não deveria ter sido. Torna-se, deste modo, imperioso, fazer "mea culpa". Facto dois: a partir do momento en que o nome se tornou conhecido, seria uma hipocrisia não o divulgar.Facto três: como ontem apelou o procurador, é preciso salvaguardar o futuro desta bebé e, assim, "esquercer" o seu nome. Os textos que constam desta página já o "esqueceram".
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REGISTO, COM MUITO AGRADO, ESTA ATITUDE DO "DIÁRIO DE COIMBRA"!» - conclui o Mar Inquieto.

Pois, também já tinha percebido...

Incursões, 28.07.06
A nova geração de mulheres é mais propensa que os homens a perseguir, atacar e abusar psicologicamente dos seus parceiros, segundo um estudo da Universidade de Florida.
«Vemos mulheres em relações, que actuam diferentemente do passado. A natureza da criminalidade mudou nas mulheres e isto reflecte-se também nas relações íntimas», disse Angela Gober, uma criminóloga da Universidade da Florida que dirigiu a investigação.
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Se querem saber mais, leiam no Portugal Diário.

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