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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Um dos melhores de nós

José Carlos Pereira, 06.10.08
Decorre hoje e amanhã, em Lisboa, um congresso internacional para reflectir sobre a obra do filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço. Será uma oportunidade para ilustres representantes de várias áreas do saber se pronunciarem sobre a importância da obra de um homem que há muito nos habituou a escrever como ninguém sobre as nossas idiossincrasias, sobre Portugal, a Europa e o Mundo. Uma visão distanciada, e por isso talvez privilegiada, de quem está afastado fisicamente do rectângulo. Nota positiva também para o facto do Governo lhe ter outorgado hoje a Medalha de Mérito Cultural, recebida aliás com singular humildade e simpatia.

Expediente 11

d'oliveira, 05.10.08


Era para ser só terça feira a inauguração (aqui) dos desenhos de Nuno Campos, um artista português radicado em Nova Iorque que resolveu realizar um trabalho sobre a prisão e morte de um jovem militante da Luar (Néquim) em 1968. Todavia obtive o agreement do artista (que aliás conheço desde jovem) e aqui estão os dois primeiros desenhos. Quem quiser ver o resto só tem de se dirigir á fundação PLMJ a partir de 7 de Outubro. As leitoras gentis e os parcos leitores que me aturam sabem que não é hábito meu desatar a publicitar artistas plásticos mas o caso em apreço (e sobretudo o local onde vai ser apresentado, que não é uma galeria comercial) incita-me a fazê-lo. Demasiada qualidade para ser passada em silêncio no meio do ruído mundanal que por aí vai. Aproveitem.

Enfim, Salvos!

JSC, 03.10.08
Bush acaba de promulgar o Plano que tem o nome do homem que mandou a Goldman Sachs ao charco.

A Câmara dos Representantes acabou por aprovar que o governo gaste 700 mil milhões de dólares para possibilitar que o sistema financeiro funcione ou, no dizer do próprio Bush, aprovou o plano de salvamento.

Com esta medida salvam-se aqueles que durante anos geriram em benefício próprio fundos alheios, que receberam prémios escandalosos e os que auferem reformas igualmente escandalosas, a título de indemnização.

Contudo, se a medida servir para baixar o petróleo e a euribor, do mal, o menos…

Au Bonheur des Dames 142

d'oliveira, 03.10.08

Ziska


Éramos novos e percorríamos as ruas e ruelas da Alta e da Baixa como galos doidos. Tu dizias que, de um beco, de uma casa, de um lance de escadas, poderia sempre surgir uma rapariga à sombra da qual o acaso poderia proporcionar uma aventura (uma inocente aventura, que os tempos, como diz o Ferré eram difíceis...). Inventavas histórias com qualquer desconhecida, ias ter com elas no bar das Letras (mais no de Medicina, se bem me lembro) perguntando com uma refalsadíssima ingenuidade se não eram primas de A, sobrinhas de B amigas de C. E se elas respondiam por mais do que um monossílabo era ver-te sentado, iniciando uma conversa que só não era de engate porque tinhas o dom de fazer sorrir, a amabilidade e a cândida desenvoltura de um gajo que depois de se formar em Direito (ou pouco antes, já não recordo) se vira para Medicina e se torna médico.
Foste um pouco, ou muito, o casamenteiro que a minha inépcia, a minha timidez necessitavam. Trazias notícia de todos os passos da rapariga que eu tinha visto, ao descer as “Monumentais” decidido a emigrar para Lisboa, farto de Coimbra, da torre, da “cabra”, das baladas, das capas e batinas e da pequenez. Hoje, não sei se te agradeceria tantos esforços, argumentos e cuidados. Todavia, foi a minha juventude, a história não se reescreve, a vida não se repete (livra!) nem se modifica.
Perdemo-nos de vista, nem sei já como. Terás ido tu para Lisboa, afinal, mudando de curso, de destino. Os anos passaram, eras apenas uma fotografia num dia de sol de Janeiro ou Fevereiro, ambos à porta da Associação Académica. Em 1963.
Amigas e amigos ouviram-me contar as tuas histórias, a alcunha que eu te pusera tão certeira: Ziska. Com K! E com o ar eslavo que o teu físico e cor de cabelos desmentiam. Um cossaco, à solta no sul amável. Uma finíssima inteligência, um humor à prova de bala, a lábia, sempre a lábia desaforada da resposta pronta e contundente.
Reencontro-te numa fotografia de jornal: mais velho (66 e seis anos, diz-se em baixo do nome). Cabelos (menos) e barba brancos. E a morte, um enterro que foi anteontem, numa cidade onde nunca me lembraria de te procurar.
Agora já é tarde, Ziska. Demasiado tarde. Os mortos começam a apinhar-se à minha volta, tarde e a más horas, numa volta de esquina, numa ruela perdida, num lance de escadas que subo com menos vigor, mais cansado, mais triste, mais só...

* um fotograma de C'eravamo tanto amati (1974, Ettore Scola) um filme de que me lembro sempre nestas ocasiões.

GURUS & POLÍTICOS

JSC, 03.10.08
A crise financeira que arrasou a confiança bolsista, tem servido para se ouvir muitos especialistas a debitar opiniões sobre a mesma crise. O curioso da coisa é que são os mesmos que ainda há dois, três meses injectavam confiança e insistiam na necessidade do Estado se afastar da economia, aconselhando à redução da intervenção pública em domínios como o da Educação, Saúde, Segurança social, etc.

Agora é ouvi-los a apelar “ao bom senso”, “a olhar para os mercados emergentes”, a aprender a viver num “clima de incerteza extrema”, a exigiir que os governos intervenham pela compra de “activos tóxicos”, o que equivale a dizer comprar lixo e mais lixo com o dinheiro dos contribuintes.

Curioso é que esses especialistas, tão escutados em fóruns, quanto bem pagos, não conseguiram antever a crise e aplicar os remédios que agora aconselham, quando os recursos públicos que querem desperdiçar na compra de lixo, poderiam ter sido injectados na economia para produzir riqueza.

Então, se alguém ousasse opor-se e defender uma maior intervenção do Estado ou das entidades reguladoras, esse alguém era um mal-pensante, levantava-se um coro em defesa da livre concorrência, das leis sagradas do mercado. Ou seja, facturavam a defender o pensamento económico e financeiro que os políticos faziam aplicar e assim, em conúbio, geraram a derrocada, que dia após dia se agrava.

Esses especialistas e doutos teóricos nunca detectaram o fenómeno “ganância” que grassava nas altas esferas financeiras nem souberam ler as contas ficcionadas que movimentavam as bolsas e rendiam chorudos bónus para as respectivas administrações, por ganhos que só existiam por engenharia contabílistico-financeira.
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Interessante é observar agora que os mesmos que facturaram a gizar o quadro teórico e ideológico que gerou a crise são os mesmos que continuam a facturar a propor “bom senso”, maior “envolvimento das entidades públicas” na resolução da crise,

Para que o quadro seja completo só faltava que o Governador do BP convocar os banqueiros nacionais porque há “receios de contágio”. Durão Barroso também vai chamar os grandes banqueiros europeus, porque, diz, “precisamos de injectar confiança nos mercados”. Como os tempos estão mudados, os capatazes fingem qoue mandam nos patrões.

“Injectar confiança” na perspectiva destes senhores, que apenas descortinaram a crise que geraram no fim do jogo, passa por injectar dinheiro público para garantir o funcionamento de um sistema financeiro, que se manterá “ganancioso”, mesmo que num mercado (aparentemente) mais “controlado” e com penalidades mais gravosas para os incautos.

A conclusão que se retira é a de que quem comanda a vida dos povos e das instituições, incluindo os partidos de poder e os governos, são os Senhores que dominam o Sistema Financeiro. Poderia ser diferente? Talvez, mas não muito.

Uma casa portuguesa

ex Kamikaze, 03.10.08

onde com certeza me podem (re)encontrar... e aos incursionistas actualmente mais militantes que são, hélas, os melhores amigos que se pode ter, e que eu, ingrata, não mereço. É só clicar aqui e seguir as pistas :)

post colocado " a pedido de várias famílias" e dedicado a o meu olhar, a quem prometo regressar em breve, diria mesmo já :)

Diário Político 92

mcr, 02.10.08
Bem aventurados os inocentes...

A drª Ferreira Leite saiu da sua sigilosa reserva e foi de longada até Belém. Foi auscultar o sr. Presidente da República a respeito do reconhecimento do Kosovo.
Entendamo-nos: a senhora dirigente do PPD não foi a Belém dizer o que pensa (ou não pensa) do reconhecimento como pareceria natural num partido que aspira a governar. Foi perguntar ao actual inquilino de Belém e ex-presidente do PPD o que é que este pensava de tão momentosa questão.
Ao que parece esta bizarra diligência deve-se ao facto do Governo estar prestes a tomar uma decisão. Decisão que, atentas as anteriores reservas, parece ser a de se juntar ao alegre e irresponsável grupo de reconhecedores.
Esse mesmo grupo, diga-se para já, que se indignou com os casos da Abkazia (há anos separada da Geórgia) e da Ossétia do Sul que desde há tempos mantinha não só um conflito com a mesma Geórgia mas também estava mais ou menos fora do país de Estaline.
A Geórgia é uma das curiosas ficções da revolução de 1917 e do decorrente direito dos povos disporem de si próprios. Nunca dispuseram, pelo menos na antiga URSS, mas isso era o menos. Os dirigentes da “União” traçaram fronteiras, deram territórios, tiraram outros, expulsaram populações inteiras, amalgamaram grupos étnicos diversos tudo em nome do “socialismo científico “ e da política de nacionalidades cujo primeiro comissário foi aliás o senhor Yossip Vissarionovicht Djugatchivili, mais conhecido por Estaline.
Antes da conquista russa, no século XIX, terá existido uma espécie de principado georgiano sempre tributário de tártaros, persa ou turcos, pese embora a religião cristã de parte da população, da língua e pouco mais. Nas sucessivas guerras que os russos travaram no Cáucaso foram anexados a esse primitivo território, outros conquistados quer a turcos, quer a persas. E por aqui ficamos.
Claro que o Kosovo, que alguns países europeus entenderam reconhecer, ainda é mais problemático como nação. Até aos inícios deste século era maioritariamente habitado por sérvios ortodoxos. Aliás o Kosovo é considerado o berço dos sérvios. A expansão da população albano-muçulmana é recente e tornou-se forte nos últimos decénios do século XX. Foi Tito quem criou a província autónoma do Kosovo dentro da entidade sérvia. Como aliás foi Tito quem inventou o conceito de nacionalidade muçulmana ou entregou a Dalmácia à Croácia, de onde era originário.
Nada disto perturbou as boas consciências ocidentais que assistiram à implosão da Jugoslávia com a satisfação que se conhece. E bom seria que se averiguasse com isenção e rigor as cumplicidades e os apoios a parte das movimentações político-militares nos Balcãs. E já agora recordar que todos, mas todos, os intervenientes cometeram crimes abomináveis. Todos!, repete-se.
Voltando à inocente drª Ferreira Leite. É assim que se perdem oportunidades, cara Senhora. Ir pedir batatinhas ao dr. Cavaco Silva revela menoridade, incapacidade política e ingenuidade. Demasiada areia para a camioneta do PPD! E um inesperado brinde ao sr Primeiro ministro que deve estar a rebolar-se...
Uma pessoa que gosta de falar pouco perdeu a oportunidade de estar caladinha. O desastrado dr. Meneses deve também pensar que lhe saiu a sorte grande. Logo a ele que fala pelos cotovelos...
Não sei, neste momento, qual vai a ser a decisão governamental. Não auguro, todavia, nada de bom. As pressões devem ser mais do que muitas no sentido do reconhecimento daquela fantasmagoria.
Também desconheço o avisado conselho do dr. Cavaco. Se é que deu algum. Se deu, fez mal. Não compete ao Presidente da República servir de ama seca aos dirigentes partidários. Mesmo se estes na sua incurável incompetência se lhe dirigem a pedir uma palavrinha. Essa palavrinha, dada a destempo, compromete o Presidente e mete-o no mesmo barco da requerente. Com as consequências que se adivinham.
Já agora: alguém já pensou no dia em que uns corsos mais exaltados proclamarem a independência? Ou os bascos? Ou os catalães? E por aí fora...
Pergunta final: será que o Primeiro Ministro mandou um belo ramo de flores à drª Ferreira Leite? Se ainda não mandou, faça o favor de se apressar. À falta de flores servem chocolates. Bons de preferência!

De Batumi para o incursoes,
d'Oliveira

CNE Que Futuro?

mochoatento, 02.10.08
No próximo fim de semana decorre o Seminário Nacional dos Escuteiros Católicos Portugueses, em Aveiro.

"Objectivos - O Seminário Nacional dará início ao processo de reflexão interna tendo como objectivos principais:
• Reflectir, numa perspectiva de futuro, sobre a situação actual do CNE tendo por base alguns dados recolhidos, experiências vividas e a imagem interna e externa;
• Ser um espaço de questionamento sobre os Valores e Missão do CNE;
• Apontar caminhos para a definição das linhas estratégicas da associação;
• Constituir ponto de partida para uma dinâmica de eventos regionais que gerem contributos sobre o tema e garantam uma participação abrangente e alargada;
• Ser fonte de documentos e pensamento que possam servir de base a outras análises em oportunidades futuras.

Programa - O programa do Seminário assenta sobre 4 grandes blocos temáticos ou dimensões.
• Identidades
• Realidades
• Valores e Missão
• Visão

O trabalho sobre as 3 primeiras dimensões procurará compor um retrato da situação actual, não só do Escutismo (e em particular do CNE) mas também dos diferentes meios com os quais interage ou se relaciona.
Em cada uma destas dimensões seremos levados a reflectir, procurando, com a ajuda de alguns convidados, encontrar respostas para algumas questões:

Identidades – o que são os jovens de hoje, em Portugal e no Mundo? Que papel para a educação não-formal hoje em dia? E o Movimento Escutista, que principais desafios enfrenta hoje neste mundo global? E que prioridades traça no início dum novo século?

Realidades – em que contexto vivemos? Como se vem posicionando o CNE em relação a diversos domínios? Estamos a formar os Homens e Mulheres que o séc. XXI precisa? Que Mundo estamos a ajudar a construir? Como nos posicionamos e como somos percepcionados?

Valores e Missão – Que valores são afinal os nossos? Fazem ainda sentido no Mundo de hoje? Seremos eficazes no “passar da mensagem”? É clara para todos a Missão que o Movimento Escutista escolheu para si neste momento da História? Como a vive o CNE?

Com base nesta análise, procurar-se-á, num segundo momento, começar a sonhar com os contornos do CNE que gostávamos que existisse e que a sociedade portuguesa necessita. É tempo de começar a esboçar uma Visão partilhada para o CNE "

Mais informação em http://www.cne-escutismo.pt/

...

Incursões, 02.10.08

 

 From: Nuno de Campos <nunodecampos@gmail.com>

 Olá Marcelo, como vai?

 Queria dizer-lhe que abre na próxima terça-feira dia 7 uma exposição minha na Fundação PLMJ em Lisboa. Trata de uma história que talvez conheça:  Daniel Joaquim de Sousa Teixeira, que tendo participado na falhada operação da LUAR para tomar a cidade da Covilhã, foi preso e morreu na prisão de  Caxias no dia 24 de Outubro de 1968. Tinha apenas  22 anos de idade.

 

O projecto inclui também um arquivo online que vai ser lançado nos próximos dias. Nele vai ser reunida uma série de documentos da época acerca da operação da LUAR, da prisão e morte do Daniel Teixeira, assim como as cartas que escreveu da prisão. O arquivo será aberto a contribuições de pessoas com conhecimento sobre o assunto, ou que tenham em seu poder documentos relacionados com este caso, com a LUAR, com estudantes portugueses em Franca e na Bélgica, ou com esta época em geral. Algum comentário que queira adicionar seria muito apreciado. Queria também pedir-lhe que divulgasse o projecto entre os seus amigos que possam estar interessados.


 

Nuno


vi os desenhos mas como sou um desastre informático não os consegui transpor para aqui. Nem um!

Devo, todavia dizer, que são magníficos e que valem uma deslocação. Não hesitem. Nuno Campos tem um percurso confirmado nos Estados Unidos, onde reside e trabalha e esta é uma oportunidade excepcional de ver o seu trabalho sem a "maçada" de ir a Nova Iorque...  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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