Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Cortes cegos

O meu olhar, 07.09.10

 

 

Seria importante que o país tivesse uma direcção, uma estratégia e que esta fosse conhecida e assumida por todos os que quisessem envolver-se no seu desenvolvimento. E que as orientações estratégicas se desdobrassem nas diversas vertentes da sociedade. Claro que isto não é novidade para ninguém. É verdade para a vida profissional mas também pessoal de cada um de nós. É verdade para as empresas, associações, clubes, equipas. É verdade sobretudo para o país. É uma verdade conhecida por todos mas que ainda poucos põem em prática. Bom, mas não é directamente desta questão que quero falar mas sim de algo que é uma das consequências directas da sua não existência: os cortes cegos na despesa pública.

Sabemos das restrições fortes que foram introduzidas no orçamento da despesa pública para o ano de 2010. Os reflexos dessas restrições ainda não são visíveis por razões que se prendem com a dinâmica de gestão dos orçamentos de cada sector, mas quem está por dentro do sistema sabe bem do peso dos cortes e das suas fortes implicações. Ora, o que me está a parecer é que, com a ausência de uma estratégia, os cortes são feitos de uma forma cega, com a cegueira quantitativa, com percentagens de gabinete, sem olhar às consequências reais desses mesmos cortes.

Tudo isto para falar do desporto amador.  Recentemente soube de dois casos alarmantes: um que me é próximo, outro o da filha de uma amiga minha. Neste último caso uma jovem de 17 anos que obteve os mínimos para ir aos mundiais e que devido aos cortes orçamentais, a respectiva federação não teve dinheiro para levar esta jovem a representar Portugal. Outro, o do meu filho mais novo, que se esforçou tanto para entrar na selecção de Judo, o que conseguiu, mas que agora não tem competições internacionais ( mesmo que realizadas em Portugal), nem tão pouco estágios devido aos cortes orçamentais. Como eles milhares de jovens por esse país fora vêem o seu esforço bater contra uma porta fechada. É lamentável. É evidente que as verbas necessárias para o desenvolvimento do desporto amador são mínimas se comparadas com a maioria dos investimentos públicos. E estamos a investir em algo que, para além de contribuir fortemente para um salutar desenvolvimento dos jovens, ajuda á projecção do país.

Veja-se o caso de Espanha, de há alguns anos para cá optou por uma estratégia de desenvolvimento desportivo e os resultados aí estão: ganham em todas as frentes!

Claro que os cortes orçamentais agora ocorridos não a única razão para que as diferentes federações bloqueiem, até porque, todos o sabemos, é nos momentos de “vacas magras” que se conhecem os melhores gestores. Todavia, isso não retira a anormalidade do que está acontecer em Portugal com estes cortes cegos.