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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Au Bonheur des Dames 280

d'oliveira, 16.04.11

 

 

 

Lombalgias....


“du passé faisons table rase... (L’Internationale)


Eu sei que isto de ter posto fixo no jornal, pede imaginação e desembaraço. E nem sempre aquela ou, mesmo, este aparecem juntos. Já Eça falava das botas do rapaz da gazeta que chiavam no corredor enquanto o seu proprietário, passeando melancolicamente esperava o artigo.

Com o jovem Pedro Lomba deve acontecer o mesmo. As botas chiam mesmo que metaforicamente, o tempo passa e nada. O Público, que decerto lhe paga bem, espera que este representante da Direita nova mas desmemoriada, lhe sirva o artigo com que  confronta o outro ocupante da última página. E o artigo não sai...

Então Lomba, que é interessante, relativamente culto e desenrascado, recorre ao seu bey de Tunes: A Esquerda paspalhona e tonta! A Esquerda que ele nos seus sonhos, nos seus pesadelos, nos seus apontamentos conhece.  Como se a Esquerda fosse só essa, antediluviana e mais chata que uma pescada de fricassé!

E Lomba regressa ao dr Nobre. Para lhe criticar a toleima e a ignorância crassas? Para lhe dizer que o padrinho das presidenciais já não está disponível? Nada disso!

Lomba resolve afirmar que a Esquerda se doeu com a fuga de Nobre para os braços pouco seguros de Coelho (que saiu de uma cartola...). Que a Esquerda se zangou! que lhe não perdoa!...!!! Que Nobre e Alegre são a mesma coisa, que Nobre e a malta são a mesma salada. Lomba, o jovem ignorante, ainda vai ter de beber muito leitinho, muita salsaparrilha, muita orchata, chá, q.b, e alguns espirituosos, para ja não falar dos licorosos até perceber que o discurso de  Nobre não faz parte da Esquerda, nunca fez, que a Esquerda nunca o alistou (apesar de um certo padrinho que o atirou contra Alegre) e que as parvoejadas de Nobre não são de esquerda nem com isso podem ser confundidas.

Que a Esquerda tem esqueletos n armário e lixo debaixo do tapete todos sabemos. Mas ainda não desceu ao grau zero de Nobre. Pelos vistos deixou essa intempestiva nulidade para Coelho (o tal tirado...) que hoje mesmo. E no Expresso, apanha com uma declaração risível e estonteante de Nobre:

Se não for eleito Presidente da AR demito-me imediatamente.

Está tudo dito. Aquele pobre diabo ficou de cabeça virada com os votos que amealhou graças, obviamente ao padrinho escondido com o rabinho de fora e aos seus conselheiros políticos. Alguém lhe sussurrou meigamente que ele era grande e a criatura acreditou. Não percebeu ainda, e se calhar nunca perceberá (e Lomba com ele. O que é pena...) que serviu apenas de areia na engrenagem de Alegre!  

Claro que Lomba, moço expedito mas com poucas leituras da história pregressa da Esquerda e do mundo, exultou. Ora aqui está o paladino a chatear a esquerda! Não está, caro Lomba, não está! E repare que até muita e boa gente de Direita se ri, quando não deplora, da escolha tonta de Coelho (o tal...).

Nobre, ao que consta terá até sondado (ou só jantado) com umas luminárias de Esquerda para ver se conseguia na secretaria o que não obtivera no relvado. Mas o padrinho, uma vez resolvido o caso Alegre, não se entusiasmou. E a Esquerda (ou a que se presume como tal) não se entusiasmou com Nobre.

Ninguém se indignou e não me parece que alguém esteja receoso do efeito Nobre nas suas freguesias normais. Apenas se apontou uma tolice e um oportunismo espertalhaço que vai resultar em nada ou muito pouco,

Lomba, o jovem, fez sua a frase imortal da Internacional com que se epigrafa este post. Mas isso, essa frase refere-se a outras coisas que Lomba não sabe ou aprendeu mal. Não se refere á experiencia, á luta politica e à sua eminente dignidade. Convinha ler melhor e saber mais para pensar que a Esquerda é apenas um punhado de marmanjolas com cheiro a suor, cabelos mal lavados e um punhal entre dentes. A Esquerda também estudou, caro Lomba. Também leu, caro jovem, também sabe distinguir uma barra de sabão macaco de um candidato a deputado. E sabe rir-se, meu sisudo amigo. É o que está a fazer neste momento, comparando o seu artigo confuso (e a sua abstrusa teoria sobre o que é ou não Esquerda, que mais parece saído de uma sacristia so século XIX do que de uma mente desempoeirada de alguém nascido depois do 25 de Abril – se é que tal data não lhe produz impíngens ou torcicolo-  e as declarações de Nobre.

E continue a escrever mas não se deixe atemorizar pelo chiar de botas no corredor. É apenas o moço de recados da typographia e não o som de botifarras da soldadesca em passo de ganso ou da “formiga branca” revolucionária.  Não se assuste que isto passa já... E deixe o bey de Tunes em paz, que o soba da Madeira ou o cavagliere Berlusconi são melhores alvos. E vivos!

 

* Às vezes o jovem Lomba parece-me um "lusito" 

 

 

Au Bonheur des Dames 279

d'oliveira, 15.04.11

 

 

Os encontros secretos, os segredos que o não são e uma solução para a pátria

Afinal o sr. Coelho (tirado da cartola de quem se sabe...) tinha estado reunido com o sr. Sócrates durante quatro longas horas, antes deste embarcar para as Europas para negociar o PEC4. Ora, se assim foi, temos que o sr. Coelho (tirado, etc...)  soube atempadamente do PEC.  E nada disse à tropa fandanga que lidera. Nem a nós, paisanos perdidos nesta selva de enredos. Calou-se muito contente.

Depois, foi o que se viu. Uivou escândalo que afinal não o era. Segredo que também não. E disse que desta vez não havia nada para ninguém,

O problema é que se ele esteve quatro horas a sós com o sr. Primeiro Ministro, por alguma razão lá foi. Excluídas as hipóteses (aliás interessantes) de terem estado:

 a. a trocar cromos de jogadores de futebol,

b. a jogar ao chinquilho

c. a fazer palavras cruzadas

d.  a falar das senhoras que saem na “hola” ou na “caras”

parece presumível que tenham discutido o PEC4!

Também parece presumível que o sr. Sócrates tenha partido para a capital europeia de alma aliviada. Convncido de um apoio ou, pelo menos, de uma não recusa. De um NIM.

(resta saber se entretanto, também o sr. Presidente da República (egrégia figura que sempre muito admirei, e mais ainda ao saber que comprou por 1 euro acções que valeriam 2,1 e que as vendeu pouco tempo depois ainda a melhor preço, o que só prova que deve ser um grande mestre de economia pois só os sábios é que conseguem estes prodígios multiplicadores de que não havia memoria desde aquele dia luminoso na Judeia em que um profeta chamado Joshua ben  Yussef (no século conhecido como Jesus)  multiplicou pães e peixes em tal número que não houve nas redondezas quem ficasse com fome. Mas o Cristo era filho de Deus (ou do Homem nunca percebi bem) e a pessoas desse gabarito são permitidos todos os milagres. Já um mortal nascido lá para os Allllgarves nestes tempos de escassa fé de maior descristianização há-de ter dado muito á perna para entrar nesse clube dos fazedores de prodígios.

Mas deixemos o senhor  Presidente a presidir e voltemos á vaca fria. O encontro de quatro horas entre as duas criaturas que preparam activamente a nossa desventura.

Por que é que a criatura primo-ministerial não avisou a populaça do encontro logo que Coelho (saído...) arregaçou a dentuça e se armou em lobo?

Por que é que  o inefável Coelho (....) não confessou o encontro?

Mato a cabeça a tentar adivinhar este mistério mais difícil do que o da Santíssima Trindade (que é tão complicado que até originou heresias, levou inocentes á fogueira e permitiu hipóteses delirantes a muitos teólogos). É que não quero pensar que aquelas quatro horas foram duzentos e quarenta soturnos minutos de silêncio em honra do povo que ambos decidiram destruir. Catorze mil e quatrocentos segundos!!! Dá pelo menos para quinze mil palavras desde Ah? Há? À pata que te pôs!, chiça! Raios! Efeémehíiii; pec que o pariu! Etc...

................................................................................................................

(os/as leitores/as preencherão as pintinhas acima com o que lhes vier ao pensamento. Não se aceitam palavrões  nem estrangeirismos.)

Tenho um amigo, o Vítor M. Que me manda mails frenéticos, espumando cóleras medonhas e prometendo uma revolução sangrenta. Por ele, abençoado seja, quaisquer trinta mil mortos, escolhidos a dedo nas ellites politicas, sociais e financeiras, seria um bom começo. E previne: nada de balas! Cadeira eléctrica com eles! O V. Não acredita nos efeitos definitivos da bala. À uma porque teme que esta bandidagem seja constituída por lobisomens que, como se sabe, exigem bala de prata o  que fica caro para um pais pobre e periférico como o nosso.

E depois porque se regozija com os momentos (longos) em que a electricidade penetra nas adiposidades dos poderosos. A coisa deve doer.

Todavia, V., o subversivo esquece algo: a cadeirinha é lenta. Mais lenta do que a guilhotina que fez o encantamento da populaça parisiense (e de alguns intelectuais que acabaram também por lhe sentir o efeito cortante e definitivo).

Eu, que de minha natureza sou compassivo e pouco dado a mortandades, só vejo para o problema de V., teórico um tanto ou quanto inepto nisto de liquidação maciça, uma solução: encher um desses estádios que custaram um pancadão e que estão literalmente às moscas, com os vivaços que nos dão cabo da vida e do futuro e depois Bum! Uma bomba atómica dessas das baratas, nada de muito moderno, a de Hiroxima  matou mais de cem mil, portanto uma dessa calibre. Dirão: mas nós não temos nenhuma bomba dessas e não parece fácil obter uma no mercado internacional porque ninguém nos fia.

É verdade! Mas tenho um plano alternativo: levá-los todos para a Madeira e entregá-los ao cuidado do soba local. No entanto, atenção: a partir do momento em que os desembarcarem na Madeira (pode também ser em Porto Santo ou nas Selvagens, se eles lá couberem) há que pôr os dois submarinos novos e as fragatas Meko a rondar o arquipélago e a impedir qualquer desembarque de géneros. A fome generalizar-se-á numa escassa semans, vá lá, duas, e depois é ver a alegre população insular a caçar o continental odiado, o colonizador sem escrúpulos, e a comê-lo em espetadas de pau de loureiro. Aliás as espetadas, só por elas só, já são um belo tormento. Ai que prazer ver certos cavalheiros de indústria (e de comércio e de banca, e de outras actividades infames) convenientemente empalados a grelhar sobre um brasido redentor!  

As leitoras amáveis e os conspícuos cavalheiros que me lêem (por gosto, por vício ou para descontar nos pecados) decerto repararão que com esta solução, mato vários coelhos ( e o da cartola...) de uma  só cajadada. Abate-se essa gentuça, envenena-se os madeirenses, Jardim incluído, dá-se uso aos submarinos e às fragatas e despolui-se o país!

 

 

diário Político 164

mcr, 12.04.11

 

 

SEMPRE A ABRIR...

Um dos bonzos do comentário político com o rabinho de fora, afirma hoje, no jornal, que “quando o P.S.  venceu as eleições[...] de 2009 não havia ainda ideia clara sobre o enorme impacto da crise económica global de 2008...”

Ou seja, a dr.ª Ferreira Leite, limpamente defenestrada pelo seu partido nessa ocasião, justamente por dizer que as coisas andavam mal, afinal não tinha dito nada, não tinha escrito nada no “Expresso”, não tinha dado as entrevistas que deu, enfim, estávamos todos na ignorância feliz e beata.

Também nada tinha sido dito por vários comentadores e analistas políticos nos diferentes jornais onde andaram a escrever e a agoirar coisas tremendas.

Ou seja: tudo o que, só por má vontade, inveja e desespero, aqui se afirmou agora e há dois anos, não aconteceu. Devemos viver em galáxias paralelas. Na do comentador não se sabia nada. Na minha e dessa gente (do P.S., do PC do PPD d de outros mais) corriam-se riscos, avisava-se que a crise estava ainda só no princípio, temiam-se as consequências do despesismo brutal em obras faraónicas, pedia-se bom senso já que o bom gosto era impensável.

O mesmo bonzo esfarrapa ainda mais a realidade objectiva ao afirmar que dada a periclitante situação política decorrente de não haver maioria absoluta e confortável, o Governo tinha contemporizado com as oposições e aceitado um arremedo remendado de Orçamento. Que por isso mesmo era fraco, falível, arriscado e, a la longue, ineficaz!

A História, diz-se, escrevem-na os vencedores. E às vezes os vencidos, pois esta desculpa embusteira do que se passou não se deve à pena dos adeptos de Coelho & Nobre mas aos (até agora) indefectíveis de Sócratres.

E remata o “historiador” que “não deixa de ser penoso que tenha de ser o próprio Sócrates a ter de solicitar e a assinar os termos da ajuda externa contra a qual tanto lutou”.

Em tempos passados, agarrava-se numa fotografia de grupo, retocava-se (retirando um personagem incómodo) e refazia-se uma história virgem e exaltante. Agora, apenas ano e meio depois, fornece-se uma falsificação grosseira como se todos os leitores fossem cretinos catatónicos e não lessem. Ou lendo, não percebessem. Ou percebendo, tivessem sido atingidos por um alzeimer profundo e definitivo.

Sócrates adiou irresponsável e burramente as medidas severas que deveria ter tomado. Ignorou os avisos quer internos, quer, sobretudo, externos. Acreditou que a  Europa o salvaria, mesmo quando os casos da Irlanda e da Grécia faziam prever o contrario. Esperou (com a extraordinária cumplicidade de Cavaco e com a ordinária falta de imaginação e incultura de Passos) que entretanto os europeus ultimariam a tempo uma formula milagrosa que permitisse mais um par de balões de oxigénio até ao Verão. Foi imprudente e impudente. Quando se viu acossado, fugiu para a frente e tentou um golpe de terceira classe: obrigar mais uma vez o PSD a passar as forcas caudinas (se é que algum dos dois líderes políticos sabe sequer o que isto quer dizer) e subscrever um PEC 4 combinado sem dizer água vai a quem quer que fosse.

Ou seja, a culpa é dos outros, nunca nossa. Claro que os outros, com a notória falta de clarividência que lhes é congénita, também ajudaram á festa. Ajudaram e ajudam, pois ninguém consegue perceber como é que insistem em futuramente renegociar (caso o poder lhes cais na escarcela)  e o que a  Europa considera inegociável.

Finalmente, a cereja em cima do bolo: afirmar que “se abria uma perspectiva séria de superação das dificuldades” quando a crise eclodiu é um delírio que, em breve, o relatório das missões económicas hoje mesmo chegadas ao pais tratarão de desmentir sem apelo nem agravo. Não é por acaso que de todos os lados se começam a ouvir apelos para uma auditoria às contas públicas. A procissão da revelação dos desvarios económicos e financeiros ainda vem no adro. Esperem até ver os próximos andores...   

 

* Na 2ª fotografia reconhecem-se, sem esforço, ao centro, Lenin e Trotsky. Este é habilidosamente substituído por um borrão, um "buraco negro" na  primeira. Artes de Salin e da sua novi-história. Com certas escritas passa-se o mesmo....

 

d'Oliveira, 12.4.2011 

...

d'oliveira, 11.04.11

O Presidente da Câmara Municipal, Dr. Guilherme

Pinto, tem o prazer de convidar V. Exa. para

o LeV – Literatura em Viagem 2011, que

deLliteratura correrá entre os dias 16 e 19 de Abril,

na Biblioteca Municipal Florbela

Espanca.

 

exposições · conferências

lançamento de livros · ateliês

feira do livro

16 > 19 abril 2011

biblioteca municipal

florbela espanca

matosinhos

www.cm-matosinhos.pt

mais importante que

o destino é a viagem

eduardo lourenço

16 Abril ‘11 · sábado

Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos

15,00h - Abertura: “Sagres: volta ao Mundo 2010 — crónica do

Comandante”, pelo Comandante Proença Mendes;

Biblioteca Municipal Florbela Espanca

16,30h - Inauguração da exposição: De Goa a Lisboa — uma

viagem no Navio Escola Sagres, de Joaquim Magalhães de Castro;

Galeria Municipal

16,35h - Inauguração da exposição: Subway Life, de António

Jorge Gonçalves;

16,45h - Lançamento dos Livros: “Banda Sonora para um

regresso a casa”, Joel Neto, Porto Editora;

“Iberiana”, de João Lopes Marques, Sextante;

17,00h - 1ª Mesa: “Viajo para educar o raciocínio”

João Lopes Marques; José Ricardo Nunes; Marcelo Ferroni (Brasil);

Rui Zink; Miguel Carvalho;

Moderador: Paulo Ferreira

18,30h- 2ª Mesa: “Encontro-me a mim próprio viajando”

Joel Neto; José Abecassis Soares; Eduardo Sacheri (Argentina);

José Luís Peixoto; Gonçalo M. Tavares;

Moderador: Vítor Quelhas

17 Abril ‘11 · domingo

Galeria Municipal

15,30h - Lançamento dos Livros: “Até ao Fim — a última operação”,

de António Vasconcelos Raposo, Sextante

“O profeta do castigo divino”, de Pedro Almeida Vieira, Sextante

“As cidades de Ulisses”, de Teolinda Gersão, Sextante

15,45h - 3ª Mesa: “Livros com História dentro”

André Gago; António Vasconcelos Raposo; Pedro Almeida Vieira;

Leonardo Padura (Cuba); Teolinda Gersão

Moderador: Francisco José Viegas

17,15h - Lançamento dos Livros: “O homem que gostava de cães”,

de Leonardo Padura, Porto Editora

“HHhH”, de Laurent Binet, Sextante

17,30h - 4ª Mesa: “Da Ficção à Realidade”

Filipa Leal; João Tordo; Laurent Binet; Luis Sepúlveda (Chile);

Miguel Miranda

Moderador: Carlos Veiga Ferreira

18 Abril ‘11 · segunda-feira

Galeria Municipal

15,00h - 5ª Mesa: “Onde começa a memória e acaba a viagem?”

Hubert Haddad (Tunísia); Luís Amorim de Sousa; Karla Suarez (Cuba);

Ricardo Adolfo

Moderador: Rosa Alice Branco

17,30h - Lançamento dos Livros: “Os monstrinhos da roupa suja”,

de Ricardo Adolfo, Alfaguara (infantil-juvenil)

“No mundo das maravilhas”, de Joaquim Magalhães de Castro

Editorial, Presença

17,45h - 6ª Mesa: “África: uma viagem por começar”

Afonso Cruz; Joaquim Magalhães de Castro; Ondjaki (Angola);

Mohammed Berrada (Marrocos); Tessa de Loo (Holanda)

Moderador: Marcelo Correia Ribeiro

19 Abril ‘11 · terça-feira

Galeria Municipal

15,00h - 7ª Mesa: “O futuro é uma viagem da memória”

António Jorge Gonçalves; CSRichardson (Canadá); Henrique Fialho;

Richard Zimler (EUA); Teresa Lopes Vieira

Moderador: Alberto Serra

17,00h - 8ª Mesa: “Viajar é descobrir que todo o mundo se

equivoca”

José Rentes de Carvalho; Mário Delgado Aparain (Uruguai); Reif

Larsen (EUA); valter hugo mãe

Moderador: Alexandre Quintanilha

Actividades paralelas LeV 2011

Quarteto de Cordas de Matosinhos no Cine-Teatro Constantino Nery

15 Abril’ 21,30h

Ateliês na Biblioteca Municipal Florbela Espanca

16 Abril’ 15,30h - “Viajar sem sair do lugar”;

17 Abril’ 10,00h e 14,30h - “Viagens com cores”;

18 Abril’ 15,30h - “Memórias de viagens”;

19 Abril’ 10,00h - “Viagens com cores”

O Literatura em Viagem faz escala no Gran Caffé do Porto

15 Abril’ 23,00h – José Luís Peixoto

16 Abril’ 23,00h – Joaquim Magalhães de Castro

17 Abril’ 23,00h – Francisco José Viegas e João Tordo

18 Abril’ 23,00h – António Jorge Gonçalves

19 Abril’ 23,00h – valter hugo mãe

20 Abril’ 23,00h – Mário Delgado Aparaín

Exposições

Biblioteca Municipal Florbela Espanca

“De Goa a Lisboa - uma viagem no Navio Escola Sagres”,

de Joaquim Magalhães de Castro

Galeria Municipal

“Subway Life”, de António Jorge Gonçalves

 

Estes dias que passam 226

d'oliveira, 11.04.11

 

 

É de mim, ou é deles?

“Abril é o mais cruel dos meses

germina lilases da terra morta...

(T.S. Eliot “the waste land”)

 

Eu ia pacatamente escrever o meu post das segundas feiras quando me lembrei, felizmente!, que tinha uma bateria de exames médicos para fazer. Desisti da tarefa e apressei-me a comparecer no laboratório, não fosse estar atacado de alguma moléstia terrível nas miudezas ou ter os humores ainda mais alterados do que a época pede. Quanto a estes últimos, tudo na mesma: os fleugmáticos resistem, os coléricos estão no rubro, os sanguíneos normais e os melancólicos avançam como faca em manteiga quente. As miudezas, apesar de alguns escassos excessos passados, da idade (que não costuma perdoar) aguentam-se melhor do era suposto ou previsto, pelo que, as leitoras gentis e os conspícuos cavalheiros que me aturam ainda me terão por aqui a rosnar por mais algum tempo.

Mas voltemos ao post que não escrevi. Eu ia comentar a prodigiosa trajectória daquela pobre criatura que concorreu ás presidências, amparado pela drª Maria Barroso, pela extremosa filha, drª Isabel Soares e por mais alguém que nunca apareceu mas cujo dedo foi visível. E, eventualmente, por muitos cavalheiros vagamente socialistas que preferiram aquela “waste land” a Alegre (ora tomem lá e assoem-se!) mas isso é outro contar.

Agora, depois de um turbulento percurso de inépcias e toliçadas, eis a criatura putativa candidata a “Presidente da Assembleia da República”!!! Antes a “santinha da Ladeira” ou a D. Branca, essa bancária que tantos émulos conquistou trinta anos depois da sua aventurosa manigância com dinheiros alheios. É que me parecem, estas duas criaturas, gente mais sólida e menos desvairada pelo poder.

Mas não vale a pena, o dr. Nobre é aquilo e aquilo não merece sequer um epigrama. É um bom retrato do estado comatoso a que chegou a nossa vida pública mas, apesar de tudo, não merecíamos tanto.

A segunda parte desse obliterado post destinar-se-ia ao foguetório matosinhense que, só por ironia, se pode chamar congresso. Ironia pesada, diga-se desde já, lembrados que estamos do desastre absoluto que foi a noite de sábado em que de 1800 congressistas compareceram menos de cem! E o Presidente da Mesa, já escaldado, tinha dado mais uma hora às duas que se destinavam ao jantar daqueles robustos congressantes. Nem assim. Nem sequer a grande maioria dos que estavam inscritos compareceu!!! Vê-se que a dose da tarde e que se previa para o dia seguinte chegava e sobrava.

E que disseram as sumidades reunidas, enrouquecidas, estremecidas e verbalmente incontinentes? Que o Partido estava unido, unidíssimo, mais forte do que nunca e pronto a “arrear” na Direita.  Que o ultra votado e aclamado José Sócrates (que há-de ser a cicuta do PS) is vencer as eleições tendo em conta o mimoso estado em que deixara a Pátria grata e rendida ao seu charme. Não houve um discurso (UM!!!!) que fosse sequer entusiasmante. Um tédio mortal só compensado pela falta absoluta de POLÍTICA, de propostas novas, mobilizadoras, diferentes. Nem a Juventude Socialista sempre pronta a atacar moinhos de vento deu um ar da sua graça.  Nada! Alegre estava triste e viu-se. Ferro Rodrigues que nunca foi orador mostrou-se baço e Vitorino estava subitamente velho e igual a si mesmo.

Isto, este vozear, estas bandeiras, esta gritaria, este alternar de sala cheia e sala vazia, os conciliábulos nos corredores ( mais de velório do que de festa), não pressagiam nada de bom para a rosa no punho. Encontrei-me, cá fora, longe do arruído com alguns velhos amigos e congressistas, Estavam macambúzios, atordoados e cépticos. Viemos ajudar à missa, disse-me um, que bem precisamos de um ou mais milagres. Milagres “tsunâmicos”, acrescentou um segundo entre um café e um pastel de nata. A coisa está feia, resumiu um terceiro.

Os jornais (já sei que os jornais estão todos ao serviço da Direita reaccionária e revanchista, claro) foram pouco piedosos: o deserto das ideias, afirmava um. Palavras soltas e fúnebres, retorquia outro. Nem a televisão sempre tão respeitosa mostrou entusiasmo.

“O Partido está unido” disseram. Parece que queriam que no Congresso, depois, da demissão, acossados pela UE, obrigados a gerir os contactos (por patriotismo, claro!) com as missões do FMI & assimilados europeus, parece que queriam, dizia eu, que à coisa saltasse a tampa, que houvesse num Congresso, preparado desde há meses, sabiamente controlado, uma revolta.

Num texto aí em baixo, d’Oliveira chama á colação a chamada “langue de bois” ao descrever o efémero encontro entre o PC e o BE. E pede aos leitores que analisem serena e cuidadosamente as frases, os silêncios e as entrelinhas dos discursos produzidos, das declarações oficiais. Nem precisava pois, hoje os jornais trazem já o anúncio do enterro das tais conversações.

O mesmo se deve fazer em relação ao tonitruar comicieiro de Matosinhos. Aquilo, as bandeiras, as entradas triunfais, o desfile dos apoios (e a propósito, que me dizem do alegado namoro feito ao dr Nobre? Namoro desfeito por este ter preferido Passos a Sócrates, eventual vencedor a eventual perdedor) os autocarros vindos de todo o lado com “muito povo” como nos bons tempos do “Estado Novo”, a alegria, a ameaça, a gritaria disfarça mal, o azedume, o pesadelo, a raiva e o medo.

De vitória em vitória até à derrota final, dizia-se nos anos do PREC, sobre as movimentações de alguma esquerda que se considerava invicta e invencível. Durou pouco essa ilusão, como alguém se lembrará, querendo. As manifestações gigantescas, as organizações de massas  que todos os dias nasciam, com ar fortíssimo e determinado, as moções aos milhares que eram levadas ao Ministério e a S Bento em cortejos impressionantes desapareceram com chuva leve no Verão violento. Para onde foram todos aqueles tenores da "inquebrantável vontade das massas”? Para onde foi “a muralha de aço” que ululava “força, força companheiro Vasco”?

Eis uma hipótese de estudo que eu recomendaria a quem ainda se impressiona com comícios mesmo se travestidos de Congressos.

As leitoras sabem que eu escrevo comprido. Por isso não se espantarão se termine com um breve comentário ao Manifesto das Personalidades e às reacções agressivas que desencadeou. Deixo de lado os cumprimentos e as vaidades feridas. Parece que se entendeu chamar ao heterogéneo grupo de personalidades que vai de Soares a Eanes, de Siza a Sampaio, de Boaventura a Vitorino (este está em todas!)de Eduardo Lourenço a Emílio Rui Vilar, de Rui Alarcão a Belmiro et passim, uma esp´cie de último quadrado do liberalismo (parece que é um vício feio, como o onanismo, o espiritismo e o surrealismo). Pelos vistos, ainda há quem queira para a pátria madrasta a via albanesa ou um regresso à Cuba dos “anos difíceis” quando a fome era de rato, mesmo se já os não havia pela impiedosa caça que lhes foi movida por multidões esfaimadas (A fome afinal tem as suas vantagens...). 

A menos que se pretenda inventar em Portugal em 2011, algum dos formidáveis planos quinquenais que trouxeram a glória, o progresso, o bem estar e a liberdade á defunta União Soviética....

Estão a ver que post forte eu tinha em manga? Infelizmente uns exames médicos sacaninhas estragaram tudo e agora só me resta propor-vos o programa do LEV 2011 que aparece aí por cima. Aquilo é apenas um encontro de malta bem disposta que gosta de livros, de os ler e de falar sobre eles. Apareçam!      

 

PS – Um partido unido e mobilizado

José Carlos Pereira, 11.04.11

Não acompanhei de muito perto o congresso do Partido Socialista deste fim-de-semana, mas o que vi da sessão de abertura e da sessão de encerramento, bem como os ecos que me chegaram dos restantes períodos, foi o suficiente para concluir que o PS está unido e mobilizado em torno da liderança de José Sócrates para disputar as próximas eleições, com o objectivo de as procurar ganhar.

Sócrates tem um discurso mobilizador e foi claro naquilo que disse. Sublinhou as muitas áreas onde pode reivindicar um trabalho de excelência (educação, investigação e ciência, apoio à economia e às exportações, segurança social, modernização da máquina administrativa do Estado, reformas no serviço público de saúde, políticas sociais de apoio aos mais desfavorecidos, etc.) e não se inibiu de assumir todas as responsabilidades pela acção levada a cabo nestes seis anos. Se todos tivessem esta disponibilidade para escrutinar as suas opções…

Por outro lado, os testemunhos de Soares, Sampaio e Guterres no final do congresso e as palavras de Manuel Alegre, Ferro Rodrigues, António Vitorino, António Costa e Francisco Assis deram ao país um sinal inequívoco de união em torno da liderança, evidenciada também na ampla maioria conseguida pelas listas de Sócrates nas votações para os órgãos nacionais.

No seu discurso final, Sócrates chamou para o seu Governo a responsabilidade de negociar o plano de ajuda externa com as instâncias internacionais e não se esqueceu de sublinhar que essas negociações terão como base de partida o PEC chumbado pelos partidos da oposição. Tal ironia deixa à vista que o único propósito alcançado pelos partidos da oposição foi a precipitação das eleições. Mas as notícias anunciando a precoce “morte política” de Sócrates e do PS foram manifestamente exageradas.

PSD – Um partido disfuncional

José Carlos Pereira, 11.04.11

1. A notícia avançada ontem de que o ex-candidato presidencial Fernando Nobre encabeçará a lista do PSD pelo círculo de Lisboa, tendo como objectivo concorrer à presidência da Assembleia da República em caso de vitória do partido, deixou meio país atónito.

O inexperiente candidato fez uma campanha presidencial centrada num discurso contra os principais partidos políticos em Portugal, mostrando-se desejoso de animar uma nova forma de participação na acção política. Com essas ideias conseguiu reunir o voto de muitos descontentes com a actual situação política, provenientes de várias áreas ideológicas. Afinal, dois meses depois aí está Nobre a corporizar uma candidatura por um dos partidos do regime, que não teve tempo de se “purificar” em tão pouco tempo, isto depois de se ter salientado pelas fortes críticas a Cavaco, o “mais que tudo” de muitos sociais-democratas.

Além do mais, Nobre deixou notar nesse período a falta de competências mínimas para o exercício de funções que exijam conhecimentos profundos do funcionamento da máquina do Estado. Nobre é um médico com uma notável experiência em acções sociais e humanitárias, mas totalmente desprovido de competências formais para o exercício da função de Presidente da República ou de Presidente da Assembleia da República, onde o domínio dos formalismos, dos actos e da praxe parlamentar é imprescindível. Ou muito me engano ou, no caso de tal vir a suceder, teremos a mesa do parlamento envolvida em sucessivas gaffes. Mas Nobre diz que, nessa função, vai contribuir para ultrapassar a crise em que nos encontramos…

2. A sessão de encerramento do congresso do PS evidenciou um dado adicional que releva deste estado disfuncional em que vive o PSD. A delegação do PSD presente no congresso socialista incluía o vice-presidente Marco António Costa e o secretário-geral Miguel Relvas. Quem liderava a comitiva e quem falou aos jornalistas? O omnipresente Relvas, ao contrário do que seria de supor, dando razões àqueles que falam de uma aparente liderança bicéfala Passos Coelho/Miguel Relvas.

Metia dó ver o vice-presidente Marco António Costa nas costas de Relvas, a ouvir ao longe o que este tinha para dizer ao país. Invertem-se os papéis, invertem-se os poderes…