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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

A ler

JSC, 29.11.11

Em 90% das vezes não concordo com Vasco Pulido Valente. No entanto, gosto de o ler. Escreve bem, cruza palavras e ideias num jogo inteligente, que convida a prosseguir e ler até ao fim. Outra figura que leio regularmente é Pacheco Pereira. Raramente estou de acordo com o que escreve, melhor, com as conclusões a que chega. No entanto, mostra com lucidez um outro lado da leitura política, sempre coerente com ele próprio, inteligente na argumentação e construção de raciocínios. É exactamente isto que me atrai nas suas crónicas. A actualidade dos temas e o modelo de construção (ou descontrução) de ideias comuns.

Aos que têm pejorado a greve, aos que não enxergam alternativas às políticas seguidas e a todos os demais recomenda-se a leitura, até ao fim, do texto EMPOBRECER OS BOLSOS E A CABEÇA.

Au Bonheur des Dames 300

mcr, 27.11.11

 

d’Oliveira e mcr vão para um cozido á portuguesa

 

(uma simpática voluntária do Banco Alimentar que faz o favor de me ler pediu-me um texto parra ajudar. O mail chegou tarde, tardíssimo, culpa dela, mas nem por isso deixo de gostosamente corresponder. O Oliveirinha alinhou pelo que isto, hoje, vai a quatro mãos.)

 

 

 

então e a greve?”, perguntei ao d’O. “tudo como dantes quartel general em Abrantes”, respondeu o meu velho companheiro de advocacia sindical. “De qualquer modo, ouvir o doutor da Inter afirmar que isto serviu para aumentar a consciência social de quem participou, parece um tanto ou quanto aberrante. As greves para serem levadas a sério, no futuro, para se poderem repetir, necessitam de mais. Há que ter objectivos claros, precisos, com alguma razoável perspectiva de serem alcançados mesmo que não seja no curto prazo. Agora essa peregrina e metafísica ideia do aumento da consciência social, sabe a pouco.

 

Bem, sempre nos resta o Banco Alimentar, já que passámos a idade de fazer greve. Sempre, poderíamos deixar lá o que perderíamos se ainda tivéssemos patrões”.

 

E sempre se sossegava a consciência já que os ateus não têm alma para salvar”.

 

E lá fomos. Agora as coisas estão facilitadas: há uns papelinhos que se compram e que representam diferentes géneros. Nem sequer se tem de encher o diabo do carrinho. O Oliveirinha entusiasmou-se com a novidade e pediu à primeira voluntária do BA “um porradão de vales”. “Olhe, dê-me aí cem euros de vales”. “ai meu Deus!”, suspirou a rapariga. “Tem de ser nas caixas!

 

“Já viste, M? Temos que ir para a bicha... Até para dar há bicha...

 

Depois de esportularmos os cenzinhos combinados, voltamos a passar pela voluntária que nos sorriu e agradeceu. “Não agradeça que isto não é para si”, resmungou o Oliveira enquanto se ria.

 

Achas que podemos ir comer um belo cozido à portuguesa?” perguntei-lhe. “Sempre se matou a fome a algumas pessoas...”

 

E fomos para o cozidinho que estava, juro-vos, de chupeta.

 

Hoje, pelas nove e picos da matina, eis que o Oliveirinha ataca telefonicamente: “M., vamos comer uma lampreia?” Avisei o desvairado que estávamos em Novembro, 27 de Novembro, para ser mais preciso e que os simpáticos bichos só aparecem lá para Fevereiro, Março.

 

O compadre uivou do outro lado do fio que sabia perfeitamente quando era a época das lampreias. Que, finalmente, o que pretendia era ganhar o direito de, daqui a três meses, nos alarvarmos com as bichezas. “Até podíamos cozer as bicharocas com arroz das ditas!” propunha o blandicioso. “Chiça!, Oliveirinha, isso pede mais outra greve geral, pá!” “Nem mais”, riu-se o malandrim, “nem mais”. “Desta vez vamos a outro híper”. E assim foi. Uma senhora da nossa idade aconselhou-nos a comprar vales de azeite, feijão e leite. “O que vocês deviam fazer é ter aqui uma banca para receber cheques...”, sempre o d’O.

 

Faça-se benfeitor e assim já não se preocupa”, respondeu-nos a excelente criatura.

 

Tivemos que lhe explicar que, como bons marxistas, tendência Groucho, éramos incapazes de entrar num clube que tivesse a fraqueza de nos aceitar. E saímos de alma aliviada, bolsa, idem, para ir tomar um café à beira mar.

 

Belo dia”, disse o d’ Oliveira. “Ao fim e ao cabo, ainda vamos receber meio subsídio de Natal”.

 

Para o ano há mais!”, respondi-lhe. E isso soou-nos como um “ámen” cantado por um grande coro. “Ou pelos gajos do Orfeon”, meteu-se o Oliveira que tem a mania de ter sempre a última palavra. “Ámen!", repeti e, por uma vez sem exemplo, ele ficou calado.

 

(leitoras e leitores: Nem que seja só um euro! Ganhamos mais nós do que os que estão pior. Até ao fim da semana, a campanha continua.)

 

 

 

d'Oliveira e mcr 

Diário Político 171

mcr, 26.11.11

Quando eu era estudante e, mais do que isso, quando, com outros amigos e companheiros, perdíamos noites inteiras a conspirar e a sonhar com um país diferente, acontecia aparecer, na nossa mesa de impetuosos revolucionários, o dr Orlando de Carvalho, professor da Faculdade de Direito e reconhecido oposicionista, já com uma ou duas prisões em cima. Nesse tempo, OC preparava com vagar mas com extremo rigor o seu doutoramento pelo que tinha bastante tempo livre para se dedicar a conversar com rapazolas generosos, atrevidos e ignorantes.

 

Recordo-me que uma vez em que navegávamos a todo o vapor sobre futuras quimeras revolucionárias a aplicar ao país, ele nos perguntou com alguma malícia: E que projectos têm vocês para a Educação? E para isto? E para aquilo? Como é que os vão aplicar?

 

Ficámos sem resposta. Tínhamos a cabeça cheia de teoria (Marx, Luckacs, Lenin, Gramsci, Lefebvre, sei lá mais o quê?). Sabíamos de cor e salteado o “Que fazer?”, “As duas tácticas” “O Materialismo Histórico” e mais dez, vinte clássicos. Mas não tínhamos uma ideia para o ensino primário, para a construção de escolas, para a formação de professores, para a reorganização das universidades, ou para o acesso ao ensino. E também não tínhamos quaisquer +respostas concretas para os mil problemas concretos que implicavam a democratização do país. como se isso não fosse connosco.

 

Essa pergunta de Orlando de Carvalho, depois subscrita por outros intelectuais que nos davam a honra de nos ouvir (Joaquim Namorado, Fernandes Martins, Paulo Quintela etc...) e que nos acolhiam no seu círculo, nunca mais me deixou de atormentar.

 

Agora parece que já ninguém se atormenta com coisa tão pouco importante. Fornecer explicações, respostas, formular problemas, interpretar a realidade, pensar a política com P grande e a outra de p pequeno mas igualmente importante, é com os outros e não connosco. Outros! Demitimo-nos de ser cidadãos e de intervir nas questões do governo da polis, do país.

 

Apenas nos interessa aquilo que em França se chama la politique politicienne, ou seja a politica ad hominem, a politica sectária, a política que não fornece respostas mas que em alta grita só sabe dizer não!, sem explicar o não, as raízes dele e a inanidade do sim dos que não protestam.

 

Portugal está num mau momento. Vive, se isto é viver, a soro, num coma induzido, ou quase isso. Dependemos, como nunca do dinheiro que uma troika desinteressada no nosso destino e no nosso futuro nos concede a conta-gotas. Se esse jorro parasse hoje, o Natal passar-se-ia à luz de velas se é que por cá ainda se fabricam e ainda há quem as saiba fazer. Isto não é uma imagem, é a fria verdade.

 

Sabemos como aqui chegamos! Anos e anos de má governação, de inacreditável optimismo, o optimismo dos tontos e dos que não sabem e não souberam jamais fazer contas. Anos de projectos grandiosos que não se esgotam nos infames estádios de futebol, nas auto-estradas desertas, nas capitais da cultura, nas Expo que iam dar lucro , nos mega centros de Belém, nos projectos astronómicos de TGV (até para Vigo, santo Deus!!!) nos aeroportos alucinantes que iriam acolher aviões de todos os destinos,  carregados de turistas ávidos de sol, sal e sul, de empreendedores que vinham admirar as nossas fábricas, as nossas artes e letras, a nossa alegria de viver e a nossa sabedoria. Não bastavam já os elefantes brancos de outros tempos. Tínhamos de encomendar mais alguns. Nem tudo é culpa de Sócrates, é evidente. Mas tentar fingir que estes últimos seis anos nunca existiram é obsceno. Existiram e em absoluto delírio. Claro que antes houvera a dupla Santana Barroso de curta duração. E Guterres, mais outros seis anos triunfantes. Com o triste fim que sabemos. Concedo mesmo que se recue até Cavaco que foi o benfeitor do “funcionalismo público”, das negociatas privadas, da ascensão de muita gentinha que depois se tornou conhecida por más e por péssimas razões.  Tenho alguma dificuldade em ir ainda mais para trás para os anos em que Soares tropeçava na Economia e chamava o FMI (parece que já ninguém se lembra...). Ou os anos do PREC do “práfrentismo” a todo o vapor que teve o fim que teve.

 

Uma coisa porém é certa. Agora, agora ainda é pior. Por isso, o recreio tem de acabar. Há que fazer pela vida, há que tentar evitar a quase certa morte e para isso, queiram ou não há que propor medidas se estas actuais não agradarem. Não basta berrar que assim estamos a morrer. Isso já nós sabemos. Agora convém dizer como é que se pode tentar evitar a agonia e virar as coisas. Por exemplo: devemos ou não sair do euro, quanto antes? Ou será que ainda se está à espera dos euro-bonds? Ou da revolução com R grande, com conselhos de operários e camponeses (que nos primeiros anos daquela experiência de há noventa anos produziram mais mortes por fome que habitantes temos por cá)?

 

Haverá ainda alguém que queira mais Europa, mais tratados refundadores quando os existentes já mostraram o que valem? Haverá alguém, como o tolo do dr Jardim, que também acredite que a fuga para a frente nos irá salvar, a nós e à Madeira?

 

Será que a situação é assim tão seráfica, com tantas folgas orçamentais, tantas margens de conforto, que até se pode dispensar essa atroz medida dos 13º e 14º meses?

 

Estou relativamente à vontade: ao largo de cento e setenta folhetins fui dizendo o que pensava, propondo uma que outra medida de bom senso, ou pelo menos, avisando do pouco senso de alguns projectos felizmente suspensos (o tgv, o aeroporto...) por absoluta incapacidade financeira e só!. Rebati aqui, algumas medidas demagógicas mesmo quando me favoreciam no meu escasso ordenado. Dirão que apenas me referi ao governo execrável de Sócrates. Infelizmente ainda não escrevia publicamente quando Santana e  Durão mandavam. Ou Cavaco. Todavia, fui metendo textos dessa pré-história bloguísitica entremeando-os com outros de actualidade (cfr. DP 1,2, 3, 5, 6, 13, 15, 18, 22, 24 e por aí fora) justamente para significar que a verrina contra as más práticas de 2005 e anos seguintes tinham antecedentes que remontavam aos anos oitenta. Pensei sempre a Esquerda como o livre exercício da critica mesmo se isso atingisse a nossa própria família politica. Ser cego perante os desmandos dos nossos amigos é o primeiro passo para a mais intolerável das ditaduras.

 

Há cerca de um ano, deixei anotado que nem todas as afirmações de Ferreira Leite eram despiciendas e que muito do que dela se dizia era por puro sexismo. Está escrito. Na altura não recordo qualquer conforto em comentários e tive muitos. Agora que Ferreira Leite critica quem a apeou, vejo com divertida surpresa que está a caminho de ser beatificada. The times they are a-changin’ dizia o Dylan. E com que razão! 

 

É evidente, mais do que evidente, se possível, que os actuais detentores do poder ignoravam (culpa deles, decerto, mas culpa também e maior de quem travestia a imagem financeira do país) o real estado da nossa Economia. E foram, portanto, imprudentes. E impudentes. E tontos ao virem apregoar que não iriam falar em responsabilidades passadas, como de resto acabaram por ter de fazer não tanto como desculpa mas seguramente como imperiosa necessidade.

 

Agora parece que se tentam diluir culpas por todos quantos se sucederam na governação e não tarda nada que se chegue ao dr Salazar, ao senhor Afonso Costa, a Fontes Pereira de Melo ou até ao Marquês de Pombal. Como se vê, entrámos no vale tudo. É a fábula do lobo e do cordeiro.

 

Assim não vamos lá.

 

D’Oliveira fecit, 26-11-11

 

43592

sociodialetica, 26.11.11

43592. Exatamente.

Segundo a Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público, fizeram greve quarenta e três mil quinhentos e noventa e dois trabalhadores dos serviços públicos.

O governo não conhece a sua administração pública, como o tem revelado por diversas ocasiões. Há dúvidas sobre o que se deve entender por público. Não sabe o que é uma amostra, ou quais os procedimentos para a recolha de informações deste tipo. Mas sabe que foram 43592, sem arredondamentos, com a precisão de quem conta feijões num jogo de bisca.

Um número exato obtido, sem estimativas, com análise sectorial. Espantosa eficiência de quem não o é!

Fica-nos a dúvida se não teriam sido 43591,85 porque o Sr. Silva deixou o casaco no cabide, mas desapareceu depois de alguns minutos sentado à secretária.

 

“Relvas não quer guerra de números”. Porque sabe que o “número oficial” foi tirada na tombola do euromilhões? Porque os não são sabe ler, porque para tal não tirou licenciatura?

 

Já estudaram os modelos sociológicos da estupidologia, desenvolvidos por Carlo M. Cipolla? Recomenda-se seriamente para quase todos os atos políticos do quotidiano.

Não foi por acaso que foi utilizado no projeto europeu "Survey Of Stupid people", do início do presente século, financiado pela Comissão Europeia. Quiçá para autoavaliar a estupidez desta e da União Europeia na “gestão da crise”, que não sabiam que existiria.

As alternativas

O meu olhar, 25.11.11

 

 

Anda por aí uma moda estranha. Então não é que agora se queremos ter o direito a criticar a política do actual Governo temos sempre de as acompanhar com as medidas que propomos, ou seja, as famigeradas alternativas. Se a memória não me engana, ainda há poucos meses, o que estava a dar era criticar o Governo, o anterior claro, a propósito de tudo que mexesse. Na altura apresentar alternativas não era uma condição essencial para poder criticar.

Se alguém critica as medidas do Governo lá aparecem os chavões: e alternativas? Digam lá. Quais são as alternativas?

E alternativa é o que não falta. Podemos não ter líderes neste momento à frente dos partidos para as tomarem, mas alternativas existem, quer a nível nacional, quer a nível europeu.  algumas são até apresentadas, imagine-se (!),  por Cavaco Silva e Ferreira Leite. Se me dissessem há algum tempo atrás que estas seriam vozes sonantes de contracorrente a um Governo do PSD, eu não acreditaria.

A esse propósito, o que se passa com a liderança de José Seguro é verdadeiramente preocupante. Quando Portugal precisava de uma oposição forte eis que assume o poder no PS uma pessoa que se verifica ser muito próxima de Passos Coelho, que segue a estratégia de Passos Coelho, que apenas tem para oferecer lutas pontuais e desconexas, sem vigor, sem rumo. Atrevo-me a dizer que se José Seguro não sair rapidamente da liderança do PS pode causar estragos irreparáveis. Também aqui há alternativas.

 

 

Cedência atrás de cedência...

José Carlos Pereira, 24.11.11

A maioria PSD/CDS apresentou um conjunto de propostas de alteração do Orçamento do Estado para o debate na especialidade. Entre (mais) algumas medidas penalizadoras, como as alterações à compensação pelo trabalho nos dias feriados e o agravamento do IRS sobre o subsídio de alimentação, surgem outras verdadeiramente incompreensíveis. A começar pela decisão de permitir às autarquias locais contratarem mais pessoal, "em situações excepcionais e devidamente fundamentadas", cabendo esse controlo às Assembleias Municipais. A mesma excepção, de resto, já tinha sido aberta para as administrações regionais da Madeira e dos Açores.

O Governo foi incapaz de resistir à pressão dos municípios e dos governos regionais e está-se mesmo a ver no que isto vai dar...

Pelo Futuro

O meu olhar, 24.11.11

 

 

Hoje estive de greve. Melhor dizendo, estive de luto por este país que está a ser governado por um conjunto de pessoas que nitidamente não sabe o que lá está a fazer e o que faz, faz mal. As mediadas tomadas até agora e as que se avizinham vão conduzir a uma recessão severa. O Ministro diz que vão ser 3%, mas fala-se que vai ser superior em  2012. Isto significa mais, muito mais desemprego, menos receitas fiscais, logo novo aumento de sacrifícios.

Aconselham-se os nossos jovens qualificados, nos quais todos nós investimos, a ir para o estrangeiro trabalhar. A Holanda e a Alemanha andam por cá à procura de engenheiros e médicos especialistas, cujo investimento na formação saiu do bolso de todos nós. Já não se fala da aposta na qualificação, na aposta nos recursos humanos. Fala-se de empobrecimento, fala-se em baixar os salários, em trabalhar mais 10 horas por mês, sem aumento de remuneração, fala-se em não pagar horas extraordinárias. Fala-se em desregular, ainda mais, o mercado de trabalho. Por outro lado, decide-se isentar o pagamento de impostos sobre os dividendos, decide-se capitalizar os bancos, decide-se limpar o BNP de dívidas e vender ao desbarato.

Entretanto, continua-se a apostar em mais parcerias público privadas. Decide-se também dar mais dinheiro ao ensino privado e, em contrapartida, retirar milhões ao ensino público. Anunciam privatizar uma fatia considerável da saúde, com a entrega dos hospitais às Misericórdias, continuando, no entanto, o Estado a pagar. Estes, infelizmente, são apenas alguns exemplos da desgraça da governação deste primeiro-ministro e cª.  

Por tudo isto mas sobretudo porque desejo um futuro com alguma esperança para os meus filhos decidi fazer greve. E agradeço a todos os que deram a cara e estiveram nas manifestações terem-no feito. Terem saído da sua zona de conforto e não fazer como muitos de nós que se limitam a desabafar em blogues, na mesa do café ou do restaurante, mas nada fazem. Também há aqueles que parecem que estão noutro planeta e que acreditam nas narrativas e análises de alguns comentadores de serviço encomendado, que martelam sempre a mesma mensagem nos meios de comunicação social.

Hoje tive oportunidade de ver até que ponto a RTP está manipulada pelo poder. Já sabia que a informação era manipulada, mas tanto? A SIC e a TVI conseguiram fazer um trabalho mais isento.

Diário Político 170

mcr, 24.11.11

Não se fazem omeletas sem ovos

 

(considerações sobre a greve dita geral)

 

 

 

antes de mais uma prevenção: sou a favor do direito à greve, sempre fui, fiz greves de várias ordens e tipos (incluindo uma tentativa felizmente gorada de greve de fome) neste e no antigo regime. Mais: percebo que a gravidade do momento, o desespero das pessoas, a incapacidade mundialmente demonstrada por políticos de todos (repito: todos) os quadrantes de sair da espiral da crise, leve os trabalhadores organizados a tentar uma greve “dita” geral.

 

Digo “dita” geral por um par de razões que até esta hora todos os factos demonstram a quem hoje teve de andar pela cidade. E se andei, oh se andei. De carro boa parte do tempo, sem grande dificuldade mas também a pé pois tive logo hoje de me deslocar a vários sítios para fazer umas compras.

 

Não ponho em dúvida que no sector dos transportes públicos a greve foi um “êxito”. E se ponho aspas no “êxito” é apenas por uma breve mas dramática razão. É que para muitos trabalhadores e para muito boa gente que eventualmente não trabalha, a falta de transportes impede-os de fazer o que querem, seja ir para o emprego, passear ou fazer compras. Ou ir ao médico. Ou ir a uma repartição pública das que não fecharam.

 

Nem toda a gente tem carro, ou tendo-o está disposta a usá-lo para ir para um emprego longe, por receio de não ter estacionamento, das filas de trânsito, da despesa ou por outro qualquer motivo.

 

Também julgo, à hora em que escrevo, que muitos pais e sobretudo muitas mães (que são sempre as mulheres que levam com a pior parte) faltaram ao trabalho por saberem as creches, os infantários ou as escolas encerradas. Sem terem alguém que lhes tome conta das crianças a falta torna-se uma desagradável e cara opção.

 

Já não me preocupa tanto os tribunais e boa parte dos serviços públicos administrativos. Nos primeiros, dada a recorrente lentidão da justiça (sem aspas que no caso seriam mais do que merecidas, tanto faz. Não é num dia que um litigio menor se resolve. Nem num mês ou mesmo num ano. Os tribunais fechados por falta de oficiais administrativos ou abertos pouca diferença fazem. Não sei também se os senhores magistrados resolveram faltar. Confesso que pouco me importa porquanto, mesmo não faltando, não se nota muito o seu extremado labor. Quanto aos senhores advogados, duvido que um, sequer, tenha feito greve. Penso mesmo que terão gozosamente aproveitado a deixa para pôr em ordem um que outro processo. Ou seja, para eles a greve dos outros é uma bênção ou um bálsamo.

 

Nos hospitais e centros de saúde a coisa fia mais fino. Muito mais fino. À uma porque são frequentados por gente pobre, desamparada e sem grandes possibilidades de substituir estes serviços por uma ida a um médico de clínica privada. Depois, porque em muitos casos (nos hospitais) as consultas são marcadas com meses de antecedência e uma greve pode escangalhar fortemente a vida do doente. Claro que há serviços mínimos mas no caso das consultas a coisa não se reveste da urgência necessária. Depois, mesmo com os serviços abertos há o problema dos transportes... Lá iremos.

 

No comercio em geral, nomeadamente supermercados outros pontos de bens alimentares, nada vi de anormal. Bem pelo contrário. Nos dois centros comerciais a que tive de ir vi tudo em funcionamento. Tudo sem excepção, da FNAC às lojas de telefones, do “farrapo” aos restaurantes, do IKEA aos grandes grupos vendedores de electrodomésticos. O electricista veio cá a casa e na vizinha trabalhavam os pedreiros, os picheleiros e alguém que trazia um frigorífico. Correio também houve e não nos faltou a empregada. No café serviram-me a mesma bica de sempre, no quiosque havia jornais e até o arrumador de carros estava, como habitualmente, à espera da moedinha.

 

Não sei o que se passou nas grandes unidades industriais, nos estaleiros, na camionagem privada de longo curso. Na gasolineira abasteci o carro e, estupidamente esqueci-me de o lavar mas não me pareceu que as máquinas de lavagem automática seguissem as palavras de ordem da CGTP e da UGT. Vantagens do progresso.

 

Não irei preocupar-me demasiadamente com a guerra dos números que daqui a uma hora e meia estalará nos noticiários. Porque, de facto, bastam dois um três sectores chave para descontrolar o aparelho produtivo. Sem transportes e sem saber onde pôr os filhos, a coisa complica-se para a população laboriosa entre os vinte e os quarenta anos. Ou seja, qualquer um pode ser refém dos maquinistas dos comboios, dos condutores dos STCP ou da Carris, dos tripulantes dos barcos da outra banda ou dos senhores pilotos da TAP.

 

Não quero, com isto, deitar por terra a imensa generosidade, a capacidade de sacrifício de milhares de operários, de empregados dos serviços de quadros menores do Estado. A greve vai-lhes ao bolso. Eu bem que o sei que fiz as que me competiram fazer enquanto trabalhava. Mesmo se, como por duas vezes aconteceu, estive no local de trabalho a resolver questões inadiáveis, a receber pessoas que tinham entrevista marcada há que temps, a preencher ordens de pagamentos de ordenados dos meus subordinados e por aí fora. Declarei-me em greve, perdi o cacauzinho e aguentei as chatices do costume. Estava solidário com os que se indignavam (e são sempre poucos) com os que sofriam (e são sempre mais) e até com os que se estavam nas tintas (uma multidão). A greve geral vale pelo que enuncia muito mais do que pelo que provoca. Provoca obviamente uma perda de riqueza mesmo se nessa contabilidade se usem critérios pouco rigorosos. Por exemplo: a loja A teve os dois marçanos em greve e o patrão não conseguiu vender tanto como de costume. Na concorrência os empregados vieram e não só atenderam os fregueses do costume como ainda os que, fartos de esperar na loja ao lado, ali foram ter.  Todavia nos sectores vitais, maxime os transportes, temos uma perda líquida (por exemplo: a TAP deixou apeados 50.000 passageiros, ao que se diz). Só que nem todos os sectores são do mesmo género. Na função pública o que hoje se não fez recupera-se sem dificuldade nos próximos dias. Na grande indústria exportadora (calçado, algum têxtil, por exemplo) um dia pode significar um contrato perdido ou mesmo mais. Ao que sei a Auto-Europa decidiu que o dia de hoje seria não fabril e aconselhou os não grevistas a fazer férias. Mas se esta empreza aguenta muitas há que poderão sentir dificuldades.

 

E aí começam os problemas e as dúvidas. Quem é que perde realmente com a greve? O patrão? As agências de rating? A pátria imortal? O Governo? O “sistema” ou mais simplesmente o fmi (que se está nas tintas)  o BCE (idem aspas) ou a senhora Merkel?

 

Consta que no Japão, os trabalhadores quando se ofendem com os abusos do patronato, do capital, dos ritmos de trabalho, com a reificação (oh palavrão destemperado) do proletário, com a alienação e a usura do sistema, põem um fita preta à volta do braço ou da testa. E que os patrões se sentem tremendamente envergonhados ao ponto de poderem ceder e tentar negociar. E assim a riqueza não se perde e tudo entra na ordem da desordem capitalista e nipónica.

 

Só que, por cá, não é assim. Nunca conheci um burguês que se envergonhasse com a muda censura dos seus subordinados. Nunca. Nem com a censura gritada em alta berraria. Nem com uma greve mesmo quando esta lhe entra pelo bolso. Estou a ver boa parte deste nosso patronato a fazer contas ao que poupam em salário e ao que a empresa perde em produção. A empresa perde, o patrão nem tanto. Tem a almofada do Estado, uns subsídios daqui e dalém, alguns argumentos de peso para exigir mais trabalho no dia seguinte e pronto, já está. E o medo de muito gente que teme perder aquele miserável emprego. As greves são sempre melhores em épocas de alta do que nestas em que ninguém vê, sequer imagina, a luz ao fundo do túnel.

 

Considerei sempre pornográfica a expressão “êxito” para definir a adesão dos trabalhadores. O êxito de uma acção de massas não se mede pelo número dos aderentes a essa acção mas pelos efeitos imediatos e, sobretudo, mediatos desse desafio.

 

Considerei sempre risível a extrapolação que os Governos normalmente fazem dos números (sempre contestáveis) das mesmas adesões. Ignora-se sempre o sacrifício das pessoas, a “cidadania” demonstrada, os valores de solidariedade comprovada como se isso fosse coisa pouca. Não é. As sociedades precisam disso mais do que pão para a boca.

 

Acho insuportável (alem de estúpida) a gala com que certos agrupamentos políticos fazem da greve e das multidões envolvidas. Parece que pensam que aquela malta que saiu à rua é malta sua. Não é. Basta ver os votos em eleições para perceber que o país social não é o país político.

 

E há sempre um problema final. A greve, mesmo geral (e nunca é geral) significa exactamente o quê, transforma-se em quê e dá saída a quê?

 

Só os tolinhos (e hoje mesmo, no Público, apareceu um) é que acham que a greve geral é uma festa. Não é. É um duro sacrifício, uma provação, um desafio, mas não é uma festa. É um sinal de dor, de receio pelo futuro (para já não falar no presente) um protesto por vezes sem um alvo claro e definido, mas um protesto. A greve só é festiva para quem não sente o áspero peso do suor, do cansaço diario, do horizonte curto e feio, A geve é uma palavra que enche a boca de muito intelectual que entende ser sua missão iluminar a classe operária. Só quem nunca trabalhou com operários é que pode pensar que eles precisam de um messias, de um padre laico, de um “intelectual orgânico”. Aliás isso percebe-se quando se ouve muito boa gente pavonear-se, estremecer, ter um orgasmo à simples menção da palavra proletário. Também já quase os não há.

 

A menos que se entenda que, aos 64 anos de idade, o senhor Jerónimo de Sousa, quadro sindical desde 1971 e deputado desde 75  é ainda, e sempre, um afinador de máquinas. Convenhamos que se lhe descontam a tropa e a infância e juventude resta muito pouco tempo para proletário. E nem sequer se fala dos luminares do BE, pelo menos os mais conhecidos (os que “falam”) que esses nem de perto nem de longe viram uma fresadora, um tear, ou uma pá de pedreiro... 

 

d'Oliveira fecit 24.11.11

 

 

 

Au Bonheur des Dames 299

d'oliveira, 23.11.11

 

Para que serve um blog?

 

Pois, às vezes, para isto!

 

 

 

Caro Paulo Santiago, leitor atento e generoso ofertador de um leitãozinho no mais apropriado dos locais, ou seja, no Vidal, em Aguada de Cima.

 

Aproveito esta boleia, esperando ser lido por Si, porquanto, por boas (?) ou más razões (sobretudo essas), não tenho o seu telefone, o seu mail, enfim, nada de nada. Ora então comecemos: quis V., com essa natural generosidade dos leitores amigos e dos veros bairradinos obsequiar-me com uma almoçarada de leitão que ao tempo que já leva de promessa e de aceitação mais parece que foi deglutida, digerida e esquecida do que ainda em projecto. Tudo isso, há que dizê-lo, pela minha inépcia em aceitar prontamente, marcar data e aparecer na sua casa já de babete ao pescoço e fome de três dias.

 

Todavia, tudo isso seria passado sem demasiada importância não fora o facto de V ter simpaticamente insistido e mesmo marcado um par de datas próximas e eu, na minha estúrdia habitual ter dito que sim, tudo bem. Tudo bem, Deus meu? Tudo mal.

 

Veja, meu caro PS, veja com os seus próprios olhos este desvario em que ando e que aliás, tem origem, nefasta origem, numas vagas obras cá em casa. De facto, tudo começou por uma ideia pacífica: mudar o antigo quarto de dormir (que era a divisão mais a norte da casa por um outro, o mais a sul, que obviamente é ligeiramente mais quente. A CG queixava-se do frio, coisa mais que natural numa criatura que está magra que nem um cão abandonado.  Claro que essa mudança tinha um “pequeno” senão: o outro quarto, o novo, estava forrado a estantes o que significava sessenta metros lineares de estantes! Sessenta! Faz V ideia do porradão de livros que isso leva? Não faz? Nem eu fazia até ao momento fatal (este!) em que depois de os ter carregado todos, mailas estantes e o resto me apalpei todo para ver se ainda tinha um músculo, um só, menos dorido. Foi uma trabalheira épica. E, perguntará V, tive ajuda? Bem, ajuda houve mas quase nem dei por ela. A minha excelente mulher a dias, ao ver-me carregar com os primeiros cem ou duzentos volumes, ofereceu pressurosa a ajuda do marido. Eu, desconfiado, recusei mas ela insistiu e a CG ajudou à festa. E lá veio o cavalheiro. Apanhou-me a tomar o primeiro café da manhã e, logo ali, enquanto sorvia um “pingo”, explicou-me que era uma pessoa muito doente, mesmo se o seu aspecto sólido e direito parecesse dizer o contrario. E lá viemos os dois. Ele á medida que eu esvaziava (sozinho) uma estante e a carregava para o seu novo sítio, encarrapitava-se num escadote e com lentidão e mestria, aparafusava a parte de cima da estante á parede. E eu ia carregando os livros. Ia pondo os mesmos no lugar certo enquanto o bom samaritano perorava sobre uma hérnia desconhecida que o apoquentava. E lá ia eu por mais uma estante, por mais uns livros e a criatura ia fazendo pequenos biscates pela casa, ás ordens da CG que tanto se afligira pelo meu eventual cansaço. À hora do almoço peguei em vinte euros e mandei-o almoçar. E aí pelas cinco da tarde, foi buscar a mulher que nesse dia estava em casa da minha enteada e que, ao chegar, mesmo cansada, me ajudou a transportar os últimos livros.

 

Depois deste esforço, ainda montámos a cama no novo quarto onde terei dormido derreado umas boas oito horas. No dia seguinte a CG descobriu o que era mais que evidente. Tínhamos que pintar o novo quarto. As paredes, pelos furos e o resto “porque sim”.

 

Ainda com os lombos em estado de choque, disse sim a tudo. E quando digo tudo, sei, com esta experiencia de muitos anos de mulheres amantíssimas, o que isso significa. Lá veio o pintor Barbosa com o filho e entre ele e a CG logo se descobriu que “já agora” (o famoso ´”Já agorismo” que em termos políticos e financeiros nos levou como país para os cafundós tenebrosos do euro e do fmi) havia que dar un jeito à sala. E ao teto da cozinha. E aos corredores. E a duas ou três portas. E às paredes da lavandaria. E aos lambris das janelas. E a duas persianas. E, já que se fala em persianas, ás fitas das mesmas. E...e, e mais e

 

Já que a CG entrara numa órbita de desvario pictórico, entendi que a situação me obrigava a um esforço heróico para me manter ao mesmo nível dela. E comprei um bilhar. Bilhar livre, expliquemo-nos. Para celebrar uma data próxima, como também ainda lhe explicarei.

 

Dizer que a casa (que é grande, enorme, mesmo) andou em bolandas é ser lacónico, espartano ou, no mínimo, discreto. V faz ideia do que é tirar das paredes umas largas dúzias de quadros que obviamente terão de ser postos no mesmo sítio depois (“Mas só depois de limpos” exigiu a CG) de os pintores terem posto as paredes impecáveis (honra lhes seja) e eu ter agora de andar a medir tudo de novo para ver se coisa fica mais ou menos direita e, “já agora”, melhor do que o que estava.

 

As obras acabaram na passada sexta feira mas ainda há uma parte da casa que está de pernas para o ar, quadros amontoados, sofás e maples que foram para arranjar ou forrar, móveis para restaurar, enfim, isto parece um caravanserail (seja lá o que isso realmente for). E o bilhar impecável no seu sítio, mas ainda sem o respectivo candeeiro, e eu a dar umas cacetadas ás pobres bolas, recordando pouco a pouco jogadas. efeitos e carambolas perdidas na memória sob o olhar critico e vigilante de duas gatas que querem á viva força entrar na jogada e que já apanhei a rebolarem pelo bilhar, felizmente tapado pela cobertura que isto de bilhares novos tem pelo menos uma vantagem (trazem tudo junto, tacos, bolas, marcador, giz e coberta).

 

Nesta desvairada série de acontecimentos esqueci-me que o meu aniversário coincidia com a data combinada e que, queira eu ou não, não há hipótese deescapar a um almoço com antigos funcionários meus (uma tradição que já leva uns bons quarenta anos!!!) e mais pequenas festividades familiares de que não consigo livrar-me. E digo pequenas porque detesto aniversários. MAS a CG, a enteada e o lambão do novo membro da família (um cavalheiro enorme que é mais guloso do que um urso formigueiro) exigem pelo menos um jantarinho... ou seja, estou peado e incapaz de me locomover como desejaria para um sítio mais aprazível, digamos o Vidal, e um menu mais simpático, digamos  leitãozinho.

 

Será possível adiar as festividades porcinas por uma semana? E, na passada, obter o seu telemóvel, o seu e-mail enfim essas trivialidades que nos permitiriam comunicar sem ser por este meio espalhafatoso? Até a sua direcção se perdeu na voragem dos últimos e penúltimos acontecimentos. Isto, este post mal amanhado, é uma espécie de mensagem numa garrafa lançada ao mar cor de vinho dos antigos gregos. Dos antigos que os de agora, fora falar uma língua praticamente diferente, andam num rebuliço que nem os persas antigos causaram às terras da Hélade. 

 

Permita-me que, através de Si, peça ás leitoras gentis e aos leitores educados, desculpa por lhes invadir o espaço de leitura com esta carta carregada de desculpas de mau pagador, mas não tive outra hipótese. Se quiser até lhe apareço de corda ao pescoço.

 

Um abraço 

* as imagens são, obviamente, aspectos parciais da nova sala com a parte da biblioteca dedicada a temas africanos, ao surrealismo e a mais um par de miudezas (etnografia, livros de viagens, cinema etc.)

 

Democracia parlamentar evoluída

JSC, 23.11.11

A Assembleia Regional da Madeira aprovou uma proposta do PSD para que, nos plenários, em certas votações, um deputado possa votar por todos os demais do respectivo grupo parlamentar.


Esta decisão da ARM, que tanta celeuma está a dar,  não anda longe do que de passa na AR, onde os deputados, embora presentes, têm de votar como o líder manda. Aliás, como vem hoje nos jornais, na AR até se apresentam propostas de alteração à matéria em debate, no caso ao OE para 2012, sem que os deputados tenham conhecimento das propostas de alteração. É o dealbar da democracia parlamentar Século XXI.

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