O Governo, fiel à grande bandeira da campanha eleitoral, esforçou-se por vender a ideia de que a redução na TSU era a solução ideal para dar competitividade às empresas e à economia. Depois, como ninguém comprou essa ideia de laboratório, o governo deixou-a cair, para grande sossego da comunidade.
Mas o governo tem um ministro obcecado em fazer passar a ideia de que quer dar competitividade à economia. Portanto, foi descobrir uma outra coisa. Obrigar o pessoal a trabalhar gratuitamente meia hora por dia. Esta passou a ser a nova ideia força para dar competitividade às empresas e à economia. Nada mais competitivo do que obrigar alguém a trabalhar de borla.
Os Sindicatos repudiam a medida proposta pelo Governo, que acusam de andar a brincar com a concertação social. Dizem que somando a meia hora diária de trabalho não remunerado com os cortes dos dias de feriado se está perante um roubo de um salário anual.
É obra. o ministro retorqui dizendo que “o aumento do horário de trabalho em meia hora por dia é uma lufada de ar fresco para a competitividade das empresas, que vai criar mais emprego e mais exportações”. Que seja uma “Lufada de ar fresco” eu ainda percebo (!?!), agora obrigar o pessoal a trabalhar mais horas por dia (e de borla) e com isso contribuir para aumentar o emprego, só mesmo aquela professoral cabecinha de ministro pode entender e explicar, Como?
Os patrões, via CCP, aparecem a pedir mais, querem a meia hora diária de trabalho obrigatório não remunerado, a contar para um outro banco de horas gratuito, que os patrões utilizarão como e quando bem entenderem. Mas a CCP reclama ainda mais, pretende uma redução de DEZ DIAS DE FÉRIAS dos trabalhadores. Espantoso é que o Ministro experimentalista acolheu a ideia e já admite efectuar mudanças no número de dias de férias e até alargar a semana de trabalho para as 48 horas, sem qualquer acréscimo de remuneração, para não aumentar os custos com salários, em nome da competitividade.
Enquanto tudo isto se passa os partidos da oposição andam entretidos com a dívida. Como se alguma destas medidas tivesse algo a ver com a dita ou com a Troika. Lamentável!
Estranho é que ninguém ouse questionar o Ministro (ex e futuro emigrante) acerca do impacto dos salários na competitividade. É que segundo um gráfico publicado no Público, no Sábado, do conjunto dos países da OCDE Portugal é o quarto a contar do fim em termos de salário médio. Ou seja, se a competitividade se medisse pelo custo do factor trabalho, que o governo quer diminuir, Portugal estaria nos primeiros lugares do ranking. Estou a pensar mal Sr. Ministro?