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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Por todos nós

JSC, 18.09.12

 

« A escritora Maria Teresa Horta, distinguida com o Prémio D. Dinis pelo romance “As Luzes de Leonor”, disse esta terça-feira à Lusa que não o aceita receber das mãos do primeiro-ministro, conforme o previsto.

 

  “Não recuso o prémio que me enche de orgulho e satisfação, recuso recebê-lo das mãos do primeiro-ministro”, deixou claro Maria Teresa Horta.  “o primeiro-ministro está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril [de 1974] e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural”. »

 

 In Público

Au Bonheur des Dames 329

d'oliveira, 17.09.12

 

Ex.º Sr. Pedro Passos Coelho

 

 

 

 

 

 

 

Perdoará V.ª Ex.ª que não use o habitual "dr." com que, pelos vistos e à falta de qualquer qualificação profissional que motive o respeito dos cidadãos, se adornam alguns políticos.

 

De facto, sabidos que são os casos de engenheiros que não passam de engenhosos e de licenciados à conta de universidades de terceira via, entendi, em homenagem à Sua modesta reputação, tratá-lo apenas por Senhor.

 

E comecemos por aí: a reputação de V.ª Ex.ª.

 

A pessoa Passos Coelho foi sempre tida por alguém com uma carreira profissional débil e com uma carreira política não especialmente robusta. Presidente de uma jota, vagamente deputado, escorraçado pela drª Manuela (posteriormente defenestrada por ele e seus amigos). E bom homem, bom pai de família, casa modesta em Massamá e um gosto por alguma sólida cozinha portuguesa tradicional.

 

Não consta,  nos meios políticos ou sociais (sequer nos mentideros do costume), que V.º Ex.ª seja conhecido por especiais dotes profissionais, por um sólido conhecimento de Economia, por um moderado amor às artes, à literatura, enfim à Cultura em geral. Não que daí venha mal ao mundo. Milhões de compatriotas desconhecem quem foi Emanuel Nunes, Cardoso Pires ou Eduardo Batarda.  Todavia, há, entre eles e V.ª Ex.ª, uma diferença. Esses patrícios limitam-se a votar de quatro em quatro anos ou nem isso. Não governam sequer uma freguesia nem teorizam sobre a TSU. Não se dirigem à Nação nem semanalmente juram, de voz embargada e expressão humilde, servir a Pátria.

 

V.ª Ex.ª, por obscuras razões, ou nem isso, começou a ser notícia (de 2ª ou 3ª página, mas notícia de todo o modo) quando, como já referi foi vítima de uma “fatwa” da drª Ferreira Leite. Corrido da lista de candidatos a deputados, sem apelo nem agravo. Começou, nesse dia sinistro mas glorioso, a agigantar-se o eternamente jovem promissor Passos Coelho. Recordemos: Sócrates (outra vibrante promessa deste país de maravalhas políticas e da Santinha da Ladeira) governava. Por muito que o pais resmungasse (e resmungava) a criatura parecia imbatível, pelo menos até ao fim da legislatura (que pelas minhas contas terminaria agora).

 

Sabido como é que os períodos de oposição são de vacas magras, esqueléticas, para quem não detém o poder, eis que a súbita infelicidade de V:ª Ex.ª o tornou uma bandeira simpática para os barões do PPD. Estavam de fora e, durante esses anos de travessia do deserto, qualquer quiddam servia. (o mesmo ocorre agora com aquela apagada personalidade que representa o PS. Está por ali enquanto  o dr Costa se entretêm na Câmara de Lisboa, a inventar maneira de tornar a travessia do Marques de Pombal ainda mais problemática).

 

No momento de se ir a votos, então, numa daquelas reviravoltas de que o sistema político é useiro e vezeiro, arranja-se um Congresso e nessa altura é “eleito” o verdadeiro Messias eleitoral.

 

A crise, que em boa hora mandou Sócrates para Paris estudar não se sabe bem o quê, apanhou toda a gente de surpresa e já não houve tempo de enviar V.ª Ex.ª para férias politicas. Foi eleito com a maioria que se sabe, não por mérito próprio, custa-me dizer-lho, mas por demérito do adversário. A população portuguesa, chamada a votar, nem pestanejou: Mal por mal, venha outro!

 

E veio V.ª Ex.ª. Veio aureolado pela simpatia, pela ar modesto, pela casinha de Massamá, pelas juras várias de promover as medidas necessárias á salvação de Portugal, ao bem estar do (nobre) Povo e à regeneração da nossa sociedade e da Economia.

 

Não vou referir o programa eleitoral que o PPD apresentou ao País. Promessas deste teor não são para levar a sério. Porém, foram tais e tantas as críticas aos PEC de Sócrates que a boa fé indígena julgou que algo de diferente se ia passar.

 

Não se passou.

 

Tudo, ou quase, desde a ideia ridícula de ter um Governo mínimo, até às desastradas comunicações de V.ª Ex.ª vai ao arrepio das promessas, do programa, das esperanças e das ilusões (ilusões!) dos votantes. Dos cidadãos, já agora. Cidadãos e não súbditos, como eventualmente alguém poderia pensar ao ver a sobranceria com que V.ª Ex.ª se referiu a nós na passada entrevista em que explicou o inexplicável deixando no ar a ideia (acaso justa e razoável) que nos domínios da Economia Política e das Finanças Públicas, V.ª Ex.ª, patina de modo confrangedor. Desliza em direcção ao abismo da ingenuidade ou da ignorância ou das duas ao mesmo tempo.

 

A menos... A menos que V.ª Ex.ª seja, como o meu amigo K assegura, um “iluminado”. Detenhamo-nos nesse ponto: Um “iluminado” é alguém que se move por motivos sem consistência racional, sem raiz na realidade. É a fé que o guia, seja ele um pasdaran iraniano, um estudante de teologia afegão, um pregador evangelista radical americano. Ou (oh há quanto tempo, já...) um kmer vermelho, um fundibulário da revolução cultural (atenção leitor “atónito”) um bolchevique puro e duro (dos de antes dos “processos de Moscovo”), um SS (melhor ainda, um SA) dos saudosos tempos do Reich milenário.

 

Em Portugal, provavelmente por atraso, por indolência, por inépcia ou por muito “sol, sal e sul”, nunca tivemos disso. Por junto, aturamos a formiga branca, os nacionais sindicalistas do senhor Rolão Preto e quatro criaturas que, entre o final dos anos 70 e meados de 80, acreditavam numa coisa chamada “projecto global” e num mítico cavalheiro cujo risível pseudónimo era “Óscar”. Meia dúzia de mortos, esperanças traídas, conivência com a polícia, e uma indigente visão política atiraram com essa última e tresloucada aventura para o caixote da história. 

 

Ora, diz-me K, quando nada o fazia prever, eis que reaparece o fenómeno “iluminados”. Desta feita, trazem uma fé inabalável no mercado, na auto-regeneração do mesmo, na absoluta verdade dos modelos económicos e na sua incontornável necessidade. Esquecem, melhor: repudiam, que, em Ciências Sociais, nada é verdadeiro durante muito tempo e a paleta de cores ao nosso alcance é infinita. Em Ciências sociais (e a Economia é uma delas) um grão de areia pode pôr tudo de pantanas. Mais: não há universalidade nas soluções bem pelo contrario: cada país, cada povo, cada região é um caso e como um caso devem ser tratados.

 

Vº Ex.ª que disto, do neo-liberalismo, parece ter, se tem!..., uma muito vaga noção, deve ter bebido da experiência americana. Não de Reagan que é muito distante, para os Seus verdes anos, sequer de Bush pai mas muito certamente de Bush filho e da sua pequena quadrilha de políticos ambiciosos e sem escrúpulos.

 

E de um par de europeus que, perante uma esquerda inerme e de terceira via, se atreveram a pensar que tudo isto era terra de missão e Berlusconi  o seu profeta.

 

Não querendo, et pour cause, copiar os passos da sua antecessora no partido, eis que V.ª Ex.ª se atira para do avião não de pára-quedas (o que seria aconselhável) mas apenas de guarda chuva, coisa que demora muito a abrir, se é que, no caso em apreço, se abriu.

 

Neste momento, depois de 600.000 portugueses desorganizados terem saído para a rua (e olhe que eu apenas refiro este número que já é de tal modo gigantesco que nem precisa da ajudinha inflacionadora dos entusiastas de serviço), V.ª Ex.ª, no caso de ser como K assevera um “iluminado”, está a preparar-se para a guerra civil. Guerra civil, repito que os iluminados estão tão certos das suas convicções e análises que preferem liquidar o povo a ceder um milímetro.

 

Mais moderado e mais velho, ahimé!, eu apenas tenho V.ª Ex.ª  como um bom rapaz, mediano em tudo, cheio de boa vontade, falho de conhecimentos essenciais, mal aconselhado e pior acompanhado (se é que entende o que pretendo dizer quando digo que nem toda a azeitona é de Elvas).

 

Está a tempo de recuar um pouco para não ter de ceder em tudo. Como diria o Príncipe Salina que talvez conheça do cinema, “é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma”. A máxima é cínica mas neste caso pode ser útil.

 

V quer o bem da Pátria. Como Portas, parceiro hesitante e perigosamente mais inteligente, mais culto, mais sensível e mais politico. Como Seguro, mesmo se também ele não vá muito longe. Como os senhores Louçã ou  Jerónimo. Queira V. ou não, eles são também patriotas. Têm, também, família, filhos, uma ideia para Portugal. Como os patrões e os sindicalistas que não querem ouvir falar da TSU. Como eu que, mesmo sem ter filhos, gostaria que o pais não acabasse com a mesma rapidez com que (é a lei da idade) provavelmente acabarei.

 

Como, sobretudo, os 600.000 portugueses que saíram de casa no domingo.

 

Para já não estão organizados. Tema o dia (que poderá não estar assim tão distante...) em que, por eles mesmos ou com ajuda, se organizarem. Começa a verificar-se, um pouco por todo o lado, ajuntamentos de pessoas que, ao saberem da visita de um Ministro ou de um Secretário de Estado, parecem dispostos a dizer-lhe umas verdades, quiçá dar-lhe um par de sopapos. Não posso dizer que os não compreenda, mesmo se, por toda uma vida, sempre tenha defendido a luta democrática e não violenta. Estou, ao contrário de V.ª Ex.ª, que não conheceu esses penosos tempos, habilitado a dar-lhe um conselho gratuito mas urgente. Não alimente o grito, o desespero e a raiva. Descomprima a situação. Pare, olhe e escute: há um comboio desgovernado a aproximar-se. V.ª Ex.ª poderá ser colhido (e não estou a falar metaforicamente) por ele. Ou pelos passageiros que é o mesmo.

 

Não foram os cidadãos que criaram este clima de cortar à faca. Foi V.ª Ex.ª: Por feitio ou por inabilidade. Por fé ou por ingenuidade. Por ignorância ou por tolice.

 

Até à reunião do Conselho de Estado (que, espero, decorrerá serenamente sem ajuntamento à porta) há tempo para “modular”, para “balancear”, para adiar, para abandonar, para renegar a negregada ideia de sacrificar o Zé e aliviar o senhor comendador. Sei que isto parece tirado de um panfleto de mau gosto e mais fraca ideologia mas é essa exactamente a ideia que centenas de milhares de compatriotas nossos estão a registar. 

 

Li que V.º Ex.ª não está apegado ao poder e não receia perder as próximas eleições. É bonito e fica bem mas não chega. Conviria que também não estivesse disposto a deitar um cartuxo de dinamite para a fogueira que, com a ajuda do anterior governo, foi ateada. É que, nestas questões de dinamite, há bombas para todos os gostos. Anteontem, um rapaz, mais bebido do que convinha, ateou fogo a si próprio. Amanhã, alguém, menos bebido mas igualmente excitado, poderá ter a peregrina ideia de fogachar quem ele supõe ser a causa de todas as suas misérias: Vª Ex.ª!

 

O país, consta, é de brandos costumes. Não é. Nunca foi e, sobretudo, desde o início do século XIX, começou a demonstrar com evidente prazer que em questões de violência política, não ficávamos atrás dos melhores. A guerra contra o ocupante francês, a selvajaria com que foi levada a cabo nos bucólicos campos pátrios, a guerra civil seguinte, as revoluções patuleias e outras que ocuparam largos estratos da população até meados do século, o regicídio, a desordem republicana, a repressão violenta do “reviralho” poderão estar esquecidas mas não andam assim tão longe do imaginário popular. Umas dezenas de anos (1850-1900; 1950 -2010) de vida confortável atiraram velhos instintos não borda fora mas apenas para o sótão. Em mudando as coisas, é só subir um lanço de escadas para armar as raivas e os medos. E estamos perto disso.

 

Passe V.ª Ex.ª tão bem quanto possível, durma se conseguir, mas não se queixe de falta de aviso.

 

Seu compatriota (e não seu súbdito) 

 

mcr

 

 

 

 

 

 

 

Au Bonheur des Dames 328

d'oliveira, 16.09.12

Agosto, Agosto, angústia

 

 

 

Há uns anos,  o João Dixo apareceu-me na esplanada e deu-me a péssima notícia da morte do Nuno Barreto, amigo comum e pintor exigente. Já não fui a tempo de me despedir, o funeral acabara minutos antes.

 

 Depois, já entrado este ano, apareceu por ali várias vezes, quase sempre à tarde. Vinha de namorada a tiracolo, feliz e bem disposto. E tinha boas razões: escapara de uma operação difícil e tudo lhe corria de feição, incluindo a namorada e os eventuais efeitos colaterais da operação.

 

De repente, chego da Galiza e leio num jornal atrazado a notícia da morte dele. Assim, sem mais nem menos. Afinal as poucas vezes em que me dera boas novas da operação eram só as vésperas de notícias bem piores e definitivas.

 

Morre o João, amigo de há quarenta anos. Tantas vezes discutimos, tantas vezes levámos a cabo pequenas acções comuns, exposições, sobretudo. E depois destes anos todos ainda lhe brilhava o olho ao propor-me mais uma aventura, enfim coisa ainda mal pensada mas... O João estava cheio de projectos, cheio de esperança, cheio de uma falsa vida. Driblara a morte, dizia-me, sem saber que o jogo ainda não terminara. Acabou agora, há um, par de semanas, em Coimbra, num dia quente de Agosto, provavelmente sem que os amigos pudessem ser avisados. Morrer no Verão tem disto. E fica sempre um vago remorso por não termos podido estar lá.

E morre também um pintor exemplar, um dos de outros tempos que, antes do mealheiro, pensava na pintura, na pintura como ética e como prática. Morre exactamente quando o seu exemplo poderia ser mais útil se é que ainda se pode falar de Arte em tempos tão tumultuosos. 

 

 

 

 

 

Eu Vou

O meu olhar, 15.09.12

 

Eu serei uma das muitas pessoas, espero que milhares, que optaram por sair da sua zona de conforto para serem testemunhas que o povo português não está adormecido pela demagogia nem entorpecido por medos induzidos.

O que sinto é que não há quem nos proteja, quem pense verdadeiramente nos interesses deste país. O vazio de poder que está a acontecer, fruto do exercício incompente e descrebilizado deste Governo e do seu não exercício por parte de Cavaco Silva, por ter no Governo os seus “parceiros” de partido, leva a que as pessoas ocupem esse espaço, mesmo que seja na praça pública, fazendo-se ouvir.

Espero que haja bom senso para que algo de importante seja feito para mudar as medidas que com tanta ligeireza foram anunciadas.  

Uma coisa é a austeridade exercida com justiça social, o rigor nos gastos públicos, outra é o que este Governo já fez e quer fazer ainda mais: cortar cegamente num dos lados da balança e afundar a economia. Os resultados foram desastrosos. Então porque não se muda de rumo? Simplesmente porque este Governo não sabe o que fazer. Simplesmente não sabe. Não tem capacidade para mais. Não está à altura dos desafios actuais.

 

Lista de todos os protestos convocados para 15 de setembro:

Viseu, Rossio, 17h. Ver evento no facebook.
Aveiro, R Carlos Aleluia, 17h. Ver evento no facebook.
Lisboa, Pç José Fontana, 17h. Ver evento no facebook.
Porto, Avenida dos Aliados, 17h. Ver evento no facebook.
Guarda, Pç Luís de Camões, 17h. Ver evento no facebook.
Braga, Av Central, 15h. Ver evento no facebook.
Funchal, Parque de Santa Catarina, 17h. Ver evento no facebook.
Coimbra, Pç da República, 17h. Ver evento no facebook.
Loulé, Mercado de Loulé, 17h. Ver evento no facebook.
Vila Real, junto à Câmara Municipal, 17h. Ver evento no facebook.
Covilhã, Pelourinho, 17h. Ver evento no facebook.
Marinha Grande, Parque da Cerca, 17h. Ver evento no facebook.
Moncorvo, Torre de Moncorvo - Lg da Corredoura, 17h. Ver evento no facebook.
Leiria, Fonte Luminosa, 15h. Ver evento no facebook.
Caldas da Rainha, Lg da Câmara (frente ao tribunal), 15h. Ver evento no facebook.
Faro, doca de Faro, 17h. Ver evento no facebook.
Portalegre, Pç da República, 17h. Ver evento no facebook.
Castelo Branco, em frente à Câmara Municipal, 17h. Ver evento no facebook.
Beja, Pç da República, 17h. Ver evento no facebook.
Figueira da Foz, em frente à Câmara Municipal, 15h. Ver evento no facebook.
Ponta Delgada, Portas da Cidade, 16h. Ver evento no facebook.
Santarém, em frente ao W Shopping, 17h. Ver evento no facebook.
Évora, Pç do Giraldo, 17h. Ver evento no facebook.
Lamego, Monumento ao Soldado Desconhecido "Chico do Pinto", 17h. Ver evento no facebook.
Mogadouro, Parque da Vila, 17h. Ver evento no facebook.
Peniche, Praça Jacob Rodrigues Pereira, 17h. Ver evento no facebook.
Santa Maria da Feira, frente à Câmara Municipal, 17h. Ver evento no facebook.
Setúbal, Pç do Bocage (em frente ao município), 17h. Ver evento no facebook.
Sines, Rossio, 17h. Ver evento no facebook.
Bragança, Pç Cavaleiro Ferreira, 17h. Ver evento no facebook.

Portimão, em frente à Câmara Municipal, 16h. Ver evento no facebook.
Nazaré, Pç Sousa Oliveira, 17h. Ver evento no facebook.
Nisa, Pç da República (junto à Biblioteca), 17h. Ver evento.

Barcelona:
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Berlim:
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EUA e Canadá:
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Londres:
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Fortaleza:
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Paris:
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Bruxelas:
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Governar por tentativas e erros

O meu olhar, 14.09.12

Se Vitor Gaspar disse há um ano:  “A redução da TSU funciona bem em modelos na universidade mas nunca foi testada, por isso não me parece uma alternativa particularmente promissora” (Vitor Gaspar 18 de Outubro de 2011).

E, na mesma altura, sobre o mesmo assunto, Passos Coelho disse: “Não aceitamos trazer Portugal para uma espécie de laboratório de medidas radicais” (Passos Coelho, 22 de Setembro de 2011).

Então o que justifica o anúncio dessa medida, com a agravante de a fazerem por transferência directa do bolso dos trabalhadores?

Porque a Troika a isso obrigou? Pelo que ficamos a saber na entrevista ao chefe de missão do FMI na troika, o etíope Abebe Selassie, as mudanças na TSU não foram exigência da troika mas sim proposta do Governo.

Parece mistério mas eu tenho uma explicação: pura incompetência e uma completa insensibilidade social. Governam por tentativas e erros.

Lança-se ao país uma medida desastrosa como se fosse um trunfo retirado da cartola para apresentar à troika. Um desastre! Melhor dizendo: um desastre criativo. 

Estes dias que passam 284

d'oliveira, 13.09.12

Jardim, sempre ele

 

 

 

Os protestos de Jardim, Alberto João, para os compinchas, caem em saco roto. Se há um português que não possa absolutamente dizer seja o que for, sobre as negregadas medidas destilados nos cérebros medonhos das criaturas que nos governam, tal papel cabe a Jardim.

 

(Não só a ele, não só a ele, que temos alguma gente actualmente ausente em forçadas férias politicas, mas isso é para mais tarde).

 

Há quase quarenta anos que este sólido pilar do antigo Estado Novo, reconvertido pelos milagres da democracia do olvido em paladim da autonomia madeirense, anda a gastar o que não tem sempre em prol dos pobres colonizados madeirenses. A pátria madrasta e colonialista (“os cubanos”) protesta docemente mas paga. Paga sempre. Pagaram os do PPD porque Jardim ameaçava deslocar o voto parlamentar dos seus eleitos. Pagaram os do PS, mesmo sob protesto manso, por razões que inteiramente me escapam. Dizem-me amigos expatriados da “pérola do Atlântico” que, aos socialistas, Jardim ameaçava em surdina com a independência e com uma guerrilha castrista no fundo das suas montanhas.  E a tese não é assim tão absurda, mesmo se pouco crível à primeira vista.

 

Faço parte dos anti-patriotas que está disposto a renegar da Madeira, dos Açores e das Berlengas (estas últimas no caso improvável do faroleiro resolver afrontar o território de Peniche). Não suporto esta gentuça que continuamente nos culpa por tudo e por nada e nos vai sacando cada vez mais dinheiro sempre com a ameaça da revolta.

 

A solidariedade tem um limite: a decência e a boa fé. E os dirigentes estilo Jardim ignoram uma e riem-se da outra. E outro ainda: tratar da mesma maneira o interior desertificado e moribundo do 2continente” como a Madeira exige para si. E isto, este simples exercício de entre-ajuda nunca foi sequer tentado.

 

Agora que a Madeira está endividada até ao pescoço, agora que se descobriu mais aquele buraco gigantesco (se é que é só aquele buraco) eis que o tonitruante Jardim entende juntar a sua voz esganiçada ao coro de criticas que se levanta de norte a sul do país.

 

Os habituais oportunistas virão jubilosamente dizer que até o Alberto João está contra Coelho. Fizeram o mesmo com as declarações de Manuela Ferreira Leite, mesmo se, ainda há bem pouco lhe chamavam tudo. Independente da justeza de várias críticas (o ataque às pensões; a abolição sem critério da TSU; a incapacidade de explicar em tempo útil estas e outras decisões) ninguém tem dúvida que para MFL a vingança se serve fria. E copiosa, convenhamos.

 

Todavia, mesmo quando as criticas são pertinentes, há no terreno politico uma ética: propor alternativas. Alguém as ouviu? E uma segunda questão, digamos um dever de cortesia. Chamar ladrão a um adversário politico exigiria provas de que este merece o epíteto. Eça, “sempre esse homem fatal”, retratou o Parlamento do seu tempo em dia de destemperos verbais. Deveria ser algo que os senhores deputados tivessem presente, mesmo que não tenham lido o autor da “campanha alegre”. Mas isso seria pedir demais a 90% (e estou a ser generoso!) dos “representantes” da Nação. De ladrão passa-se (e vai ocorrer) depressa a outros e piores substantivos. Com uma diferença quanto ao passado. Dantes a honra ofendida lavava-se em duelo e hoje não estamos a ver nenhum dos parlamentares com a coragem suficiente de dizer ao ofensor “amanhã, ás nove, traga padrinhos e pistola!” É que nestas coisas pode alguma bala encontrar o precioso coiro de um dos litigantes e isso é uma maçada. Resta o protesto indignado para quem quiser incomodar-se e incomodar o plenário e no fim vão todos almoçar que isto de gritos abre o apetite.

 

(A propósito: alguém se lembra da 1ª vez em que um Governo em exercício se dispôs a abrir mão da TSU? – Ora puxem pela memória).

 

Voltemos porém a Jardim, o protestante indignado. Alguém será capaz de lhe recordar que isto, este gigantesco confisco de rendimentos, salários e pensões  também se deve à sua alucinada gestão dos dinheiros públicos?

 

Nem sempre os inimigos dos nossos adversários são nossos amigos. Aliás: quase nunca, como a História do século passado largamente o comprovou.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Frases que Ficam

O meu olhar, 13.09.12

 

“Só por teimosia se pode insistir numa receita que não está a dar resultados”
“Não só não se atingem os objectivos como o país chega ao fim destroçado”
 “Modelos que estão a ser perniciosos e não têm nenhuma adesão à realidade”
 “Ninguém foi ouvido sobre a TSU e ninguém a defende” 
 Manuela Ferreira Leite, 12 de Setembro de 2012,  entrevista à TVI24

Diário Político 182

mcr, 13.09.12

Perguntas de um leitor que não é operário*

 

Balão de ensaio? 

Gaspar igual a Borges? 

O que faz correr Coelho?

Então agora recorrem a Cavaco?

Que é que a troika disse ao Governo?

A situação económica e financeira é a que dizem?

Relvas ainda é licenciado?

Portas bate com a porta?

 

Respostas nos próximos capítulos 

 

* nem o quereria ser, sobretudo agora