Como é possível, senhor primeiro-ministro?!
Na última sexta-feira, Pedro Passos Coelho deu (mais) um abanão aos portugueses. As medidas que anunciou atabalhoadamente e à pressa, antes de um jogo da selecção de futebol na TV e de um espectáculo de Paulo de Carvalho a que não quis faltar, agravam de forma brutal as condições de vida do cidadão comum, que vive do seu trabalho e da sua remuneração mensal.
O Governo PSD/CDS – que não queria aumentar impostos! – acaba por retirar aos portugueses uma fatia significativa dos seus proveitos e deixa por explicar como é que alarga a todos, e sobretudo àqueles que auferem maiores rendimentos, o esforço que parece residir sempre sobre o mesmo “mexilhão”, para usar as palavras do insuspeito Marcelo Rebelo de Sousa, que já defende uma remodelação governamental urgente.
Como é possível introduzir um aumento das contribuições para a segurança social e proclamar ufanamente que isso não é um “imposto”? Como é possível fazer um agravamento de sete pontos percentuais para todos os trabalhadores, independentemente dos seus rendimentos? Como é possível não prever de imediato uma solução que abranja todos os activos, deixando de fora algumas classes profissionais privilegiadas? Como é possível não demonstrar logo o que está a ser pensado para os rendimentos de capitais e as grandes fortunas? Como é possível acreditar que estas medidas, do lado das empresas, vão fomentar o emprego e diminuir o desemprego?
Foi na própria área dos partidos de maioria que várias vozes avalizadas, como Marcelo Rebelo de Sousa, Bacelar Gouveia, António Capucho, Bagão Félix e Alexandre Relvas, já vieram criticar as medidas anunciadas e desvalorizar o pretendido efeito positivo das mesmas para a economia nacional. O eleitorado laranja está indignado e decepcionado, o que só facilita a actuação do PS, que se vê obrigado a votar contra uma proposta de orçamento do Estado que contemple estas medidas castigadoras.
Bem, a cantar e a rir devem estar neste momento apenas as grandes empresas, como a EDP, o Millennium bcp ou a Sonae, que registam poupanças nas contribuições para a segurança social que vão dos dez aos vinte milhões de euros! É claro que, depois da aplicação destas medidas, vai faltar liquidez aos seus clientes e isso resulta em seu prejuízo, mas até lá…