Primeiro disse que era “patriótico” agora sente-se “envergonhado”
Quando foram conhecidas as medidas fiscais previstas para o Orçamento/2013, Bagão Félix veio a terreno proclamar que aquilo era um "Napalm fiscal" sobre a classe média, um "terramoto fiscal devastador". Durante dias Bagão Félix foi dando entrevistas, sempre nesta linha, opinando mesmo que aquele Orçamento não tinha condições para ser cumprido.
Depois, face à encenação montada por Paulo Portas, o autoproclamado defensor dos lavradores e dos contribuintes, Bagão Félix foi adocicando a sua opinião, até que no dia da votação do Orçamento, quando Paulo Portas impos à sua trupe o voto favorável, Bagão Félix apareceu a dizer que compreendia, tratava-se de uma opção “patriótica” de Paulo Portas, disse.
Hoje, no DN, o mesmo Bagão Félix afirma que se sente "envergonhado" por serem os técnicos do FMI, que não conhecem a realidade do país, a decidirem onde cortar os tais 4 mil milhões de euros, que Marques Mendes anunciou que era preciso cortar, com o pormenor de até identificar os montantes parciais a cortar e onde se devem cortar.
Parece-me óbvio que seria do mais elementar bom senso que Bagão Félix, os jornalistas e até o PS perguntar pelo estudo que terá ajudado Marques Mendes a vomitar aquele número, antes de lhe darem crédito e ampliarem a sua difusão.
A “vergonha” que Bagão Félix diz sentir não deve ser bem uma vergonha será antes um certo mal estar interior, próprio de quem anda a apontar o dedo, mas que nos momentos cruciais, exactamente quando podia fazer alguma coisa, não só acaba por alinhar com o que critica, como ainda qualifica de “patriota” quem ajuda a lançar o "Napalm fiscal" sobre os portugueses.
Na verdade, o país não precisa só de mudar de governo, precisa também de mudar estes comentadores que tomaram conta das TVs e que mais não fazem do que ludibriar as pessoas, porque mesmo quando parecem criticar as opções do governo, o que estão a fazer é a alisar as consciências e a retirar espaço à oposição.