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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

A varapau 17

mcr, 26.05.13

Tento na língua e no gatilho que isto não é o faroeste!

Suponhamos que eu diria (mesmo aqui, para os meus escassos leitores...) que o dr Miguel de Sousa Tavares é pateta, ou que tem um complexo de Édipo do tamanho de um elefante, ou que é um escritor medíocre. Suponhamos, apenas. De facto não diria nada disto, aqui, ou noutro local público. Poderei achar MST um escritor palavroso e desesperadamente à procura da sensação bacoca do best-seller, mas isso guardaria para uma crítica literária (que em tempos pratiquei) coisa que de há muito desisti. Quando um livro me agrada, chamo a atenção para ele e bonda. Escrever uma diatribe virulenta sobre uma coisa que me desagrada é um duplo trabalho que ainda por cima chama a atenção para o autor. Publicidade à mediocridade é sempre publicidade. E perda de tempo.

Chamar pateta a alguém que, muitas vezes tem uma opinião respeitável, é andar por aqui em ziguezague, ao sabor de humores que, francamente, me chocam.

Aproveitar a boleia do Édipo só porque MSG é filho de uma grande poetisa e de um homem estimável, corajoso, inteligente e livre seria uma tolice. Assim seria impossível a qualquer pessoa com pais de grande qualidade fazer fosse o que fosse pois á primeira declaração dela logo viria o fantasma materno ou paterno à colação. 

Dito isto, convenhamos que Tavares ferve em pouca água. Durante algum tempo, achei que ele fervia como o angulo recto, a 90 graus mas, com o passar do tempo, e lendo-o laboriosamente semana pós semana (e às vezes é tempo perdido...), acho que ele ferve a 60º... Mau para um comentador amesendado no Expresso e na televisão...

Vi muito boa gente, de corta palha arreganhado com o "palhaço"! Como se não percebessem que a coisa aqui contendia com uma magistratura, seja ela de quem for. Nunca votei Cavaco (Credo, Jesus, Maria José!), escrevi aqui fortes críticas à criatura mas sempre tentei não usar a desqualificação e o insulto como arma de arremesso.

Depois vi muita dessa gente sorridente perceber que a coisa transcende o debate político e gravemente concordar que o rapaz se tinha excedido. Ele mesmo, sinceramente ou não, veio a terreiro com uma desculpa pouco convincente, que não queria insultar o PR, que o jornal trouxe para a luz violenta da ribalta uma resposta induzida (!!!) e que ele, homem sem experiência nestas coisas de imprensa, caiu numa esparrela.

Convenhamos: argumento pobre, pouco crível e esfarrapado. 

De todo o modo há que tomar a desculpa como boa. 

O senhor Presidente da República é como nós: indigna-se e quem não se sente não é filho de boa gente. 

O senhor Presidente da República não é como nós: Tem conselheiros, anda na política há décadas e não costuma ter dúvidas ou estados de alma.  

Se é assim, ignoraria olimpicamente o insulto (pois aquilo é um insulto...) e deixaria a terceiros a sua defesa. 

Sobretudo quando alguma vez terá dito que não dava atenção a jornais... se é que tenho boa memória. 

Este imbroglio sobre uma criatura italiana transferida tolamente para Portugal (depois de Monti..., quem se lembra?) é uma tourada à portuguesa e dela ninguém sai bem.

E como ninguém sai bem, saímos todos, cidadãos e paisanos, mal. 

O país já está nos cuidados intensivos e não melhora com palhaçadas vindas de quem vier. 

Acabem com isto, de vez!, que diabo. Por uma vez haja atitudes de adulto. Uma desculpa clara de um e, de outro, uma recomendação consequente à Procuradoria para se dedicar ao que realmente se deve dedicar: a melhoria da Justiça!

E já não é sem tempo.

 

d' Oliveira fecit, 26.5.013 

Os Maus Hábitos do Educador

O meu olhar, 24.05.13

Carlos Moedas afirmou que as pessoas “só acabam com os maus hábitos quando enfrentam choques”.

Face a esta afirmação tenho uma proposta a fazer: tratar de mandar para o desemprego o Carlos Moedas, o Passos Coelho, os restantes membros do Governo e todos os seus assessores. Cavaco Silva fica fora desta proposta porque já esta reformado.

Pode ser que ao enfrentar o choque do potencial desemprego esta gente, que não tem decoro nem no que diz nem no que faz, acabe com maus hábitos, como por exemplo injectar dinheiro na banca como foi o caso do BPN ( 7 mil milhões) e no BANIF ( 1,1 mil milhões).

É urgente o Pais ver-se livre de um Governo que trata os portugueses como um bando de imbecis.

Mente aqui. Mente lá fora. Mente sempre!

JSC, 22.05.13

 

Internamente são conhecidas as intenções do governo de penalizar ainda mais as pessoas, seja pela via do aumento de impostos, taxas ou outras contribuições de natureza fiscal ou parafiscal, seja pela via da redução do montante das pensões e abonos, que é o mesmo que um aumento de impostos.

 

Contudo, no exterior, O primeiro-ministro reiterou hoje o objectivo de baixar os impostos "sobre todos os contribuintes”.

 

 

Passos Coelho bem podia seguir os conselhos sábios do pai e deixar o pote. O pai faz a festa prometida. A gente, de tão depenada, é que não pode contribuir para os foguetes.

Apelo à Solidariedade da EDP com a Força Aérea

JSC, 22.05.13

Diz a notícia que “Um em cada três aviões da Força Aérea não voa. Os constrangimentos orçamentais da Força Aérea têm obrigado à diminuição da sua atividade operacional.”

 

Por sua vez, a EDP anuncia que a sua  Fundação vai triplicar fundos para a área social por causa da crise.

 

Como é óbvio os milhões que a EDP afecta à sua Fundação mais os milhões de prémios que atribui aos respectivos administradores são sacados aos seus clientes, com o ingrediente dos elevados preços que pratica serem avalizados por uma dita entidade reguladora.

 

Mas o que me importa agora é sugerir que a Força Aérea apele à solidariedade da EDP para pôr os seus aviões a funcionar. Pelos vistos dinheiro é coisa que não falta no grupo EDP.

A Farsa no Conselho de Estado

JSC, 19.05.13

Reúne amanhã o Conselho de Estado. Pelo que se vai ouvindo e lendo os conselheiros não parecem muito motivados para discutir o futuro do país sem cuidar primeiro do presente. Contudo, o Presidente, preocupado em segurar o governo, custe o que custar, convocou o Conselho de Estado para discutir o país no pós-troika.

 

No final, sairá um comunicado a dizer coisa nenhuma. Mas alimentará, durante a semana, doutos debates e servirá de tema a profundos artigos de opinião. Entretanto, o país definha, definha.

au bonheur des Dames 343

d'oliveira, 17.05.13

 

Irão regressar os felizes dias da OPAN?

Uma pessoa não pode estar descansada. Quando não é um novo imposto, é uma medida ad-hoc que vem perturbar o curso vagaroso da sua existência. Quando nada disto ocorre, eis que a província e o resto da província, ou seja Lisboa e o resto do país, estremecem com um jogo de futebol, um escândalo sexual, ou uma declaração do senhor Portas. Se nem isto, que é muito, chega, eis que o BE ou os Verdes resolvem tomar uma iniciativa.

Em casos de autentica catástrofe pública há a hipótese de haver pronunciamentos políticos: do senhor dr. Mário Soares ou do seu sucessor Professor Cavaco Silva.

Desta feita, foram os Verdes.  Por razões que se não descortinam, entende este grupo buliçoso que a juventude estudiosa deveria dedicar mais algum tempo ao estudo da Constituição da República. Não se para saber que vivemos em República, que há uma lista de direitos humanos ou apenas para chatear o indígena.

Ao que sei, e que hoje é verificável pelas declarações de professores responsáveis, a Lei fundamental é abordada directa e indirectamente em várias disciplinas e durante alguns anos da escolaridade obrigatória. Mal ou bem, a irrequieta juventude lá apanha aqui e ali umas doses de “constituição” e nõ consta que a ignore de todo em todo. Ou que a ignore em maior grau do que o grupo par(a)lamentar dos Verdes.

Estudar mais “constituição” do que a que já faz parte dos currículos de várias disciplinas (quatro ou cinco, não recordo) de diferentes anos de escolaridade, lembra-me, irresistivelmente, os meus anos de liceu, mais propriamente o 6º e o 7º em que toda a rapaziada tinha uma cadeira quase tão tonta quanto a famigerada “moral” com que nos davam cabo do juízo e da paciência durante os sete anos liceais. Era uma coisa chamada “organização política e administrativa da nação” e, ao contrário da “moral” dava direito a exame e eventual chumbo.

Se bem me lembro, lá se estudava a famigerada “constituição de 33” (a do Salazar), suas origens e mais um par de patacoadas que eram mera perda de tempo. E que de nenhum modo aumentava a consciência cívica, o respeito pelas instituições vigentes, ou o seu activo repúdio.  A OPAN era unanimemente detestada da esquerda à direita, ou vice-versa consoante as opiniões de quem me lê e nem a malta que se destinava a Direito lhe reconhecia qualquer bondade.

Isto de “ensino” e de matérias a ensinar tem muito que se lhe diga. Para o aluno é sempre uma obrigação, estude-se matemática ou geografia ou português. Lembro-me de no 5º ano detestar o Camões via “Lusíadas” que nos era enxofrado em dose maciça. Aquilo era um martírio que nem o melhor professor conseguia suavizar. E a gramática a isso associada era mais outro horror. Demorei anos a conseguir voltar ao poema e, mesmo hoje, prefiro-lhe toda a restante obra poética, mormente as “canções”. Ficou-me a cicatriz lusíada, não há dúvida. Colegas e amigos tenho, desses tempos mimosos, que me juram que ainda hoje têm pesadelos com o poema. Não se atrevem a confessar que aquilo os terá curado do vício da leitura mas suspeito que num que outro caso a coisa é exactamente assim.  

O país está num alvoroço descoroçoado, os cidadãos deitam as mãos à cabeça e fazem contas cada vez mais difíceis para tentar perceber como é que hão de aturar o Governo e as suas medidas, a Oposição e as suas propostas redentoras, a senhora Merkel e o senhor Hollande, o Papa, a Senhora de Fátima, o senhor Gaspar (que Deus tenha em seu descansado seio), a falta de dinheiro, o desejo de férias, o desemprego infamante e o IRS que aí está pronto a morder.

Todavia, os Verdes, perante tudo isto e o que mais se verá, sai a terreiro com um bramido medonho e formidável: “Mais Constituição”. Toda, do principio ao fim, de trás para a frente, na voz passiva ou, melhor ainda, na perifrástica. Não se sabe o que proporão contra os réprobos que se recusem a aprendê-la, que confundam artigos e parágrafos, direitos humanos e deveres. Perderão o ano? Serão condenados a estudar durante as férias e a escrever no melhor cursivo que conseguirem e por dez vezes a constituição no seu caderno diário (se é que ainda há disso)? Prevê-se censura pública, multa, prisão, trabalhos para a comunidade ou mesmo forçados, máxime o degredo, para os contumazes que apesar de tudo se recusarem a cumprir o meigo desiderato dos cavalheiros verdes, verdíssimos?

E tudo isto suscita comoção, discussão, tumulto no Parlamento, acusações várias e objurgatórias de toda a ordem contra o Governo, sempre ele, a maioria, sempre ela, artigos nos jornais e mesmo este folhetim que se deve tão só à chuva lá fora e à falta de qualquer outra coisa em que meter o dente.

De minibus non curat praetor, mcr!, sussurra-me o grilo mas eu nem assim. Puxa-me a mão escrevinhadora para estes disparates que dizem mais do país e da gentinha que roda por S Bento do que qualquer exercício sobre o futuro Conselho de Estado do qual não espero fumo branco mas apenas, como Pinheiro de Azevedo (quem se lembra dele?) “só fumaça”.

Tenham um bom dia, mesmo com chuva, e um fim de semana com algum sol e alguma praia. Ao menos isso ainda é de borla. 

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