Tento na língua e no gatilho que isto não é o faroeste!
Suponhamos que eu diria (mesmo aqui, para os meus escassos leitores...) que o dr Miguel de Sousa Tavares é pateta, ou que tem um complexo de Édipo do tamanho de um elefante, ou que é um escritor medíocre. Suponhamos, apenas. De facto não diria nada disto, aqui, ou noutro local público. Poderei achar MST um escritor palavroso e desesperadamente à procura da sensação bacoca do best-seller, mas isso guardaria para uma crítica literária (que em tempos pratiquei) coisa que de há muito desisti. Quando um livro me agrada, chamo a atenção para ele e bonda. Escrever uma diatribe virulenta sobre uma coisa que me desagrada é um duplo trabalho que ainda por cima chama a atenção para o autor. Publicidade à mediocridade é sempre publicidade. E perda de tempo.
Chamar pateta a alguém que, muitas vezes tem uma opinião respeitável, é andar por aqui em ziguezague, ao sabor de humores que, francamente, me chocam.
Aproveitar a boleia do Édipo só porque MSG é filho de uma grande poetisa e de um homem estimável, corajoso, inteligente e livre seria uma tolice. Assim seria impossível a qualquer pessoa com pais de grande qualidade fazer fosse o que fosse pois á primeira declaração dela logo viria o fantasma materno ou paterno à colação.
Dito isto, convenhamos que Tavares ferve em pouca água. Durante algum tempo, achei que ele fervia como o angulo recto, a 90 graus mas, com o passar do tempo, e lendo-o laboriosamente semana pós semana (e às vezes é tempo perdido...), acho que ele ferve a 60º... Mau para um comentador amesendado no Expresso e na televisão...
Vi muito boa gente, de corta palha arreganhado com o "palhaço"! Como se não percebessem que a coisa aqui contendia com uma magistratura, seja ela de quem for. Nunca votei Cavaco (Credo, Jesus, Maria José!), escrevi aqui fortes críticas à criatura mas sempre tentei não usar a desqualificação e o insulto como arma de arremesso.
Depois vi muita dessa gente sorridente perceber que a coisa transcende o debate político e gravemente concordar que o rapaz se tinha excedido. Ele mesmo, sinceramente ou não, veio a terreiro com uma desculpa pouco convincente, que não queria insultar o PR, que o jornal trouxe para a luz violenta da ribalta uma resposta induzida (!!!) e que ele, homem sem experiência nestas coisas de imprensa, caiu numa esparrela.
Convenhamos: argumento pobre, pouco crível e esfarrapado.
De todo o modo há que tomar a desculpa como boa.
O senhor Presidente da República é como nós: indigna-se e quem não se sente não é filho de boa gente.
O senhor Presidente da República não é como nós: Tem conselheiros, anda na política há décadas e não costuma ter dúvidas ou estados de alma.
Se é assim, ignoraria olimpicamente o insulto (pois aquilo é um insulto...) e deixaria a terceiros a sua defesa.
Sobretudo quando alguma vez terá dito que não dava atenção a jornais... se é que tenho boa memória.
Este imbroglio sobre uma criatura italiana transferida tolamente para Portugal (depois de Monti..., quem se lembra?) é uma tourada à portuguesa e dela ninguém sai bem.
E como ninguém sai bem, saímos todos, cidadãos e paisanos, mal.
O país já está nos cuidados intensivos e não melhora com palhaçadas vindas de quem vier.
Acabem com isto, de vez!, que diabo. Por uma vez haja atitudes de adulto. Uma desculpa clara de um e, de outro, uma recomendação consequente à Procuradoria para se dedicar ao que realmente se deve dedicar: a melhoria da Justiça!
E já não é sem tempo.
d' Oliveira fecit, 26.5.013