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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Protesto no Parlamento Europeu

O meu olhar, 11.07.13

Recebi esta foto e esta mensagem por e-mail. É importante a sua divulgação.

 

A revolta contra a austeridade já chegou ao Parlamento Europeu. Os deputados europeus da esquerda manifestaram-se contra a Troika. Esta foto está a correr a Europa toda, mas ... alguém a viu na imprensa portuguesa? Como podem ver, deputados europeus manifestaram-se com a palavra de ordem:  Tirem as patas de cima de: CHIPRE, PORTUGAL, GRÉCIA, ESPANHA, IRLANDA.

 

Mas... por cá, se não for a internet, nada sabemos!



Estes dias que passam 300

d'oliveira, 10.07.13

 

 

 

 

Um drama de faca e alguidar de que todos somos vítimas

(desgarrada ao som das notícias)

 

Um rapazola inconsciente reiterou com a sua estúpida brincadeira tudo o que Portugal tem de odioso e mesquinho aos olhos dos estrangeiros e de muitos cidadãos nacionais.

Desviemos piedosamente o olhar, tapemos o nariz, e sigamos em frente. 

Ao lacrauzinho nada melhora o seu mau carácter (eu diria, a sua ausência de carácter). Ao outro tonto também de pouco serve recomendar o uso, mesmo casual –se possível-, de algum discernimento. Tarefa inglória e, porventura, inútil. O

Pessoalmente continuo a afirmar-me um exilado na pátria própria.

Exilado e enojado. Felizmente nunca encontro esta gentinha onde quer que vá. O que me evita ter de lhes negar a mão, coisa que só por duas vezes me aconteceu. É que uma “bacalhauzada” exigiria pronta desinfecção do membro esposto e quase nunca há álcool do mais forte para uso terapêutico. Um herói de “Três vezes nove vinte e um” de Manuel Fernando Magalhães  (meu colega entre o 3º e o 5º ano, num Lourenço Marques perdido) recorre a um copo de whisky afortunadamente perto para lavar a mão conspurcada por um qualquer militar. A coisa teve como consequência a prisão de Magalhães , obviamente.

De prisões já tive a minha dose mesmo se ocorridas no tempo da outra senhora. Penso, todavia, que se com uma outra estadia nas masmorras, desaparecesse este monte iníquo de criaturas, de bom grado me iria entregar à mais próxima esquadra.

A ideia tola de, no actual estado das coisas, ir para eleições  teria resultados péssimos, mesmo se a continuação deste governo recauchutado seja ceder a uma chantagem.

Eleições agora, sem sequer termos a certeza de haver resultados convincentes, seria entregar este pobre país, e as suas maltratadas gentes, a uma intolerável crise que só pioraria a situação de ambos. Basta imaginar os delirantes próximos três meses e as consequências fatais de empobrecimento que, podem estar certos, nos atingiriam.

Aliás, das oposições, os sinais que se recebem são caóticos e catastróficos. O PCP não percebeu e não perceberá a falta de entusiasmo popular às suas teses. A esquálida manifestação que a CGTP convocou para Belém (nem meio milhar de pessoas lá estiveram) diz bem da falta de credibilidade das ameaças que, a seu tempo aqui se criticaram.

O BE atingiu o grau zero da toleima com a sua proposta de deixar de pagar boa parte da dívida pública. O bloco, coitado, tem uma vocação norte-coreana da política e relembra, mesmo se traduzido em calão, o abnegado isolacionismo do falecido camarada Enver Hodja.

Quanto ao PS, relembra-se aqui, apenas, a opinião de Mário Soares sobre o “timorato” Seguro. Há por aí alguém que seja capaz de comprar um carro em segunda mão a Seguro? Alguém acredita naquele simpático ectoplasma?

Alguém, aliás, esqueceu, o desatroso governo do PS, sob a batuta irresponsável e fantasista de Sócrates? Alguém se lembra que, nessa época, Seguro tinha como regra de oiro, um silêncio que nunca incomodou os seus amigos de partido nem nunca provou nada mais do que isso mesmo: silêncio. Um ruidoso silêncio que provavelmente não demonstrava qualquer espécie de ideias, fossem elas quais fossem. E, agora, que tem a possibilidade de as exprimir, voltamos a verificar que aquilo é um deserto.

Gostaria, agora, de relembrar que todos os partidos da oposição andaram a apelar a Cavaco Silva. Não deixa de ser irónico  verificar que o PC e o BE (os únicos que até agora ouvi) acusam Cavaco de tentar tutelar a democracia! Cáspite!

Afinal o apelo aos poderes do Presidente era tão só um pedido de eleições. A ideia, na essência justa, de ser a vontade popular a derimir uma situação, naufraga, porém, nos isacrifícios intoleráveis de três meses de caos absoluto. Casa sem rei nem roque não produz nada de bom. A preocupação palavrosa da auto-intitulada esquerda esquece a situação de gente concreta. Perpassa nestas enfraquecidas hostes comunistas e bloquistas, uma sensação de “antes sós que mal acompanhados”, frase usada e abusada pelo dr Oliveira Salazar. Com uma diferença: Salazar tinha moeda própria, independência aduaneira, navegava nas águas turvas da guerra fria e dispunha por bons e maus (e péssimos) meios de um apoio popular baseado na ignorância, no analfabetismo, na acção tremenda da censura sem falar no medo que paralisava muitos portugueses. Alem de haver a almofada da agricultura, da Igreja, de um reviralhismo que subitamente se descobriu nacionalista (por todos Cunha Leal) e o discreto apoio  de todas ou quase todas as potências ocidentais. E uma moeda se não forte, pelo menos estável... Isso mesmo ocorria ainda na antevéspera do 25  de Abril. Recordemos que na segunda metade dos anos 60 se assistiu a um forte crescimento da economia nacional.

...............................................

Acabo de ouvir, com estas que a terra há-de comer, os dois partidos de governo, através de responsáveis menores, e o PS (que andou perdido em parte incerta hora e meia!!!). Os primeiros, depois do bofetão presidencial, que lhes anunciava o fim do recreio, murmuraram um vago e acabrunhado talvez ao PR.

O PS pela voz de Alberto Martins (e aqui vê-se quão certo eu estava quanto ao informe Seguro) veio dizer três banalidades protegendo sem especial convicção a sua negação a um compromisso de governação. Martins, e não é inócua a sua aparição, diz em substância que não entra num Governo (ninguém, nem Cavaco, o exige), que está muito triste por Cavaco não requerer a abalizada opinião do PC e do BE, coisa que ele Martins acha absolutamente fundamental, pelo que aproveita o momento para a exigir, mesmo se, como se sabe, se está nas tintas para esta rapaziada, e que gostaria imenso de eleições.

Martins  não se pronunciou sobre nada da que o PR diz quanto a razões para não fazer eleições. Dá vontade de ver Martins (sempre ele) a tentar num governo periclitante saído de eleições,  negociar com os credores.

Tudo isto parece ser uma rapaziada. Cavaco, para usar uma expressao popular, meteu-lhes o testículo na virilha, e Seguro, o timorato, escafedeu-se. anda por aí, fugido e em parte incerta. Alguém acredita nesta amiba política?

No meio disto tudo, Cavaco garante um ponto: ajustou contas com o rapazinho Portas. A vingança serve-se fria...

Vou jantar. Uma salada magnífica com legumes braseados, tomate coração com queijo em azeite, uma costeleta que sobrou de uma anterior refeição, ervas variadas, enfim um repasto.

Cheira-me que a gentuça política não consegue sequer engulir um tremoço. É bem feito.

 

PS: Portas e Coelho também andam a monte... Terão passado à clandestinidade? estaremos em vésperas de uma patuleia, de uma maria da fonte? terá o Remexido encarnado nestas duas tristes criaturas? será que vão emigrar? força meninos: há no Zimbabue um futuro radioso para os dois!

 

* como os leitores perceberão fui escrevendo isto enquanto ouvia as notícias. Sem rede. 

 

 

** na gravura: Proudhon, um homem que só tardiamente aprendi a ler, conhecer e respeitar. 

Estes dias que passam 300

d'oliveira, 10.07.13

 

 

 

 

Um drama de faca e alguidar de que todos somos vítimas

(desgarrada ao som das notícias)

 

Um rapazola inconsciente reiterou com a sua estúpida brincadeira tudo o que Portugal tem de odioso e mesquinho aos olhos dos estrangeiros e de muitos cidadãos nacionais.

Desviemos piedosamente o olhar, tapemos o nariz, e sigamos em frente. 

Ao lacrauzinho nada melhora o seu mau carácter (eu diria, a sua ausência de carácter). Ao outro tonto também de pouco serve recomendar o uso, mesmo casual –se possível-, de algum discernimento. Tarefa inglória e, porventura, inútil. O

Pessoalmente continuo a afirmar-me um exilado na pátria própria.

Exilado e enojado. Felizmente nunca encontro esta gentinha onde quer que vá. O que me evita ter de lhes negar a mão, coisa que só por duas vezes me aconteceu. É que uma “bacalhauzada” exigiria pronta desinfecção do membro esposto e quase nunca há álcool do mais forte para uso terapêutico. Um herói de “Três vezes nove vinte e um” de Manuel Fernando Magalhães  (meu colega entre o 3º e o 5º ano, num Lourenço Marques perdido) recorre a um copo de whisky afortunadamente perto para lavar a mão conspurcada por um qualquer militar. A coisa teve como consequência a prisão de Magalhães , obviamente.

De prisões já tive a minha dose mesmo se ocorridas no tempo da outra senhora. Penso, todavia, que se com uma outra estadia nas masmorras, desaparecesse este monte iníquo de criaturas, de bom grado me iria entregar à mais próxima esquadra.

A ideia tola de, no actual estado das coisas, ir para eleições  teria resultados péssimos, mesmo se a continuação deste governo recauchutado seja ceder a uma chantagem.

Eleições agora, sem sequer termos a certeza de haver resultados convincentes, seria entregar este pobre país, e as suas maltratadas gentes, a uma intolerável crise que só pioraria a situação de ambos. Basta imaginar os delirantes próximos três meses e as consequências fatais de empobrecimento que, podem estar certos, nos atingiriam.

Aliás, das oposições, os sinais que se recebem são caóticos e catastróficos. O PCP não percebeu e não perceberá a falta de entusiasmo popular às suas teses. A esquálida manifestação que a CGTP convocou para Belém (nem meio milhar de pessoas lá estiveram) diz bem da falta de credibilidade das ameaças que, a seu tempo aqui se criticaram.

O BE atingiu o grau zero da toleima com a sua proposta de deixar de pagar boa parte da dívida pública. O bloco, coitado, tem uma vocação norte-coreana da política e relembra, mesmo se traduzido em calão, o abnegado isolacionismo do falecido camarada Enver Hodja.

Quanto ao PS, relembra-se aqui, apenas, a opinião de Mário Soares sobre o “timorato” Seguro. Há por aí alguém que seja capaz de comprar um carro em segunda mão a Seguro? Alguém acredita naquele simpático ectoplasma?

Alguém, aliás, esqueceu, o desatroso governo do PS, sob a batuta irresponsável e fantasista de Sócrates? Alguém se lembra que, nessa época, Seguro tinha como regra de oiro, um silêncio que nunca incomodou os seus amigos de partido nem nunca provou nada mais do que isso mesmo: silêncio. Um ruidoso silêncio que provavelmente não demonstrava qualquer espécie de ideias, fossem elas quais fossem. E, agora, que tem a possibilidade de as exprimir, voltamos a verificar que aquilo é um deserto.

Gostaria, agora, de relembrar que todos os partidos da oposição andaram a apelar a Cavaco Silva. Não deixa de ser irónico  verificar que o PC e o BE (os únicos que até agora ouvi) acusam Cavaco de tentar tutelar a democracia! Cáspite!

Afinal o apelo aos poderes do Presidente era tão só um pedido de eleições. A ideia, na essência justa, de ser a vontade popular a derimir uma situação, naufraga, porém, nos isacrifícios intoleráveis de três meses de caos absoluto. Casa sem rei nem roque não produz nada de bom. A preocupação palavrosa da auto-intitulada esquerda esquece a situação de gente concreta. Perpassa nestas enfraquecidas hostes comunistas e bloquistas, uma sensação de “antes sós que mal acompanhados”, frase usada e abusada pelo dr Oliveira Salazar. Com uma diferença: Salazar tinha moeda própria, independência aduaneira, navegava nas águas turvas da guerra fria e dispunha por bons e maus (e péssimos) meios de um apoio popular baseado na ignorância, no analfabetismo, na acção tremenda da censura sem falar no medo que paralisava muitos portugueses. Alem de haver a almofada da agricultura, da Igreja, de um reviralhismo que subitamente se descobriu nacionalista (por todos Cunha Leal) e o discreto apoio  de todas ou quase todas as potências ocidentais. E uma moeda se não forte, pelo menos estável... Isso mesmo ocorria ainda na antevéspera do 25  de Abril. Recordemos que na segunda metade dos anos 60 se assistiu a um forte crescimento da economia nacional.

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Acabo de ouvir, com estas que a terra há-de comer, os dois partidos de governo, através de responsáveis menores, e o PS (que andou perdido em parte incerta hora e meia!!!). Os primeiros, depois do bofetão presidencial, que lhes anunciava o fim do recreio, murmuraram um vago e acabrunhado talvez ao PR.

O PS pela voz de Alberto Martins (e aqui vê-se quão certo eu estava quanto ao informe Seguro) veio dizer três banalidades protegendo sem especial convicção a sua negação a um compromisso de governação. Martins, e não é inócua a sua aparição, diz em substância que não entra num Governo (ninguém, nem Cavaco, o exige), que está muito triste por Cavaco não requerer a abalizada opinião do PC e do BE, coisa que ele Martins acha absolutamente fundamental, pelo que aproveita o momento para a exigir, mesmo se, como se sabe, se está nas tintas para esta rapaziada, e que gostaria imenso de eleições.

Martins  não se pronunciou sobre nada da que o PR diz quanto a razões para não fazer eleições. Dá vontade de ver Martins (sempre ele) a tentar num governo periclitante saído de eleições,  negociar com os credores.

Tudo isto parece ser uma rapaziada. Cavaco, para usar uma expressao popular, meteu-lhes o testículo na virilha, e Seguro, o timorato, escafedeu-se. anda por aí, fugido e em parte incerta. Alguém acredita nesta amiba política?

No meio disto tudo, Cavaco garante um ponto: ajustou contas com o rapazinho Portas. A vingança serve-se fria...

Vou jantar. Uma salada magnífica com legumes braseados, tomate coração com queijo em azeite, uma costeleta que sobrou de uma anterior refeição, ervas variadas, enfim um repasto.

Cheira-me que a gentuça política não consegue sequer engulir um tremoço. É bem feito.

 

PS: Portas e Coelho também andam a monte... Terão passado à clandestinidade? estaremos em vésperas de uma patuleia, de uma maria da fonte? terá o Remexido encarnado nestas duas tristes criaturas? será que vão emigrar? força meninos: há no Zimbabue um futuro radioso para os dois!

 

* como os leitores perceberão fui escrevendo isto enquanto ouvia as notícias. Sem rede. 

Au bonheur des Dames 343

d'oliveira, 07.07.13

Ó língua de Camões! Tão traiçoeira que és!

 

A palavra irrevogável,  no meu tempo um adjectivo, já não é o que era. Antigamente a coisa significava algo que não pode ser anulado, algo que não volta para trás. Algo que não se pode modificar, mudar, alterar. Por exempl: eu sou irrevogavelmente velho, nunca mais terei 20, 30 40 anos (e por aqui me fico, para não maçar os leitores com a porrada de anos em que vivi com o velho sentido de irrevocáverl, inalterável e outras bizarrias.

Em Portugal, pays vaporisé, no dizer de Valery, as palavras mudam consoante as necessidades do momento. Ou melhor, mudam para quase toda a gente, excepto para o heróico quadrado bolchevique que usa as mesmas expressões, as mesmas piedosas ilusões sem mudar um milímetro. Mas aquilo é uma espécie de religião laica, coisa que só ira mudando quando os seus últimos abencerragens decidirem seguir o exemplo do pai refundadaro e viajar até ao Vallhala vermelho para descansarem ao lado do homem do Lena, ou melhor, ao lado da sua múmia. Ou do grande Timoneiro! Ou do Homem de Aço! Ou dos restantes ícones menores de que destaco com especial carinho, o conducator dos cárpatos e a Luz esplendorosa da República das Águias.

Nisso os nossos socialistas estão bem melhor. Tanto celebram Afonso Costa, como Magalhães Lima e, de longe em longe, e muito á cautela, Antero de Quental, o génio que era um santo. Antero é absolutamente incómodo e a sua proverbial exigência (basta ler-lhe as “Cartas” em boa hora editadas por Ana Maria Martins) não poupou sequer companheiros de Coimbra (por todos Teófilo que alguma vez Antero caracterizou de “esgoto moral”). Imaginem, por um feliz momento, Antero a olhar para o partido do dr Seguro. Tenho a impressão que em vez de apontar a pistola a si a disparava desparasitando o país de mais algumas inutilidades.

Mas deixemos estas amarguras e voltemos à revogável e vertiginosa irrevogabilidade de Portas.

Paulo, como outro, mais antigo, ia por aí fervente e fervoroso na sua caça aos coelhos. Era, em toda a sua fúria, a verdadeira imagem da mixomatose antiga e definitiva (se ainda definitivo significa algo que não se reduza a provisório). Ele, Paulo ia aniquilar os coelhões que destoem o país dos egrégios avós, que fazem coisas horríveis que ele, Paulo, o mesmo, sempre detestou.

É verdade que demorou dois anos a perceber que o roedor inventado pelos pouco imaginativos barões do PPD, era pior que um arganaz  façanhudo. Mais tempo levou Jacob a a comseguir Raquel mas isso eram tempos demasiado antigos.

Agora é tudo muito mais depressa, mais sofisticado e Portas aí está para o provar. Em três dias, tantos  quantos os cantares do galo que atormentaram Pedro, caiu o “i” do irrevogável, como se o acordo ortográfico ainda fosse pior do que de facto é.

No meio desta cegada toda, lá voaram mil e tal milhões, pálida amostra dos muitos mais que voariam (ou voarão) se, graças a estes irmãos desavindos, entrássemos em processo eleitoral legistativo.

Acavaladas com as municipais estas seriam um forrobodó de promessas e, sobretudo, de inactividade. Com  os prazos tontos que entrte nós parecem ser intocáveis, tínhamos para seis meses.

Claro que continuar com esta gentinha, a coisa também não vai longe, sobretudo se atendermos á imoralidade destes pais da pátria.

Todavia, bom será ter em linha de conta que fosse qual fosse o desfecho das eleições (e não é seguro que Seguro tivesse uma maioria confortável), os nossos credores, obrigar-nos-iam a um novo e pior acordo.

Claro que eu sei, que há por aí uns arautos da independência nacional que juram a pés juntos que desta vez os “piratas”, as “sanguessugas”, os “imperialistas”, os “capitalistas”, os “monopolistas”, enfim toda a gente que só quer o nosso mal e que nos invejam “o sol, o sal e o sul”, (e o fado, o futebol e Fátima!) , não levariam a melhor

Como a nossa pregressa História ensina, conviria lembrar que o famoso “ultimatum”  que fez a glória do incipiente Parido Republicano Português  (muito ajudado por toda a sorte de monárquicos descontentes e ambiciosos, foi consequência de não se ter aceitado uma acordo anterior bem melhor do que o quer finalmente se conseguiu. A indignação nacional foi medonha, puseram crepes na estátua do Camões, coitado, que estava transido de frio, fundou-se uma efémera “Liga Patriótica”, foram desinquietar Antero e dpois foi o que se viu. Ninguém marchou contra os “bretões” sequer contra os canhões e herdou-se um hino nacional palavroso. Cada pais tem a marselhesa que merece...

E, já agora, os “estadistas” que o envergonham. Nisso ninguém nos bate. Somos irrevogavelmente os maiores.

estes dias que passam 299

d'oliveira, 03.07.13

 

 

 

 

Que ninguém se ria

 

 

 

Estávamos numa sertã a lume brando ou, numa opinião mais cor de rosa, estávamos numa sertã fora do lume. Em dois dias, a sertã está em lume fortíssimo, corre-se o risco de ver o fundo derreter e de tudo cair na chama.

 

Pelos vistos, nada disto comove quem quer que seja. O sr Portas, provou, se mais uma vez for precisa, que nunca abandonou a sua estapafúrdia lógica de lacrau. O homem pode ser inteligente (Hitler também o era e viu-se...) mas é absolutamente irresponsável, mais mesmo que o senhor Coelho. Qualquer observador, com alguma réstia de senso, pensaria que os dois maltratados políticos na chefia do governo, fariam tudo o que seria possível para manter um status quo que, mesmo frágil, tinha uma vaga hipótese de tentar chegar a Setembro e esperar uma eventual melhoria da situação.

 

Nada disso ocorreu e surpreendeu a própria Oposição. Nem nos sonhos mais exaltados de Seguro, seria previsível esta derrocada patética e vergonhosa.

 

Neste momento umas parcas centenas, ponhamos um duvidoso milhar de manifestantes comunistas, com Jerónimo na primeira fila, desce do Chiado para o Rossio. Patética também esta “grandiosa” manifestação que exige como de costume “um governo patriótico e de esquerda” ou seja uma impossibilidade nos seus termos e uma fórmula vazia, directamente saída da língua de pau invntada nos saudosos anos do estalinismo impante de que, aliás, o PCP (leiam-se os textos alucinados de Carlos Costa, esse indefectível seguidor do Zé dos bigodes, no Facebook: aquilo já não é sequer delírio mas revisionismo histórico puro e duro. Poderá dizer-se que Costa é um pterodáctilo já extinto que se recusa a aceitar a certidão de óbito  que já lhe passaram política e socialmente. Se diz aquilo e se ninguém lhe chama a atenção  -ó que falta faz Cunhal!...- então a coisa é ainda pior do que pensamos) nunca saiu inteiramente.

 

Não deixa de ser curioso ver que mais ninguém se associasse a esta esquelética marcha do povo indignado.

 

Mais previdente, mesmo se intimamente dentro do mesmo esquema mental, o secretario geral da CGTP entendeu marcar uma manifestação para Sábado. E no seu veemente apelo avisou duramente o Presidente da República que ou demitia o Governo ou...

 

Como a manifestação se vai desenrolar diante do Palácio de Belém, seria bom saber se Arménio Carlos se toma por um bolchevique de 1917 e se vê no palácio cor de rosa um Palácio de Inverno. É que os termos da sua tonitruante ameaça poderiam fazer prever algo de medonho. AC fala de “novos métodos de luta” que obviamente irão para alem das manifestações e das greves gerais ou sectoriais. Ou será que a língua portuguesa já não significa nada e que as ameaças afinal são meros carinhos de mãe?

 

Felizmente, vivemos num país de brandos costumes e ninguém vê em Arménio, um cossaco sedento de sangue, um proletário armado de uma garrafa de petróleo, sequer um daqueles formidáveis pletóricos operários que de martelo na mão desafiam ao lado de uma ceifeira (com a indispensável foice) fundaram a estatuária soviética.

 

Seria interessante verificar (academicamente, claro)  se tudo isto é a sério, se a CGTP está disposta mesmo a dar à rua a voz que lhe prometem, mesmo se obviamente as últimas acções da CGTP com o fraco e estulto apoio da UGT (uma amiba sindical...) se traduziram num a espécie de duche escocês. A greve dita geral foi o que se viu, reduzida aos transportes públicos e falidos, a uma parte dos serviços públicos e a uma grnde fábrica que aproveitou o dia para fazer uma paragem ténica, um dia de não produção, e o que mais se viu.

 

No meio disto tudo o que faz o povo, o povo de qu todos se reclamam e que aparentemente vota pouco e respeita menos, cada vez menos, os seus eleitos?

 

Pois o povo pelo que os jornais noticiam marcou em massa as férias (algarve incluído) com maior antecedência e maior número. E, se é que os estudos de opinião significam algo, o povo dará um valente bofetão nos partidos governamentais, mas não fornecerá ao PS uma maioria absoluta. Como também se sabe que, no caso de eleições antecipadas, o PS não fará alianças à esquerda (E seria que as Esquerdas estariam dispostas a isso? A ter de negociar o inevitável segundo resgate com a maldita troika? A ter que enfrentar a dramática reorganização do Estado?). Se é assim, e nada, rigorosamente nada, indicia que não o seja, o PS terá de se conformar a um de dois cenários: governar em minoria ou coligar-se com um dos dois partidos de Direita, ou contratualizar acordos momentâneos que permitissem a bamboleante rota de uma nação sob respiração assistida.

 

Conviria lembrar que a situação de falência técnica do País, agravada com esta irresponsável crise (toda ela provocada pela intransigência, pela manha política e pela mais disparatada ideia de que numa rixa entre dois semi-cadáveres alguém pode sair vivo e melhor. Dois palermas, dois tresloucados, dois palhaços – agora que se pode chamar estas coisas vamos aproveitar) ao soco por uma malga de sopa rachada!) se torna dia a dia pior. Os juros da Dívida Pública explodem, os jornais lá de fora espojam-se na crítica a esse miserável país do Sul com vocação de grego mas a caminho de se albanizar e os políticos advertem que “os sacrifícios até agora feitos pelos portugueses” podem morrer na praia.

 

Todavia, aprofundemos um pouco mais: Se a tese de “eleições antecipadas já” vingar, como é que se se vai negociar com a troika de modo a trazer para cá os dinheirinhos com que são pagas as despesas do Estado? Terão alguma vez pensado que a vir um segundo resgate (e isto já é esperar bastante) esse será mais duro, mais violento e mais penoso para todos? Terão pensado que seja qual for a negociação, todos os partidos terão de se pronunciar pelas condições – bem piores! – dese novo contrato. O PS, que é dele que se trata, sabe que vai ter de aceitar a proposta da troika dsob pena de partir para um governo de liquidação total do país? Ou de saldos, se é que ainda há mercadoria para vender.

 

A Esquerda (PC e BE) já pensou que se está à beira de mais falências de empresas, de mais desemprego, de, seguramente, mais cortes nas reformas para não falar de mais uma “impatriótica solução de Direita”. Ou entrou tudo num gigantesco retrocesso de um século e estamos diante de “novos amanhãs que cantam”.

 

Não cantaram, morreram sós, enredados num desastre tremendo que tem dado, mesmo depois de morto e enterrado,  sinais evidentes de decomposição moral absoluta como se pode ver na Hungria, na Coreia ou noutros desgraçado recantos. Quel gachis!

 

Unamuno escreveu há muito, muito tempo, que Portugal era um país de suicidas. Vários grandes escritores que ele conhecia e estimava tinham-se suicidado. Daí, desse facto, partiu para uma reflexão sobre uma nação cujo povo tinha deixado de acreditar no futuro.

 

É isso. Deixamos de acreditar no futuro. Com ou sem eleições antecipados, o nosso futuro, sobretudo o futuro de todos quantos são mais novos do que eu (e que velho estou!), está hipotecado, se não estiver perdido.

 

(depois de ter assistido ao debate na Assembleia, começo a pensar que, se aquela gente nos representa, começo a temer que uma de duas: ou estou doido varrido, ou estarão eles. Os leitores decidirão.)

 

 

 

 *na gravura: vero retrato de um certo ministro de Estado que afinal era um submarino bolchevista. Só assim se explica a sua irrevogável (irre quê?) decisão. que cambada! 

 

Um Governo que vai caindo…

José Carlos Pereira, 03.07.13

O país vive uma agitação política como há muito não ocorria, fruto da irresponsabilidade de quem nos governa e da incompetência demonstrada pelos partidos que compõem a maioria no poder. As consequências deste jogo de sombras e traições podem ficar bem caras aos portugueses.

A demissão de Vítor Gaspar, no momento em que se aproxima a oitava avaliação da troika, é um exemplo claro dessa falta de responsabilidade. Gaspar, que sempre se mostrou obstinado em prosseguir políticas agressivas de austeridade, em “ir além da troika” se preciso fosse, falhou redondamente as sucessivas metas a que se propôs e perdeu a aura de credibilidade com que chegara ao Governo. Incapaz de cumprir os objectivos anunciados aos portugueses, teve de apresentar seis (!) orçamentos ao Parlamento. No entanto, é ele que se queixa agora de não ter sentido apoio suficiente e atempado para prosseguir com as políticas que defende e bate com a porta, certamente surpreendido com os reflexos das suas políticas, visíveis nas sucessivas greves e manifestações, com a recente cedência do executivo aos professores, comprometendo assim a reforma do Estado que tinha em mente, e com a aprovação de medidas de apoio ao investimento propostas pelo PS na Assembleia da República, contra a sua vontade.

A substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque, que detém o curriculum menos robusto de todos os ministros que passaram pelas Finanças, precipitou o divórcio entre Passos Coelho e Paulo Portas. O primeiro-ministro, incapaz de agregar nomes de peso ao seu executivo, decidiu nomear para ministra das Finanças a antiga secretária de Estado, talvez com a preocupação de transmitir para fora a ideia de que seria para manter a política até aqui seguida. Maria Luís Albuquerque, recorde-se, esteve envolvida nos famigerados contratos “swap”, enquanto responsável financeira da REFER, sem que se tenha percebido ainda por que razão esses contratos não têm sobre eles nenhuma valoração negativa. Já hoje, sabe-se que o seu marido se tornou entretanto consultor de uma empresa cuja privatização foi conduzida pela secretária de Estado

Paulo Portas pressentiu há muito o fim do actual ciclo político e encontrou a oportunidade para sair. Com estrondo. O seu egoísmo e o tacticismo político falaram mais alto. Nada de muito surpreendente. Portas, na verdade, nunca deve ter reconhecido a Passos Coelho as qualidades necessárias para ser primeiro-ministro e há muito que era deplorável o comportamento divergente entre os parceiros da coligação.

Passos Coelho agarrou-se ontem à noite à chave da porta de São Bento, recusando desistir. Sabe bem que o seu partido quer o poder e não está disposto a cedê-lo de mão beijada. Passos Coelho pretende que o ónus do fim da coligação fique com o CDS, de modo a que Portas não saia por cima e em situação privilegiada em futuras eleições. Mas foi confrangedor o discurso do (ainda) primeiro-ministro.

E assim fica o país suspenso das decisões do CDS. O pequeno partido que, nas vésperas do seu congresso, tem nas mãos a decisão sobre se o Governo se aguenta, cambaleando, ou se cai de vez. Se os membros do Governo do CDS se demitirem hoje, como os jornais vão anunciando, creio que não haverá alternativa a eleições antecipadas em Setembro, aquando das autárquicas. Cavaco Silva, um dos maiores perdedores de todo este processo, não é capaz de jogadas arriscadas. E eu próprio, que nunca defendi eleições antecipadas, começo a concordar que não parece haver outra saída perante o cenário para que PSD e CDS arrastaram o país.

estes dias que passam 298

d'oliveira, 02.07.13

 

 

“Os rapazolas não devem governar!”

Há 51 anos, em Coimbra, realizou-se aquilo a que se pode chamar a “última latada”. A latada de Letras.

Latadas eram, nesses longínquos anos, cortejos estudantis, um por faculdade, que abriam o novo ano estudantil. Reralizavam-se entre Outubro e Novembro e serviam essencialmente para os quartanistas exibirem as suas novas insígnias académicas obtidas após exames. No caso exibia-se o “grelo”, a fita estreita que antecede as fitas largas que se queimam no fim do quinto ano.

Essas latadas eram também conhecidas pelas piadas com que os estudantes de cada faculdade brindavam a sua escola, a universidade, a cidade e o país. A partir das eleições que, em Coimbra, deram à Oposição o controle da Associação Académica, as piadas começaram a ser cada vez mais políticas.   O auge gfoi atingido com a referida latada de Letras que tinha por leit-motiv e título “Os velhos não devem governar” jogo de palavras com o título de Castelão, eminente escritor galego (“os vellos non debem namorarse”).

A “malta”, isto é os oponentes ao Estado Novo, nem conseguia acreditar nos cartazes que iam passando. Aquilo era uma patética mas heróica declaração de guerra, um desafio pueril mas honrado, um grito de raiva, uma bravata juvenil intensa que, aliás, representava o fim de um ciclo importantíssimo de lutas académicas e políticas contra Salazar.

D’entre as proclamações que desfilavam, uma havia, quase no fim:

Há governos que caem pela força, Este cairá pelo ridículo”.

Não caiu, claro, antes durou mais uns longos doze anos, rebentando desse modo toda a minha juventude e uma longa parte dfps melhores anos da minha vida de homem jovem. Nunca perdoei aquela gente, não tanto pelo sofrimento pessoal que me causou (as prisões, o não acesso a funções públicas) mas sobretudo porque aquilo, aquele regime, aquela cadaverosa agonia (mesmo se nos sessentas tenha havido um forte progresso económico que, de todo o modo, não faz esquecer os anos da guerra) anunciavam-nos uma infinita tristeza, uma vergonha frente à Europa, uma sensação de vivermos numa redoma de menoridade política e social.

O deprimente espectáculo a que se assiste nos últimos dias, lembra-me irressistivelmente aqueles meus anos de resistência, de sofrimento, de impotência e de esperança.

 Com uma diferença que já Marx, alguma vez, estabeleceu: “A história repete-se, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa” (cito de memória).

E é a isso que assistimos: a uma farsa em que são comparsas maiores os do Governo mas que tem outros actores que também não saem bem na fotografia: s cavalheiros, os rapazes, da oposição. Desde o inerme Seguro, outro erro de casting, até ao casalinho do BE e ao ilustre operário do PCP.

Conviria lembrar que a queda do anterior e execrável Governo foi obra de todos os grupos parlamentares. Incluindo nessa molhada o PC e o BE.

Que agora, desandada a roda, outro governo execrável –este – se veja acossado pelo seu mais directo oponente (o desmemoriado PS) e, claro, pela rapaziada bloquista e pelo PC não é surpresa mas faz-me sempre olhar para aquilo com um pé atrás. Estarão os opositores das duas “verdadeiras” esquerdas (e passo quanto aos grupusculos estilo mrpp & similares) dispostos a levar ao colo o imberbe Seguro até ao vulcão Governo?

Fora dessa ninharia, e daqueloutra que é governar a pátria infeliz e inocente entre os escolhos e maremotos, como é que nós portugueses nos vamos aguentar?

Em meia hora, a bolsa lisboeta fechou em baixa e os juros da dívida pública subiram 0,3% em oito escassos minutos. Amanhã, espera-se o tsunami. Estamos avisados.

Alguém acredita que um novo governo (um do PPD remendado, com ou sem cds dentro) ou outro daqui a dois meses de um PS com ou sem maioria parlamentar absoluta farão algo diferente? Alguém crê que num ápice a troika (essa desagradável emissão técnica  dos nossos credores, dos que nos vão pagando esta apagada e vil tristeza) nos vá levar ao país do leite e do mel, entre hossanas e vivas e muito júbilo popular?

Alguém acredita que vem aí uma frente popular a la française (que teve o fim que teve...) ou alguma aliança PS CDS (que também por cá se usou com o fim que se viu...) ou, tudo é possível neste país de Fátima, futebol e fado, numa farfalhuda grande coligação do arco constitucional “democrático” (ou seja todos menos o PC e o BE)? 

 

Kalinichta! *

 

*expressão grega que significa “boa noite” 

 

(PS: não se refere o rapazola Portas porquanto a tontice absoluta e o videirismo político não devem ser exaltados. A criatura merece dois tabefes e o esquecimento definitivo público.

Portas demite-se. O CDS sai e o Governo cai?

José Carlos Pereira, 02.07.13

A incapacidade política de Passos Coelho ficou demonstrada à saciedade no processo de substituição de Vítor Gaspar e levou Paulo Portas a apresentar a sua demissão. A carta que escreveu e tornou pública não podia ser mais directa e clara sobre aquilo que pensa do primeiro-ministro.

Todas as indicações apontam agora no sentido de que o CDS saia do Governo e a ausência, hoje, dos ministros centristas na tomada de posse de Maria Luís Albuquerque é um forte sinal disso mesmo. E sem o apoio do CDS não será possível suportar o Governo, evidentemente.

Passos Coelho fala ao país daqui a pouco. O que virá a seguir? Eleições em Setembro, juntamente com as autárquicas?

Vítor Gaspar substituído no Governo pela sua secretária de Estado

José Carlos Pereira, 01.07.13

A carta de demissão de Vítor Gaspar, cuja exoneração foi esta tarde conhecida, tem mais substância do que aquela que parece à primeira vista. Já a sua substituição, amanhã, pela até aqui secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, muito em voga ultimamente devido aos swaps, comprova a incapacidade de Passos Coelho ir além do seu núcleo mais restrito para preencher uma pasta chave da governação. Voltarei a este tema. 

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