estes dias que passam 324
Jesus, Maria, José! Quem nos acode?
Eis, caros leitores, uma história de exemplo e proveito. Vai escrita em parágrafos porquanto o que relato é tão extravagante que só assim consigo eu próprio perceber em que labirinto um cidadão se vê metido.
1 sou como a maioria de Vocês um usuário de televisão, internet, telemóvel etc.
Nessa medida,
2 estou ancorado a uma dessas grandes distribuidoras desses serviços a que por comodidade iremos chamar Hermengarda.net
3 ao longo dos anos lá fui celebrando com a conspícua Hermengarda vários contratos adicionais: mais uma box, hoje, mais um cartão para tablet amanhã e assim por diante
4 no dia 27 do mês que ora finda, estando entretido a jogar bridge no computador enquanto bebia um valente bule de chá branco, eis que
5 sou interrompido por uma menina ao serviço da querida Hermengarda que me propunha um up grade de felicidade nas minhas equívocas com a fornecedora de serviços televisivos & assimilados.
Em poucas palavras
6 tratava-se reorganizar a minha desastrada carteira de contratos com a virtuosa Hermengarda, reduzindo tudo a uma só factura e pagando menos do que pagava
7 em tempos de caça aberta ao coelho bravo, quem não aceitaria? Eventualmente, os coelhos mansos e estúrdios que se fingem de lebres e não passam de vagas criaturas de aviário, digo, jota, ou algo igualmente sensaborão.
8 Para meu espanto tive de informar a dita cachopa que me assediava e que doravante será chamada de “Patarata rabuda” que alem da televisão, da íris, dos 2 telemoveis aqui do casal, do telefone fixo ainda havia uma pen canguru e dois cartões de mobilidade usados nos tablets.
É que, pelos vistos, a supra-nomeada rabuda
9 apenas conhecia uma das duas facturas que me enviavam.
10 tudo visto, achou que eu pagava um balúrdio e que por uns euros menos conseguiria mais e melhor por menos preço.
11 quando a oferta é grande, o pobre tem o dever (constitucional, patriótico e proletário) de desconfiar.
12 como eu ando alheado da palavrosa e inútil er ineficaz constituição que nos governa, sou abominavelmente cosmopolita e pouco dado a lacrimejar pelo jardim à beira mar plantado e de proletário nada tenho excepto uma forte e longínqua ternura pela “Internacional”, aceitei imediatamente as benesses prometidas pela simpática e irresistível Patarata.
Para o efeito,
13 tive de lhe fornecer de novo nome, morada, número do BI, número do cartão de contribuinte, alem dos números do meu telemóvel mailo da CG. E a direcção completa, mesmo se, absurdamente, não me foi perguntado o país, muito menos o continente ou o planeta.
14 A partir desse momento 2único e inicial” começou a tourada.
15 Meia hora depois das ternurentas despedidas com que a Patarata e este vosso tolo criado terminaram a sua longa conversa, o telemóvel da CG começou a receber mensagens da Hermengarda.net a confirmar que tudo estava sobre rodas
16 Fiquei com alguns escassos ciúmes tanto mais que, no capítulo internet, telefone e tv sou eu quem anda com os cacaus...
17 no dia seguinte, eis que recebo não um, não dois mas três mails a avisar-me que em vez do prometido desconto eu iria pagar 117, 21 euros (1º mail), 124, 71 euros (2º mail) enquanto o 3º mail era dirigido a um cidadão que se chamaria (juro) Pardilho ou Pardilha e que teria tentado aceder à gloriosa condição de usuário da formidável Hermengarda,net
18 sou o que se chama um cavalheiro educado e um homem de boa vontade mas quando me tratam de parvo ou me pretendem enfiar o barrete, zango-me.
E, assim sendo,
19 liguei para a surpreendente Hermengarda,net para reclamar
20 atendeu-me uma criatura que, depois de lhe contar esta história começou por tentar chamar-me mentiroso ou, como agora se diz no parlamento, inverdadeiro!
21 Retorqui-lhe ainda com uma completa frieza que a conversa com a “Rabuda” de má memória fora gravada,
22 a moçoila que me atendia enxofrou-se dizendo que nada disso poderia ter ocorrido. Que as gravações só existiam quando era o cliente a chatear,
23 visto que criatura não saía daquilo, intimei-a a passar a conversa para o supervisor,
24 o que ela fez.
25 Com o supervisor um educado senhor GA a conversa foi outra.
26 Não só não me acusou de qualquer coisa como depois de uma exaustiva e demorada pesquisa me propôs um esquema de serviço que me custaria 79,99 euros mais 2 euros pelo uso de duas antigas boxes. E oferecia-me ainda minutos, um porradão de sms (coisa que nunca usei nem sei usar, nem quero saber, E convenceu-me a desistir de um dos dois cartões de mobilidade dado que eu nunca o usava.
27 uma hora depois desta conversa amena eu recebia outro mail com as condições acordadas
28 apressei-me a responder como me era solicitado dando a minha anuência
E assim parecia que o que mal começara em bem acabava
30 Mas não. Meia hora depois, um outro cavalheiro solicitava-me que eu fosse à box da IRIS desactivar uns canais (cinema, karaoke e desporto que nunca tivera e que, de todo, não queria).
31 Todavia, ao dar-se conta da minha escassa cultura da box da Íris, prometeu-me que me enviaria uma mensagem e que quando eu respondesse os hermengardianos serviços se encarregariam, eles próprios, de me desactivar os canais que eu não queria.
32 Hoje, para meu espanto recebo um envelope da Hermengarda.net onde constava o contrato já extinto no valor de 117 e o que deve ser um cartão de mobilidade. Digo deve porque nem sequer o abri.
33 Nova chamada para a operadora. Saiu-me na rifa outra criatura que por força queria convencer-me das excelências de um terceiro ou quarto tarifário, desta feita no valor de 89,99 euros (mais 2 pelo uso de duas boxes antigas).
34 Que este tarifário abrangia os quatro canais de cinema, os cinco de desporto e o de karaoke (e sei lá que mais!...) que eu taxativamente recusara. E que por dez euros tantos canais eram uma pechincha tanto mais que se eu os comprasse um a um pagaria muito mais
35 do meu lado eu reafirmava que não os queria nem dados.
36 A conversa começou, desta feita, a azedar sobretudo a parir do momento em que eu pedi para ela repetir o nome para eventual reclamação. Aí a criatura começou a uivar e foi preciso usar de argumentos mais contundentes, entre os quais este; que eu era advogado e que tudo aquilo teria de ser bem esmiuçado.
37 E pedi que me passasse ao coordenador ou supervisor ou o raio que a partisse
38 amansando, a donzela pediu-me que aguardasse e, minutos depois, veio alvoroçada informar-me que o que eu tinha, de facto, contratado estava em vias de execução mesmo se fossem necessários 3 dias para se tornar eficaz
39 consciente de que se fizesse queixa dela a coisa poderia custar-lhe bastante (até o emprego quem sabe?) dei o caso por encerrado e para memoria, não vá o diabo tecê-las comecei a escrever esta espécie de memorando que sai para a duvidosa luz da internet com o único fito de prevenir quem se mete nestas andanças.
E dois conselhos: fixem o nome das criaturas que vos contactam ou que vocês tenham de contactar.
Aceitem sempre a gravação da conversa e avisem que, em caso de necessidade requererão uma cópia dela para instruir a vossa reclamação se for caso disso.
Exijam sempre que do resultado do contrato combinado com a operadora vos seja enviada cópia por e-mail e imprimam-na
Sempre que verificarem, o que é fácil, que o/a vosso/a interlocutor/a está a meter água ou a pisar o risco, exijam que a chamada seja continuada com o supervisor. E assim por diante, nem que tenham de chegar à fala com o presidente da companhia.
Previnam amigos e conhecidos. Desconfiem de promessas miríficas. Ameacem mudar de operadora e tentem dar publicidade (blog, facebook ou outro meios) às tropelias desta gente
Bom fim de semana.
(por hoje, como leram, dei pseudónimos às criaturas com que me cruzei. Todavia, se algo continuar mal, garanto que escarrapacharei as identidades desta gente, da empresa e o que mais for necessário. Esta mensagem destina-se obviamente à eventualidade dessa gentinha ter acesso a este texto, coisa mais que duvidosa tal o caos que me parece reinar nessas grandes operadoras. Todavia, o aviso aqui fica, para o que der e vier)