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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

“Políticos palhaços”, lacaios e quejandos

JSC, 26.08.15

Durão Barroso é um daqueles políticos que ousa e luta por se manter na crista da onda e que merece especial atenção da comunicação social, que lhe mostra a cara e põe em relevo a vacuidade que despeja sobre plateias incautas.

Durão Barroso, é bom lembrá-lo, é o personagem que abandonou o Governo deste país (que dizia estar de tanga) para se instalar no bem-bom de Bruxelas.

Durão Barroso, é importante não esquecer, é o personagem que fez de mordomo na cimeira dos Açores, cimeira da monumental mentira, que criou as condições para a invasão do Iraque, causa próxima da tragédia que se abateu sobre todos os países circundantes e agora sobre a Europa.

Durão Barroso, é bom não esquecer, presidiu à UE durante dois mandatos e deixou como legado a maior crise económica, financeira e humanitária da UE.

Durão Barroso, é bom não esquecer, sempre andou a mando dos senhores do outro lado do atlântico e, obviamente, da Alemanha. Ele que agora fala da importância do Euro, não consta que tenha tomado ou proposto medidas no sentido de impor o Euro como moeda de troca internacional e de refúgio alternativa ao dóllar.

Durão Barroso diz que ficou impressionado ao ver "300 caixões alinhados nos barcos" numa das visitas que fez a Lampedusa. Em vez de exprimir sentimentos deveria dizer o que fez para resolver o problema. Problema que se agrava a cada dia que passa. Como será que o ex-Presidente da UE quer uma União Europeia "de portas abertas, mas não escancaradas"? Receber aquela gente com gás lacrimogéneo? Construir muros de betão ao longo das fronteiras? Proteger as fronteiras com rolos e rolos de arame farpado? Mandar o exército e tanques receber as pessoas que fogem de conflitos que a própria UE ajudou a promover?

Só com uma comunicação social sem memória e um povo que recebe de braços abertos estes artistas do cinismo é que gente como Durão Barroso continua a ter auditório, a fazer manchetes, a ter caminho público para andar.

"Na Europa também temos políticos palhaços." Disse Durão Barroso. Pois temos. Não faltará quem veja em Durão Barroso o paradigma disso mesmo.

O drama é que são esses políticos palhaços, lacaios e quejandos que têm governado os povos da UE.

Uma estreia como provador de vinhos

José Carlos Pereira, 24.08.15

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Há sempre uma primeira vez para tudo e este Verão fiz a minha estreia como jurado numa prova de vinhos verdes. Integrada no programa das festas do concelho de Marco de Canaveses, a Feira dos Vinhos contou com a Confraria do Anho Assado com Arroz de Forno como entidade avaliadora dos vinhos presentes no evento.
Marco de Canaveses tem conhecido um significativo aumento da qualidade dos seus vinhos nos últimos anos, com a conquista de vários prémios nacionais e internacionais, e a Rota dos Vinhos do Marco é uma iniciativa coroada de êxito, reunindo quintas e produtores do município.
Pois bem, pude constatar que não é tarefa fácil seleccionar um entre doze vinhos a concurso numa prova cega. Até porque a maioria desses vinhos faz uso das mesmas castas e muitos deles contam com o contributo do mesmo enólogo. Para um estreante, torna-se difícil, a meio da prova, guardar os aromas e os sabores de todos os vinhos, pese embora as notas que iam sendo tiradas. Fiquei com um respeito ainda maior por provadores e escanções!
O vinho vencedor da prova, não por unanimidade como por lapso refere o texto da Câmara Municipal, pois isso seria praticamente impossível, foi o “Leiras do Forno 2014”, da Quinta do Forno, localizada em Paços de Gaiolo, já na encosta voltada para o Douro. Fica aqui o convite para que conheçam e provem os vinhos verdes de Marco de Canaveses.

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d'oliveira, 22.08.15

A cara cor de rosa

 

Algum leitor lembrará a questão do mapa cor de rosa? Para os mais esquecidos a questão era esta. Portugal, no terceiro quartel do século XIX,  invocava direitos históricos sobre um território imenso que unia Angola a Moçambique. Convém lembrar que, por essa época,  Portugal ocupava mal escassos territórios à beira mar quer em Angola e sobretudo em Moçambique. Lourenço Marques era flagelado pelas mangas vátuas, o Norte reduzia-se à Ilha de Moçambique, a um par de ilhas mais a norte (Ibo, p.ex.) e entre estas duas regiões só havia alguma ocupação na zona dos rios de Sena, dos prazos da Zambézia, Quelimane e Chinde e um pouco do hinterland de Sofala e de Inhambane.

Entretanto, a “pérfida albion” pretendia ocupar toda a gigantesca zona de influência de uma futura linha férrea Cabo Cairo. O imenso mapa cor de rosa era só isso, um mapa cobrindo terras quase desconhecidas onde não havia sombra de “ocupação efectiva” portuguesa. Nem meios de a levar a cabo...

O que ocorreu em seguida é conhecido. Depois de um primeiro mau acordo, recusado pela gritaria parlamentar, sucedeu-se um bem pior resultante do famoso Ultimato. Nessa altura, o patriotismo indígena ficou-se pela criação da “Portuguesa”, por umas procissões ululantes e pela cobertura com crepes da estátua de Camões.  

Poderíamos dizer que o mapa cor de rosa só existiu como propaganda. Tal e qual como os actuais cartazes do P.S. 

Não vou regressar à patética aventura dos cartazes habitados por pessoas que não deram a cara pelo que lá afirmam. Vou, tão só, analisar um outro com o dr. Costa. Nele, o actual líder do P.S. aparece com uma face rosada bem diferente daquela com que o conhecemos. O dr. Costa é filho de um amável senhor indiano que escreveu excelentes romances. Por razões surpreendentes (e que “a contrario” parecem ter origem estupidamente racial) os publicitários do dr. Costa entenderam branquear a criatura o que não só é absurdo mas, sobretudo, revelador de uma imensa estupidez. Seria engraçado se, por exemplo, o dr. Santana Lopes aparecesse com uma frondosa cabeleira ou a dr.ª Maria de Belém crescesse dois palmos bem medidos. Ou a nívea cabeleira do dr. Nóvoa regressasse a um tom negro e juvenil.

Infelizmente, nada disto acontecerá e apenas o dr. Costa irá enchendo as rotundas com a rotundo e rosado rosto. Imagino, aliás já ouvi, os comentários a tão bizarra transfiguração.

Haja um amigo de Costa que o previna deste destempero e que a razão prevaleça mesmo se mais sombria nos próximos retratos. Deixem o photoshop em paz e socego!

*  

O PS a um mês e meio das legislativas

José Carlos Pereira, 21.08.15

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A pouco mais de seis semanas da data das eleições legislativas, estamos a entrar no momento decisivo em que partidos e coligações apresentam aos portugueses as suas propostas, os seus compromissos e os seus candidatos. A pré-campanha eleitoral começou há muito, mas a campanha verdadeiramente decisiva vai arrancar em breve, depois do período de férias, com os candidatos nas ruas um pouco por todo o país e os debates fulcrais nas televisões.
O PS e a coligação PSD/CDS, com a pífia sigla PàF, de Portugal à Frente, lutam para ganhar as eleições, tendo concluído em Julho o delicado processo de escolha dos candidatos a deputados (ver aqui as listas do PS e as listas da coligação). Embora nenhum dos dois tenha conseguido evitar por completo os descontentamentos internos, pode dizer-se que o PS conseguiu levar um pouco mais longe a renovação dos candidatos do que a coligação no poder.
António Costa surpreendeu com a indicação de alguns nomes de “fora” da política, desde logo no Porto com a escolha do professor e investigador Alexandre Quintanilha para cabeça de lista, mas confesso que esperava uma maior abertura dos socialistas. A escolha dos candidatos a deputados deve reflectir menos o peso das estruturas partidárias e mais o território dos cidadãos eleitores, bastando olhar para a lista do círculo eleitoral do Porto para constatar que ainda não foi isso que sucedeu. Creio que não faltará muito para que essas escolhas saltem para fora das paredes das sedes partidárias e tenham de envolver, num sistema de eleições primárias, o conjunto de simpatizantes que se envolve e compromete com os partidos.
Nunca umas eleições legislativas foram tão escrutinadas com programas, cenários, indicadores e metas. António Costa apresentou esta semana o “Estudo sobre o impacto financeiro do programa eleitoral do PS”, que mede o alcance financeiro das propostas anteriormente apresentadas. Isto depois da “Agenda para a década” e do cenário macroeconómico espelhado no documento “Uma década para Portugal”, desenvolvido por um conjunto de reputados economistas. Pode dizer-se que cenários são isso mesmo, cenários, mas a verdade é que nunca se fora tão longe na apresentação detalhada do que se pretende fazer.
Votar não pode ser uma questão de fé, nem de clubismo. Votar implicar analisar racionalmente aquilo que nos parece melhor, em termos de políticas e de protagonistas, para o país no ciclo legislativo seguinte. António Costa e o PS não estão a esmagar nas sondagens, é certo, mas são quem, no quadro actual, apresenta a melhor proposta para mudar de políticas, seja na reforma dos impostos ou da segurança social, na promoção do emprego, na saúde, na educação.
Os episódios em torno dos malogrados outdoors parecem ultrapassados – o que é que recomendava Ascenso Simões para dirigir uma campanha eleitoral de tamanha importância?! – e agora os socialistas têm de centrar o foco no candidato a primeiro-ministro e nas suas propostas, com um discurso claro e incisivo, apoiado por um número restrito de porta-vozes reconhecidos e de indiscutível mérito.
A um mês e meio das legislativas, contra uma coligação instalada no poder há quatro anos, não há tempo para mais distracções, seja com debilidades operacionais, questiúnculas internas ou putativos candidatos presidenciais. António Costa tem seis semanas para afirmar a força, a dinâmica e a esperança que a sua ascensão à liderança do PS trouxe a muitos portugueses.

 

ps: escrevi o texto antes de conhecer a entrevista de António Costa publicada hoje no jornal “Sol”. Lidas as referências a marcianos, a Manuela Ferreira Leite, a Pacheco Pereira e a José Sócrates, só me resta apelar a que cessem os tiros nos pés…

Os jornalistas também têm família...

O meu olhar, 20.08.15

“ Os jornalistas também têm família e precisam de comer” esta frase foi dita por um jornalista numa conversa sobre a falta de rigor e profissionalismo de muitos jornalistas que se se tornam meros “papagaios” das agendas preparadas pelo poder, quer politico quer económico. Esta pode ser uma explicação para essa colagem/servilismo face ao poder, mas a mim não me convence. Podemos sempre fazer escolhas.

Eu sempre considerei muito a profissão de jornalista. Penso que têm (ou deveriam ter) uma missão importante a cumprir numa sociedade democrática. Mas o que vejo e ouço é muito mau, mesmo muito mau. Hoje no DN li a notícia sobre as declarações do antigo diretor do El Mundo, Pedro J. Ramirez, que criou um novo projecto, o El Español. Merece a pena ler a notícia e/ou ver o vídeo onde ele faz as declarações. Destaco aqui três das suas declarações:

”Nos jornais espanhóis quem manda não são os editores nem os jornalistas mas sim os proprietários e os acionistas”

“A imprensa deve desempenhar o papel de cão de guarda. Devemos ser o contrapeso contra a concentração do poder político e a concentração do poder económico”

"Nunca sacrificaremos os nossos princípios aos nossos interesses"

 

 

http://www.pressreader.com/portugal/diario-de-noticias/20150819/282157879987115/TextView

 

 

Tapar a realidade com cartazes

O meu olhar, 10.08.15

Temos um país a transbordar de problemas graves, não sendo o menor deles o facto de termos neste momento governantes mentirosos, incompetentes, que aldrabam e manipulam os números da realidade e nos querem fazer crer que estamos no país das maravilhas ou para lá caminhamos.

Neste quadro, o que ocupa, preocupa, algumas cabeças pensantes deste país? Os cartazes do PS. Pois claro! Isso é que é um verdadeiro problema! Isso é que vai impedir o país de tentar uma vida melhor, trabalhar para minimizar estragos, alguns deles, infelizmente, irreparáveis, e deixarmos de estarmos sujeitos a que nos tratem como acéfalos, sem capacidade crítica.

O alimentar desta questão dos cartazes tem dois obectivos bem claros: não se falar do que é realmente importante para o país e do estado a que chegou e tentar manchar a candidatura de António Costa com questões absolutamente secundárias. O que verdadeiramente interessa é discutir o que cada partido ou coligação propõe, o que melhor serve o país, quem tem melhores competências para governar e ajudar no desenvolvimento de Portugal.

Quanto aos cartazes, é um bom assunto para a área do marketing político analisar.


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d'oliveira, 09.08.15

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A "política em férias", suite

Há dias referi uma criatura de nome Ascenço Simões, esforçado propagandista que até usou o facebook para inflacionar tontamente os números contra a entrevista televisiva de Passos Coelho. 

Agora, a pobre personagem está envolvida numa série de burrices supinas nos cartazes de propaganda que atribuem a pessoas retratadas propósitos que obviamente não estavam de acordo com os textos.

É a política do vale tudo, ou seja a política suja, a política politiqueira. Tiros no pé! 

Ascenço depois da revelação da mentiraola e da falsificação, demitiu-se para, deixem-me rir, não estragar um passado de gloriosa dedicação ao PS. Provavelmente, também falará na honra... 

Sai da Campanha e, se quiser seguir, o difícil caminho da honorabilidade, bem poderia sair de candidato às legislativas. Caso contrário vai ser o pião das nicas no seu distrito e provavelmente vai apanhar um bom susto. Não perderá, claro, mas não creio que venha trazer melhoria na votação socialista do seu círculo.  

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d'oliveira, 04.08.15

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Ena pá, tanto consumo interno! 

 

Uma boa dúzia de cavalheiros, alegadamente – e só – independentes produziu um documento de estratégia macro-económica onde se apontava para politicas favorecedoras do consumo, via aumento de salários ou reposição de cortes nos mesmos, que induziriam um aumento de investimento e por aí fora.

Dito assim, até parece verdade, só que...

Só que nem sempre o aumento do consumo privado produz efeito no investimento e consequentemente no emprego que depois se reflectirá em mais salários, melhores e mais consumo. Uma espiral de felicidade, em suma.

Eu, desgraçado licenciado em Direito no tempo em que as cadeiras de económicas e de finanças não eram um refresco, aprendi que no consumo privado há sempre que distinguir o que agrupa produtos fabricados no país eo que se refere a produtos importados. Os primeiros, mesmo que sejam apenas transformação de matérias primas importadas, de facto acrescentam a riqueza nacional. Os segundos traduzem-se sempre numa dívida externa. Há que pagá-los ao país produtor. Podem, claro, gerar uma pequena receita devida à cobrança de impostos que sobre eles recaiam mas, no fundamental, a maior parte do que paga pelo produto, vai direitinha para outros, e estrangeiros, bolsos.

Do modo como o programa foi apresentado pelo partido político que encomendou essa descoberta da pólvora económico-financeira, o silêncio sobre estes ínvios mecanismos foi de oiro, melhor dizendo de latão.

Este primeiro semestre de 2015 viu um aumento exponencial de consumo de automóveis. Um pouco mais de 116.000 viaturas vendidas! Quase 30% mais d que em 2014!!!

O melhor resultado desde2010.

Isto mostra duas (ou três) coisas. Primeiro que houve mais rendimento disponível o que contraria as teses miserabilistas de uma certa oposição. Segundo que o aumento de consumo se traduz num aumento de importações sem que isso seja um sério reflexo de aumento da riqueza nacional. Terceiro, e só a título de hipótese, que o automóvel particular pode eventualmente ser um valor refúgio para o cidadão que tomou a decisão de o comprar (se assim foi, não se aposta muito sobre a literacia económica do comprador que irá pagar juros, sofrer uma contínua depreciação do veículo que ultrapassa em muito a lógica do valor refúgio.)

Uma sociedade que compra mais de doze mil carros por mês ou se sente enriquecida ou está completamente tola. Um (ou uns) partido(s) que não vêm isto estão a caminho do autismo e correm sérios riscos nas próximas eleições. Os senhores economistas virtuosamente independentes (ou não tanto) que maniqueisticamente apostam no aumento do consumo como panaceia para a desgraça da pátria deveriam ser mais contidos e explicar preto no branco que nem tudo o que luz é oiro e corrigir (caso tenham apontado reservas ao afirmado em título) as necedades dos políticos que lhes encomendaram o estudo.

Boas férias, cidadãos.

(e digo boas férias porquanto tudo indica que os portugueses também neste capítulo entenderam que estavam melhor e encheram os balcões das agências de viagens não deixando uma simples vaga nos aviões que voam para os paraísos turísticos estrangeiros ou as praias do Algarve. Para país deprimido, a coisa, surpreende... )

*na gravura Bugatti "royale" 

 

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