O PS e a Câmara do Porto
A entrevista de Manuel Pizarro, vereador da Câmara do Porto, membro do Secretariado Nacional do PS e candidato à liderança da Federação Distrital do Porto, desvenda as intenções do dirigente socialista para as próximas autárquicas, mas não diz tudo o que os eleitores precisam de saber. Na realidade, parece claro que o PS/Porto se prepara para apoiar a recandidatura do independente Rui Moreira à autarquia portuense enquanto Manuel Pizarro investe na sua própria candidatura à liderança da Área Metropolitana do Porto, que os socialistas pretendem que seja alvo de eleição directa já em 2017.
Até aqui percebe-se a estratégia socialista, até porque o PS não dispunha de espaço para promover uma candidatura contra Rui Moreira depois de ter integrado o seu executivo com pelouros tão sensíveis como os do urbanismo e da habitação social. Pizarro, aliás, apresenta-se como um defensor convicto das políticas encetadas pelo executivo de Rui Moreira e reconhece que não se compreenderia que o PS fosse concorrer contra essas políticas e os respectivos protagonistas.
No entanto, os problemas para o PS não terminam aqui e a cooperação com Rui Moreira será posta à prova quando chegar o momento de delinear a recandidatura às próximas eleições. O PS terá uma palavra relevante no programa e na estratégia da candidatura? O PS aceitará que os seus representantes partilhem a lista com dirigentes do CDS? O PS reclamará um papel cimeiro para esses seus representantes, nomeadamente o segundo lugar na lista e a vice-presidência da Câmara, atendendo ao peso eleitoral do partido? E o que pensará disto tudo Rui Moreira? E os seus parceiros e eleitores de direita, naturalmente avessos a aproximações aos socialistas?
Manuel Pizarro e o deputado Tiago Barbosa Ribeiro, líder da Concelhia do Porto do PS, têm um caminho duro para desbravar. Mas isso não é certamente novidade para qualquer um deles.