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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Conversas no Moinho de Vento

JSC, 19.01.18

Ontem, alguns elementos activos (e inactivos) do Incursões juntou-se para jantar. O bando dos cinco resistentes, nestes jantares, compareceu à  hora marcada, coisa nem sempre habitual. 

 

Desta vez, a comezaina ocorreu no Moinho de Vento, que fica no Largo com o mesmo nome. O repasto foi agradável, bom vinho, escolhido, como sempre, pelo JCP. Também muito interessante, como se esperava, foi a multiplicidade de temas em debate.

 

A conversa tinha o ritmo que a mó lhe dava. Era como se o vento que entrava pelas frestas das velhas janelas moldasse as palavras que se usavam em tom adequado ao ruído ambiente. Não escapou a avaliação dos incêndios, dos Bombeiros, cada vez mais corporativos, mais intrometidos no negócio, imprescindíveis, mas têm de ser postos no sí­tio, concluía-se. O Serviço Nacional de Saúde, a excelência das USFs . Os Médicos de família e a falta deles, os privados pendurados no Estado. Os Enfermeiros, a Justiça, sempre a justiça, Angola, os acordãos que não se cumprem, a Ministra que não merece que a destratem, o Diabo que não larga a oposição porque a oposição ampara-se no diabo, o Bloco que quer por toda a gente no Estado, sem perceber o que lhe está a acontecer. A comunicação social pejada de comentadores disto e daquilo.

 

A mó do moinho não pára a conversa, o vento está a favor. De vez em quando um grão ou uma areia emperra a mó, que salta e estremece. É inverno e mesmo que os dias já estejam a crescer as noites ainda são compridas, o bastante para os interesses corporativos deverem ser contrariados na proporção do silêncio que assumiram no tempo dos cortes cegos, dos aumentos colossais... de impostos.

 

Com tanta gente a reivindicar o que se lhe deve e o que não se lhe deve. Ainda vão ter saudades do Passos. Quem foi que disse? Fez se silêncio. Isso não. Mas pode tornar-se complicado, os Juízes querem novo Estatuto. Os Enfermeiros, calados ontem, querem agora e já o que não reclamaram antes. Os Professores pedem o absurdo sem avaliação que lhes toque e até ameaçam com grandes lutas, antes que as flores rebentem. Os Médicos seguem reivindicações sonoras, que o povo não entende. Até os Bombeiros aparecem a reivindicar o direito de decidirem polí­ticas florestais e como formar e aplicar dinheiros inteiramente públicos.

 

Tantos temas para três, quatro horas. Um sem fim de reivindicações egoístas, corporativas que se alevantam e que a comunicação social alavanca. O efeito final até pode ser a descredibilização das polí­ticas em curso, a desmobilização da confiança nas polí­ticas actuais, o reganhar da confiança e dos votos perdidos pela oposição. 

 

A questão que se coloca bem pode ser esta: onde andavam todos estes dirigentes corporativos, incluindo o dos Bombeiros, há três ou quatro anos? É que não os ouvia nem via. Tolhidos de medo? Desnorteados pela pancada que levaram? (cortes salariais, aumento do tempo de trabalho, eliminação de feriados, corte nas horas extraordinárias, ...,). Esta foi uma das questões que não se debateu no nosso jantar. É um bom pretexto para um novo jantar, antes que o movimento corporativista se fortaleça e nos amarre a um destino incerto.