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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

A OUTRA LUTA DA ORDEM DOS MÉDICOS

JSC, 26.02.18

A Ordem dos Médicos acusa o Governo de ameaçar a saúde dos portugueses porque o Governo pretende criar um curso que vai conferir o grau de licenciado em medicina tradicional chinesa.

 

É contra isto que o bastonário Miguel Guimarães se propõe mobilizar os médicos, com "formas de inéditas de luta" porque entende que as práticas da medicina tradicional chinesa não têm base cientí­fica, constituem um perigo para a saúde e para as finanças dos portugueses.

 

Por tudo isto, o Bastonário acusa o Governo de "irresponsável", de "estar a contribuir para um retrocesso sem precedentes", de agravar o desconforto e descontentamento dos médicos. Em claro confronto, garante que a Ordem se propõe "liderar um processo de oposição firme de todos os médicos.

 

Não disponho de conhecimentos que me permitam contrariar as teses da Ordem dos Médicos. Contudo, disponho da experiência, na perspetiva do utente, de algumas destas práticas que a Ordem e o seu Bastonário contestam, em nome da saúde dos portugueses.

 

Conheço médicos, licenciados por Universidades de Medicina portuguesas, que tiraram cursos de medicinas alternativas e que praticam as duas medicinas, com excelentes resultados para os doentes.

 

Os grânulos homeopáticos, se bem administrados e tomados, revelam-se mais eficientes no combate a alergias e a encefalias do que remédios habitualmente receitados pelos médicos dos SNS.

 

Sei de médicos que, em crises agudas, recorrem a osteopatas e que louvam os resultados obtidos com a intervenção.

 

A defesa corporativa que a Ordem se propõe travar talvez fosse melhor assegurada com a integração da designada medicina tradicional chinesa nos cursos de medicina, abrindo aos jovens médicos outras perspectivas de carreira e garantindo aos doentes opções diferenciadas no seu tratamento.

 

Provavelmente, a Ordem dos Médicos está a enveredar por um caminho cada vez mais estreito, corporativo, do que julga ser a salvaguarda dos interesses especí­ficos dos médicos. A defesa da saúde dos portugueses seria melhor garantida se as duas medicinas dialogassem entre si e se complementassem.

 

Ao invés do que mobiliza a Direcção da Ordem dos Médicos, o perigo para a saúde pública advem mais ou pode advir da situação actual que permite que qualquer pessoa se autoproclame e exerça a profissão de "osteopata", "acupuntura", "homeopata", etc.

 

A criação de regras, de cursos especí­ficos validados pelo Ministério da Saúde e a constituição de um organismo, tipo INFARMED, que controle e valide a produção e comercialização dos remédios homeopáticos e outros actos clí­nicos próprios da medicina tradicional, só pode ajudar e melhorar as boas práticas do sistema de saúde.

 

Não será por a Ordem dos Médicos estar contra a legitimação da medicina tradicional chinesa que esta vai deixar de existir, de haver oferta e utentes. Então, parece-me bem mais racional e inteligente defender a sua legitimação, enquadramento e controlo pelas entidades que gerem o sistema de saúde.

Vida nova no PSD

José Carlos Pereira, 20.02.18

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O congresso do PSD entronizou Rio Rio sem grande entusiasmo. O novo líder bem se esforçou em criar a unidade com os apoiantes de Pedro Santana Lopes, beneficiando da abertura manifestada por este, mas o núcleo duro de Passos Coelho, liderado por Luís Montenegro, foi deixando bem vincadas as suas divergências. Rio teve uma votação aquém do que esperaria nas listas que promoveu para os órgãos nacionais, registando a segunda pior votação de sempre na lista para a Comissão Política Nacional apresentada por um líder eleito em eleições directas – só Luís Filipe Menezes conseguira fazer pior. As opções que fez, nomeadamente para a Comissão Permanente, com algumas figuras pouco reconhecidas e outras demasiado polémicas, contribuíram muito para tal resultado. A escolha de Elina Fraga para vice-presidente, quando a maior parte dos militantes desconhecia a sua ligação ao partido e só se recordava das notícias sobre a alegada má gestão na Ordem dos Advogados e das diatribes que protagonizou contra o executivo PSD/CDS, foi a cereja em cima do bolo.

Rui Rio promete um novo ciclo de oposição ao Governo e ao PS, com maior disponibilidade para negociar reformas e assumir compromissos estruturantes. Ver-se-á a abertura efectiva de todas as partes para essa negociação e a forma como isso vai ser recebido nos órgãos do PSD e designadamente no seu grupo parlamentar, onde Rio encontrará muitos opositores às suas políticas e a essa manifesta vontade de articular compromissos com o PS. Já esta semana, os números alcançados por Fernando Negrão na eleição para a presidência do grupo parlamentar serão reveladores da forma como se vão comportar os deputados do PSD perante a nova direcção.

diário político 224

d'oliveira, 20.02.18

Notícias fúnebres só depois da pessoa estar morta

d'Oliveira fecit, 20/2/18diário 

 

Assisti, sem entusiasmo nem pesar, aos momentos relevantes do congresso do PSD. Azares de quem vê o telejornal das oito. Também sem qualquer arroubo e escasso, muito escasso, interesse ouvi (e li) os comentadores encartados que pululam nas televisões e nos jornais que compro.

Também não me espantei, macaco velho que sou, com as predições das habituais Cassandras indígenas. Pelos vistos, para a maioria, Rui Rio (RR, como o Rols Royce) está feito. Está morto e não sabe. Herdeiros presumíveis e presumidos disputam os sapatos do defunto.

Este tipo de profecias catastróficas e catastrofistas não é novidade. Ocorreu o mesmo com os inícios da “geringonça” e ela aí está para lavar e durar. Falou-se d tremendas dificuldades com os incorruptíveis PC e BE mas estes rosnam ms não mordem e Costa segue imperturbável. Estará tudo bem? Não, mas enquanto o pau for e vier folgam os lombos.

Voltemos, porém a RR.

Para quem, por sorte ou azar, for do Porto, Rio é um velho conhecido. Três consecutivos e imbatíveis mandatos na Câmara que só abandonou por imposição legal. Uma teimosa resistência a Luís Filipe Meneses, candidato do seu partido que de algum modo ajudou Rui Moreira.

Que história de sucesso foi esta e como começou?

Pois da maneira mais simples e chã. Rio, personalidade importante e incómoda do PSD onde granjeou inimizades de todo o tipo, resolveu num “impulso” longamente pensado, e estudado candidatar-se à Câmara do Porto. Um velho amigo meu dos tempos de Coimbra, imperturbável jogador de bridge e indefectível social democrata, explicou-me a coisa entre duas partidas: a malta lá do partido está contentíssima. Livram-se do Rio que é um chato do catorze e o gajo perde estrondosamente contra o Fernando Gomes. Morre aí e nunca mais chateia a rapaziada.

Eu, que não conhecia Rio de parte nenhuma (aliás nunca lhe falei nem sequer estive com ele em algum sítio) achei a tese interessante e dotada de alguma verdade. Rio fizera a vida negra aos caciques e barões do partido, disciplinara o cadastro interno, em suma esvaziara alguns poderes aparentes que viviam de um clientelismo que se gerava nos momentos prévios a eleições e congressos.

Quando se propôs contra o “vice-rei” socialista do Norte (Fernando Gomes, ex-presidente da Câmara e desafortunado ex-ministro de Guterres) o comentário geral foi que aquilo, aquela candidatura era uma fogachada e um desastre anunciado. Que Gomes ganharia a Câmara quase sem mover o dedo mindinho. Que nem os do PSD votariam em Rio.

Na noite da eleição os foguetes socialistas foram de lágrimas. O “bom povo” tripeiro dera a maioria relativa a RR e Gomes via a sua soberba e a sua desastrada saída do Porto para ocupar uma pasta ridícula sob Guterres premiada rotundamente. Se bem me lembro, nunca mais tentou a vida autárquica. Rio surpreendia amigos e inimigos, desiludia os seus detratores o partido e começava uma carreira bem sucedida na CMP. A “inteligentsia” local odiou-o desde o primeiro momento. Os do futebol, com Pinto da Costa à frente, disseram dele o que Mafoma não disse do toucinho. A população entretanto deu-lhe outros dois mandatos com crescentes votações relegando o PS para uma pobre e vil tristeza. Rio deixou a Câmara com as finanças em ordem, enfrentou o lobby da construção civil que queria parcelas do Parque da Cidade e uma frente edificada do mesmo diante do mar e livrou os portuenses daquele homenzinho ridículo de Gaia que odiava sulista, elitistas e não sei que mais.

Ou, traduzindo para quem não saiba português: RR é muito mais do que um sobrevivente. É um político frio, ambicioso, capaz de pensar no longo termo, pouco dado a palmadinhas nas costas ou a salamaleques à Imprensa que, aliás, o detesta cordialmente.

Não sei, e pouco se me dá, se isto faz um líder ou sequer assusta Costa. Pelo que vou vendo PC e BE reagem com mais nervosismo. Dentro do PSD, fala-se num “saco de gatos” e alguns mais assanhados como um tolo e presunçoso vereador de Cascais, exigem este mundo e outro como se não soubessem que os ventos actuais sopram a favor do PS. Rio tem pouco tempo, muito pouco tempo, para arrumar a casa, restituir a fé e a esperança aos militantes que, nesta questão de virtudes teologais não são propensos à caridade. Rio não tem um “estado de graça”. É um impertinente a quem se exige, de uma só vez, tudo e mais alguma coisa. Santana Lopes que pode ser tudo mas que é político preferiu a segurança de um acordo, António Capucho quer regressar e há sinais de tentativa de reocupar o “centro”.Os mais entusiastas falam no regresso à matriz social democrata.

Pessoalmente, RR nunca terá o meu pobre e risível voto. Todavia, não faço parte dos que já lhe encomendam missa de requiem. Para os mais melómanos, diria que RR está mais próximo da “missa do homem armado”. É tenaz, talvez teimoso, mas tem a cabecinha pensadora arrumada e joga num tabuleiro onde parece difícil ter piores resultados dos que Passos Coelho teve nestes últimos tempos. Mesmo se a drª Elina Fraga não pareça ser peão que se use, muito menos torre ou rainha. Mas, para erros de casting, aí estão múltiplos exemplos vindos de toda a parte. Daqui a dias já toda a gente se esqueceu da criatura. A política é assim.

Vai uma apostinha que RR está aí para durar?

Au bonheur des dames 446

d'oliveira, 16.02.18

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 Pagar dívidas antigas 

 

 mcr 16.2.18

Fui aluno do antigo Liceu D João III (Coimbra) por duas vezes mesmo se por pouco tempo: no 3º e no 6º anos.

Nesse tempo, tratava-se de um liceu “Normal”, isto é de um liceu onde os jovens professores, sob a orientação de exigentes professores “metodólogos”, faziam o “estágio”.

Uma vez aprovados poderiam ir ensinar em qualquer outro estabelecimento similar, integrados na função pública.

As aulas nem sempre eram pacíficas sobretudo se dadas por um metodólogo e respectivos estagiários: estilos de ensino diferentes podiam perturbar a rapaziada. Todavia, é justo realçar a alta qualidade do ensino e a exigência.

Naquele tempo, as instalações eram boas mesmo se, por exemplo, a piscina nunca funcionasse!...

Hoje, diz o jornal, aquele excelente edifício está num estado desolador. Esperam-se (e desespera-se) obras de enorme importância e correspondente custo. A desvairada gestão da ministra Rodrigues e a loucura gastadora da empresa Parque Escolar não deram para restituir a actual “escola José Falcão” (é o seu nome, hoje) à devida dignidade que uma escola, o seu corpo docente e os seus alunos merecem.

Todavia, não é do estado calamitoso do prédio que pretendo tratar.

É do seu nome actual. O “D João III” passou a José Falcão com os ventos de Abril. Ou as ventosidades como já se explicará.

José Falcão foi licenciado e depois doutorado em Matemática e lente da Universidade de Coimbra. Porém, a escassa fama que obteve em vida advém-lhe sobretudo, e apenas, do facto de ter sido propagandista e militante republicano, mesmo que de segunda linha. Aliás, morreu cedo pelo que não se podem, sem eventual injustiça, verificar-se os seus méritos políticos e propagandísticos. Escreveu uma “cartilha do Povo” que se não é uma inutilidade absoluta também não merece destaque na escrita política da época. Escassa novidade e estilo pobre.

D João III foi, provavelmente, o soberano português que mais fez pelo ensino e pela Universidade que dotou de meios e de professores de altíssima qualidade. A actual Rª da Sofia em Coimbra está pejada de “Colégios Universitários” mandados fazer por ele e pagos pela Coroa. Em qualquer país civilizado isto poria o último grande rei da dinastia de Avis na História. Se é verdade que outros soberanos e príncipes dotaram a Universidade (D Dinis, Infante D Henrique, Filipe II e D José a conselho do inteligente e maléfico Marquês) deve considerar-se a intervenção de D João III como a mais completa.

Da sua memória resta hoje uma feia estátua no pátio da Universidade e durante algumas décadas do sec. XX o nome do liceu (que começara por se denominar Liceu de Cimbra e Liceu Central de Coimbra até ao tempo da 1ª República que o crismou José Falcão).

Aliás, e para maior rigor o D João III nasceu da fusão dos liceus José Falcão e Júlio Henriques (licenciado em Direito e catedrático de Filosofia mais tarde consagrado como um dos grandes botânicos portugueses, ao lado de Brotero que ele muito admirava. Fundador do Instituto Botânico, dirigiu o Jardim Botânico durante décadas podendo dizer-se sem mentir que a sua obra à frente desta instituição é comparável à de Vandeli ou Luís Carriço).

Ignoro se há em Coimbra, além da Brotero e D Maria, mais escolas secundárias. Se sim, aí estaria para os saudosos da propaganda republicana uma hipótese de homenagear J Falcão.

Agora, que eventualmente se farão obras, seria de toda a justiça restituir à velha escola o nome do rei que mereceria mais, muito mais, da cidade.

A latere: os velhos colégios da Rª da Sofia estão em mau estado e sobretudo afectados a usos desinteressantes. Suponho que estarão incluídos no domínio do Património da Humanidade que contempla Coimbra. Valia a pena começar a pensar-se em restituí-los à sua primitiva e gloriosa função universitária (residências de estudantes, centros de estudos, etc). Para o efeito bastaria voltar a consultar o valioso número XXV da Revista Monumentos onde se pode perceber toda a importância arquitectónica, urbanística destes edifícios. Antes isso que andar a construir “barracos” feios, maus e caros como é timbre do Ministério da Educação.

 

Por mcr, nº 23/3º/A e nº 38/6º/ A  (anos 50)

Diário Político 223

d'oliveira, 15.02.18

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Humores cardinalícios

d'Oliveira fecit 15.2.18

Passado que foi o Carnaval, aguardava com evangélica paciência que o Sr. Cardeal Patriarca comunicasse, urbi et orbe, (enfim, quase, que ele não é papa e, com sorte, nunca será) que a sua declaração sobre a forçosa castidade entre recasados até se resolverem alguns problemas de direito canónico, fosse retificada.

Não foi. Todavia, vários bispos e outros tantos teólogos vieram já a terreiro explicar a sua discordância. A comunicação social tem-se divertido e explorado as declarações de Sª Eminência Reverendíssima. O pópulo católico parece completamente dessintonizado da paternal e surpreendente recomendação de alguém que, para o pecado e para as relações sexuais, parece ser inclemente.

Eu estou fora do rebanho pastoreado pelo Senhor D Manuel. As recomendações do prelado não me afectam. Não só porque já vou adiantado em anos mas, sobretudo, porque tenho por certo que S.ª Em.ia Rev.ima não faz a menor ideia do que é a vida de casado. Nem do que os casais, até os católicos, esperam desse viver em comum. As pessoas casam-se e, no caso em apreço, recasam-se para algo mais do rezar juntos o terço. Para permanecer teoricamente virgens (ou revirgens!) não precisam dessa maçada de ir ao padre e ao registo declarar que querem fazer vida em comum.

O Papa percebeu isso. Todas as Igrejas cristãs o perceberam e só esta “católica, apostólica e romana” ainda insiste no celibato sacerdotal, na castidade a outrance, na exclusão da mulher. Aliás, a perturbante devoção à Virgem em oposição à pecadora Eva (e lembremos o que dizia um famoso doutor da Igreja: a Virgem foi virgem antes, durante e depois do parto. Outro não menos surpreendente descobriu que se “o homem precisava de companhia no Éden, Deus poderia ter criado outro homem” espera-se que para conversar.

Há um par de anos, num irreflectido entusiasmo, o júri do Prémio Pessoa, entendeu distinguir este prelado. Nunca descortinei qual a razão mesmo se o senhor fosse licenciado, quiçá doutorado. Não havia ainda, e não há hoje, obra suficientemente relevante para o chamar a tão alto prémio. A menos que o galardão servisse de base para futura obra que ainda está por levar a cabo.

Esta declaração, totalmente fora da realidade, do século e, provavelmente de qualquer hipóteses de “aggiornamento” eclesial não foi uma graçola de mau gosto mas, eventualmente uma profissão de fé no que a Igreja tem de mais conservador e reaccionário. Que lhe preste.

 

Para ilustrar servi-me de uma máscara de carnaval de Trás os Montes. Convenhamos que além de belíssima contrasta fortemente com a deslavada carnavalice de várias terras nacionais - que as televisões mostraram ad nauseam. Não se entende este entusiasmo por aquele desbarato de toleima e falta de imaginação. Outras televisões, desta feita estrangeiras, insistiram em Veneza. Para que se saiba: o actual carnaval veneziano, além de moribundo é animado a 70% por estrangeiros que pagam fortunas por uma semana com fantasias a rigor mas desoladoramente copiadas das antigas: uma dor de alma ver a cidade lagunar perecer sepultada pelo turismo barato, pela sonolência da razão e pelo mau gosto da cópia. Parece portuguesa!...  

 

 

Diário Político 222

d'oliveira, 14.02.18

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Se um procurador incomoda muita gente, o MP na sua totalidade incomoda muito mais

d’Oliveira fecit 14.2.18

 

(uma palavra prévia em guisa de aviso: há uns dias, não sei já quantos, uma criatura, coimbrã e pesporrenta, entendeu escrever uma defesa do Lula. Só lhe ficaria bem, dado ser amigo e admirador do corajoso ex-sindicalista. Porém, nestas coisas há sempre um porém, a peça em causa é menos uma defesa de Lula do que um ataque à Justiça. Note-se que falamos de um país democrático onde só a justiça andava escapada da maldição. Os políticos brasileiros, as elites empresariais, grande parte do mundo desportivo, para não falar do Exército ou da Polícia eram, desde há muito, tidos por irrecuperáveis. Curiosamente, a Justiça, de ano para ano, vira crescer a popularidade das suas instituições e dos seus agentes. O auge da sua popularidade verificara-se até no exacto momento em que fizera frente à poderosíssima construtora Odebrecht e a outras estranhas e espúrias empresas que compravam tudo sobretudo as consciências. Porém, no decurso deste medonho processo, apareceu Lula. E apareceu um juiz. E uma primeira condenação depois revalidade por outra bem mais pesada. E foi "a pedra no fim do caminho". E a acusação tombou como se previa: “estamos a caminho de uma política justicializada”! Pelos vistos parecia preferível uma justiça politizada em que os seus membros, como por cá tantos aconselham, tivessem em linha de conta os “superiores interesses do Estado”. Citaria, se valesse a pena, os grandes processos de Moscovo e as teses sinistras de Vichinsky curiosamente muito semelhantes à sque presidiram aos processos que liquidaram a Resistência Alemã. Neste campo, os tristes Tribunais Plenários nossos são qualquer coisa de angélico, de pais pobre, envergonhado e subdesenvolvido – mas eficazes não se olvide)

Grande parte deste texto foi escrita nessa altura mas abandonada porque entendi não dever dar ao esganiçado coimbrão a escassa honra de ser citado. No entanto, “factos supervenientes” obrigam a repegar no assunto de outra forma. Aí está o que resultou

 

Estava escrito nas estrelas e, mais ainda, na História: Desde o momento em que, em Itália, um punhado de juízes decidiu enfrentar o poder político estabelecido (movimento mani pulite) e levou à derrocada dois dos maiores partidos que durante dezenas de anos ocuparam o poder juntos ou alternadamente, o destino dos magistrados estava traçado. Em Itália mas não só. Lá, sobretudo no Sul, recorria-se ao expeditivo método do atentado bombista (e assim se foram vários e prestigiado juízes e procuradores ligados às investigações anti mafia). No Norte, mais sofisticado, ia-se, pouco a pouco cercando (cerceando) o poder dos magistrados, acusados de judicializar (!!!) a política até se conseguir este resultado absolutamente perturbador: o poder agora está nas mãos de populistas, neo-conservadores exaltados, irredentistas, como se Craxi (Bettino) tivesse lançado uma maldição aos seus acusadores. A prova provada é o à vontade com que Berlusconi se move entre ninfetas sem falsos pudores e a construção de impérios mediáticos.

No Brasil foi o que se viu: enquanto se tratava de atacar o “capitalismo” da construtora Odebrecht e um punhado de políticos corruptos mais ou menos conservadores tudo era louvores. Quando se deram as primeiras bicadas no “mensalão” e no aparelho instalado no PT, começou a soprar (como na famosa área de Rossini) “un venticello”. Data desse tempo a decisão de uma política brasileira de se candidatar contra Lula que, coitado, pelos vistos não sabia de nada... Os dinheiros corriam com mais velocidade que as águas de Iguaçu, os políticos hostis rendiam-se por absoluto milagre e ninguém sabia de nada!... Depois os juízes começaram a apertar.

E juiz que aperta é juiz que deve ser desapertado.

Dantes um honrado cangaceiro dava conta do recado mas os tempos, ai os tempos, mudaram. Os tempos e os costumes. Agora convém ataca o poder judicial na base. Na credibilidade que, em democracia, ele costuma ter. O Sr. Lula foi acusado. Foi julgado. Foi condenado. Recorreu. Voltou a ser condenado por outro tribunal que, aliás, até aumentou a pena.

Ai Jesus que a Direita vem aí. Nisto de condenações a coisa funciona assim: o condenado é um patrão, um banqueiro, um empresário? A justiça funcionou!

É um líder da esquerda ou alguém que se presume como tal? Trata-se de uma conspiração do capital, dos trusts, dos monopólios, da reacção. Renasce com todo o seu bafiento esplendor a velha langue de bois do mais serôdio discurso estalinista.

Em Portugal, as coisas não são diferentes. De repente, e não foi assim tão de repente, o MP deu em acusar banqueiros, políticos, gente do futebol empresários variados, uns humildes cavalheiros africanos que compram no Estoril apartamentos cujo preço equivale a 300 anos de salários deles e começa o fandango.

Anos antes, os actuais acusadores do MP indignavam-se voluptuosamente, com a miopia da justiça. E repetiam em coro que “é sempre a mesma melodia... quem se safa é a burguesia”. A justiça era de classe, estava feita com os ricos, nos grandes ninguém toca, etc...

Agora andam por ai, à solta, como no Pinhal da Azambuja, bandos de juízes de instrução e de procuradores numa desvergonha total que até perseguem (vejam que camorra!) outros procuradores! E pretinhos inocentes. (E bombeiros!, meu Deus!, bombeiros!...)

Há poucos dias um ministro pediu um estúpido favor baseado numa estúpida premissa de que a sua segurança pessoal estava em risco. E foi ufano para o camarote de um cavalheiro que, agora, ó espanto!, está arguido num processo mais uma vez movido pelo tenebroso Ministério Público.

Como ocorre sempre, e decorre estritamente da lei, este pedido despoletou acusações burras. Mas acusações a que o MP não se pode furtar. Em escassos dias o processo, obrigatório, morreu arquivado. E bem arquivado. Isto, que é uma vitória para o ministro pouco cauteloso, não é de nenhum modo uma derrota para o MP. O MP fez o que devia. Fê-lo depressa. Cortou o venticello antes de que ele, "piano piano, terra terra... va fischiando e ti fa d’orror gelar" até que no fim produza "una esplosiose um tremuoto, un temporal que fa l’ária ribombare."

E no meio disto tudo, sobram culpas para os magistrados e ninguém se incomoda com a parvoíce obnóxia de pedinchar um lugarzinho para ver a bola. Já nem se fala de ética (para quê?) mas tão só de um ridículo e presunçoso pedido que a mais elementar prudência – já nem se fala de vergonha – deveria absolutamente evitar.

Do cavalheiro africano acusado de corromper um magistrado, nem novas nem mandados. Parece indecente acusar-se um honrado político cujo único e venial pecado foi comprar uma casinha, um apartamentozinho que custa milhões. Comprou-o com o suor do seu rosto (ou de outros muitos rostos todos pretinhos como ele, claro) e agora anda por aí um MP a perguntar por “lavagem de dinheiro”? Estamos perante uma campanha neo-colonialista e higienista?

Ainda ontem, o dr. Sousa Tavares (filho, não confundamos) mostrava a sua semanal e televisiva indignação com a “roda livre” do MP bem visível numa ordem de detenção do fantamasgórico cavalheiro africano. Parece que corria a notícia funesta que a criatura viria a Portugal e, à cautela, lá se fizeram os necessários (e porventura obrigatórios) esforços para o encontrar e notificar. Essa “inutile precauzione” (para continuar citando a imortal obra de Rossini) foi tomada como um horrendo atentado ao Direito e à Justiça. Aliás, e na mesma penada, o senhor dr. Tavares qualificou a intrusão do MP no caso da poluição do Tejo de absurda e altamente duvidosa. Vejamos: a eventual criminosa é a Celtejo. A Celtejo é da Covina. A Covinna é a proprietária da revista “Sábado” e do jornal “Correio da Manhã”. Estes dois órgãos de imprensa seriam useiros e vezeiros em fintar o “segredo de justiça”. Por seu turno, ao entrar em campo, o MP impôs o dito segredo de polichinelo, digo de justiça, à investigação. Isso seria, aventa o sapiente Tavares, um meio anormal de esconder os pecados da Celtejo ou de, presumo eu, deixar para as duas publicações os direitos exclusivos da reportagem.

No meio desta construção bizarra, há ainda o facto de a Celtejo fabricar papel. E o papel é feito a partir de eucalipto, planta perniciosa entre as perniciosas para Tavares (filho, insiste-se). Tavares odeia eucaliptos ainda mais do que algum agente do MP.

(aparte: eu não gosto nem desgosto de eucaliptos. Tenho na terra a que chamo minha, uma “papeleira”. Felizmente, os ventos dominantes, a “nortada”, afastam os cheiros medonhos da fábrica. E os fumos. Sei, todavia, que a “pasta de papel” é um dos maiores pilares da exportação nacional. E que um eucalipto, ao fim de dez anos, já dá lucro. E que isso foi a parca salvação de dezenas de milhares de pequenos produtores. É verdade que também favorece os incêndios, tanto ou mais que o nosso nacionalíssimo” pinheiro bravo. E que as outras velhas e nobres espécies arbóreas autóctones (carvalho, castanheiro, faia etc...) demoram três ou quatro vezes mais a dar rendimento. Portanto: ou se subsidia fortemente a exploração florestal ou, proibindo o eucalipto, se decapita a fileira do papel se perdem mil milhões anuais e milhares de empregos. E deixam-se dezenas de milhares de pequnos proprietários florestais ainda mais desprotegidos do que já estão...

Esquecia-me referir que a tão propagandeada reorganização da floresta vai demorar (se sequer a implementam) uma ou duas décadas; vai necessitar de uma gigantesca injecção de meios financeiros e humanos; vai obrigatoriamente modificar leis e regulamentos sobretudo em tudo o que toque torra abandonada ou sem proprietário conhecido. E por aí fora.

Em resumo: quem gosta da imobilidade deve, numa corrida, ir ao beija-mão do senhor Tavares (filho) Fim do aparte)

 

No meio disto tudo, que não é pouco, apareceram umas extemporâneas declarações da Sr.ª Ministra da Justiça sobre a duração do mandato da Sr.ª Procuradora Geral da República. A declaração ministerial nem sequer era correcta do ponto de vista jurídico. Um mandato de seis anos pode, se nada estiver estabelecido em contrário (como, p.e., no que se refere os juízes do Tribunal Constitucional) ser renovado. O bom senso obriga a pensar cautelosamente nesta hipóteses. Em equipa ganhadora não se mexe. Pior, quando alguém está ligado a Angola pelo nascimento, pela família –aliás numerosa- que detém postos de poder (mesmo se também possa contar com vítimas do progrom anti-nitista) o silêncio seria de ouro (dado o contencioso existente no caso Vicente ou no da burla ao Banco de Angola – 130 milhões de euros e sete processos de investigação pelo MP -)  tanto mais que o mandato da actual PGR ainda tem alguns meses pela frente para se dar por findo.

Pessoalmente, yo no creo en brujas o en conspiraciones. Pero que las hay, las hay...

 

Estes dias que passam 365

d'oliveira, 14.02.18

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Deutschland bleiches mutter

 

 mcr 8/2/18 e 14/2/18

 

O cartaz que acima se reproduz vem (ahimé!) dos anos 6o, melhor deizendo dos finais dessa época contraditória e, para mim, luminosa e indecisa. Vi-o pela primeira vez em Berlin, num Studentenheim em Wedding onde me albergava enquanto estudante do "Goethe Institut. Abafei-o à má fila e regressei à pátria madrasta com ele. Se a memória me não falha esteve pendurado n parede lá de casa até a PIDE ir fazer uma visitinha. Eu acabara de ser preso e aquela boa gente queria por força saber que leituras eu faria. Acabaram por levar dois quarteirões de livros, um poster do Ho Chi Minh e este cartaz. Talvez também tenha ido um poster comemorativo do cinquentenária da Revolução de Outubro e alusivo ao cruzador Aurora. 

Berlin, nesses anos de vinho e rosas, de certezas e angústia, era uma inolvidável experiência. Para um estrangeiro que podia (mesmo que dificultosamente, bem dificultosamente) passar o muro o mundo explicava-se com grande rapidez. do lado de cá, o protesto, Rudi Dutschke, os Kindergarten, a prosperidade gritante e uma imprensa variada mesmo que assombrada pelo império Springler. Comunas de todo o género, anarquistas, comunistas, contestatérios sem agenda especial mostravam uma cidade cercada e vibrante. Do outor, o cinzentismo da Karl Marx Allee, os cafés tristonhos e pobres, as lojas quase vazias, as livrarias reduzidas aos clássicos marxistas, aos aitores do realismo socialista e a alguns, não todos, escritores alemães de séculos passados. Aquilo não era apenas pobreza intelectual. Era censura pura e dura, coisa que, pelo que depois fui lendo, não parecia visível aos raros estudantes portugueses que tinham bolsas de estudo para a chamada República Democrática Alemã.

No meio disto tudo, as Juventudes do SPD exerciam uma rigorosa crítica a tudo o que o Governo Alemão fazia ou queria. E faziam o excelente Willy Brandt passar maus bocados. Achavam-no "burguês", "reformista", inseguro frente à CDU e ao Ocidente. Ao mesmo tempo, iam acertando o passo à deslavada mas ditatorial república vizinha refugiada atrás do Muro e alvejando os seus cidadãos quando algum deles tentava fugir do paraíso socialista para o império do capital e do mal. 

Tudo isto, agora que o império da STASI está enterrado, me vem à memória ao ler as notícias do eventual acordo de governo para a Alemanha. Pelos vistos, Schultz ainda vai submeter a votos o acordo. Os militantes (mais de 400.000) responderão por postal à pergunta se concordam ou não com o alcançado. Parece que Juventude partidária é contra. E que, desde há meses, tem andado  numa intensa campanha de recrutamento para obter mais vozes contra. Vejam bem: estes novos, novíssimos, militantes (já são quase 25.000!), sem passado político, sem garantias de futuro no SPD, vão poder dizer "sim" ou ""não" a um acordo para cuja discussão não contribuiram. Entretanto, o partido vai perdendo continuamente popularidade. Se a coisa continua arrisca-se a ser suplantado pelos neo "fascistas" da Alternativa pela Alemanha. 

Convenhamos. O antigo slogan (tradução livre: todos andam por aí a dizer ninharias, nós não) era eventualmente ousado e a destempo naquela época de guerra fria. No entanto não propunha que "morresse Sansão e todos os que aqui estão", como infelizmente agora parece ser o caso. Este acordo, pelo que tenho lido (e ouvido na televisão alemã) merece ser aproveitado. Na Alemanha porque marca um forte progresso de políticas mais justas, mais igualitárias  e mais geradoras de emprego. Na Europa porque dá ainda mais força à actual tentativa de melhorar o dificultoso estado da União.

A juventude, comentou alguma vez algum cínico demaiadamente realista, é uma doença que passa com o tempo. Como a acne  que, todavia, pode deixar borbulhas maxime um rosto desfigurado.

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Repego neste texto perdido há quase oito dias. Não dava com ele, e ele, quieto e manso na caixa do blog!...

entretanto Martin Schulz desiste de ser (um bom) ministro dos Negócios Estrangeiros e, já se demitiu de todas as suas funções no SPD. Má notícia para o partido e má notícia para a coligação em perspectiva. Pior notícia para a europa e, especialmente, para os países do Sul.

Os ventos foram semeados. Vejamos se por aí vem alguma tempestade.

Rui Rio, a Google e o El Corte Inglés

José Carlos Pereira, 09.02.18

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A propósito do recente anúncio da instalação de um centro de operações da Google em Oeiras, o líder eleito do PSD, Rui Rio, defendeu que este tipo de investimentos devia ser disseminado pelo país. Que Portugal é vítima do centralismo todos o sabemos, mas daí a pensar que se pode determinar em que cidade é que uma multinacional se vai instalar vai uma longa distância. Para a tomada de decisão quanto à localização contam factores como o preço do terreno ou das instalações e os incentivos fiscais, naturalmente, bem como a disponibilidade e qualificação da mão de obra, o contexto económico, cultural e social, as acessibilidades a aeroportos, portos ou vias rodoviárias, a proximidade à cadeia de fornecedores, além de outras questões técnicas que se colocam quando se trata de investimentos industriais.

Rui Rio admitir que o Governo pode determinar se a Google se instala em Oeiras, em Évora ou na Covilhã remete para o domínio da ignorância ou da teimosia. A mesma teimosia que fez com que o então presidente da Câmara do Porto impedisse a instalação do El Corte Inglés na Boavista, exigindo a sua fixação na baixa do Porto, o que fez com que a cadeia espanhola optasse por construir o seu edifício...em Gaia. Quem ficou a perder? O Porto, que viu fugir para a cidade vizinha esse investimento e continua a ter um terreno ao abandono numa privilegiada localização na Rotunda da Boavista.

OS CTT do nosso descontentamento...

JSC, 07.02.18

Os CTT são mais uma das empresas de referência que, em nome do interesse nacional, foi alienada. Os compradores levaram como brinde um banco - o Banco CTT. O problema dos CTT (correios e transporte de mercadorias) é que o brinde (Banco) tende a tornar-se no centro do negócio.

 

Antes da alienação, os CTT (correios e transporte de mercadorias) davam lucro e bons dividendos para o Estado. Hoje, os CTT dão prejuízo, ano após ano. Contudo, isto não tem impedido a distribuição de dividendos pelos accionistas. Dividendos que são pagos não com os resultados da actividade económica da empresa, mas com os proveitos obtidos com a alienação de património. É o que se lê das noticias. Ou seja, os CTT (correios e transportes de mercadorias) são cada vez mais uma empresa descapitalizada.

 

Acontece que não são bem estas as razões que têm trazido os CTT para as primeiras páginas das noticias. Estas focam-se no imediato, no encerramento das lojas ou estações dos correios. Ao apelo das populações que reclamam a presença local das lojas, para manter o recebimento de pensões, pagamento de facturas, etc., os autarcas vêm a terreiro propor alternativas.

 

Perante isto, a administração dos CTT já viu o filão da redução de custos. Anunciam o encerramento de determinadas estações, depois, é aguardar a reacção das populações, a intervenção dos autarcas - Presidentes de Câmara e/ou de Juntas -  negociar com estes e estabelecer um protocolo, através do qual as Juntas asseguram a prestação dos serviços em causa.

 

Ou seja, os CTT deixam de ter uma boa parte dos custos, mas mantêm o negócio. Como é que o Estado, a nível Central, pode contrariar esta estratégia?

 

Uma das intervenções possí­veis, com grande impacto na actividade económica e financeira dos CTT, passaria por retirar aos CTT o negócio do pagamento das pensões. Na verdade, se os CTT podem protocolar com as Juntas a transmissão para estas da prestação destes serviços, então, por maioria de razão, o Estado poderá transferir essa competêcia para as Juntas, conferindo-lhe, directamente, os correspondentes meios financeiros.

 

Se os CTT forem confrontados com a perda potencial deste negócio, com grande probabilidade que passarão a ponderar melhor o encerramento de serviços e a cumprir a missão de serviço público que lhe é intrínseca.

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