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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Diário polítio 227

d'oliveira, 30.07.18

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Silly season

felizmente sem (até à data) fogos

 

d’Oliveira fecit 30 de julho, 2018

 

1 Nada tenho contra Miguel Portas cujas excelentes séries televisivas segui com muito agrado. Se nem sempre concordei, achei-as sinceras, inteligentes e necessárias. Do seu papel de dirigente bloquista ou antes da UEC nada direi. Era com ele, mesmo se a época da sua militância fosse já bem posterior à terrível desilusão de Praga que deitou por terra tudo por quanto as “juventudes” que glorificavam os amanhãs que cantam” eventualmente lutavam.

Todavia, não há nada na sua biografia que permita, sem mais, perceber a Grã Cruz da Ordem da Liberdade. Que diabo o homem tinha 14 ou 15 anos em 1974. E durante o PREC aceitou tudo o que o “partido” ordenava. É bem verdade que a OL já leva quase cem agraciados com a Grã Cruz!!! Quase um saldo! Pior que um saldo!... De todo o modo, gostaria de saber que luta pela liberdade foi a sua, aos olhos do Senhor Presidente, o tal que jurou ser moderado em condecorações e que rapidamente se esqueceu dessa eventual regra limitativa de prebendas. Será que foi pela dissidência do PC? Pelos textos jornalísticos? Pela morte estúpida na flor da vida? Ou apenas, porque sim?

 

2 As aventuras do panteão

 

O Panteão demorou duzentos e muitos anos a ser construído. Depois, não se sabendo o que fazer da Igreja de Sª Engrácia destinaram-no a panteão. Aliás há mais (os Jerónimos; S Vicente de Fora, onde repousam os Braganças; A Batalha onde estão muitos dos reis e príncipes de Avis e finalmente Sª Cruz de Coimbra que alberga D Afonso Henriques e D Sancho). Durante anos o panteão viveu na obscura glória de meia dúzia de mortos até que subitamente e de rajada meteram lá Sofia, Amália e Eusébio. E queriam outros mas as famílias recusaram (Salgueiro Maia ou Eça de Queiroz que jaz em Tormes).

Agora anda muita gente frenética para meter lá Soares. E, na onda, Sá Carneiro. Alguém avançou com Zeca Afonso e mais alguém replicou com Aristides de Sousa Mendes, “justo entre as nações” (com mais dois outros diplomatas que, mesmo se toda a gente ignora, salvaram judeus).

Daqui a pouco não há panteão que chegue. E cada vez mais se confunde alguma cidadania, mesmo se exemplar, com a panteonização. Aquilo começa a parecer-se com o moinho da Joana ou com o eléctrico 28 onde cabe sempre mais um para gáudio dos carteiristas que lá fazem a “féria”.

No caso de Mário Soares, a coisa vai mais longe. A lei expressamente prevê um prazo de vinte anos de intervalo entre a morte e a ida para o Panteão. No jardim à beira mar plantado isso não é problema. Faz-se uma lei para desdizer desta que levou Eusébio para Sª Engrácia. Foi justamente para evitar as comoções do falecimento que se aprovou a lei dos vinte anos. “É demais”, dizem os celebrantes de Soares. E há uns rapazes do PPD que, na onda panteonizadora, aplaudem e metem Sá Carneiro à boleia. Já vi jornais a falar em Amaro da Costa. Até ao fim do Verão ainda inventam mais umas augustas figuras de pais e mães da pátria. Mães sobretudo, porque só lá há duas mulheres o que prova o sexismo da política portuguesa.

“Ai Portugal, se fosses só três sílabas, sal, sul e sol”...

 

nb: o dr Mário Soares foi um grande cidadão. O Estado Novo não o calou e, muito menos o amedrontou. Depois, resistiu ao filo-sovietismo que animou alguma escassa sociedade lisboeta. Chegou por mérito próprio (com o meu pequeno voto também) a Belém. Gostava da vida, dos fatos bem feitos, de boas gravata, de livros (que leitor era!...) e de uma boa soneca reparadora. E de mulheres, benza-o Deus. Está, e muito bem, nos Prazeres nome adequado ao seu espírito bon vivant. Não o desterrem para os lados da feira da ladra!

A ilustração: fotografia do embaixador Sampaio Garrido embaixador em Budapeste e anjo da guarda de muito judeu. “Justo entre as nações” para que se saiba.

 

Estes dias que passam 375

d'oliveira, 30.07.18

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A ver se nos entendemos

(ou nem todos os robles são carvalhos)

mcr 30.07.18

 

 

(não conheço nem tenciono vir a conhecer o senhor Ricardo Robles. Não que lhe tenha alguma ojeriza, longe disso. Não gosto de criaturas dogmáticas e o homenzinho provou abundantemente ser isso com a sua campanha sobre alojamento e arrendamento. Aliás a sua formação política é, neste capítulo, um exemplo de gritaria e agressão verbal. Fosse este caso com outro, mormente alguém do PPD ou do CDS, e teríamos uma autêntica antologia do vitupério e da condenação política. Portanto: RR só o Rolls-Royce- e dos antigos nada dessas modernices que por aí circulam. Fico-me pelos primeiros Phantom, eventualmente o III. Algo que provavelmente o jovem robles acharia uma velharia)

 

Vamos por partes.

O cidadão Ricardo comprou com uma mana um prédio em Alfama por cerca de 370.000 euros. Fez-lhe obras no valor de 650.000. È dinheiro, muito dinheiro mas qualquer um pode ser rico sem qie isso o obrigue a “pagar a crise” mesmo se alguns camaradas de Robles tenham esse mote por justo e estratégico.

As obras implicaram a saída de inquilinos, um dos quais vem agora queixar-se de ter sido despejado e por isso terem sido anulados quatro postos de trabalho (Verdade? Mentira?)

O mesmo cidadão Ricardo optou por uma renovação do imóvel que abrange 11 apartamentos T1 aptos para arrendamento de curta duração a turistas e três lojas.

Concluídas as obras o prédio foi posto à venda por mais de 5 milhões de euros e na publicidade referia-se justamente a virtualidade de arrendamentos de curta duração.

Seis meses depois (fins de 2017 ou inícios de 2018?), desapareceu a menção de venda.

Robles alega que o prédio era para habitação dele e de uma familiar mas entende-se mal que, tendo a possibilidade de viver numa casa com espaço, lhe preferisse um cochicho de escassas dezenas de m2. De resto habitava em casa própria, bem mais ampla e depois terá comprado uma terceira habitação igualmente maior do que qualquer dos apartamentinhos para ACD.

Nada disto é ilegal. Comprar e vender, alugar, aproveitar o boom antes que a bolha rebente. Eu mesmo, proprietário bem mais pequeno do Ricardo de bom grado venderia um prédio na zona nobre pelos mesmos milhões. Todavia, não ando a bradar aos céus e à terra contra os malvados senhorios, contra a “especulação” imoral e imobiliária que grassa em Lisboa. Bem pelo contrário, aguento em silêncio, as pequenas falhas dos inquilinos as rendas miseráveis que pagam e enfureço-me com a CML (de que o senhor Ricardo é um dos expoentes mais ruidosos). Até já tive uma familiar de uma inquilina que, abusivamente e em nome da mãe, entendeu baixar unilateralmente uma renda. E passou a pagar menos cem euros! Dessa vez não perdoámos: processo para despejo. A pobre mãe entendeu a burrice da filha e lá veio recompor a situação...

O que neste caso é de relevar é a tentativa tosca, grotesca, ingénua de Robles para disfarça algo que nem precisava de desculpa.

Dizer que o preço de venda do prédio saíra direitinho da cabeça da agência vendedora brada aos céus. O pobre do Ricardinho nem saberia disso. Ou nem ousara opor-se. Ou...

Agora, de corda ao pescoço, mas sempre firme no seu posto de vereador, vem dizer que vai pôr as suas partes no mercado de habitação. E lembra que tem uns inquilinos velhinhos a pagar 170 euros. Por esses preço alugo já tês apartamentos, prometo estimá-los e juro que não os subalugarei. Servirão para guardar a livralhada e servir de poiso a mim e aos familiares quando se vai a Lisboa.

Se alguém conhece este brioso senhorio social por favor avise-o desta minha proposta que eu sou pessoa de palavra.

As esforçadas raparigas do Bloco já disseram sobre isto tudo o que poderia ser dito e que só não faz rir porque elas carecem de sentido de humor. A senhora Martins chegou mesmo a falar de conspiração. Jornais, revistas, televisão, políticos de vários quadrantes, o engraxador da esquina, dois estudantes à procura de um nicho, todos sem excepção conspiram contra o bom nome e honra do bloquismo puro e purificador.

Esta gente não aprende, nunca aprenderá e jamais perceberá que os telhados de vidro aparecem invariavelmente nas casas onde se acoitam. As pedras que se atiram aos outros às vezes, funcionam como boomerang. Ora descalcem lá essa bota.

 

(apareceu, na esplanada onde dou ao dedinho, uma amiga e o tempo passou bem agradavelmente do que na companhia de Robles, Martins et alia.)

Entretanto, dizem-me que a criatura se demitiu de vereador e de todos os cargos no BE.

Tarde piou. Deveria tê-lo feito quando lhe descobriram a careca. Agora .a demissão é só a confissão pungente e derrotada de uma mentirola que nos queria fazer passar por idiotas.

Sic transit gloria mundi, mesmo a escassa gloria de um arcanjo justiceiro com asas de cera. Perdeu-se um político dado ao esconjuro imoderado e eventualmente ganhou-se um especulador imobiliário. Cheira-me que já não consigo alugar-lhe os apartamentos a preço de bloco.

 

A figura: máscara Fang   do tipo dito "jano"E

Uma guerra desproporcionada e fora de tempo

JSC, 24.07.18

O Ministro das finanças deu uma entrevista. Falou verdade. Melhor, disse o óbvio sobre o Orçamento que aí vem. Reafirma que não há dinheiro para contemplar os 9 anos, 4 meses e 2 dias que os professores reclamam.

 

 “O OE é um exercício complexo e para todos os portugueses. Temos, em nome de todos os portugueses, de propor um orçamento que seja sustentável”.   “não é possível por em causa a sustentabilidade de algo que afeta todos, só por causa de um assunto específico.

 

Foram estas as declarações que enfureceu e colocou aos pulos e aos gritos a plêiade de dirigentes sindicais. Mário Nogueira, de pin redondo a expor a rigidez dos 9A, 8M, 2D, falou de coisas moles, de barro que escorre pela parede abaixo. Outros falaram de coisas próprias, só deles. No conjunto, parece que se organizaram em orquestra de bullying contra Centeno, o Governo.

 

Esta guerra até faria sentido quando lhe retiraram o que agora reclamam. Na altura, sentiu-se um desconforto controlado, falaram baixinho e espaçadamente, apesar das perdas terem sido consideráveis: 30 mil professores retirados do sistema; Cortes abruptos nos vencimentos e abonos; aumento do número de alunos por turma; aumento da carga horária; carreiras congeladas. O ruído que hoje fazem é muito, mas muito desproporcionado comparativamente ao que fizeram quando verdadeiramente atingiram os seus direitos.

 

Este Governo não retirou direitos a ninguém. Tem vindo a devolver.

 

Depois, entendo que os dirigentes sindicais dos professores, mesmo quando reivindicam, devem agir com elevação, manter o exercício da cidadania, serem dignos na reivindicação, agir de modo que aqueles que representam sigam o exemplo e sejam exemplo para os alunos que lhes coube em sorte.

 

Pelo que se lê, os professores são hoje uma classe desalentada, em exaustão, doente, sem vontade nem alegria para o exercício da sua profissão.

 

Pelo que se lê, os professores culpam os alunos, os pais e os ministros pelo estado maleitoso em que se movimentam.

Será que os dirigentes sindicais poderão trazer alguma normalidade ao sistema, trazer alguma esperança à vida sombria dos professores e às Escolas, para além da azougada reivindicação dos 9A, 8M, 2D?

 

PS: Excluo os Professores, que os há, que contra o ambiente geral mantêm o orgulho em ser professor. Os alunos reconhece-os.

Au bonheur des dames 456

d'oliveira, 20.07.18

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Ninguém liga ao coronel

mcr 19.07.18

 

 

Como sabem os leitores (e mais anda as leitoras) este título é uma meia paráfrase do de uma novela de Garcia Marquez (el colonel no tiene quien le escriba, que em português terá dado, julgo, ninguém escreve ao coronel).

Não venho porém falar do mundo de GGM, menos ainda das suas histórias extraordinárias, mas tão só de um senhor coronel , portuguesinho da costa, que prestou alguns bons erviços ao país mas que nos últimos dez/quinze anos passeia a sua robusta rotundidade pelos corredores de acesso ao poder e não consegue deixar de opinar sobre tudo o que lhe vem a alcance de tiro.

Normalmente, o senhor coronel dá tiros de pólvora seca ou, então, não acerta no alvo por razões que não descortino. Desta feita, multiplicou-se: ontem uma referência e hoje, tem direito a uma página do Público. Comecemos, muito de raspão, pela de hoje onde a sua laboriosa e pouco inspirada pluma deixa uns considerandos sobre uma eventual promoção do senhor tenente coronel Marcelino da Mata a coronel.

Este cavalheiro tem no seu currículo 5 Cruzes de Guerra (três de 1ª classe, 1 de 2ª classe e outra de 3ª classe) e, facto quase único, a “Torre e Espada” a mais alta e a mais rara condecoração portuguesa.

Ferido várias vezes, participou em operações de grande risco (incluindo a invasão de Conakri) e a sua biografia menciona uma operação em que se distinguiu especialmente e que resultou na libertação de mais de cem militares portugueses na Guiné).

Resta dizer que MM é negro  e cidadão português desde sempre.

Do senhor coronel Vasco Lourenço não consegui saber as condecorações militares, mas a existirem são seguramente inferiores à do cavalheiro “preto”. Estas coisas doem...

E doem tanto que numa enxundiosa e desgarrada redacção, VL alinha umas banalidades e ataca a promoção possível do seu camarada de armas. E do alto da sua condição de pai da pátria avisa as autoridades militares e, já agora, amotina o escasso público que faz o sacrifício de o ler para este medonho acto.

Pessoalmente, estou-me nas tintas para qualquer destes cavalheiros. Sou civil e paisano até ao sabugo e penei em sítios muito desagradáveis a minha desconformidade com o Estado Novo. Nada devo a qualquer deles pois o meu 25 de Abril começou aos trancos e solavancos ainda em 1959 durante a campanha de Humberto Delgado. Levo ao profissional das armas VL 15 anos de avanço na oposição à ditadura. Ou seja toda a minha vida de adulto (como aliás a dele que é da minha idade).

O que me admira é que nunca vi o senhor coronel Vasco Lourenço, levantar a voz façanhuda contra o senhor tenente coronel Marcelino da Mata desde que este, segundo, VL, começou a fazer tropelias na Guiné.

Bizarrias...

Deixemos este patriótico e maçónico queixume de Vasco Lourenço e passemos ao segundo tema onde, de novo, e impudentemente, ele se manifesta. Desta feita, a propósito da tristíssima vergonha do caso das armas desaparecidas em Tancos, o senhor coronel, sempre segundo o Público resolveu afirmar que o assalto aos paióis de Tancos não passou de uma farsa para acentuar os ataques ao Governo devido aos fogos do passado ano. Numa surpreendente declaração VL afirma que quem montou a farsa “são alguns dos mesmos que agora mais gritam contra a falta de resultados nas investigações”. E pede “sejam honestos!” pois se “o ataque ao Governo é  normal, admissível e legítimo” não pode valer tudo”.

O senhor coronel , segundo o jornal que reproduz estas declarações, sublinha que não tem como provar a sua teoria que contudo ainda ninguém provou que está errada (sublinhado meu). Ninguém pede a um coronel na reserva que saiba Direito mas já parece ser-lhe exigível além de bom senso alguma lógica. S.ª Ex.ª tem uma teoria que confessa não poder provar. Porém a bondade da teoria reside no facto de ninguém ter até ao momento provado que está errada!

S.ª Ex.ª é um monumento à Educação Nacional, ou pelo menos, à que era fornecida na Academia Militar. Então uma teoria (sem que qualquer facto a prove) está certa apenas porque ninguém se deu ao inútil trabalho de a rebater? E ninguém a rebate porque a teoria assim descalça e despida não tem ponta por onde se lhe peque e nem o mais espesso manto de fantasia a pode tornar sequer crível.

Suponhamos que eu jurava que o senhor coronel era um extra-terrestre saído de um Ovni poisado no claustro dos Jerónimos (ou na mata de Mafra, sitio eminentemente militar pelo menos para os milicianos que eram os que mais morriam nas selvas africnas). Suponhamos que o senhor coronel se irritava com esta xenófoba e planetária afirmação. E que pedia provas do que eu dizia. E eu, pimpão e parolo, retorquia-lhe: Tem Vossa Redundância provas que não é assim? Portanto regresse ai ignoto planeta que o viu nascer ou vá jogar o voltarete com um par de Irmãos que o aturem. E, já agora, deixe a política para gente com mais tino e os paióis na sua negregada solidão de sentinelas e de explicações.

E não misture os fogos (de que agora aprecem dezoito arguidos, tudo pessoal menor, nenhum responsável político, claro) que deixaram um rasto de mortos e dezenas de milhares de prejudicados com a até agora mais que comprovada (por declarações, por suspensões de militares que até vão a generais, e pelo patético gaguejar de um ministro incapaz e incompetente, por um monte de armas e munições miraculosamente encontradas) com esta anedota miserável que envergonha qualquer um e indigna ou faz rir meio Portugal e alguma Europa, pelo menos a que sabe desta novela que se arrasta.

 

"ILHAS" DO PORTO – Investimento público em património privado?

JSC, 19.07.18

Segundo ouvi hoje, está em estudo um protocolo entre a Câmara Municipal do Porto e a Secretaria de Estado da Habitação com vista a direcionar fundos públicos para a requalificação das ilhas do Porto.

 

Segundo julgo saber, nos últimos trinta anos as “Ilhas do Porto” terão sido a realidade mais estudada a nível local. A título de exemplo, em 2001, foi divulgado e publicado o trabalho promovido pelo Pelouro da Habitação.  «AS “ILHAS” DO PORTO ESTUDO SOCIOECONOMICO» 2000 exemplares, 128 páginas

.

Em 2015, a Câmara em parceria com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto divulga e publica o trabalho « ”ILHAS” DO PORTO - Levantamento e Caracterização», 500 exemplares, 187 páginas.

 

Com a notícia de hoje parece que a Câmara está a pressionar o Governo para que este assuma “um forte investimento público na reabilitação das “ilhas”.

 

A ser verdade, há aqui qualquer coisa que não se entende muito bem. Primeiro, como pode a autarquia exigir, impor mesmo, que o Governo afecte recursos públicos, a fundo perdido, à recuperação e valorização de património privado?

 

Segundo, se a Câmara é proprietária de tanto património habitacional degradado, muito degradado – Bairro do Leal, Monte das Musas, ilhas municipais – não é mais razoável e natural que, a haver comparticipação do Governo Central esta se direcione para o património público local?

Há dias & das 2

d'oliveira, 10.07.18

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mais três a abater

mcr, 9-10; Jul;2018

 

Os meninos no seu labirinto

À hora em que escrevo, quatro rapazes já estão a salvo. É provável que outros já estejam a caminho. Assim o espero fervorosamente. Se pouco ou nada posso esperar da Síria (senão mais um massacre), da Nicarágua onde os mortos já passam dos trezentos, ou da Venezuela onde o triunfo dos seguidores de Maduro leva para o desastre total um país que já foi rico e onde a fome era a excepção e não a regra, ao menos que na longínqua Tailândia se salvem estas treze pessoas.

De todo o modo, há aqui algo que me escapa. Como, porquê, foi este grupo de crianças para o diabo de uma gruta a todos os títulos perigosa? Como é que venceram tantos obstáculos para chegar onde chegaram? A fazer fá nas descrições das televisões, há zonas de galeria onde quase não se cabe, outras com água permanentemente, uma escuridão total. O que me espanta é o facto de os garotos terem seguido em frente, pelos vistos sem receio evidente. Mais me surpreende o treinador que os acompanhava (ou apenas foi à procura deles? No primeiro caso, não teria este ex-monge budista dez gramas de bom senso para verificar que aquele percurso era extremamente perigoso em qualquer altura do ano e mais ainda na época das chuvas? )

De todo o modo, as crianças foram encontradas em estado satisfatório, calmas e inclusivamente escreveram cartas para os pais notáveis de coragem e calma. Parece ser o treinador quem está em pior condição porquanto cedeu a sua exígua parte de alimentos aos seus protegidos e também guardou toda a água que lhe caberia para as crianças.

Mais estupefacto fiquei ao saber que as famílias não o culpam antes lhe escreveram a animá-lo. Eu nada sei do antigo Sião apesar de ter lido alguma história antiga e nossa sobre os contactos que, logo no sec. XVI começámos a manter com aquele reino.

De todo o modo, há aqui matéria para refletir. Sobretudo isto: caso a coisa se passasse nos nossos lados ocidentais e europeus ou americanos, como é que estaria tudo? Seguramente pior, absolutamente histérico e, por isso mesmo, com menos hipóteses de sobrevivência. Algo se tem de aprender com aquela velha civilização.

 

Quem nos acode?

As abelhas estão em risco. Em grande risco. Ao que parece, não me atrevo a ser categórico pois nada sei do assunto, a coisa pode dever-se ao uso indiscriminado de produtos aplicados nos campos para proteger as plantações. As abelhas seriam as primeiras mas não as únicas (longe disso!) vítimas. Todos os restantes insectos, boa parte dos pássaros e até alguns pequenos mamíferos sofreriam, directa ou indirectamente, devido aos efeitos dos venenos que se espalham pelo campo. Por outras palavras, aqueles insecticidas matam tudo. Bichos maus, simplesmente inúteis e os restantes de que a flora depende para a polinização. Sem abelhas esta não ocorre. Sem abelhas não há mel, mas também não há fruta, legumes e tudo o resto.

De há anos a esta parte que todos notavam uma diminuição sensível na quantidade de aves quer autóctones quer migrantes, seja das nidificantes seja das invernantes.

Que a União Europeia não se entenda quanto aos desgraçados que lhe chegam em catadupa do resto do mundo, consigo perceber mesmo se isso me doa. Nós portugueses somos migrantes desde sempre ou quase. A fome, a sobre-população, a miséria atiraram-nos para as Índias, para os Brasis, menos para as Áfricas e mais recentemente para o resto da América e para a Europa. Alguns, mas de todo o modo uma pequena minoria, também saíram da pátria madrasta por perseguição política mas, nesse caso, conseguiram organizar-se melhor por mais cultos, mais capazes de encontrar solidariedade nos locais de destino. A grande, imensa maioria, comeu o pão que o diabo amassou, sobreviveu nas selvas das grandes cidades em bairros infames e construiu aí, a partir de quase nada, um futuro.

Todavia, as abelhas, as joaninhas, os pardais, os tordos, os coelhos, as lebres ou os abutres do Alto Douro não parecem estar representados em Estrasburgo ou Bruxelas. E, no entanto, o seu deles futuro implica, directa e dramaticamente, o nosso. Ou o dos nossos filhos. Ou o dos filhos dos filhos dos nossos filhos como rezava a belíssima canção dos Moody Blues...

 

Amigos: o sal da vida

Há uma dúzia de dias, almocei na “Adega da Tia Matilde” com o Francisco Belard e o José Quitério. Somos amigos desde há muito, quase desde sempre. O Zé foi meu colega numa Coimbra estúrdia e bem humorada. Poderia tê-lo conhecido na Figueira onde, em miúdo ele passava férias. Todavia eu brincava na praia a meio caminho de Buarcos e ele, ficava-se pela da Figueira a que hoje chamamos “do Relógio”. Nunca nos cruzámos, apesar de termos amigos comuns desde esse tempo. O Francisco já o conheci em meados de setenta nas sessões do Festival de Cinema da Figueira. Isto, esta velha e cúmplice amizade, já leva uns bons quarenta anos e foi fortalecida por várias sessões das “correntes d’escrita” da Póvoa do Varzim. Tanto que até há um cartaz do evento onde somos, o Bélard e eu, cabeças de cartaz.

O Zé está quase como sempre: inteligente, espirituoso, culto e excelente conversador. Porém, os olhos, os sacanas dos olhos, é que não o acompanham. Eu sempre o conheci munido de uns óculos fortíssimos atrás dos quais se escondiam dois olhos azuis e amigáveis. Olhos que viam, que sabiam, que perguntavam. E que, às vezes, respondiam. Depois uma doença malvada fez-lhe o mesmo que à minha Mãe. Também ela excelente leitora está reduzida a ver pouco mais do que manchas, vá lá as grandes eindecisas figuras de filhos, netos, bisnetos e amigas. Logo ela que lia tudo o que apanhava à mão com alguma última preferência pelas revistas do Público, do Expresso, do El País, da Visão. Artigos que tinham a vantagem de poder ser lidos com mais rapidez e menos esforço do que um livro compacto. Mas algo que a punha em contacto com o mundo a que ela dedicou desde sempre uma formidável atenção. Agora, resta-lhe o rádio que ela ouve pelas manhas bem cedo e à noite já deitada.

Ora o Zé tinha a mesma obsessiva atenção, a mesma ansiosa pesquisa das notícias, a mesma permanente indagação. Desde Coimbra que lhe conhecia a curiosidade, a cultura magnífica o amor pela leitura, como pela música e pelo cinema. Disso se ressentiam esplendidamente os seus textos no “Expresso”, textos que garantiam uma multidão de leitores fieis seduzidos por uma escrita limpa, saborosa e inteligente. O Zé Quitério aproveitava a boleia da gastronomia para fazer entender uma voz portuguesa mas cosmopolita. No que escrevia havia sempre diferentes níveis de leitura o que lhe trouxe leitores de todas as classes. Porque ele escrevia , e bem, muito bem, um português acessível onde se notava a pegada forte dos bons clássicos que ele conhecia na palma da mão. Fosse eu dos que mandam na televisãoo e o Zé Quitério teria uma coluna semanal ou quinzenal em que bem entrevistado poderíamos todos continuar a nossa alegre e substanciosa aprendizagem de um país e de uma cultura de que ele é um excelente representante. Foi isso, aliás, que o fez credor do prémio Universidade de Coimbra 2015. Por uma vez, a nossa velha escola mostrou que percebia bem o mundo em que se encontrava e premiava um estudante rebelde que frequentou de leve os Gerais e a Via Latina. E que teve a “sorte” de ser chamado para a guerra ainda a meio do curso que não o entusiasmava. No regresso já não voltou à Academia . Assim, em vez de um eventual jurista desanimado e desconfortável na sua pele, tornou-se num escritor e jornalista unanimemente respeitado. E saboreado...

 

*na gravura José Labaredas, mcr, Zé Quitério e Tó Aires Rodrigues em laboriosa sessão de estudo num café na Sé Velha que no meio da Alta povoada se chamaria (ó memória, não me atraiçoes!) Oásis!

O leitor (im)penitente 207

d'oliveira, 09.07.18

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Um regresso em grande

mcr 8.7.18

 

Regressa Maria Judite de Carvalho, a autora de (entre outros milagres) “Tanta gente, Mariana”. È pela mão de uma nova editora (Minotauro) que volta ao convívio dos leitores e logo com livro duplo (A “Tanta gente...” juntaram “As palavras poupadas”). Força amigos que já tem que ler em férias. Ler e surpreender-se; surpreender-se e maravilhar-se; maravilhar-se e perguntar como é que foi possível tanto e tão longo silêncio à volta desta mulher.

Quem esforçadamente me acompanha sabe que o feminismo não é o meu peditório, mesmo se, também talvez tenham reparado, abomine o “machismo” e outras singularidades que tornam o mundo mais triste e mais cruel. Melhor dizendo: irrita-me soberanamente algum feminismo estridente que entende que para dar à Mulher o seu justo no lugar há que rebaixar a macharia sem olhar a diferenças ou distinguos.

No entanto, e no capítulo literatura moderna portuguesa, o lugar das mulheres tem aparecido sempre em letra minúscula. É verdade que, em seu tempo, se falou das 3 Marias graças ao perfume de escândalo da “Novas Cartas Portuguesas”. Também é verdade que Agustina Bessa Luís e Sofia de Melo Breyner Andresen foram presenças importantes nos meios de comunicação social. O mesmo se passou, ainda que em períodos muito curtos, com Maria Velho da Costa. Porém, pouco ou nada resta da passagem de muitas outras –e, com a única excepção de Isabel da Nóbrega (“Viver com os outros”) só vou citar autores já desaparecidas: Irene Lisboa, Fiama Hasse Pais Brandão, Luísa Neto Jorge, Fernanda Botelho, só para exemplo. Medem-se, sem favor, com os melhores escritores seus contemporâneos mas, mesmo num país onde a maioria dos leitores é feminina, a sua recepção crítica, o volume de vendas e o eco público foram sempre menores. Como se vê, não são só os homens os maus da fita aqui.

O fenómeno não é estrictamente nacional e, em todos os domínios, mormente no político, o ocultamento das mulheres foi regra. E nisto incluo alguns estandartes do movimento comunista internacional. À excepção de Rosa Luxemburgo, as mulheres russas, chinesas ou cubanas aparecem fugazmente, na sombra dos homens, mesmo os mais medíocres. Da revolução russa, conhecem-se de viés, Clara Zetkin ou Inessa Armand (esta última reduzida praticamente a amante de Lenin). De Cuba nada, o mesmo se pode dizer do Vietnam ou da China, onde, entretanto, Mao Ze Dong afirmava que “as mulheres eram metade do céu”. Até a anarquista (ou socialista revolucionaria?) Fanya Kaplan, autora do atentado contra Lenin foi, mais tarde, quase ilibada atribuindo a um tal Protopokov (não garanto o nome) a autoria do atentado.

Não irei cair no exagero (se é que o é...) de afirmar que MJC foi ofuscada pelo marido, o também escritor Urbano Tavares Rodrigues. Porém se quisermos saber deles, MJC aparece sempre como mulher daquele, enquanto Urbano tem direito a referencias sólidas sem o peso da companhia da escritora que, a meus olhos insensatos, lhe é claramente superior.

Assim vai o mundo.

 

A CLARA FALOU CLARINHO, PASSOU-SE…

JSC, 08.07.18

Estou farto de ouvir falar da Madona. Não pela Madona, antes pelo prol de comentadores/jornalistas/políticos populistas que se servem da Madona para criticar e até insultar os portugueses.

 

Clara Ferreira Alves, escritora/jornalista/comentadora, no Eixo do Mal, até lembrou Byron e Eça para mostrar quanto os portugueses bajulam os estrangeiros. É de mais!

 

As Câmaras Municipais, todas as Câmaras, têm uma tabela de taxas e licenças ou de taxas e preços. As condições de ocupação do domínio público ou do domínio privado da autarquia estão lá definidas, incluindo as condições financeiras. Aprovadas pelo executivo e até pela Assembleia Municipal, cabe aos serviços aplicar a tabela de taxas e preços. Onde está o problema da ocupação precária em causa?

 

Mas a escritora/jornalista/comentadora vê problema. E o problema, segundo ela, está logo na cara de menino do presidente. Diz ela: “Medina tem um lado qualquer infantil, ele tem uma cara infantil”.   Com esta tirada, a comentadora Clara está ao nível daquele Senhor que disse que lhe bastava olhar para a cara… para ver que era pedófilo… e, por consequência, condenar…

 

Bom, também poderíamos dizer que bastar olhar para a cara e para os trejeitos da senhora para se ver quanto esganiçada é e toda a carga de pedantismo que transporta para o pedestal em que se põe.

 

A afirmação mais estapafúrdia que saiu daquela desenfreada corrente verbal foi quando acusou, disse: “foram buscar o contrato logo a seguir, fizeram o contrato no fim de semana para o apresentar”.

 

Estamos perante uma afirmação grave, feita por alguém que tem uma intervenção pública de largo alcance. Não pode ser mais uma afirmação. Deve ter consequências. O Presidente da Câmara deve pedir um inquérito à Procuradoria ou, em alternativa, a Procuradoria tomar a iniciativa de o realizar. Têm duas pessoas para ouvir, desde já. A Comentadora Clara e o Coordenador do programa, que parece ter informação sobre o caso porque afirmou que o facto de dizerem que o documento “tem data de janeiro não garante… que tenha sido feito em Janeiro.

Há dias e dias 1

d'oliveira, 03.07.18

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Há dias e dias 1

 

3.Jul.18 

 

mcr 

 

Éramos pouco mais de um quarteirão no enterro da Fernanda da Bernarda. Alguns não puderam vir por questões de saúde: nenhum de nós está a ir para novo. Muitos não souberam ou souberam tarde de mais para ir de longada até Setúbal. Todavia, lá estávamos, um punhado de relíquias ou de sobreviventes, como queiram descrever-nos. Mais cabelos brancos, ou nem isso que as calvas não eram poucas. Como de costume, as mulheres (as raparigas do nosso tempo...Ah! Como isso vai longe...) mostravam-se mais bem conservadas. Elas defendem-se melhor dos infortúnios da idade, sabem fintar o tempo e a solidão bem melhor do que os homens. No meio do desgosto, mesmo se isto era uma morte anunciada e, porque não dizê-lo, de certo modo desejada (uma esclerose múltipla rebenta com o melhor e o mais corajoso e não é boa de ver para as testemunhas compadecidas e impotentes), foi bom rever velhos, velhíssimos amigos e camaradas de outros tempos, quiçá de outro lugar tais as mudanças a que assistimos nestes bons cinquenta anos que nos separam da nossa “juventud, divino tesoro” (Ruben Dario, leiam-no por favor que ele é um dos maiores, dos melhores, dos mais modernos poetas latino americanos –que digo? – universais).

Há um par de semanas, encontrei uma velha conhecida (bem mais nova do que eu, aliás) que depois de um par de beijos repenicados, várias perguntas e outras tantas respostas, me disse “estamos vivos”. Lá estar estamos mas já aproximamo-nos do tempo de viver por empréstimo, já há quem nos olhe de soslaio, somos um peso no Orçamento da CGA ou da Segurança Social. As criaturas idosos são caras em termos de saúde, ocupam demasiado espaço nos hospitais quando não se tornam um custo insuportável por lá terem sido abandonadas.

 

O jornal de hoje menciona um livro de Steibeck (prémio Nobel nos inícios de 60) em que ele descreve uma viajem pela Rússia na companhia de Robert Capa, extraordinário fotografo. Comprei-o há dias mas ainda não o abri. Prometi a mim mesmo começar ainda este mês. Steinbeck venceu o Nobel depois do júri se ter dividido entre Lawrence Durrel (o autor do “Quarteto de Alexandria”, do “Quinteto de Avignon” e de mais uma série de belos livros onde não faltam dois ou três bem humorados sobre s suas aventuras como diplomata) e Graham Greene, o grande escritor “católico” (porque raio se apõe sempre a religião no caso dos católicos? Já Bernanos, outro grande, sofreu a mesma “capitis diminutio...) que deixou meia dúzia de grandes romances com destaque para “O terceiro Homem”, “O fim da Aventura, “O Poder e a Glória” ou “O nosso agente em Havana”.

Steinbeck foi, posteriormente, muito injustiçado pela crítica pretensiosa que achava que era preciso diminuí-lo para exaltar Hemingway ou Faulkner como se não bastassem a estes dois últimos a enorme qualidade que tinham. Eu, comecei Steinbeck muito cedo, era autor lá de casa e muito adolescente já tinha “aviado” “A leste do Paraíso” e “As vinhas da Ira”. Um pouco mais tarde foi a vez do emocionantes “Noite sem lua” e “Batalha duvidosa”. Mais tarde ainda li divertidíssimo “Tortilla Flat” e “Cannery Row” e o belo “Viagem com o Charley” e devo ter visto três ou quatro diferentes encenações de “Ratos e Homens”, uma peça que não pode falhar num repertório teatral digno desse nome.

Será que Steinbeck vai ressuscitar em Portugl como já acontece com Somerset Maugham, outro injustiçado?

 

À selecção nacional sucedeu o que há muito se previa. Arrastou-se, deprimente e deprimida, pelos relvados do Mundial, sem nunca ter dado um ar da sua graça. O eficiente Uruguai exectou-a sem piedade. Os jornais juram que no campo teve mais domínio de bola, mais isto e mais aquilo. Mas o Uruguai teve os dois golos. Por mero acaso, o treinador português, Fernando Santos, sempre disse que num jogo a única coisa que vale é vencer. Bonito ou feio, artístico ou peado, o que vale á a vitória. Bom seria que os órfãos da selecção do “melhor do mundo e mais dez” se lembrassem disso e do que isso significa em termos de espectáculo desportivo. Ter sido campão da Europa (aliás um bambúrrio...) tem tanta importância como “os sinos da velha Goa e os canhões de Diu” expressão muito em voga no tempo da glórias e desventuras coloniais.

 

O senhor Primeiro Ministro e mais alguns ajudantes foi prometer iniciar as obras de requalificação do IP 3 (Coimbra Viseu). A ver vamos.

Entretanto, o que se viu foi a imagem das bordas da via atafulhadas de mato. Perguntado por isso, por esse convite ao fogo, o senhor presidente das Estradas de Portugal, escafedeu-se sem vergonha sem dizer água vai. Não percebo como é que ao menos um jornalista não o tenha perseguido sem descanso até a criatura reagir. Fica-nos da televisão a sua postura patética e pateta. Este cavalheiro é pago com os nossos impostos. Tem obrigatoriamente de responder.

 

A Dívida Pública (com letra grande e tudo) aumentou. É a mais alta de sempre. Aumentou tanto ou mais do que os protestos dos senhores professores, dos corpos constituídos da funçanata pública, dos avisos do BE e do PCP que mesmo perante esta evidência teimam em exigir mais dinheiro e para já, ao mesmo tempo que, inconstitucionalmente (repito, inconstitucionalmente) votam sobre o imposto sobre combustíveis sem perceberem que isso, aliás as consequências disso, é ”diminuir a receita do Estado” consagrada no Orçamento. É para isto que aquela gentinha se reúne no Parlamento?

 

* a gravura: máscara Fang  tipo "jano"