au bonheur des dames 432
E o Natal?
mcr, 30 de Novembro
Não sou religioso e, por isso, as festividades natalícias incomodam-me pouco. Mesmo se costume, com escasso entusiasmo mas sem qualquer sacrifício, tomar parte nas reuniões familiares que, agora tem o atrativo de haver um neto e três sobrinhos netos.
Em boa verdade, a minha enteada não me perdoaria a falta, porquanto suspeito que ela é a pessoa que mais se diverte (e mais trabalha e se cansa) nas celebrações.
Ora este ano, com a pandemia a ferrar-nos na canela (e não só...) a coisa está complicada. Desconfio que a vontade do Governo é fechar o povo em casa e avisar que para o ano também há natal para os que sobreviverem. Confesso que, uma vez sem exemplo, estou tendencialmente de acordo. Mão creio que as melhorias (isto é a baixa continuada de infecções, mortes e internamentos hospitalares desça tanto quanto se gostaria até à penúltima semana de Dezembro e, também, receio que um Natal demasiado liberal traga um forte surto a partir do início de Janeiro.
Note-se que nem sequer estou a pescar nas águas mais que duvidosas da teoria de uma terceira vaga. Para já, estamos - e com que força – metidos na segunda . Vamos acabar primeiro com esta e depois logo se verá.
Uma coisa é já cert: Não irei a Lisboa, como de costume, passar uns dias pré-natalícios com a minha Mãe e o meu irmão. Aliás já os não vejo desde princípios de Outubro e, pelo andar da carruagem, ainda faltarão uns meses para essa tradicional e mensal reunião familiar.
E isto leva-nos à vacina. Soube-se hoje que Portugal irá receber 22 milhões de doses. Ptrsume-se que em Janeiro, mal estejam concluídas as tarefas da Agencia Europeia do Medicamento bem como as da sua congénere norte-americana cujo prestígio e competência não terão sido afectados pela (des)governação de Trump.
A propósito, relembrando um post recente, continuo (e pelos vistos não estou só, bem pelo contrário) tremo só de pensar no famigerdo plano nacional de vacinação. Consta que será entregue dentro de, no máximo 10 dias.
Curioamente, na maioria dos países europeus, noticia-se que os planos estão prontos e aprovados alguns há mais de um mês. É evidente que esses países que não tem uma radiosa ministra como nós, começaram a tratar disto em Abril, Maio e finalmente em Junho.
Nem vou comentar o que cá se passa, por inútil, para não me irritar, nem, mais uma vez, me queixar deste fado de ser português.
Aliás, suspeito que o atraso na criação de uma comissão, mesmo sendo habitual, teve também a finalidade de evitar discussões, escrutínio dos interessados que somos nós todos, os cidadãos. Em Portugal a noção de cidadão confunde-se, confundiu-se sempre, com a de súbdito.
Também, pelos vistos, corre que numa primeira fase não se recorrerá às farmácias. Tendo em vista as bichas à porta dos centros de saúde, isto vai ser um pandemónio. E no pino do inverno, com o frio, a chuva e o mau tempo, aí está uma oportunidade de ouro para gripes, resfriados e constipações.
Ainda hoje, li no “El País” os critérios de vacinação (o jornal é datado de sábado mas, por razões extraordinárias só chega no domingo, dia em que o meu quiosque está encerrado...). Como os espanhóis são uns selvagens, lá está escrito, preto no branco, que os idosos seja qual for a idade estão no primeiro grupo. O mesmo aliás sucede em vários outros países que já publicaram os respectivos critérios e que no sábado e no domingo foram dados a conhecer nas nossas televisões.
E já que de idosos se fala (eu horrorizo-me com esta mania da correcção de linguagem. Há, pelos vistos, quem pense que a palavra velho é um insulto. Como tantas outras, por exemplo, preto. Agora não há pretos mas apenas africanos. Ou com alguma sorte, negros. Também não há cegos mas invisuais. Só os cretinos continuam cretinos mas ai de quem os nomeie assim. Eles ofendem-se...
Portanto, os idosos, os velhinhos e nesse grupo os que estão internados em lares. E que são alvo preferencial e continuado do vírus. Só hoje, pelo que ouvi no noticiário da uma, mais seis lares estão na berlinda, num total de infectados que ultrapassa o meio milhar. Isto sem contar com funcionários.
Esta questão preocupa-me por uma simples razão. Não há visitas há semanas, o vírus não esvoaça alegremente por aí nem dá pinotes para escalar as paredes e entrar pelas janelas. Como é que penetra com um tão grande à-vontade nesses meios fechados?
A única resposta possível, excluindo fantasmas e milagres do Demo, é queo vírus entra de braço dado com os funcionários. E a pergunta põe-se: então nõ há precauções especiais por parte destes, por parte das administrações dos lares, não há testes contínuos?
Eu não quero prender os funcionários dos lares dentro do seu local de trabalho mas dada a quantidade de lares diariamente infectados e sempre às dúzias, aos quarteirões e mesmo a passar da centena. Não há meio de prevenir esta contínua cadeia de infecção?
Responda quem souber.
Incidentalmente: pelos vistos, em Guimarães cidade que regista uma altíssima taxa de infecções, uns centos de imbecis reuniram-se na praça central da cidade para protestar contra a proibição das festas “nicolinas”. ). E horas depois, alta madrugada, reincidiram ainda que em menor número
A polícia, mansamente, lá foi “dialogar” com esta caterva de inconscientes. Se fosse para uma festa num bairro cigano ou num ghetto africano, ia a polícia de choque, haveria tiros, prisões, bordoada grossa. (E protestos subsequentes das boas almas). Não faz mal, é natal, é natal, em Portugal.