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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 432

d'oliveira, 30.11.20

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E o Natal?

mcr, 30 de Novembro

 

 

Não sou religioso e, por isso, as festividades natalícias incomodam-me pouco. Mesmo se costume, com escasso entusiasmo mas sem qualquer sacrifício, tomar parte nas reuniões familiares que, agora tem o atrativo de haver um neto e três sobrinhos netos.

Em boa verdade, a minha enteada não me perdoaria a falta, porquanto suspeito que ela é a pessoa que mais se diverte (e mais trabalha e se cansa) nas celebrações.

Ora este ano, com a pandemia a ferrar-nos na canela (e não só...) a coisa está complicada. Desconfio que a vontade do Governo é fechar o povo em casa e avisar que para o ano também há natal para os que sobreviverem. Confesso que, uma vez sem exemplo, estou tendencialmente de acordo. Mão creio que as melhorias (isto é a baixa continuada de infecções, mortes e internamentos hospitalares desça tanto quanto se gostaria até à penúltima semana de Dezembro e, também, receio que um Natal demasiado liberal traga um forte surto a partir do início de Janeiro.

Note-se que nem sequer estou a pescar nas águas mais que duvidosas da teoria de uma terceira vaga. Para já, estamos - e com que força – metidos na segunda . Vamos acabar primeiro com esta e depois logo se verá.

Uma coisa é já cert: Não irei a Lisboa, como de costume, passar uns dias pré-natalícios com a minha Mãe e o meu irmão. Aliás já os não vejo desde princípios de Outubro e, pelo andar da carruagem, ainda faltarão uns meses para essa tradicional e mensal reunião familiar.

E isto leva-nos à vacina. Soube-se hoje que Portugal irá receber 22 milhões de doses. Ptrsume-se que em Janeiro, mal estejam concluídas as tarefas da Agencia Europeia do Medicamento bem como as da sua congénere norte-americana cujo prestígio e competência não terão sido afectados pela (des)governação de Trump.

A propósito, relembrando um post recente, continuo (e pelos vistos não estou só, bem pelo contrário) tremo só de pensar no famigerdo plano nacional de vacinação. Consta que será entregue dentro de, no máximo 10 dias.

Curioamente, na maioria dos países europeus, noticia-se que os planos estão prontos e aprovados alguns há mais de um mês. É evidente que esses países que não tem uma radiosa ministra como nós, começaram a tratar disto em Abril, Maio e finalmente em Junho.

Nem vou comentar o que cá se passa, por inútil, para não me irritar, nem, mais uma vez, me queixar deste fado de ser português.

Aliás, suspeito que o atraso na criação de uma comissão, mesmo sendo habitual, teve também a finalidade de evitar discussões, escrutínio dos interessados que somos nós todos, os cidadãos. Em Portugal a noção de cidadão confunde-se, confundiu-se sempre, com a de súbdito.

Também, pelos vistos, corre que numa primeira fase não se recorrerá às farmácias. Tendo em vista as bichas à porta dos centros de saúde, isto vai ser um pandemónio. E no pino do inverno, com o frio, a chuva e o mau tempo, aí está uma oportunidade de ouro para gripes, resfriados e constipações.

Ainda hoje, li no “El País” os critérios de vacinação (o jornal é datado de sábado mas, por razões extraordinárias só chega no domingo, dia em que o meu quiosque está encerrado...). Como os espanhóis são uns selvagens, lá está escrito, preto no branco, que os idosos seja qual for a idade estão no primeiro grupo. O mesmo aliás sucede em vários outros países que já publicaram os respectivos critérios e que no sábado e no domingo foram dados a conhecer nas nossas televisões.

E já que de idosos se fala (eu horrorizo-me com esta mania da correcção de linguagem. Há, pelos vistos, quem pense que a palavra velho é um insulto. Como tantas outras, por exemplo, preto. Agora não há pretos mas apenas africanos. Ou com alguma sorte, negros. Também não há cegos mas invisuais. Só os cretinos continuam cretinos mas ai de quem os nomeie assim. Eles ofendem-se...

Portanto, os idosos, os velhinhos e nesse grupo os que estão internados em lares. E que são alvo preferencial e continuado do vírus. Só hoje, pelo que ouvi no noticiário da uma, mais seis lares estão na berlinda, num total de infectados que ultrapassa o meio milhar. Isto sem contar com funcionários.

Esta questão preocupa-me por uma simples razão. Não há visitas há semanas, o vírus não esvoaça alegremente por aí nem dá pinotes para escalar as paredes e entrar pelas janelas. Como é que penetra com um tão grande à-vontade nesses meios fechados?

A única resposta possível, excluindo fantasmas e milagres do Demo, é queo vírus entra de braço dado com os funcionários. E a pergunta põe-se: então nõ há precauções especiais por parte destes, por parte das administrações dos lares, não há testes contínuos?

Eu não quero prender os funcionários dos lares dentro do seu local de trabalho mas dada a quantidade de lares diariamente infectados e sempre às dúzias, aos quarteirões e mesmo a passar da centena. Não há meio de prevenir esta contínua cadeia de infecção?

Responda quem souber.

 

Incidentalmente: pelos vistos, em Guimarães cidade que regista uma altíssima taxa de infecções, uns centos de imbecis reuniram-se na praça central da cidade para protestar contra a proibição das festas “nicolinas”. ). E horas depois, alta madrugada, reincidiram ainda que em menor número

A polícia, mansamente, lá foi “dialogar” com esta caterva de inconscientes. Se fosse para uma festa num bairro cigano ou num ghetto africano, ia a polícia de choque, haveria tiros, prisões, bordoada grossa. (E protestos subsequentes das boas almas). Não faz mal, é natal, é natal, em Portugal.

 

 

 

au bonheur des dames 431

d'oliveira, 29.11.20

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Mais fake news para enganar as pessoas de bem

(o “Público” ao serviço da "reacção”)

mcr, 29 de Novembro, 2020

 

O jornal “Público” traz nas páginas 2 e 3 um extenso artigo sobre o que, só por clara má fé, o jornal titula “Governo criticou no Conselho da UE (a) defesa do Estado de Direito). Aliás, tripudiando na intriga, no desdouro e na campanha anti-governamental, o matutino faz uma chamada na 1ª página para esse conjunto de falsidades contra os virtuosos pais da p´tria que nos governam.

Tudo no artigo merece a mais severa desconfiança:

Citam-se actas secretas do Conselho, roubadas (!?) à Delegação Alemã à reunião do CE realizada a 12 de Novembro de 2018 (segunda feira) e em que interveio uma senhora Secretária de Estado dos Assuntos Europeus que se chamaria Ana Paula Zacarias-

Como se sabe, não houve um dia 12 de Novembro em 2018, passou-se directamente de 11 para 13 para acertar o calendário juliano ao gregoriano.

E muito menos tal dia, que, repete-se, nunca existiu poderia cair a uma segunda feira. Em boa verdade as alegadas actas alemãs usam a palavra Montag para nomear o segundo dia da semana e nunca “segunda feira”

Quanto à alegada senhora Ana..., não existe, é mais uma invenção do jornal.

Ainda nessas actas o que poderia ler-se é “ITA e PRT foram muito críticos e questionaram a proposta, incluindo a falta de ligação entre o Estado de direito e o orçamento...”

Finalmente, e quanto a este ponto, qualquer pessoa acha altamente surpreendente que actas secretas sejam pilhadas e publicadas. Sabe-se perfeitamente que nunca tal sucedeu seja em que género de documentos for, com a hipotéica excepção dos futebol leaks e de uma imaginosa lista de pessoas e instituiçãooes nuns não menos imaginosos “Panamá papers”

A segunda falsidade consiste na invenção de um deputado polaco, ex-ministro dos Negócios estrangeiros que se chamaria Witold Waszczykowski que, ao telefone, afirmou que “Portugal jogou do nosso lado” no apoio à Hungria

Como se sabe ninguém consegue a proeza de se chamar Waszczykowski. Primeiro tem dois “W”, depois dois “K”. E nem sequer se fala nos dois “S”!... Um nome destes só pode ter saído da imaginação delirante do jornalista. Ainda por cima o nome só se pode pronunciar escarrando tal a profusão de consoantes seguidas quatro na 1ª parte e três na 2ª.

Outra clara inventona é a referência a uma alegada “Investigate Euopa” que, afirma-se seria um projecto iniciado em Setembro de 2016 e que “junta jornalistas de 9 países” e é financiado por 7 fundações (logo sete!!!) de nomes impronunciáveis e nacionalidades variadas.

Em quarto lugar, alega-se que “Portugal ajudou com uma posição crítica no Conselho a adiar a aprovação” de um acordo que fizesse a ponte entre as posições da Hungria e da Polínia e uma outra já suavizada proposta de países nórdicos e ocidentais. Ou seja, na tentativa de alcançar um acordo decente para aprovar a bazuca , houve países que cediam um pouco desde que a Hungria e Polínia fizessem o mesmo. Portugal, sempre serviçal apresentou uma proposta que mediava a posição de uns (o segundo grupo) e de outros (os dois reticentes). Tal posição teria sido asperamente recusada e acusada de subverter a a defesa do Estado de Direito.

Por ultimo, aparece uma outra coisa chamada “transparência Internacional” que condena a posição de Portugal.

Cereja no bolo: inquirida sobre isto, a senhora candidata Ana Gomes “ficou surpreendida” com a posição do Governo português. E mais disse que nunca, enquanto deputava europeiamente, o Governo lhe revelou quaisquer posições menos acordes com a defesa do Estado de Direito porquanto (sic) “se calhar nunca quiseram discutir isso comigo para não me desvendar qual era o posicionamento que o Governo português estava a defender no Conselho”

Está bem de ver que, inconformada com a falta de apoio do PS à sua candidatura, Ana Gomes dispara a matar. Isto se, porventura, existe alguma Ana Gomes, se essa criatura ffoi deputada europeia e se alguém com esse nome está a disputar o lugar de Marcello Revelo de Sousa.

.........

Eu, leitor compulsivo de jornais ou pelo menos do Expresso, Público, El País, Le Monde, La Reppublica e eventual de outros de outras latitudes, sou de meu natural “um ingénuo”, um tótó que cai em todas as esparrelas jornalísticas e em todas as parangonas publicadas com o único fito de vender jornais. Foi assim que há escassos dias meti a pata na poça ao referir uma notícia sobre as vacinas contra o covid e a estratégia com que seriam aplicadas.

Em minha defesa apenas consigo apresentar a senhora presidente da APRE, o senhor Primeiro Ministro e o senhor Presidente da República que foram tão ludibriados quanto eu.

Agora, já prevenido, resolvi publicar este texto e provar urbi et orbi que como os antigos filiados da MP respeito pais e superiores e estou sempre pronto para defender o bom nome da pátria, o prestígio do Governo e a sagacidade de quem benignamente nos governa

Respeitosa e patrioticamente crítico.

Viva Portugal!

 

diário político 213

d'oliveira, 28.11.20

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Se...

(à maneira de Kipling)

d’Oliveira, confinado e zangado, fecit no dia de Santa Catarina Labouré

 

Se o Bolsonaro, um ignaro e ignorado deputado brasileiro conseguiu vencer uma eleição presidencial ...

Se um ricaço de mau gosto, pretensioso, machista e ignorante conseguiu ganhar as eleições de há quatro anos na América ...

Se depois de uma governação caótica, crivada de zangas, de críticas de todo o lado, o mesmo indivíduo obtém, depois de um desgoverno da pandemia. um espantoso resultado traduzido em maior número de votos mesmo se abaixo de Biden (felizmente)...

Será que um obscuro comentador de futebol, e agora deputado, conseguirá ter uma votação significativa, digamos um 2º ou 3º lugar depois de Marcelo?...

A seu favor tem o vitimismo da cerca sanitária, os erros de certos partidos populistas de esquerda, o exemplo de crescimentos de votação semelhantes na França e na Itália onde a direita populista ganha no terreno que já foi dos partidos comunistas.

O mesmo de resto se passa na Alemanha, a “Alternativa” (nome significativo nasceu, desenvolveu-se e marca pontos na antiga República Democrática e não no Oeste.

“Yo no creo en brujas pero que las hay, las hay”

* a imagem de Santa Catarina Labourée e sobretudo a famosa medalhinha miraculosa são de aconselhar para o conturbado período que se aproxima. Esta santinha, menos famosa do que as restantes santas com o mesmo nome, passou à posteridade como exemplo de modéstia e humildade como se pedia bo século XIX às "filhas da Caridade"

 

 

 

au bonheur des dames 430

d'oliveira, 28.11.20

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Se valesse a pena...

mcr, 28 de Novembro de 2020

 

se valesse a pena, se o destinatário soubesse ler e entender o que está escrito e fosse capaz de pensar fora da caixa ideológica onde se tem mostrado encerrado, eu dar-me-ia ao trabalho penoso de lhe escrever umas breves linhas como se fazia nos séculos passados, tentando chamar a atenção para situações surpreendentes.

 

Por exemplo: a sr.ª Ministra da Saúde deu uma entrevista à Rádio Renascença fartamente reportada pelo “Público” onde afirmou, entre outras coisas dignas de pasmo, que havia ainda 500.000 doses de vacinas para a gripe.

Ora ocorre que, em dois dias (quinta e ontem) me referiram cinco casos de pessoas que, estando inscritas desde o inicio da campanha de vacinação nos respectivos centros de saúde e, à cautela, em farmácias, não conseguiram até ao momento ser vacinados.

Aliás, quarta feira passada (25/11) entendi perguntar na farmácia que mais frequento se ainda tinham vacinas. A resposta foi tão pronta quanto elucidativa: não tinham, não sabiam se iriam ter não obstante haver uma lista de espera (ou de desespera) longa como a espada de D Afonso Henriques. O meu genro disse-me ontem que anda desesperado por arranjar uma vacina para a mãe, senhora com mais de 70 anos. Está inscrita em duas farmácias e no centro de saúde.

O meu amigo Pedro M. A. afirmou-me, hoje, que nem ele nem a mulher conseguem vacinar-se mesmo se esta, médica actualmente reformada, tivesse tido o cuidado de, a tempo e horas, se inscrever. Ambos de Coimbra, pessoas conhecidas na cidade, tem corrido ceca e Meca para se vacinarem. Sem êxito. Ou seja, nem gente influente, pelo menos com o grau de influência deles (que não são pessoas de mendigar cunhas), tem acesso à vacina. De Lisboa chegou-me uma notícia semelhante mas metendo mais pessoas igualmente idosas, igualmente cuidadosas e inscritas desde o os primeiros dias.

 

Traduzindo em miúdos: em três das maiores cidades do país não há vacinas. A acreditar na Ministra, teremos de pensar que as vacinas em falta se passeiam por Freixo de Espada à Cinta, Unhais da Serra ou Almodôvar. Ou por algum outro mais recôndito lugar do tristonho interior abandonado. Ou nas Berlengas...

Claro que podemos, pura e simplesmente, não acreditar na criatura ministerial que entretanto, entendeu esclarecer os portugueses medrosos, egoístas e estúpidos que na República Checa apenas se importaram uns centos de milhares de doses e na Suécia (ambos países com a mesma população de Portugal) ainda foram menos. Ena, gente corajosa!

Eu não sei onde a pitoresca senhora foi desencantar, a serem verdadeiros, estes números, claro. Desconheço o quanto a gripe se ceva na carninha tenra e inocente e loira de checos e suecos. Pode até acontecer que, sendo eles protestantes na maioria dos casos, aquele contacto mais intimo com Deus e com a Bíblia os livre da gripe e das bexigas doidas. Ou será o frio que os conserva melhor enquanto nós, gente do sul, habituados ao quentinho somos presa fácil do vírus da gripe sazonal.

Conhecendo como conheço (mal) aqueles povos estranhos e nórdicos espanta-me tão robusta constituição física. A menos que, como são dados ao consumo de bebidas brancas fortes isso lhes inocule defesas que a nós, consumidores de vinho nos escapam.

O meu amigo Kapa, sugeriu-me, hoje, à hora da bica matinal que o segredo estaria na cerveja pelo menos no caso dos checos, gente simpática e industriosa que inventou a Budweiser (a verdadeira) e a Pilsner Urquell que, num Berlin longínquo e dividido foi pelos dois John, (big e little) por um sardo, pelo espanhol Martin e por mim próprio, aclamada como a melhor cerveja do mundo. Tal declaração, importante e honesta, foi aliás amparada pelo meu amigo Luís Matias que apenas lhe juntou uma alemã, a “alte Dortmund” (?) que nunca consegui provar e que seria uma cerveja de dupla fermentação. Vários anos depois, mas sempre no âmbito do “Goethe Institut” e dos seus cursos de alemão para estrangeiros, dois cavalheiros japoneses (Abe e Satoro, ambos engenheiros, um de pontes em betão e outro especializado em instrumentos musicais de vento!!!) que me tratavam reverentemente por “Marcero san” e se desfaziam em vénias sempre que me encontravam ( e encontravam-me às duas por três porquanto habitávamos a mesma casa em Murnau) notificaram-me após prolongadas libações nocturnas que, na realidade, a “...Urquell” era a melhor.

Será que na Suécia, pais de gente plácida mas rija, vikings governados por uma dinastia francêsa, também há uma cerveja deste tipo? Já estou a ver uns suecos altos e umas suecas belíssimas a mamarem as bejecas e a gritarem “skall” de cinco em cinco minutos. Não se estão a emborrachar, longe disso, estão a vacinar-se contra a gripe, como aliás o valente soldado Schveik fazia na sua Praga natal.

Deixemos, porém, este interlúdio alcoólico, e voltemos à ministerial criatura. Pode acontecer que, contra as indicações dela, os funcionários e a DGS (oh nome apropriado e antigo!) estejam cavilosamente a guardar as vacinas para mais tarde. Nesse caso, a Ministra não mente mas é incompetente. Isto faz verso mas é perverso. Porque uma Ministra que não tem mão na gentinha que lhe está adjunta e sob as suas ordens pede vassourada grande. Tudo para o olho da rua, Ministra e o resto.

Que há mistério, não restam dúvidas. Que será feito das quinhentas mil doses que mais parecem fantasmas (o da ópera? O de Canterville? ) que remédios?

Portanto, eu escreveria à Ministra mas, confesso-vos, aqui à puridade: não acredito em milagres, nem sequer no bom senso da senhora. Ela pode ser, e é, uma “picareta falante” mas está mais gasta do que as solas dos sapatos de Charlot.

Quanto à criatura da DGS, tirando o duvidoso gosto por broches e pregadeiras que ela ostenta em profusão, perdoando-lhe o português deficiente com que diariamente nos mimoseia, creio francamente que reforma-la e envia-la para um lar seria uma boa acção mesmo se (e para citar um dos seus melhores momentos de inspiração) “impatriótica”...

 

*na vinheta: “Big” John e “little” John . O primeiro jáera um fotógrafo talentoso, o segundo tinha fundado um círculo de ópera na sua cidade natal mas logo que aquilo cresceu e ganhou importância passou o cargo a um músico profissional e desandou para Berlin para aprender alemão. Tornou-se jornalista mas perdi-lhe o rasto. Conheciam Berlin “bei Fuss, ou seja tinham palmilhado aquela imensa cidade que mesmo dividida era enorme. Quando aparecemos com o nosso carro, foi o delírio pois aumentava sempre intra muros o nosso raio de acção e a rapidez com que se chegava a qualquer lado. Temo que a pandemia que anda à solta pelos EUA tenha acabado com ambos que até eram mais velhos do que eu.

A fotografia é miserável mas vou ver se ma restauram. Inde querque estejam, velhos amigos: Schuss!

diário político 212

d'oliveira, 28.11.20

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para quem consiga perceber

d' Oliveira fecit 

Se para pessoas com mais de setenta e cinco anos não está suficientemente provada a eficácia da vacina , porque é que ela vai prioritáriamente ser dada às pessoas internadas em lares que, numa esmagadora maioria, tem idades superiores a esse patamar etário?

E qual será a eficácia das vacinas para as pessoas entre os setenta e os setenta e e quatro anos e onze meses? 

nota este texto destina-se apenas, e só, a quem está em condições de conseguir perceber a razão de todos os noticiarios de rádio e televisão e todos os (ou quase, apontem-me um que não fale do assunto) os jornais se referirem ao assunto. Admite-se que os analfabetos, surdoe e cegos achem boa a medida proposta e fruto de um trabalho sério e responsável. Estão m boa companhia com o Bolsonaro e o Trump. Deus os guarde do vírus... E dos "especialistas"...

 

estes dias que passam 501

d'oliveira, 27.11.20

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Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate

(Dante, Comédia, Inferno 3, 9)

 

ou Este país não é para velhos

mcr, 27 de Novmbro

 

Vem no jornal: estão já definidas, pela “conissão de especialistas nomeada pela DGS (nunca esta sigla foi tão justa!), mesmo que preliminarmente, as três primeiras categorias de cidadãos a ser vacinados contra o covid.

De fora, para já ficam os maiores de 75 anos porque “nem as farmacêuticas nem a Agencia europeia do Medicamento apresentaram prova suficiente sobre a eficiência da vacina neste grupo etário” (sic)-

Isto por cá, porquanto, ainda não consegui ver se no resto da Europa se segue idêntica medida de eugenia nazi.

(declaração de interesses: tenho 79 anos feitos e perfeitos, uma saúde razoável exceptuando os diabetes, ditos da velhice, que estão mais que controlados. Pago, sempre paguei, voluptuosos  - do ponto de vista do Estado usurário – impostos a tempo e horas. Não tenho registo criminal caso não se vá escavar às prisões políticas do antigamente. Voto regularmente (das últimas vezes em branco mas voto) e cumpro as leis, os regulamentos e toda a restante parafernália com que os extremosos pais da pátria nos carregam)

A DGS (sigla famosa há mais de 60 anos, como alguns se lembrarão) e a comissão não merecem que eu, para os caracterizar, use a mais que gasta palavra ”fascista”. Basta-me chamar-lhes nazis, versão torpe e canalha da palavra mussoliniana.

Os “especialistas” homicidas nem sequer são coerentes. Qualquer desgraçada pessoa metida num lar seja qual for a idade é prioritária. Alguém da mesmíssima idade, mas fora do gulag se tiver mais de 75 anos está condenado a esperar.

Eu lembraria a essa quadrilha de eugenistas que talvez, sempre dentro das “competências que parece terem, que recomendem às pessoas com mais de setenta e cinco anos que façam testamento, peçam a extrema unção, paguem já o caixão para evitar despesas estúpidas aos familiares felizmente abaixo dos 75 anos.

Já imaginaram quanto a Segurança Social vai poupar em pagamento de reformas, depois de “aviados” os maiores de 75 anos?

Eu tenho a felicidade de ainda ter uma mãe que vai nos 99 anos, está mais que lúcida, atenta ao mundo e à família, um pouco (bastante) surda (mas tem aparelho) e já sem esperanças de fazer o que mais gostava que era ler. Vou recomendar-lhe que reze, visto que é católica. Já uma tia e um tio ateus não terão a mesma consolação. Segundo a mafia eugenista, eles, com mais de 80 anos, fora de lares, não têm direito senão ao euro-milhões do contágio homicida.

Para terminar: eu até seria capaz de admitir que aos maiores de 75 anos fosse feito um aviso ou seja que fossem prevenidos da falta de resultados, até ao momento, claros e cientificamente comprovados. Poder-se-ia até avisar as pessoas que a vacina correria por sua conta e risco, que teriam de a pagar do seu bolso.

Espero não encontrar nunca nenhum comissário pois estou capaz de garantir que o esbofetearia. Só, dado que não uso armas, sequer um canivete suíço...

Como gritávamos todas as noites em Caxias: Por essa súcia não vai nada? - “P.Q .P.!!!”

 

 

 

au bonheur des dames 429

d'oliveira, 26.11.20

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“colonello falce e martelo”

 

d’Oliveira, 26 de novembro de 20 20

 

 

Ontem, no “Público”, Irene Flumser Pimentel (IFP) publica em duas páginas um texto ensaístico sobre o 25 de Novembro.

Em letra gorda destaca: “as opiniões sobre o que se passou em 25.XI.75 dividem-se consoante o lugar no espectro político em que são expressas. Penso ter chegado a hora de fazer a História dos acontecimentos de há 45 anos” (sublinado meu).

 

IFP é uma historiadora com provas dadas pelo que, depois de já aqui ter sido elogiada, deve ser (também) avaliada por este texto.

A primeira questão que se põe é a seguinte: ao fazer uma resenha muito sumária da cronologia do Verão quente até ao 25N , IFP mete duas datas (29 de Maio e 30 de Agosto) em que revela que no primeiro desses dias houve uma reunião no seio da NATO em Bruxelas com a presença de Gerald Ford (presidente dos EUA) e Henry Kissinger (secretário de Estado). Dois dias depois, os mesmos que andaram em digressão pela Europa, encontraram-se em Madrid com Franco e Arias Navarro. Ponto final parágrafo. O que é que isto tem a ver com Portugal? IFP nada nos diz. Nada!

A segunda data refere um relatório do chefe da CIA, Vernon Walters para Kissinger. Nessa nota sublinha-se “Portugal à beira da guerra civil” (sic). Depois disto outra vez nada.

Convirá aqui acrescentar que a nota do chefe da CIA nada tem de novo. O embaixador americano em Portugal (desde Janeiro desse ano) era Franck Carlucci que não só conhecia bem a situação portuguesa como até, como é sabido de toda a gente, foi um dos poucos políticos americanos que contrariou a tese de que Portugal estaria a caminhar para o comunismo puro e duro.

Por razões varias estive por dois períodos (entre Julho e Setembro) fora do país. Como na altura ainda tinha bastante actividade política, tive oportunidade de em ambos os casos contactar com numerosos amigos políticos (muito à esquerda, devo dizer) e curiosamente em todos mas mais particularmente em vários expoentes do grupo “Il Manifesto” encontrei a mesma preocupação com o que eles chamavam a deriva caótica da esquerda para o abismo. Um prestigiado semanário italiano, o Espresso trazia mesmo uma capa extraordinária “Portogallo: colonello falce e martelo” Foi a Rossana Rossanda quem me mostrou a revista que corri a comprar (devo-a ter entre imensos papéis arrumados a trouxe mouche na cave. Ainda tentei procurar mas só perdendo largas horas e desarrumando caixas, caixotes, dossiers. Outro “compagno” da mesma organização aconselhou-me a ficar por lá até as coisas serenarem mas eu, mesmo desconfiado n-ao queria perder pitada do que cá se passava.

Portanto e para acabar este capítulo: reuniões americanas teão acontecido mas destas, as únicas pescada por IFP, não há rastos em consequências por cá. Aliás, boa parte dos assessores das embaixadas em Portugal – e conheci vários – eram gente das secretas, espiões ou semi-espiões que conseguiam com extraordinária facilidade criar contactos com muita gente de extrema esquerda, que tomava aqueles solícitos diplomatas por camaradas genuinamente interessados no prec e no discurso esquerdista radical. Um dos pecados maiores dessa rapaziada foi justamente o da ingenuidade (autista) com que analisavam a realidade portuguesa sempre a partir do estricto círculo que frequentavam. É bom lembrar.

Recordo que nesse ano, mas mais cedo, fui entrevistado (com seguramente muitas outras pessoas, que eu não fui, não era e não sou importante) por Marcel Niedergang um dos grandes jornalistas do Le Monde. A conversa desenrolou-se tão bem que nesse dia almoçamos juntos e no dia seguinte fui por ele convidado para jantar. Durou horas esse jantar... MN que já percorrera todo o mundo várias vezes mostrava-se muito céptico quanto à esquerda militar e tinha opinião semelhante quanto a boa parte da civil. Num segundo encontro já em Novembro, recordo-me de lhe ter dito que estávamos em vésperas de assistir ao último acto de uma comédia rocambolesca iniciada em Março nas assembleias “selvagens” do MFA.

Continuo persuadido que foi nessa altura que os militares alinhados com o grupo dos 9 começaram a pensar preparar-se para um enfrentamento.

Essa ideia rer-se-á fortalecido quando, começaram a crescer e multiplicar-se as manifestações populares em todo o Norte. Vi, impotente, várias sedes partidárias serem atacadas por multidões expressivas e cada vez maiores. Tentei mesmo, de parceria com o Manuel António Pina entre outros ir defender uma sede mas logo no início dos preparativos de defesa, meti o pé num buraco e andei meses de muletas. Não houve ataque porque, praticamente ninguém sabia que aquele casarão em ruínas era uma sede fantasma ou quase.

A partir de Setembro, comecei (com muitos outros, diga-se) a questionar-me e a questionar as posições cada vez mais aventureiras e fora da realidade do meu pequeno grupo político (MES) Depois de assistir a uma inconcebível assembleia de militantes em Lisboa, sentei-me a uma mesa e escrevi vinte páginas miudinhas de uma assentada. E saí mansamente, envergonhado, zangado comigo e com o mundo. A debandada que já tinha começado antes, continuou de vento em popa e o próprio MES entendeu por bem dar-se por acabado indo ao ponto de entregar mo Tribunal Constitucional uma declaração nesse sentido. Depois os últimos resistentes fizeram uma jantarada. Sabendo disso, eu e o Luís Matias fizemos o mesmo em Paris mas num restaurante com fumos de bom e preços surpreendentemente decentes.

Todavia, e para voltar aos acontecimentos de 75, a Esquerda, especialmente, a extrema, “desatinava”. E desatinava inventando movimentos (os SUV, por exemplo) frentes (a FUP e depois a FUR, enquanto os elementos ligados ao PC se entusiasmavam com o patético discurso de Vasco Gonçalves em Almada e lhe garantiam “força, força, companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço”. Claro que não eram. Nem de tijolo, sequer de tábuas mal juntas.

Bastou que o partido, que pelo menos tinha uma melhor visão do que se passava, desse ordem para travar às quatro rodas, para se assistir ao triste espectáculo de Duram Clemente ser silenciado na televisão.

Os derrotados das assembleias selvagens e os moderados que eram a grande maioria não precisaram de mais de 24 horas para “normalizarem” a turbamulta. O sonho vagamente romantizado e infantil (vá lá: juvenil) de uma sierra maestra à portuguesa, de uma tomada do palácio de inverno ou de um golpe de Praga, morreu na praia.

Que ainda hoje haja um par de saudosistas é tão natural como haver por aí muita gente que traz Salazar no coração (houve mesmo, há um par de anos, um inquérito em que o maior político português era o homem de Santa Comba- E por larga maioria!). Que a verdade do 25 N ainda ande entre eles e o resto da história - e já lá vão quarenta e cinco anos (quase tantos quantos os do Estado Novo).

Claro que haverá sempre quem sustente que a “Revolução acaba por devorar os seus melhores filhos”, citando, sem o ler, Georg Buchner. Não foi, não é, o caso.

No caso em apreço nem isso aconteceu. Os vencidos de 75 são todos coronéis, não houve mortos, ou melhor os que houve eram uns pobres diabos de que já ninguém recorda os nomes... Eram carne para canhão e como tal são (des)tratados.

Grande parte da rapaziada civil desde os que juravam trazer Staline vivo no meigo coração até ao áspero MRPP está bem e recomenda-se. Engrossaram as fileiras do PS ( e mesmo do PSD), deputaram, secerariram e sub-secretariaram, “ministriaram”, dirigiram empresas públicas enfim tiveram tudo o que julgaram merecer. A maioria que ainda não morreu está gorda, calva e aterrada com o covid. E para que não se pense que esqueço as mulheres, direi que provavelmente também sentem a usura dos anos , embora, e por serem mulheres se tenham livrado (ou foramlivradas) das chatices da governação pública ou da administração privada. É a igualdade de género a funcionar...

E voltando à vaca fria: a que título se citam aquelas duas datas “americanas”?

Or aqui está um mistério gozoso e difícil. Será que o sr Melo Antunes ou o senhor Ramalho Eanes eram títeres da CIA?

Se sim que se diga alto e bom som. Se não, a que vem as reuniões?

(só para aclarar a 25 de Novembro não me senti vencedor nem demasiadamente vencido. Por junto, acho que fiquei aliviado. Trinta anos sob o “botas” não merceiam outros tantos em estilo coreano, venezuelano ou ex-países de leste que estão como se vê fresquinhos e muito, mas muito, democráticos.

 

Na vinheta: imagem da “fonte luminosa”, de longe a maior (e com mais consequências) manifestação desse ano tumultuoso.

au bonheur des dames 428

d'oliveira, 25.11.20

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Com o coração nas mãos...

mcr, 25 de Novembro

 

Há seis meses mudei de lentes. Tudo parecia correr bem mas ultimamente comecei a achar que estava a ver pior ou a ver menos bem. Um preopinante como eu, que passou a vida a ler (e se calhar a tresler) não gosta destas situações. Hoje tenho consulta com um oftalmologista que me gabaram muito.

É um tira teimas, pode não ser nada, podem ser cataratas, pode ser sei lá o quê. Seja o que for daqui duas horas ,ais minuto, menos minuto, o veredicto cai. Confesso-vos: estou ansioso, nervoso, amedrontado.

Já me basta a idade que é bastante, as chatices da idade que vão aparecendo desde um dente (outro?...) que desiste aos diabetes (que, apesar de tudo e a confiar na minha médica estão mais que controlados, de já não ser capaz de nadar um cento de metros sem me cansar, para ainda por cima me cair esta confrangedora perda de visão.

Há tempos, fui saber dos meus ouvidos, que também já não são o que eram (eu tinha um ouvido de tísico!...., onde ele já vai...) e o médico simpaticamente foi-me dizendo que “com a idade, V. sabe, as pessoas perdem audição...”. Mas despediu-me, afirmando que não se passava nada de grave, só aquilo, aquela chatice da idade e da perda de audição...

Entretanto, vou aguardando pela vacina do covid, tomarei a primeira que aparecer e me deixarem mas, mesmo isso, está complicado.

Parece que foi nomeada uma comissão! Estamos feitos ao bife! Uma série de países europeus já tem tudo mais que encaminhado, estão só à espera que as doses cheguem. “Nós por cá, tudo...” como dantes quartel general em Abrantes.

Hoje, na farmácia onde fui a mando da CG (que, à cautela, não põe o pé fora de casa) perguntei se já havia algum plano para estabelecer listas de interessados na vacina, como ocorrera no caso da da gripe. O jovem farmacêutico olhou-me de soslaio, tentando adivinhar se eu estava a tentar uma piada parva ou se era ingénuo ( ou uma cavalgadura ajaezada à andaluza...). Educadamente, respondeu-me que ainda não sabiam nada.

Ou seja, a coisa mais simples e fácil de fazer, deixar as pessoas interessadas inscrever-se desde já para, com mais facilidade, depois, calcular a distribuição (eu até admitiria que esta pré inscrição fosse acompanhada de um par de dados, idade, doenças etc...) nem isso está nas cabecinhas sonhadoras das criaturas comissionadas. Aliás, nem era preciso ser nas destas. Bastava que a DGS ou as administrações locais de saúde (que passam a vida a mandar-nos mails , sempre os mesmos, sobre as precauções a ter) poderiam levar a cabo essa meritória e simples tarefa. A CG recebeu, hoje mesmo, uma cartinha dessa gente a propor uns exames para despistar o cancro do cólon. Será difícil escrever outra cartinha com instrucções simples para entregarmos nas farmácias preenchidas com os dados mínimos para e quando a vacina vier.

Eu vou dizendo isto porque aquela etérea criatura que é uma verdadeira picareta falante, estou a referir-me à Ministra da Saúde, que ainda aparece mais do que o Sr Presidente da República, ja disse, redisse, repetiu e voltou a repetir que “logo que haja uma vacina a chegar” os portugueses poderão tratar disso. Até já falou em Janeiro, a negregada mulher! Então não achará que neste pouco mais de um mês já se poderia ir tratando do simples, no pressuposto que a comissão reúna, pense, debata, decida e proponha (deve ser muita areia par a camioneta delas mas enfim, sejamos generosos e aceitemos que sim, que eles estão já a suar em bica com as meninges a ferver, os dedos cansados de dar aos teclados e as ideias a jorrar num turbilhão medonho e criador) e faça o que tem a fazer.

Resumindo, pede-se agora, que os que mandam façam , por uma e irrepetível vez, o que não fizeram no Verão. Que pensem, actuem e atempadamente respondam à angústia, à perplexidade, à indignação, à cólera dos portugueses. Já morreu gente a mais. Gente, as mais das vezes, indefesa. Cidadãos como eu e tu, leitor/a que me lês.

E por aqui paro. É que se continuo, não sei se não corro o risco de apanhar com um, dez, cem processo por difamação, calúnia, por uso de expressões altamente ofensivas dessa gentinha toda que se pavoneia pelos corredores do poder e nem sequer sabe exercê-lo.

Estamos lixados. Lixados e mal pagos! (a expressão vicentina usa um adjectivo mais contundente. Quem quiser que risque o “lixados” e meta lá a palavrinha fei mas mais ajustada.

 

(ao leitor JMM: o livrinho está prestes a embarcar. Abraço)

Os Pastores da Cisjordânia

JSC, 24.11.20

Os militares chegam e, sem aviso prévio, intimam as pessoas a abandonarem as suas casas, que nem são bem casas, mas que são o único abrigo que têm. Bondosos, os militares concedem 30 minutos para retirarem os pertences, findos os quais dão início à demolição de todas as casas.

Suponho que aquelas pessoas tenham ficado a olhar para o monte de entulho, pasmadas, incrédulas com o que acabara de lhes acontecer. As pessoas e os rebanhos ficaram todos à solta, a céu aberto, por sua vez, as crianças ficaram a conhecer o caminho que Netanyahu lhe traçou.

A vida na Cisjordânia também é isto, a violência contra indefesos que vem do outro lado. O governo israelita vive fora da lei quando assim actua. A comunidade internacional assiste. E se há alguém que o denuncie, aqui-d’el-rei que é anti-semita. O terrorismo tem muitas faces, mas nem todo é combatido com a mesma frontalidade.

A notícia no Público: Demolições israelitas já deixaram quase 800 palestinianos sem casa em ano de pandemia

Número de pessoas sem casa este ano por acções de demolição na Cisjordânia é já o mais alto dos últimos quatro anos. Há duas semanas, houve a maior operação dos últimos dez anos.

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