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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 447

d'oliveira, 03.12.21

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Anda nem dobrámos o Natal

 

mcr, 4/12/21

 

Os jornais, mas não só, já navegam a pleno vapor no eventual aquário do Bloco central. Não sei se é vontade de esquecer a geringonça (mas os seus efeitos irão sentir-se durante bastante tempo...) ou se é para esconjurar o perigo  de ver o dr. Rio  a meter o bedelho na governação.

Aqui para nós, e muito à puridade, o exercício parece fútil.

A menos que se faça tábua rasa do efeito Rio no actual PSD/PPD,  da vitória sobre certas zonas do aparelho, da estratégia dos actuais vencidos (que se não limitam a Rangel)e do programa eleitoral bem como da constituição das listas  onde, seguramente, haverá fortes alterações .

Por outro lado, da banda do PS também provavelmente haverá novidades . O simples facto da geringonça ter soçobrado no mar revolto do Orçamento implica não só reflexão mas seguramente uma recomposição da relação de força interna.

Todavia, nada disto, parece afectar a ideia (que vai fazendo o seu caminho) de que estamos fatalmente virados para um bloco central.

Não faço parte do grupo estrídulo que, à simples menção do facto, desata em alta grita. E, se me ativesse ao que considero ser imperioso no que toca a correcções do rumo, a adaptação aos novos tempos, à diminuição da dívida,  então quase o consideraria imperioso.

A vida política portuguesa, ou aquilo que passa por tal, não pode estar sujeita à boa vontade de grupos marginais, de reduzido peso eleitoral (de resto concentrado em pequeníssimas zonas urbanas) . A prova dos nove, se porventura é verdade que, por exemplo, o BE vai apresentar um programa fortemente centrado nas propostas que não foram aceites pelo PS, será tirada em finais de Janeiro.

Não sou futurólogo mas tenho por certo que o BE vai obter menos votos e menos deputados o que provará o meu ponto de vista.

O PC terá também uma tarefa difícil: trata-se de “aguentar” o território ca vez mais pequeno que tem, de perder o menor número devotos possível- Todavia, o peso deste parido, está mais nas forças sindicais que controla do que numa perdida aldeia alentejana que viu partir os novos e vê morrer os velhos.

Quanto à Direita, se parece possível à IL aumentar o seu quinhão (de todo o modo nunca será demasiado) já o Chega pode ter chegado a um impasse. Primeiro o voto útil no PSD, depois, a conduta errática do líder supremo, uma espécie de “conducator” solitário e messiânico  que subitamente vê aparecer (mesmo que exíguo) um grupo que o contesta. Aliás, a rebeldia do deputado açoriano revela que o gosto pelo poder e as fidelidades regionais mandam mais do que ordens d cúpula que não só não tinham razão deser mas que provavelmente conduziriam a um desastre caso houvesse eleições regionais por via da derrota da proposta orçamental.

No meio disto tudo, só o CDS parece imprevisível. Não por ser dirigido por um rapazola que ainda não percebeu que o partido não é jotinha onde se educara politicamente, mas apenas porque não se vê qual o peso da desmobilização interna, da fuga de militantes de peso, da crítica de antigos dirigentes. A proximidade da IL e mesmo do Chega poderão ter efeitos perigosos para uma formação que vê a sua continuidade mais do que hipotecada a uma coligação com o PSD.

No entanto tudo isto  é visto a longa distância e, mesmo que não se prevejam grandes alterações, estamos a sois longos e invernosos meses das eleições. E com pandemia pelo meio, sem se perceber bem como serão os próximos dias e semanas.

Na vinheta: o pai natal traz prendas? para quem? Ou o sao vem apenas cheio de promessas, como as da ferrovia?

 

 

 

au bonheur des dames 446

d'oliveira, 02.12.21

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Enquanto é possível

mcr, 3 -12-21

 

eu não percebo nada, rigorosamente nada, de saúde, muito menos dessa bicheza horrenda que no anda a desassossegar.  Todavia, a idade, alguma experiência e outro tanto de desconfiança nos poderes públicos, fazem-me antecipar a visita natalícia à Mãe centenária mas arguta.

Pelo sim pelo não é já este fim de semana que avanço até às paragens eventualmente mais clementes (meteorologicamente falando) de Oeiras.

Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém e eu bem me lembro do natal passado e não estou para arriscar.

 

De longada até Lisboa, visita breve à feira dos alfarrabistas,  beijinhos e abraços à família e até Janeiro, esperando que tudo corra pelo melhor até lá.

O leitor JMM com quem havia uma vaga combinação de encontro, vai estar atento ao correio da próxima semana porquanto o livrinho que eu lhe levaria em mão seguirá aos inseguros cuidados dos CTT.

Eu nessa gente não me fio. Perdeu-se uma encomenda vinda de França (livros, claro...) e apesar das minhas reclamações, nada. Inventaram primeiro uma entrega a uma “elisabete” (sic) depois a outra com menos letras e com a pandemia a coisa desapareceu do radar. Portanto, o livro com todas as estampas da Enciclopédia ira registado. À cautela, e à boleia do blog, recomendo que me envie de novo a direcção pois comigo nunca é garantido que eu tenha a direcção à mão. Costumo guardar tão bem as coisas que depois só por abençoado acaso as encontro! 

E já que abusei da paciência dos leitores ao enviar correspondência privada por este meio, aproveito a deixa para tentar saber se um segundo leitor, interessado em bibliografia de temática moçambicana ronda por aí. É que tenho um forte lote de boletins da Sociedade de Estudos de Moçambique para lhe dar em troca de um mirífico 1º volume da História dos Caminhos de Ferro de Moçambique (para o que me havia de dar!...) . Também, neste caso, terei perdido o mail desse leitor

Na gigantesca e quase impossível tarefa de reorganizar a minha biblioteca, dar destino a livros repetidos, arranjar espaço para outros recentes u agora mais interessantes, tenho descoberto títulos de que, de todo, não me lembrava ou que considerava desaparecidos. Neste último caso, suspeito que alguma empregada no afã descabido de arrumar, limpar ou tornar mais agradável a vista das estantes,os terá colocado noutro sítio. Numa biblioteca organizada por tipo de literatura, ou autor e ordem alfabética basta mudar um livro de sítio para se passarem anos sem o encontrar. De outros igualmente desaparecidos  sem dar cavaco nem vale a pena falar: empréstimos a criaturas distraídas ou, pior, amigas do alheio, e eis que uma obra deixa de estar presente.

Também é verdade, neste ultimo caso que, um grande e desaparecido amigo tinha por hábito levar ( e restituir) montes de livros. Era, porém, alguém de seu natural desarrumado e a mulher ou a empregada passavam a vida a arrumar-lhe os pertences espalhados ao Deus dará. Alguns dos meus livrinhos andaram assim clandestinos nas estantes desse querido  companheiro de bridge desde Coimbra. Depois de morto, e durante alguns anos, a viúva aparecia com ar contristado com mais um livro encontrado. Ao todo ter-me-á entregue dez ou onze. Era o regresso do filho pródigo e permitia-nos a mim e à viúva conversar largas horas, chorar um pouco aquele alucinado leitor morto num ano  (o pior de que me lembro)em que perdi mais dois outros íntimos amigos.

À medida em que se envelhece tornam-se naturais estes desaparecimentos. Às tantas, olhando-nos ao espelho apercebemo-nos que somos meros sobreviventes, passeantes solitários num mundo que começa a tornar-se estranho e menos amável.

E a verificar a terrível verdade dos enterros: “agora só nos encontramos nestas ocasiões”,

costuma-se dizer. E, raios me partam, é verdade.

Entretanto, amigos a quem prometi entregar livros, estejam descansados que estes a que me referi tenho a firme intenção de cumprir a minha promessa

*a vinheta: imagem enviada pela Maria A, amiga de quem sou eternamente devedor.

au bonheur des dames 445

d'oliveira, 01.12.21

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sofreguidão legiferante

mcr, 1-12-21

 

o Presidente da República vetou a lei da eutanásia. Entre outros argumentos, avançou a ideia de que a pressa em arrumar tal questão, levada a cabo por uma assembleia em agonia, não era boa conselheira.

Não serei eu, a meu pesar, quem o irá contradizer. Tudo indica que a maioria pro eutanásia, depois de se recusar a ouvir o Conselho de Ética e mais algumas vozes, alegadamente autorizadas, temendo que as próximas eleições introduzam alterações profundas naquele escasso corpus legislativo, desatou a correr para impor a nova lei.

O PR poderia pois estar à espera de uma outra maioria, desta feita hostil à lei. Do doutor Rebelo de Sousa pode esperar-se tudo pelo que o argumento não é despiciendo.

Pessoalmente, sempre fui de opinião que esta questão, fracturante por um lado e pouco mobilizadora por outro, deveria ser resolvida por referendo. Sei que há dificuldades na formulação da questão a apresentar ao povo mas isso não reforça a ideia de que duas ou três centenas de preopinantes, eleitos à molhada  (o que significa que nem sequer se podem lealmente arrogar da presunção de representarem os respectivos círculos eleitorais -pelo menos o s maiores  -e os mais decisivos porque urbanos e eventualmente mais progressistas-) tenham mais visão e possibilidades de escolha do que um par de milhões de portugueses.

Dito isto , insisto também que, num país onde é irrisório o número de pessoas que aderiram ao testamento vital, entendo a discussão apressada e feita às três pancadas. Algumas luminárias insistem que esta é uma vexata quaestio com vinte e seis anos de existência.

Não é bem assim. De facto a coisa foi apresentada há duas décadas e meia mas nunca houve uma discussão constante, continuada nem nada que a isso se pareça. De quando em quando havia um afloramento da discussão, apareciam os do costume mas nunca houve, como – num assunto tão grave e importante – uma mobilização sequer modesta da opinião pública.

E mesmo agora, a coisa só superficialmente agitou as águas paradas da política nacional.

Dir-se-á que a política é feita por quem se interessa, o que é uma verdade como um punho. Mas persisto em considerar que tudo isto foi abafado , et pour cause, por outras e mais importantes pela actualidade imediata, questões. 

Enfim, esperemos que das próximas eleições saia a luz, que haja uma epifania que desperte não digo multidões mas um número significativo de interessados que dêm à questão a sua verdadeira e esquecida característica: algo puramente sanitário e só moderadamente ideológico.

Sei que persigo o inimaginável mas nasci assim e agora só o caixão me servirá de última razão.

 

-um aparte, necessário: não reli o meu texto sobre Rui Rio mas, antes mesmo de o fazer, devo dizer que nunca previ a sua vitória. Mesmo se, conhecendo a criatura, soubesse que o homem é “resiliente” e ganha batalhas impossíveis. Não vou agourar e augurar uma surpresa para o final de Janeiro mas não cairei para o lado fulminado pelo espanto se ele ganhar a Costa. Seria, de certo modo, divertido mesmo se nestas coisas a diversão seja de mau tom.

Outro: celebra-se hoje o dia da Restauração. Durante uns tempos houve quem o devolvesse ao limbo mas o bom senso imperou: As datas nada significam mas, as pessoas gostam delas nem que seja pela hipótese de haver um feriado. 1 de Dezembro não vale menos que 10 de Outubro e mesmo que 25 de Abril. São momentos apenas simbólicos mas que seria de nós se os não tivéssemos?

Não tenho saudades dos festejos a que, em rapaz,  fui obrigado a associar-me  e disso já aqui dei conta. Também não sou fã da Padroeira mas percebo que para muita gente o dia 8 próximo seja um dia de especial festa. Eu, aliás, sempre o associei ao Dia da Mãe, outra data que tem andado aos baldões. E ainda hoje, é o dia em que telefono à mater augusta a dizer-lhe duas banalidades carinhosas. Ela gosta...

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