au bonheur des dames 447
Anda nem dobrámos o Natal
mcr, 4/12/21
Os jornais, mas não só, já navegam a pleno vapor no eventual aquário do Bloco central. Não sei se é vontade de esquecer a geringonça (mas os seus efeitos irão sentir-se durante bastante tempo...) ou se é para esconjurar o perigo de ver o dr. Rio a meter o bedelho na governação.
Aqui para nós, e muito à puridade, o exercício parece fútil.
A menos que se faça tábua rasa do efeito Rio no actual PSD/PPD, da vitória sobre certas zonas do aparelho, da estratégia dos actuais vencidos (que se não limitam a Rangel)e do programa eleitoral bem como da constituição das listas onde, seguramente, haverá fortes alterações .
Por outro lado, da banda do PS também provavelmente haverá novidades . O simples facto da geringonça ter soçobrado no mar revolto do Orçamento implica não só reflexão mas seguramente uma recomposição da relação de força interna.
Todavia, nada disto, parece afectar a ideia (que vai fazendo o seu caminho) de que estamos fatalmente virados para um bloco central.
Não faço parte do grupo estrídulo que, à simples menção do facto, desata em alta grita. E, se me ativesse ao que considero ser imperioso no que toca a correcções do rumo, a adaptação aos novos tempos, à diminuição da dívida, então quase o consideraria imperioso.
A vida política portuguesa, ou aquilo que passa por tal, não pode estar sujeita à boa vontade de grupos marginais, de reduzido peso eleitoral (de resto concentrado em pequeníssimas zonas urbanas) . A prova dos nove, se porventura é verdade que, por exemplo, o BE vai apresentar um programa fortemente centrado nas propostas que não foram aceites pelo PS, será tirada em finais de Janeiro.
Não sou futurólogo mas tenho por certo que o BE vai obter menos votos e menos deputados o que provará o meu ponto de vista.
O PC terá também uma tarefa difícil: trata-se de “aguentar” o território ca vez mais pequeno que tem, de perder o menor número devotos possível- Todavia, o peso deste parido, está mais nas forças sindicais que controla do que numa perdida aldeia alentejana que viu partir os novos e vê morrer os velhos.
Quanto à Direita, se parece possível à IL aumentar o seu quinhão (de todo o modo nunca será demasiado) já o Chega pode ter chegado a um impasse. Primeiro o voto útil no PSD, depois, a conduta errática do líder supremo, uma espécie de “conducator” solitário e messiânico que subitamente vê aparecer (mesmo que exíguo) um grupo que o contesta. Aliás, a rebeldia do deputado açoriano revela que o gosto pelo poder e as fidelidades regionais mandam mais do que ordens d cúpula que não só não tinham razão deser mas que provavelmente conduziriam a um desastre caso houvesse eleições regionais por via da derrota da proposta orçamental.
No meio disto tudo, só o CDS parece imprevisível. Não por ser dirigido por um rapazola que ainda não percebeu que o partido não é jotinha onde se educara politicamente, mas apenas porque não se vê qual o peso da desmobilização interna, da fuga de militantes de peso, da crítica de antigos dirigentes. A proximidade da IL e mesmo do Chega poderão ter efeitos perigosos para uma formação que vê a sua continuidade mais do que hipotecada a uma coligação com o PSD.
No entanto tudo isto é visto a longa distância e, mesmo que não se prevejam grandes alterações, estamos a sois longos e invernosos meses das eleições. E com pandemia pelo meio, sem se perceber bem como serão os próximos dias e semanas.
Na vinheta: o pai natal traz prendas? para quem? Ou o sao vem apenas cheio de promessas, como as da ferrovia?