estes dias que passam 735
O desespero torna as pessoas estúpidas
mcr, 7-9-22
(este texto chega atrasado pois começou a ser escrito logo que a notícia da queixa ontra Portugal foi conhecida mas, interrompido por qualquer acaso, perdeu-se no computador e só hoje voltou à superfície. De facto foi um acrónica DE JM Tavares no “Publico” que me obrigou a pesquisar no cafarnaum em que os computadores que uso frequentemente se transformam. Sai, no entanto, porque a burrice e, sobretudo, a má fé devem ser denunciadas e combatidas a todo o momento)
Os jornais, alguns jornais, os mais atentos e independentes noticiam que a Comunidade Israelita do Porto (CIP) entendeu levar ao Tribunal Europeu a medonha perseguição de que é vítima em Portugal. A maior, a mais infame, pior do que a soviética (!!!) .
A gente lê e pasma. Será que a CIP endoideceu subitamente? Será que algures lá para os lados do Bonfim existe uma campo de concentração, vá lá um calabouço subterrâneo, um local de extermínio de cidadãos de fé judaica? Voltou a Inquisição? Regressou o rei D Manuel ( que aliás, expulsou de má vontade e por interesse casamenteiro, todos quantos não se converteram apressadamente. É verdade que esta medida só se aplicou a judeus nacionais, os fugidos de Espanha – exceptuado os ricos que traziam capitais- não escaparam. Boa parte da nobreza portuguesa apadrinhou os judeus ricos ou aqueles que, por sorte eram seus validos ou conhecidos. De todo o modo foi muita gente mas sobraram por cá dispersas e escondidas ou nem tanto numerosas comunidades judaicas sobretudo em Trás-os-Montes, Beiras Alta e Baixa e provavelmente noutras províncias longe do alcance dos beleguins)?
No final do século XVIII e sobretudo no XIX regressaram, a Portugal judeus vindos do Brasil, de Cabo Verde ou de outros pontos das Américas. Eram poucos mas , pelos visos, no Império ninguém deu por eles ou alguém foi subornado de modo que uma primeira leva de judeus de origem portuguesa regressou à pátria dos seus avoengos. A enorme maioria dos expulsos em 1500 desapareceu em Marrocos, Veneza, Amsterdão, ou no império turco.
É duvidoso que esses judeus sefarditas tenham conservado ao longo de quinhentos anos qualquer apego a Portugal. Nem os emigrantes de 2ª geração mostram especial carinho pela pátria madrasta dos seus pais, quanto mais esta vigésima geração de expulsos e degredados.
Porém, em Portugal há, como é sabido um vício estrutural: copiar tudo o que venha da estranja. Copiar mal, aliás, com erros de tradução ( sem falar nos de ortografia) e confundido situações, condições e oportunidade.
Foi assim que na Assembleia da República, a instancias da Dr.ª Maria de Belém e de alguns deputados ensonados e pouco dados à especulação sobe a História pregressa, moderna e contemporânea, entenderam propor uma lei de reparação histórica sem pés nem cabeça, sem condições de salvaguarda e sem perceber uma coisa evidente: o passaporte português em si mesmo é uma inutilidade. Porém o passaporte português enquanto membro da UE fornece a qualquer cidadão acima ou abaixo de toda a suspeita, um meio de viajar, negociar, viver incondicional.
Como qualquer leitor(a) saberá a situação geo-estratégica do Estado de Israel não é, positivamente, a melhor do mundo. Cercado por países árabes que se sentem espoliados, mantendo nas suas fronteiras (que se alargam sucessivamente) comunidades expulsas de suas casas, privadas dos seus direitos mais elementares, condenadas a não ter um Estado que as represente, minadas por seitas terroristas, por desesperados açulados pelo Irão. Digamos, para simplificar que mesmo isoladas e abandonadas pelos países e povos irmãos estas comunidades segregam gente perigosa para Israel.
E são tratados como tal, convém dizer. Basta ligar a televisão...
A famosa lei da AR já foi vagamente remendada mas no seu conjuntoas regras de reconhecimento de vítimas de D Manuel e a sua reparaçãoo são tão elásticas que até um cavalheiro russo sem ligações mínimas e reconhecidas – exceptuando a formidável fortuna – ao sefardismo já é português!
A CIP é uma comunidade reduzida. Terá dois centos de pessoas ou pouco mais. Durante anos, a sinagoga da rua Guerra Junqueiro esteve fechada por falta de fieis homens que justificassem o culto.
É pequena, dizia, as muito, muitíssimo, activa. Imaginem que a sua frenética actividade é presponsável por mais de 90% dos reconhecimentos oficiais de judeus sefarditas.
É bom que se explique que para além de oferecer (pagando e parece que não pouco!)um passaporte, o Estado português não exige nada. Nm residência habitual ou esporádica, nem conhecimento da língua, fa História, da Constituição, dos uses e brandos costumes. Nada! Raspas de nada!
E é difícil saber-se o que faz o Estado perante as bichas enormes de peticionários melhor dizendo advogados (que não são pro bono) que se apinham à porta das repartições com mais uns processos de reconhecimento de nacionalidade.
Uma reportagem recente revelou que havia peticionários e advogados que dormiam na rua madrugada fora para obter uma senha miraculosa paea poder levar avante mais uma leva de cinco (5) novos cidadãos.
Claro que estes “cidadãos” não virão para cá concorrer com os pobres imigrantes do Nepal ou de África que, pelo menos vem trabalhar naquilo de que os locais fogem a sete pés. Nem, provavelmente virão fingir que investem comprando casas de luxo em Lisboa ou no Algarve. Apenas querem o passaporte por via da UE. Só.
Os meios de comunicação social já deram a notícia da negociata que, alegadamente, certos advogados, o rabino da CIP e mais algum comparsa levavam a cabo. Falou-se de somas mais que respeitáveis de dinheiros, de contas escondidas e surpreendentes, de medidas de coação contra vários acusados que estarão a ser investigados.
Ninguém falou da Comunidade perseguida mas apenas de uma ou duas dúzias de criaturas que, alegadamente, lucram fartamente com o mercadejar da nacionalidade portuguesa.
Não se vê sequer um cabo de esquadra à porta da sinagoga, slogans pintados nas paredes, cruzes gamadas, nada. Também não se enxerga aos sábados depois do ofício religioso quaisquer anti-semitas a perseguir as famílias que saem da sinagoga e vão tomar um café nas vizinhanças.
Mas a queixa da “comunidade” (no seu todo até mais ver lá foi para a europa. Enroupada em acusações terríveis, medos de espavorir o mais pintado, eis um retrato de Portugal . pais que, porém, continua a ter centenas ou milhares de peticionários pela nacionalidade. Serão ignorantes, quererão ser mártires do Arbeit macht frei?
O novo nome do Porto é Oswiecsin (que em alemão deu Auschwitz), Bergen-Belsen ou outro do mesmo teor e substância. Será o vale de Campanhã um futuro novo Babi Yar?
Esta acusação de alguém em nome da CIP (e ainda não se viu membros dessa comunidade a repudia-la ...) é uma canalhada, uma sacanice, uma mentira, um crime.
E é, além do mais, estúpida e ridícula. Mas contra isso não há nenhuma lei. Infelizmente, mesmo se há muitos anos, o poeta Joaquim Namorado tivesse proposto um novo Código Civil com um artigo único e um pa´ragrafo também único:
Ártº !º (único) É proibido ser estúpido
- único É abolida toda a legislação em contrário
Vê-se que este excelente código não se aplica nem à AR nem à CIP. É uma pena!
*na vinheta: o ghetto do Porto atacado? De modo algum. é tão ó o quotidiano de Gaza...