Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 764

d'oliveira, 30.12.22

Pelé, Puskas, Stanley Mathews  entre outros (Eusébio, Maradona, Di Stefano , Garrincha, Didi etc...)

mcr, 30-12-22

 

Não sou homem de futebóis mas sou curioso, tenho alguma memória e detesto os cultivadores da espuma dos dias.

Aí em cima vão três (+ quatro) nomes que até um agnóstico do pedibola conhece. Que uma caterva de comentadores televisivos , no auge do palavreado e da ignorância, os esquelam diz muito dos seus conhecimentos e mais ainda da sua pobre verborreia.

Não vou dizer nada sobre esse maravilhoso Pelé que só vi pela televisão (em  campo e depois já no civil). Tido o que disseram de bem sobre o jogador é verdade e bastante do que algumas criaturas afirmaram sobre o homem e o cidadão é de um ridículo, de uma estupidez  e de uma ignorância devastadoras. 

Pelé era negro, brasileiro e homem simples. Dedicou muito do seu tempo a desfazer mitos sobre os negros brasileiros, sobre os brasileiros pobres, sobre os cidadãos de segunda. 

Tentar metê-lo na capoeira do autoritarismo oficial brasileiro é não perceber nada de História, de História do Brasil e da lenta caminhada dos mais fracos em direcção à dignidade. 

Aliás a comoção mundial pela esperada morte de um grande homem (do desporto mas não só) diz bem do alcance e da popularidade deste enorme ídolo dos relvados

Suas palavras agora sobre dois outros gigantes do futebol que mararam a minha infância e primeira juventude.

Sir Stanley Mathews ( cavaleiro do Império Britânico) jogou cinquenta as e maravilhou quem o viu mesmo que, como é o meu caso, só no cinema. Fez parte da selecção inglesa durante 25 anos (54 jogos pelo menos!) a mesma que infligiu 10 a o  ià selecção de Portugal. Foi considerado por duas ou três vezes o futebolista do ano e marcou 671 golos em 701 jogos (reparem a média!)

Puskas, u húngaro genial que depois também jogou pela selecção espanhola,  terá marcado 621 golos em 629 jogos (reparem outra vez na média...), foi campeão do mundo com a selecção húngara e campeão da europa como  Real Madrid.

Quem quiser saber quem eram os restantes nomeados melhor dizendo Di Stefano, Garrincha ou Didi só tem de ir à Internet. 

Nada disto diminui Pelé, sequer Eusébio, agora justissimamente no Panteão, ou Messi que olimpicamente (leia-se patrioteiramente) ignorado pelos  “nossos” especialistas do futebol sai(?) das grandes competições pela porta grande. 

Não sou homem do futebol, já o afirmei. Dos jogos apenas ne dou ao trabalho de, de vez em quando, ver os resumos, ou seja os golos. Mas tenho boa memória e não me deixo engrolar pelos exaltados e ruidosos comentadores que uivam como possessos nas diferentes televisões e quase todos os dias. E distingo a nobrezada competição, a elegância e o estilo dos jogadores com essa horrenda horda de adeptos e claques miseráveis que confunde desporto com gangsterismo. E muito menos com a classe dos “dirigentes” desportivos que usa e abusa do emblema do clube em proveito pessoal.

Ou dos políticos que, à boleia do futebol, piscam o olho estrábico ao Pópulo na ânsia de ganhar votos (e, já agora, uns bilhetinhos de favor ou algo mais palpável...)

 

Feita que está a crónica, resta falar de uma morte ministerial que já não era novidade há meses. O sr Pedro Nuno dos Santos, a criatura que desafiava (cá dentro e em surdina...) os banqueiros alemães, jurando que as peninhas dos teutões tremeriam perante os seus rugidos de rato parido pela montanha, desandou pela esquerda baixa.

O homem finalmente percebeu que Costa o andava a cozinhar em lume brando, a desautorizar quando lhe dava na cabecinha e a usá-lo como punching ball sempre que a oposição rosnava.

E deixa como herança um buraco que quase chega aos antípodas e se chama TAP

A mesmíssima TAP que foi renaconalizada e que agora irá ser vendida por dez reis de mel coado a quem a queira apanhar. 

A mesma empresa que era um emblema pátrio, uma urgência absoluta, a defesa da diáspora portuguesa e outra patacoadas do mesmo género. Como se alguém de bom senso voasse pela TAP mais cara tendo a alternativa de uma low cost a metade do preço!...

O tonitruante PNS é uma espécie de Santana Lopes declinado em tom menor e sem concertos de Chopin em violino. Esbraceja, e irá continuar agora na AR, mas falta-lhe finura, senso político, modéstia e bom senso geral. Só um deserto e ideias na  Esquerda do PS faz deste trivial sargento de milícias  um general de opereta (ponhamos o general Durakine, herói da senhora condessa de Ségur...).

Costa terá dito que agora não era altura para a criatura se demitir nem razão havia para gesto tão extremo. A menos que, e isso se verá nos próximos capítulos da saga Alexandra Reis, o ministro soubesse  algo mais do que nós sabemos e, com alguma razoável probabilidade, desconfiamos

Enfim, tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é (o nosso pobre) fado.

 

 

 

 

au bonheur des dames 559

d'oliveira, 29.12.22

Unknown.jpeg

“É fartar vilanagem!” (*)

ou 

“isto anda tudo ligado” (**)

mcr, 29 –12-22

 

 

 

Nos meus tempos de jovem ingénuo, havia na altura do fim de ano um costume  de atirar janela fora tudo o que era velho e imprestável. Sobretudo imprestável porque do velho fazia-se novo sempre que possível que os tempos não eram propriamente  de fartura.

Agora o que é novo revela-se velho, velhíssimo e imprestável para não usar um termo mais adequado  e violento.

Recordo-me de, nos tempos de conspiração permanente e de revolta contra o Estado Novo, ouvirmos contar as façanhas de alguns validos do poder que se aboletavam com os magros dinheiros postos à sua disposição para fins menos pessoais.

Contava-se, mesmo, que o eremita de Santa Comba Dão, volta que não volta, mandava aos mais atrevidos um cartãozinho de visita a agradecer-lhes os serviços e a despedi-los como quem despedia uma criada antiga e incapaz.

Convenhamos que, agora, a coisa é mais complicada não só porque não há cartões de visita mas também porque não se despede um boy ou uma girl assim de um pé para a mão.  A menos que o escândalo seja gritante, claro.

Ora o caso da ex-Secretária de Estado pertence a esta última categoria, Não tanto pelos modestos quinhentinhos mil que a TAP lhe entregou depois de recusar pagar o milhãozinho e setecentos e tal mil antes pedidos, mas pelo amontoado de argumentos esfarrapados, pelos saltos de lugar em lugar (sempre bem abonado em termos de ordenado) pela  espantosa ideia de que aquela criatura era uma espécie de maga multi-funções apropriada para toda e qualquer prebenda estadual.

Ainda hoje não sabemos se a criatura abandonou a TAP por seu pé como esta antes afirmava ou se foi defenestrda e por que razões.

Ainda não se sabe se a história do lesaing de aviões com um sobrecusto de cerca de 20% é real ou não; se a gestão dos pelouros foi ou não feita com lisura e segundo as regras ou não; se o conflito entre uma administradora e a direcção da empresa tinha origens claras ou não.

E não sabemos (mas daqui a uns meses logo se verá) se acabou aqui a carreira fulminante e gloriosa de uma senhora engenheira electrotécnica e política de sempre ou se o futuro lhe reserva destino digno de uma girl afortunada e com conhecimentos fortes nos meios que interessam.

Também ninguém (ou só eu?) percebe como é que nenhum ministro sabe de onde vem, o que fez e para onde vai alguém que é por si nomeado para funções de extrema responsabilidade.

Então isto fica assim? Manda-se a criatura (com os ditos quinhentinhos mil)  dar uma volta ao bilhar grande e já está?

Num país moderadamente civilizado (p. ex. a Guiné Bissau...) haveria apesar de tudo muitas perguntas a fazer, muitas respostas a dar, muitos mistérios a explicar. Por cá, a acreditar no andar da carruagem, tudo está bem mesmo estando mal.

Vai janela fora com o restante lixo acumulado durante um ano em que casos, casinhos e casões se vão sucedendo sem se perceber como é que as coisas ocorreram, que consequências se tiraram, que respostas se obtiveram.

“tudo como dantes, quartel general em Abrantes?”

 

Ai leitoras gentis, leitores garbosos, eu bem que queria sair deste ano sem lixo pelos tornozelos, sem desconfianças pela cintura, sem receios por cima da cabeça! Todavia estamos metidos num atoleiro como se o “torrãozinho de açúcar” (***) fosse constituído por três províncias apenas – Beócia, Capadócia e Traulitania do Norte, mais conhecida por pinhal da Azambuja.

Arre que é demais!

 

Nota: citações de Antão Vaz de Almada, Eduardo Guerra Carneiro e Eça de Queiroz 

o leitor (im)penitente 255

d'oliveira, 27.12.22

712px-Giacomo_Casanova_by_Anton_Raphael_Mengs.jpg

“Je commence pour déclarer a mon lecteur que dans tour ce que jái fait de bon ou de mauvais dans toute ma vie, je suis sur d’avoir merité ou demerité, et que par consequente je dois me croire libre”

(cCasanova  “Histoire de ma vie”,  p 82)

 

 

Os leitores e as leitoras perdoarão que eu abra este folhetim com uma citação do admirável Casanova, uma paixão (juntamente com Borges ou a Itália) que partilhava com António Mega Ferreira, um migo longínquo mais lido que encontrado mas sempre recordado com alegria.

Não recordo como o conheci embora uma memória que pode ser falsa atire para a figueira da Foz e para o Festival de Cinema que aí se realizou durante um bom par de anos.

De todo o modo, isto, o nosso conhecimento foi sempre avivado porque o li desde o início pois o raio do homem escreveu praticamente em quase todos os jornais que eu li ou lia.

Ao longo da vida fui-o encontrando aqui e ali, ao acaso sendo que uma das últimas vezes nos teremos cruzado numa homenagem ao Fernando Assis Pacheco.

Nessa altura conversámos longamente e descobrimos a nossa comum admiração por Casanova, leitura minha desde os longínquos primeiros anos sessenta em “poche” numa edição que, como as da época, traía bastante o autor. Todavia, tal não retirava o fascínio pelo aventureiro italiano, pelo orgulhoso insolente que disse a Mme de Pompadour que não vinha de “l a bas”  mas sim de “la haut”, uma alusão subtil não só à primazia da cultura veneziana mas à sua infortunada prisão nos “Piombi” do palácio ducal. A sua evasão desse local temível é de per si, um facto admirável de ousadia e e imaginação.

Se cito tanto o veneziano é porque, de certo modo, o Mega era como ele um “tiuche a tout” afortunado, um homem do mundo, um espírito livre, um escritor talentoso que deixa nome e obra feita. Merece, mais do que muitos, as várias páginas que o “Público” lhe dedica e a que não é necessário que acrescente seja o que for.

Deixa duas boas dúzias de livros entre poesia, romance, ensaios mas para terminar como comecei apenas citarei “Cartas de Casanova, Lisboa 1757”  (Sextante Ed., Lisboa, 2013) uma brilhante invenção para cobrir um período da vida de Casanova de que não há grande rasto. Pessoalmente, acho que AMF se apropriou com inteligência e talento da escrita do veneziano.

É que, à semelhança de Stendhal, Mega Ferreira merecia   que na sua pedra tumular se mencionasse alguma origem italiana tanto ele amava a Itália e a sua arte e cultura.  

* na vinheta: Casanova, retrato aos 40 anos.

 

 

 

Au bonheur des dames 558

d'oliveira, 26.12.22

images.jpeg

As mulheres são metade do céu*

ou: au malheur des femmes

mcr, 23-12-22

 

A frase é Mao Zedong que no meu tempo era Tse Tung. Como de costume este tipo de frases parece querer dizer tudo e acaba por dizer pouco ou mesmo nada. Mao, no que toca à gens feminina, não foi exactamente um exemplo acabado de defensor da igualdade de género para não dizer algo mais expressivo e justo.  

De todo o modo, não é para voltar ao “grande timoneiro” que hoje se está aqui.

Leitor empedernido de jornais apanho, de quando em quando, com artigos de opinião que me fazem fugir a sete pés. Desta feita foi sobre o Aeganistão. Uma colunista vem dizer em letras gordas que a luta das afegãs é um hino à causa feminista.

Não irei dizer que na sua heroica tentativa de resistir à canalha talibã não haja um sentido também feminista mesmo se, ao que tudo indica, a luta das estudantes ora banidas das universidades, seja sobretudo uma luta bem mais ampla por uma coisa que já parece ter caído em descrédito (sobretudo em certos meios muito “progressistas”) a liberdade.

Nos escassos comentários televisivos vi mesmo homens afegãos criticarem a medida e, pelos vistos, há notícia de críticos “desaparecidos”, aprisionados ou meramente espancados.

A talibanagem sabe bem que se porventura a oposição  crescer contra as medidas que dia a dia vão sendo tomadas e que fundamentalmente se reconduzem a repor com todo o seu sinistro rigor o mesmo estado de coisas de há trinta anos. À barbárie, para usar uma simples palavra.

Tenho por mim que o Afeganistão é uma bendita miragem para os molahs e pasdaran do vizinho Irão agora a braços com uma persistente manifestação que já leva uma boa centena de mortos para não falar em duas execuções públicas que são apenas as primeiras de uma série que se anuncia. Aqui, até à data, são os homens os executados mesmo se, pelo menos, uma mulher curda tenha sido a primeira vítima mortal dos excessos de selo dos guardiães da moralidade. No Afeganistão todos guardam a moralidade e todos passam fome de rato exceptuando a minoria armada e educada nas madrassas que governa ou desgoverna o país.

As mulheres afegãs devem ao interlúdio “americano” a tentativa de fim da “burka”, a educação escolar, alguma actividade política e o ensino superior para uma minoria. E devem sobretudo a tentativa de serem consideradas não umas coisas que pertencem ao pai, aos irmãos machos, à família ou ao marido mas uma vaga e incipiente igualdade que durou pouco e que foi sepultada sob os ditames de uma religião que permite interpretações de tal modo aberrantes que não há pachorra para sequer atender ao famoso respeito pelas crenças dos outros.

No Afeganistão não são apenas uns punhados de talibans ignorantes e supersticiosos que impõem uma lei antiquíssima e a exclusão de uma enorme maioria de cidadãos do governo da cidade. E como de costume para melhor mascarar o poder de poucos nada melhor que criar entre homens e mulheres a falsa barreira da supremacia do macho.

De todo o modo, isso só funciona se no leite materno já vier – como vem –a conformidade com as tradições, com os usos, abusos e costumes que se perpetuam.

 O Islão não está só nesta defesa da capitis diminutio feminil. Outras religiões o acompanharam durante séculos e, mesmo hoje, certas seitas cristãs atiram a mulher para o papel de mãe, de escrava doméstica, de coisa negando a metade do género humano os direitos de que a outra metade disfruta. E quando não é a religião, são as tradições, os usos ecostumes que, finalmente distinguem dois tipos de mulher,as familiares (mãe, irmã, filha) e as putas que é tudo o resto.

Nem sequer refiro, por desnecessário, as diferenças salariais, as hierarquias na política, no emprego, nos cargos oficiais. Quantas deputadas V conhece? Quantas presidentes de câmara ou de junta de freguesia? Quantas dirigentes de topo de grandes empresas? Ou, mesmo, de médias e pequenas?

E por aí fora...

Em Portugal, e só este ano já vi em dezenas o número de mulheres abatidas por maridos, amantes, namorados e outros filhos da puta do mesmo género. Já nem são notícia. Eu mesmo que durante anos aqui fui protestando contra esta infame realidade já me cansei de referir o tema. Bem sei que um blogue é uma garrafa atirada ao mar com uma carta dentro. Os caprichos das marés e do vento raras vezes as airam para uma praia onde alguém mais curioso recolhe a mensagem, a lê e a difunde. Todavia, a cada um o seu papel. O meu, mesquinho que é, é de traçar estas pobres linhas. A quem me lê poderá, caso queiram, competir o resto.

E entretantoas afegãs são varridas a jactos de água, proibidas de trabalhar em quase tudo, espancadas e o que mais ocorrer a um bando de religiosos fanáticos que só existem porque os toleram. Se os talibãs voltaram a governar foi porque os Estados Unidos se fartaram de ser os únicos a tentar contrariá-los e, por isso, a serem atacados por imperialistas, capitalistas e fascistas. Tudo o resto são desculpas de mau pagador...

 

Au bonheur des dames 557

d'oliveira, 25.12.22

É Natal,  ninguém leva a mal

Mcr, 25-12-22

 

Na esplanada, no supermercado, na pequena loja de jornais, toda a gente anda vagamente mascarada_ corninhos de rena (ou a parecer isso...) óculos vermelhos, barretes diversos mas vermelhos,  sei lá que mais... 

Para o ano andarão vestidos de pai natal, essa invenção inteligente e duradoura da Coca-cola?

Uma estação de rádio que normalmente emite música dos anos 20 aos 70 entendeu que toda a semana natalícia só daria música de Natal. Eu gosto de muitas canções de natal mas convenhamos que passar o tempo da barba, da lavagem dos dentes, do duche e de me vestir a ouvir cantigas de natal sem descanso, acaba por me fazer pensar naqueles antigos mestres pasteleiros que logo que tinham um aprendiz novo o enchiam de doçaria até ele enjoar. 

É bom ouvir de quando em quando uma canção de Natal mas apanhar com uma overdose delas mata os sentimentos cristianíssimos e fraternais de uma vez por todas. 

 

Na Ucrânia as bombas caem sem descanso. É verdade que o agressor só celebra o nascimento de Cristo daqui a uns dias mas aproveitar a não dará para disparar sobre civis, cwntrais eléctricas, hospitais ou depósitos de água parece levar a época do Advento para regiões demoníacas.

É bem verdade que um sinistro patriarca Cirilo continua a pregar a guerra santa e o fim dos maus irmãos ucranianos mas o que me espanta é o silêncio (pelo menos internético) de multidões de bloggers russos que pedem mais bombas, mais sangue, nis destruição...

É este o país de Tolstoi, Dostoievsky, Gogol, Puchkine ou Tchaikovsky? Ouestamos perante outra coisa qualquer repelente, infame e daninha?

 

 

Um francês de 69 anos, recém saído da cadeia por atentados contra emigrantes, entrou pelo centro cultural curdo, disparou e matou três membros da comunidade e feriu mais outros tantos. 

A polícia que acudiu rapidamente, capturou-o com vida, identificou-o sem dificuldade mas, pelos vistos nada convence um número indeterminado de refugiados curdos que o homem era um agente turco e que, sic, “saiu da prisão e só atacou curdos”! ...

Vai daí uma multidão curda manipulável por alguns elementos exaltados que eventualmente poderiam ser mais úteis à causa nas frentes turca, iraniana, síria ou mesmo iraquiana, resolveu protestar violentamente na terra que os acolhe e lhes permite viver em paz em vez de se revoltar contra os indigentes mentais que odeiam emigrantes de qualquer origem, curdos incluídos. 

Afirma-se que no meio de manifestantes cordatos, se teriam infiltrado elementos do PKK, grupo considerado terrorista por diversas polícias e países europeus, e que a coberto da multidão se tenham dedicado ao habitual exercício das manifestações violentas, assalto a estabelecimentos, incendio de carros  estacionados, apedrejamento de forças da ordem. 

Amanhã quando alguns deles forem presentes a um juiz, haverá seguramente uns defensores bem intencionado que uivarão sei lá o quê sobre a pátria curda, as inomináveis perseguições ao povo curdo (o último grande povo sem país...) e definam os países europeus de acolhimento como inimigos tão temíveis quanto o sr Erdogan!!

É Natal, ninguém leva a mal

Alguns comentaristas de origem africana mas vivendo na antiga metrópole colonialista, racista, capitalista e não sei que mais criticam toda e qualquer suspeita de racismo de neo-colonialismo de perseguição racial e preconceito anti-negro no seio da sociedade para vieram de livre vontade ou onde já nasceram e cresceram (e quase sempre prosperaram ocupando empregos prestigiados) mas não se lhes ouve uma qualquer crítica aos regimes dos países de onde vieram ou a que ainda estarão ligados por laços familiares. Provavelmente, a luta deles seria bem mais interessante lá mas é mais cómodo estar cá, menos perigoso também, mesmo se multidões angolanas, guineenses ou moçambicanas continuem a sofrer exacções de toda a ordem e abusos inqualificáveis levados a cabo pelos respectivos governos. A luta continua, camaradas mas numa outra rua menos espinhosa e arriscada. 

É Natal...

Por cá chove que Deus a dá mas, na generalidade, as pessoas estão no quentinho, sem bombas nem risco de vida. Não é o melhor dos mundos mas quem como eu, já leva muitos anos nesta terra, já viu pior, muito pior. E não se conforma com o que há mas pede tão só que se pense mais cuidadosamente no que temos e no que é urgente melhorar.

Agora, passada a noite de consoada, aviada que foi a missa do galo, há que desejar um melhor ano para 2023 e fazer um pouco por isso. Nunca perder o norte e tentar sempre fazer com que o dia, a semana ou o ano seguintes deixem melhores recordações e uma melhor situação para os cidadãos portugueses. 

 

 

 

Au bonheur des dames 556

d'oliveira, 21.12.22

Unknown.jpeg

Na AR, um deputado!

na AR um deputado!

mcr, 21-12-22 

 

Assistir aos debates da AR só por castigo; ara expiar pecados inconfessáveis; para fugir a remendos desgostos de amor... E sempre em alternativa a um mal maior, por exemplo partir as duas pernas, ou os dois braços, morrer afogado, ser atropelado pelo carro do ex-ministro Cabrita.

Todavia, quem, apesar de tudo, pretende saber o que se passa naquele areópago de luminárias, forçoso é aturar as breves reportagens que passam no noticiário.

Ora, por razões que me ultrapassam e não serão devidas à época natalícia, eis que uma pequena reportagem merece ser citada, louvada pedindo se possível que a passem diariamente durante uma inteira semana para verse algum parlamentar mais afoito aprende qualquer coisinha.

Há dias um cavalheiro que exerce de parlapatão da Direita e que mais não é do que uma má tradução, e em calão!, de qualquer líder ultraconservador actual entendeu, num exercício de miopia física e intelectual, proclamar que o seu grupo parlamentar albergava a única pessoa negra da instituição.

Logo lhe saltou ao caminho, um outro pobre diabo, desta feita do PS apontando uma senhora deputada claramente negra e sentada no seu grupo parlamentar!

Nos restantes grupos parlamentares reinou a consternação. Não tinham nenhum “pretinho” ali à mão!  Nem aquela coisa em forma de assim (ou assado) que dá por LIVRE se podia gabar mesmo sabendo-se que tivera também durante breve e olvidável período uma senhora negra que fez a vida do partido que a elegeu (provavelmente porque dava jeito ter uma deputada negra...) um naufrágio de Sepúlveda. A dita senhora emancipou-se, cortou as amarras ou as grilhetas que a ligavam ao partido e lá andou perdida na AR mão deixando qualquer recordação digna de ser citada a menos que nos recordemos de um seu adjunto que, no dia da chegada se apresentou de saia comprida e horrendas meias verdes.

Entretanto, e para que conste já tinham aparecido na AR pessoas que de modo algum se poderiam confundir com caucasianos se é que por cá, terra miscigenada, alguma vez houve dessa espécie.

Ia a troca de palermices de vento em popa quando um deputado do PSD, de seu nome Coelho Lima, interveio lembrando que naquela assembleia não havia pretos, verdes ou lilases mas apenas homens e mulheres eleitos pelos cidadãos portugueses. O pasmo foi tal que os ouvintes aplaudiram. E voltaram a aplaudir  quando o mesmo deputado lembrou que os polícias e restantes agentes da autoridade eram, também eles, portugueses e dedicados a uma tarefa ingrata que, de todo o modo, se traduz na protecção das liberdades, na defesa dos mais fracos e aplicação da lei. Aí os aplausos redobraram desta vez de pé, mesmo se vindos do PS, do BE, do PC e da IL.

Só o chega ficou de cara à banda et pour cause. Finalmente terão visto a luz ou, pelo menos, a senhora negra perdida na onda cor de rosa.

Eu não conheço o sr deputado Coelho Lima. E a menos que ele seja parente de um rapaz Coelho Lima que comigo andou no colégio Almeida Garrett ( se é que foi aí... que a coisa tem mais de sessenta anos e a memória vai encurtando) raras vezes dera por ele. Não por demérito do deputado mas por preguiça minha e ojeriza ao discurso parlamentar.

O chefe do Chega ficou sem resposta e sem voz  o que, ao que sei, é quase inédito. Aproveito este facto para recomendar ao sr Presidente da AR que, volta que não volta, perde o seu tempo a discutir com o sr Ventura, que tome umas lições com o deputado Coelho Lima que calou a criatura em dois tempos sem sequer erguer a voz.

Eu, mesmo se raro frequentador das reportagens sobre a AR, recordo pelo menos dois deputados não brancos (ambos no CDS se não me galha a memória...) que em seu tempo deram apreciáveis contributos à discussão política. Ainda por cima eram pessoas cordatas, cultas e sensatas qualidades que não aparecem com a necessária exuberância na cinzenta mole de eleitos para o parlamento.

De todo o modo, de uma coisa me arreceio e isso é do uso ou mau uso de cidadãos “coloridos” no desconsolado palácio de S Bento. É que , por vezes, me assalta a ideia que os foram buscar para mostrar o indemonstrável. Vi isso, há muitos anos, quando era um “cabide” da República dos 1000-y-onárius” (assim mesmo: república sem ser “real” e malta com tão pouco dinheiro quanto a restante) Vinham todos ou quase de Angola, a maioria era mestiça que isto de pretos com dinheiro para estudar na metrópole (tirando os meus amigos Chissano, Ibraimo Maulide e o malogrado António Neto)  era quase milagroso.  O Joaquim Chissano, colega de turma no liceu Salazar, foi Presidente da República e mostrou como isso poderia ser um exercício democrático, honroso e digno, o Ibrahimo é um grande médico em Lisboa e pai de um notabilíssimo cientista. O Nero foi assassinado durante o chamado golpe nitista e ainda hoje se desconhece quem o matou  (e qual a força política que entendeu liquidar esta grande esperança  para Angola.

Já nessa altura me lembro de alguém numa noite de paleio até à quinhentas afirmar que havia de chegar o dia  em que ter um preto como amigo iria dar imenso jeito. Anos depois apareceu-me um angolano branco do MPLA que vinha pedir um favor para o seu país. Como temia que eu o  tomasse por mais um burlão africano, citou-me essa história com nomes e apelidos e muitos recados amigos. Claro que, com a ajuda de um par de amigos, consegui resolver o problema que o trouxera até minha casa. Depois perdi-lhe o rasto e temo bem que tenha tido a mesma sorte do Neto. Afinal o número de mortos e desaparecidos do episódio nitista ultrapassa os 30. 000 contas por baixo. E um bom par de executores passeia alegremente por cá quando lhes dá para vir às compras...

Mas isso são outras “estórias”...

*a ilustração vem da Exposição Colonial do Porto e a jovem negra foi, sem o saber, uma estrela. Não sei se depois de regressar a África conseguiu algo diferente do que a partida lhe estava destinado, pelo nascimento, pela cor e pela terra em que crescera. Tenho a ideia de que se chamaria Rosa (a Rosinha...)

 

 

 

 

estes dias que passam 763

d'oliveira, 19.12.22

As “rendas acessíveis” morreram à nascença

mcr, 19-12-22

 

 

De quando em quando, melhor dizendo raramente, tenho aqui abordado o tema fa habitação arrendada. Não tanto por ser proprietário mas sobretudo por verificar que, em Portugal ( e há mais de um século) se tem reduzido a questão a dois campos: inquilinos fracos e inocentes contra senhorios prepotentes e ricos. Nunca foi assim e desde há algumas décadas é-o cada vez menos: há não sei quantos estudos governamentais ou, pelo menos, oficiais que afirmam a existência de senhorios “pobres” ou, eventualmente incapazes de rentabilizar a sua propriedade pelo efeito conjugado de rendas antigas,  falta de recurso e custos elevados da recuperação do edificado. Um breve passeio por zonas de Lisboa ou do Porto, incluindo até algumas ditas nobres mostra bem o estado miserável de muita construção  que, eventualmente, se destinaria ao arrendamento. 

Convirá porém,não tomar o que acima se diz por uma defesa a outrnce da classe dos senhorios pois também se tem verificado um recusro desenfredo a despejos, para entrar no mercado do arrendamento low cost. O exemplo mais notável e caricato ocorreu com um vereador ultra radical que mal se apanhou na posse de um prédio devoluto (que ele terá ajudado a ficar sem inquilinos) logo fez onze apartamentinhos T1 ou T0 para apanhar turistas incautos. Lá teve de se demitir da vereação onde representava os mais lídimos interesses do povo e agora estará a contar as notas que esse investimento lhe vai rendendo.

O mercado da habitação nacional sofreu tratos de polé e tornou-se pouco ou nada atractivo para os habituais investidores que viam no “cimento” uma poupança segura e rentável. No caso da minha família a ideia é vender cada fracção que fique desocupada e criar, onde ainda não a há, propriedade horizontal para facilitar tal tarefa.

Ou a ansia de ter casa própria é tremenda ou os preços que temos praticado são ainda uma amostra da burrice senhorial mas de facto não tem demorado mais de um mês, mês e meio o tempo em que a fracção está em venda. Claro que também terá a sua importância o estado geral do edifício pois sempre tivemos o cuidado de levar a cabo todas as obras de conservação necessárias. O comprador de um andar ou apartamento pode não se preocupar muito com o estado geral do que compra mas tem um imenso cuidado no que toca à conservação e aspecto das partes comuns, dos elevadores e mais utilidades ao serviço de todos. 

Deixemos, porém, as questões pessoais e passemos a um curioso programa de renda acessível que o Governo da Geringonça fez avançar com estrondo e foguetório  abundante. Em princípio, previa-se que o senhorio privado que estabelecesse rendas 20% abaixo do praticado no mercado teria direito a um desconto no IRS, justamente sobre a parte dessas rendas no seu rendimento. O Governo esperava que tal medida, saída, direitinha, dos bolsos dos senhorios tivesse um alcance no total dos arrendamentos de cerca de 20%. Verifica-se agora que celebrados que foram mais de 250.000 arrendamentos a coisa não passou dos 0, 37!!!

Repito: zero vírgula trinta e sete por cento. Um desastre, contas mal feitas, incapacidade de perceber o mercado e, sobretudo, desconfiança total. Provavelmente o ganho no IRS seria de tal modo mesquinho que nenhum senhorio avisado se arriscou. Melhor houve erca de novecentos que arriscaram mas não se consegue saber quantos desses contratos ainda estão activos.

Também não se sabe que tipo de alojamentos foram de facto alugados e sobretudo se nesses menos de mil alojamentos não terá havido esquemas de ajuda a familiares, amigos ou a estudantes. É duvidoso que na maioria dos casos se tratasse de casas em bom estado mas isso não se pode provar ou relegar. 

O decreto gerigonsita morreu  se é que não foi apenas um nado morto. Vai aparecer outro do mesmo género com menos burocracia (promessa risível e incumprivel num  pais que inventa dez regras absurdas por dia.) mas não se sabe qual vai a ser a projecção do Governo, deste vez sem o viático da finada geringonça.   

Deixemos este episódio que seria ridículo se não fosse dramático, e passemos a outra promessa das arábias. 

Ontem, o sr Primeiro Ministro ou o sr Secretário Geral do PS prometeu solenemente diante de uma inflamada plateia de jotas que até ao fim da legislatura haverá mais umas dezenas de milhares de camas em residências universitárias para estudantes deslocados das terras de origem. 

E terá feito a promessa sem corar mesmo sabendo que daqui a três anos já escasseia o tempo para a planificação, a concepção, os concursos e a edificação de tanta cama. Nem que fossem beliches! Ou esteiras estendidas debaixo de um telheiro,  coisa que agora com o esperado regresso das cheias se torna menos cómoda. 

Mais uma vez, este que estas vai traçando, se referiu ao assunto. Haverá quem se recorde que, quando se começou a discutir o problema das propinas e o corte radical e a eito das mesmas, tive aqui uma proposta simples mas trabalhosa: só descer as propinas para quem tivesse baixos rendimentos e manter as restantes pois no ricos,  nos quase ricos  e nos que para lá caminham, as propinas são valores exíguos. Dar ao filho do banqueiro as mesmas condições que ao filho do emigrante trabalhador rural no Alentejo as mesmas condições parecia-me extraordinário, mesmo descrendo que o segundo pudesse chegar à Universidade já. (chegará, sem dúvida pois grande parte das comunidades emigrantes em Portugal é constituída por gente que trabalha sem descanso  e quer progredir. E em paz com o país, com a civilização nacional, os usos e costumes portugueses).

Neste exacto momento, os quartos para estudantes não só rareiam mas cada vez estão mais caros. Ainda há um par de semanas o preço médio andava pelos 500 euros mensais!...  

Encarar esta realidade, enquanto não há alojamentos dignos, obriga a procurar os meios que, como todos sabem, são escassos. Sobretudo em Portugal...

O caso das propinas é paradigmático, Finalmente, alguém, no Governo e no Ministério da Educação. Percebeu que aqui tem de haver claras distinções no que toca aos rendimentos doe estudantes ou dos seus agregados familiares.  Foi isso que afirmei na altura e vejo que mesmo sem me ouvirem, terá havido algum bom senso nalguma cabecinha pensadora. Será milagroso mas há que ter fé. 

Tudo isto sem perder de vista que a questão das bolsas terá de ser reavaliada porquanto o que há não garante o mínimo vital sobretudo em Lisboa e Porto. 

Não vale a pena fazer a festa afirmando que se está a preparar outra geração  “mais qualificada de sempre” quando naa garante que os melhores conseguem chegar à universidade. 

Tudo o resto é pura fantasia e promessas que só por mero prodígio celestial serão cumpridas. Até lá, inquilinos, senhorios, estudantes continuarão a sentir dificuldades. 

 

estes dias que passam 762

d'oliveira, 17.12.22

Unknown.jpeg

Dois e meio por cento!

mcr, 17-12-22

 

2,5% dos deputados ao Parlamento europeu, exactamente doze (1) votaram contra o reconhecimento de genocídio na Ucrânia.

Em poucas palavras, o governo soviético impôs à Ucrania uma quota de produção de cereais (e outros géneros alimentícios) que no só excedia em muito as possibilidades reais mas, sobretudo, condenava à fome, os camponeses e, mais ainda os citadinos. Isto para não referir as medidas anti-kulak que se traduziram em milhares de deportações, em penas de prisão prolongadas e, finalmente, na pena de morte aplicadas asem julgamento nem condenação prévia.

Dezenas de ,ilhares de famílias foram pura e simplesmente deportadas para zonas longínquas da URSS sem sequer poderem levar o mínimo essencial para subsistir em tais locais, desde roupa, a utensílios e alimentos. 

Ao fim de alguns meses, houve mesmo o encerramento das fronteiras internas, fechando a Ucrânia e impedindo a fuga de gente esfomeada. 

Não é possível, ainda hoje, saber ao certo quatos cidadãos morreram mas estima-se que o n´mero de vítimas directas poderá ter atingido entre 3 e 5 milhões de pessoas. No que toca a vítimas indirectas  há estudos que atiram o total de afectados para quase dez milhões. 

Por todo o mundo correram milhares de fotografias de mortos, de moribundos estendidos nas ruas, de cenas de canibalismo, um desastre medonho que, mesmo na URSS (bem mais tarde, claro) houve reconhecimento das exacções cometidas pelo poder soviético.

Pior ainda, nem sequer as medidas adoptadas (que também atingiram algumas regiões fora da Ucrânia) tiveram ps resultados previstos e pode-se afirmar-se que, se num lado havia uma fome temível, noutros houve uma dieta forçada.

O desastre económico soviético que se prolongou até à queda do regime mesmo se de forma menos evidente não se deve apenas à vontade de um ditador (Stalin) mas tem origem nos pressupostos erigidos em teoria económica dos planos quinquenais que nunca se cumpriram na totalidade apesar do gigantesco sacrifício que se impuseram aos trabalhadores em nome dos quais o regime afirmava governar. 

O Parlamento europeu acabou há poucos dias por reconhecer, em sessão realizada para o efeito, que houve um claro genocídio do povo ucraniano entre 1931 e 1932. Tal situação está na origem de algum, escasso mas verdadeiro, apoio de populares ucranianos aos invasores nazis. Convém sublinhar que não foi caso único bem pelo contrário. E já agora. É bom sublinhar que a Resistência popular se estendeu por igual a todos os territórios ocupados com alguma relevância, aliás, para a Ucrania onde há um apreciável número de localidades “heroicas” reconhecidas oficialmente. 

A votação teve os seguintes resultados Votos a favor da moção que reconhece o holomodor como genocídio 507; votos contra 12; abstenções 17.

Portugal contribuiu com 2 votos contra (nem vale a pena dizer de quem pois logo se adivinha!...) 

É mais que provável que, para além das ordens recebidas, os dois contras portugueses nada saibam da história pregressa e dos motivos que estão na base desta tragédia que, por si só, condena inapelavelmente o regime que a provocou e a ideologia que o suportava. Não seria a primeira vez em que a ignorância culposa e manifesta leva a justificações de desconhecimento dos factos, como é sabido. 

 

  

 

Pág. 1/2