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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 567

d'oliveira, 31.01.23

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Lembrando o antigo 31 (de Janeiro)

mcr, 31-1-23

 

Agrava-se a chinfrineira

Vai aumentando o zum-zum

Vem bomba, rebenta, pum

Depois mais tarde vereis

24, 26, 29 e 31

Ó larilólela

Como este não há nenhum

Tudo bate em Portugal o fado

Do 31

(fado do 31)

 

Os leitores desculparão mas não é fácil exaltar a arruaça de 31 de Janeiro que demorou o tempo que leva a ir da antiga Câmara a meio da rua de  Santo António (hoje, e mal!, rua 31 de Janeiro. Que diabo, Santo António é o maior santo português e universal e a rua é das mais antigas  da cidade e sempre se chamou assim mesmo que no seu topo a igreja se chame de Santo Ildefonso) .

 Convém dizer que nesta minha apreciação da “revolução” do 31 de Janeiro não vai qualquer má vontade mas tão só uma crítica à total impreparação dos revoltosos ao estúpido sacrifício da arraia miúda que foi baleada ou morta, para não falar dos presos, julgados e deportados. Em tempos mais modernos isto seria “uma anarqueirada” (como a da Marinha Grande...) ou puro aventureirismo.

De todo o modo, quando me iniciei nas lides políticas, o 31 de Janeiro e o 25 de Otubro eram datas que celebrávamos com fervor, sob o olhar malsão da PIDE e das restantes autoridades. Um “viva à República” podia dar direito a uma detenção e a algum “par de safanões dados a tempo”. 

No Porto, o 31 de Janeiro obrigava a uma ida ao cemitério do Prado do Repouso junto do memorial do evento celebrado. Também aí a “oposicrática” se arriscava a um par de cacetadas quando a coisa não morria logo no ovo antes mesmo de passados os portões.

Nessa mesmíssima época, pelo menos em coimbra, a rapaziada monárquica tinha a sua especial festa no 1º de Dezembro e durante anos a festividade consistia em ir ao palácio de S Marcos onde residia o pretendente ao trono.

Com uma diferença, e de peso!, ninguém era incomodado pela polícia. Não faço ideia de como as coisas agora se passam mas não tenho visto reportagens significativas sobre estas festividades civis

  Por junto, a Esquerda (alguma dela)dá-se ao trabalho de desfilar na Avenida da liberdade de cravo na mão ou ao peito e. Se possível, ao som de “Grândola vila morena”, a imortal cantiga com que o Zeca festejou e agradeceu uma recepção seguida de pequeno concerto dele numa sociedade recreativa da terra. 

Voltas que o mundo dá: o Zeca escreveu e musicou cantigas bem mais revolucionarias (Meninos do bairro negro;  Vampiros..., por exemplo) e igualmente ricas musicalmente mas foi a Grândola que graças ao golpe militar (desta vez bem preparado e triunfante...) que ficou na memória colectiva  e “marchista”. 

Claro que, hoje, tantos anos depois, recordo as nossas celebrações juvenis e desafiadoras com um misto de benevolência e de saudade. E lembro os inúmeros amigos e companheiros desaparecidos que já são uma multidão que parece dizer-me que só falto eu para me juntar aquela sombria festa. Descansem que não falta muito para eu me juntar a vocês, malta amada e perdida. 

 

(suponho que o fado do 31, referido na epígrafe não tem nada a ver com  efeméride mas à vista da letra não resisti.)

 

 

 

 

estes dias que passam 774

d'oliveira, 30.01.23

A caricatura do fascismo

mcr, 30 -1-23

 

Jô Soares esse extraordinário actor, humorista e autor brasileiro, numa rábula que satirizava a Mafia dizia “não manda a máfia para o Brasil que o Brasil esculhamba a mafia”.

Ou seja que no Brasil a mafia perdia os dentes, virava samba de uma nota só e errada, perdia a sua trágica dignidade (enfim aquilo que eles entendem por dignidade) enfim tornava-se uma anedota.

 

O mesmo se pode aplicar aquele ajuntamento do passado fim de semana de que algumas televisões maliciosas mostraram os incidentes mais ou menos grotescos (e foram vários...) A entronização do “chefe” foi um musta de mau gosto, ridículo e gritaria Os viva Portugal, viva o chega e viva André Ventura com que uma boa dúzia de congressistas acabavam os paupérrimos discursos põem uma criatura com tendências suicidas a tentar desesperadamente desembaraçar-se da corda com que tentava enforcar-se pois verificava que havia no país gente ainda mais desfavorecida do que ele. Todavia, com a barrigada de gargalhadas acabava por desastradamente morrer de apoplexia! 

Quem como eu apanhou com 33 anos de dose de poder autoritário, provinciano e clerical, fica espantado com o nível daquelas discursatas berradas, daquele fervor tíbio, daquelas toliçadas passadistas. 

Se o dr. Salazar ressuscitasse e ouvisse o pouco que ouvi, corria de certeza à procura da cadeira agoirenta que o atirou para aquele limbo inacreditável (e imerecido, apesar de tudo) em que viveu durante algum tempo, iludido pelos médicos, acompanhantes e outras tristes figuras que o mantinham na ideia de que ainda governava. 

É verdade que morreu na cama mas os seus derradeiros meses foram inconcebivelmente pindéricos, parecia o fantasma da ópera na yellow brick road. Pior muito pior do que o fantasma de Canterville se é que ainda há leitores de Oscar Wilde...

Algum desses “happy few” lembrará que já no fim das aparições o fantasma roubava o baton da jovem filha de família para com o vermelhão ele pintar vestígios de sangue no soalho do castelo. 

Eu não me lembro de Hitler ou Mussolini esmo se já por cá andasse (como bebé, está bom de ver...) mas recordo uma pandilha de sul americanos, os antepassaos do presidente da Coreia do Norte, o inefável Enver Hoja o sinistro Stalin, tudo ditadores que eram semelhantes em tudo e sobretudo na perseguição à liberdade e ao povo subjugado pelo Partido, pela polícia, pelos fieis que de braço levantado ou punho ao alto os endeusavam. 

Por cá as tentativas fascistóides foram um pouco “esculhambadas” basta pensar nos “Camisas Azuis” de Rolão Preto que, de resto, acabou a sua vida política e pouco gloriosa a juntar-se à “Oposicrática” reviralhista.

Eu, de meu natural pacífico e tolerante, não desejo ao dr. Ventura  (que, convenhamos, é medíocre) um fim idêntico aos do Hitler e principalmente do Mussolini para já não falar no desastre que consumiu o Conducator romeno que teve um processo tão miserável quanto a sua vida infame exigia. 

É verdade que a criatura vê crescer a sua messe de ameaças e proclamações serôdias, graças às tolas tergiversações de certa Esquerda e ao facto de já ninguém ligar aos anúncios do BE e do PC. Muita da gente que vota naquela coisa chamada Chega é malta que se fartou das tonitruâncias da Geringonça.

A direita direitona e trauliteira prospera nos terrenos desertificados pela Esquerda inconsequente e incapaz de perceber que o mundo mudou. 

Repare-se  no mapa eleitoral onde progride o Chega e veja-se quem é que lá estava antes. E não é só nos feudos da Direita moderada que as coisas ocorrem (basta dar uma volta pelos bairros desfavorecidos das grandes cidades ou pelo Alentejo desencantado.

Na AR também não tem sido brilhante a aclão dos que cortam a palavra ao seputado Ventura e, agora, aos seu séquito de “yes men”. O proto fascismo, mesmo esta caricatura, não se combate com slogans e afirmações de fé revolucionária mas antes com uma política séria no terreno. 

Mas isso precisaria de outros actores, de alguma modéstia, de uma política que fosse ao encontro dos múltiplos descontentamentos (lembremos a gente da justiça, das escolas ou da saúde, para não falar da agricultura onde pelos vistos até condenados são nomeados...)

Até lá, teremos, as convenções patrioteiras, de relentos xenófobos e racistas, de fervor pela pobre imitação de um “duce” de país bananeiro onde, pelos vistos, ninguém se dá conta do ridículo...

 

No capítulo dos dramas de faca e alguidar temos que a criatura Keyla Brasil andou desaparecida três dias. Diz-se que foi ameaçada de morte por algum alucinado homofóbico ou trans fóbico. A ser verdade, pergunta-se porque é que a “trabalhadora do sexo e actriz” (sic) não apresentou ela própria queixa numa esquadra, munida das cartas ou mails de ódio que referem. Bastaria a companhia de um advogado ou de alguns corifeus LGBT para prevenir algum enxovalho. 

A menos que o desaparecimento tenha outras e mais sofisticadas razões. 

E, a propósito, os que lhe chamam “trabalhadora do sexo# não serão os mesmos que negam às prostitutas o direito de o serem, de serem legalmente protegidas e toleradas? 

Responda quem souber...

au bonheur des dames 566

d'oliveira, 27.01.23

Lisboa não sejas francesa”

mcr, 27-1-23

 

O título apela para uma cantiga antiga que. Aliás, é medíocre. Todavia, rima com o outro título que havia para o folhetim: “à grande e à francesa” mesmo se hoje em dia  o esbanjamento seja mais dos novos ricos russos (agora em local incerto. E falo apenas dos que ainda não foram suicidados ou morreram de morte macaca...).

Porém, o título vai todo para o famoso altar a construir para a visita papal. 

Cinco milhardas prece muito para algo que só vai servir para um par de missas. As descrições que ouvi na televisão são algo de faraónico ou, melhor dizendo, são típicas de um certo Portugal onde a pompa e circunstância  foram de regra. 

E u não sei se o investimento vai render os balúrdios prometidos ma recordando eventos passados só de pensar nisso até me persigno. E não sou religioso, convém acrescentar. Isto de contar com o ovo no cu da galinha já mereceu há quinhentos anos a crítica de Gil Vicente. Pelos vistos, a comédia caiu em saco roto.

Uma coisa é certa. Mesmo num espaço renovado aquilo é demasiado grande e o altar não tem cabimento nos hipotéticos festivais de música. 

Uma visita papal, sobretudo do actual Papa, não pede coisas tão gigantescas e tão caras. 

Claro que não estou com os filisteus que agora em nome da laicidade rasgam as vestiduras e clamam pela pureza e pobreza primitivas da Igreja. 

Sobretudo, e como já citei, os arautos da laicidade cujo discurso  além de bacoco é falso. É verdade que o Esado é çaico mas parece incontroverso que uma larga maioria da população é católica. Basta comparar as peregrinações a Fátima com, por exemplo, o conjunto de todos os comícios políticos de um ano.  Fátima deixa-os a uma distância de anos luz. E basta recordar que a terra está longe de tudo mesmo para quantos não vem à pata  dias e dias ao sol e à chuva. 

No meio disto tudo, vi que um tal José Fernandes (o Zé do Bloco nos bons tempos) tem um cargo importante (e seguramente bem pago ) no controlo da preparaçãoo das festividades. Agora diz que não sabia de nada. O Sr Presidente também de nada sabia. Porém já eram públicos alguns custos e deles o do projecto da horrenda mastaba a que chamam  altar. 

Muito á portuguesa começou-se tarde e a más horas e por isso o recurso aos habituais truques foi de regra. Quando o tempo aperta, os convidados metem a unha n conta, coisa que não sendo só nacional, é costumeira. 

Mesmo que os famosos lucros, o “retorno” atinjam os 100 ou 200 milhões, a verdade é que isso ainda é uma incógnita. Basta que a guerra acelere, que o covid recupere, sei lá que mais e lá  vai o projecto da chuva de patacas pelo cano. 

Fiquei também a saber (sempre pelas mesmas fontes televisivas) que a Igreja, ao contrário do que se propalava também entra com uns largos milhões. E se assim é convém lembrar que essa despesa é a fundo perdido. A igreja não aluga casas, camas, tendas, não vende bifanas  nem promove arraiais onerosos. Dir-se-á que os seus ganhos são outros mas isso não tem valor contabilístico. Claro que hão de vender umas  medalhinhas, outro tanto de fitinhas e talvez de santinho mas isso são trocos. 

A ganhar à grane e à francesa são os arquitectos, engenheiros, projectistas,  donos de casas de pasto e similares, a malta das casas low cost e os vendedores de “suvenires”

Outro ganhador é o dr. Costa que, subitamente ficou na sombra graças ao facto dos holofotes estarem apontados a Moedas e a um bispo (e mesmo a um frei qualquer coisa que veio à televisão falando de escândalo).  O Sr Presidente, mesmo a despropósito, lá apareceu o seu par de vezes a repetir que nada sabia. Se nada sabia não precisava de vir à ribalta. Não é personagem desta arruaça.

Assim como até os ateus e os “representantes” dos laicos e outra gentinha vieram dar a sua sentença, eu atrevi-me a “postar” este folhetim. Também sou gente, pago impostos  (arre!!!) e não irei a nenhuma das jornadas gloriosas que se anunciam. Como é duvidoso, quase certo, que nunca porei os pés naquela zona seja ela parque verde, azul ou amarelo, ou poiso de música ao desafio, fico-me por aqui. 

O enredo segue dentro de momentos...

Lisboa, antes francesa e alegre que portuga e tristonha mesmo se, como diz a cantiga “Portugal outras coisas não perdoa.”

au bonheur des dames 565

d'oliveira, 25.01.23

Mais sobre o assalto ao palco

mcr, 25-1-23

 

afinal o “justo” protesto de uma criatura “trans” sobre a não atribuição de um papel “trans” a uma verdadeira espécime “trans” foi meticulosamente organizado. A plateia tinha vários adeptos que secundaram a invasão da ribalta e  “espontâneo” protesto.

Em segundo lugar, a criatura protestatária garante que é astriz  embora exerça a prostituição (“chupa pau,” na sua expressiva linguagem) como ganha pão. 

Convenhamos que das duas uma: ou em Portugal (onde se refugiou, dados os alegados maus tratos sofridos no Brasil) vigoram os mesmíssimos preconceitos  (o que é estranho porquanto um/uma das personagens em palco também é “trans” e o/a que substituiu o desgraçado e atrevido actor que dava vida a/ao 2º/2ª trans , “também “trans” era!...

Pelos vistos, pelo menos no teatro não corre o alegado “preconceito”. 

Claro que se pode pensar que a criatura protestante, embora se afirme actor/actriz, não fez ainda prova de vocação, capacidade, jeito, dom para as artes cénicas.

E não o fazendo, claro que ninguém lhe dá trabalho...

É verdade que, por cá, há até escolas de teatro  cuja qualidade desconheço. Sei, contudo, que em centenas representações a que me sujeitei pagando bilhete ou cumprindo dolorosas funções de serviço, vi uma multidãoo de péssimos “profissionais” num número enorme de espectáculos que raras vezes ultrapassavam o sofrível e muitas mais caiam na mais medonha mediocridade. 

É que para fazer teatro basta querer, juntar um par de cúmplices, arranjar um texto  nem sempre de qualidade e pedir um subsídozinho ao Ministério. Este, quando o não dá, fiado em conclusões de um júrim é acusado de má fé e de estrangular a cultura.

E junta-se uma estridente multidão, abaixo-assinante pronta a qualificar o ministro como um horrendo filisteu. 

Vi pretensos actores, pretensos encenadores e “geniais” realizadores (de cinema) trazerem a lume queixas e gemidos contra a incompreensãoo dos burocratas da culturae, sobretudo, contra o público ignaro que foge a sete pés do teatro e condena à fome os seus heroicos artífices. 

Ao longo de anos no Ministério (Secretaria de Estado na época) da Cultura cumpri corajosamente o meu papel (ingrato) de espectador, pagando sempre o meu lugar mesmo se mo ofereciam.  E ouvi continuadamente as mesmas queixas sobre a deserção do público. 

De resto, naquele tempo, já não subsistiam teatros ditos “comerciais”, mas apenas o que era conhecido como teatro “independente” que vivia mais do apoio oficial , ou seja, um teatro dependente dos escassos recursos pagos nos impostos de todos (os dqueles que os pagam...)

Corria, na época a blague de que o teatro independente era afinal puramente dependente. 

A cultura ou que com esse nome corre em Portugal parecia só feita por actores, encenadores, realizadores e alguns profissionais da música dita erudita e do bailado. Os escritores, os artistas plásticos, os ensaístas e críticos esses que se governassem pelos seus meios. E o mesmo se aplicava a tudo o que cheirasse a popular (teatros amadores, bandas de música, ranchos etc...) que não tendo o mesmo acesso aos órgãos de informação viviam na mais solitária sobriedade mas... acabavam por envolver milhares de pessoas e ter públicos muito mais numerosos. Um país a duas velocidades, uma autoatribuída elite e uns pobres e atrevidos amadores!... 

Na triste história que deu mote ao folhetim, destaca-se ainda a questão de saber o que vai fazer o actor cobardemente substituído pela direcção da companhia. Substituído e humilhado! 

A ideia peregrina de destinar cada papel a determinado grupo lembra a história imbecil do poema (medíocre) lido na tomada de posse de Joe Biden (se não erro) Parece que “aquilo” era escrito por alguém negro e por isso só poderia ser traduzido por alguem da mesma cor ... a coisa andou durante umas semanas nos jornais (mas não nas páginas de humor!...). Depois morreu, naufragando sob o peso da absoluta imbecilidade demonstrada pelos exegetas. 

Eu atrevo-me a predizer que a alegada acriz que se exibiu semi-nua no palco do S Luís ainda vai abocanhar um papel graças ao cheiro do escândalo que não do talento.  Vai uma apostinha? 

 

au bonheur des dames 564

d'oliveira, 23.01.23

David Crosby

mcr, 22-1-23

 

com a idade que carrego (mas não me queixo...) ´é natural que a geração a que pertenço vai saindo e cena. Definitivamente! 

Desta feita foi o David Crosby nascido no mesmo ano que eu, mas ligeiramente mais velho) e conhecido desde  o tempo dos Byrds e e juntou-se a dois veteranos  (stikks e Nash) do muito esiimável Buffalo Springfield. 

O primeiro álbum desse trio (Crosby. Stills and Nash) é de 69 e foi um autentico êxito de critica e de vendas. O êxito repetiu-se masi moderadamente com Deja vu e mais tarde ainda com “CSN).

Ao trio juntou-se Neil Young e com este  o exito repetiu-se novamente com o álbum Crosby, Stills Nash and Young mesmo se apesar do peso pesado que era o quarto elemento a crítica não lhe foi tão favorável. 

Crosby produziu algumas obras de Jony Mitchel outra interprete famosa e inesquecível. Ambos (aliás todos os citados) intervieram no festival de Woodstock e isso garantiu-lhes a eternidade possível no mundo do rock.

Tudo isto nos anos de brasa (inclusive para mim, estudante em Coimbra nesse ano admirável de 69,ano de resto do 1º álbum do trio). 

Recordo-me de ouvir o programa “Em órbita” (acho que era esse...) e de obviamente apanhar doses maciças destes músicos) 

Andam cá por casa não só os LP deles mas, mais tarde, e à cautela, também adquiri os cd. Claro que, como os heróis de um filme que muito estimo (Big Chill, que em Portugal passou com o nome “Os amigos de Alex”) este som, o da 2ª metade dos 60 e todos os 70 (a que não quero deixar de juntar a 2ª metade dos cinquenta...), é ainda hoje, tantos anos passados a música, ou parte da música da minha vida. 

É que eu divido-me pelo jazz, pela ópera, por quase toda a música clássica e por muitas outras sonoridades mormente alguma grande música francesa. Sem esquecer o flamenco, evidentemente. 

Todavia, David Crosby é do meu ano e isso acaba por tornar mais penosa a notícia da sua morte. Atrever-me-ia a dizer em guisa de conclusão: morreu um “clássico” cuja música fez feliz muita gente. E influenciou centenas de excelentes músicos. Um rasto imenso, sólido e pluri-geracional. Convenhamos que não é pouco! 

 

au bonheur des dames 563

d'oliveira, 22.01.23

Não há pachorra!

mcr, 22-1-23

 

O sr. Pedro Nuno Santos é, definitivamente, um caso perdido. Por falta de inteligência que se manifesta sempre que abre a boquinha mimosa ou põe um comunicado na rua. 

Desta vez, acossado pela investigação levada a cabo por meios de comunicação que se agarram à historieta herói cómica da sr.ª Alexandra Reis, eis que o auto-demitido ministro, glória de uma “esquerda” sem rumo no PS, vem afinal admitir que conhecia toda a história.

Lembremo-nos que, a seu tempo, PNS desconhecia tudo, era uma espécie de anjinho papudo no meio de uma corja de colaboradores que lhe ocultavam as coisas mais evidentes. Todavia, apesar da sua completa inocência baseada no desconhecimento do que se passava, PNS entendeu em nome de uma espécie de “ética” que deveria demitir-se porque, afirmou ele, a responsabilidade política existia e isso era suficiente para ir à sua vida. 

Verifica-se agora que a criatura, neste lapso de tempo, foi de novo às suas notas e, de súbito, fez-se luz! 

Afinal sabia da saída da senhora, da recompensa pelo afastamento, enfim tudo. Ou quase, porquanto, sabe-se agora, que desse miraculoso dinheiro entrado nas algibeiras da srª Reis nem um um sinal chegou ao Tribunal constitucional! 

Ou seja: esta rapaziada (e esta raparigada) está-se nas tintas para esses míseros pormenores que em Portugal tem o nome de legalidade. 

Poder-se-á pensar que isto foi caso único mas a triste realidade dos factos que se vão sucedendo em catadupa, rebenta com qualquer tese nesse sentido. É ver quem mais “saca”, quem mais finge, quem mais engana. Claro que, uma que outra vez a coisa é tão mal feita que o escândalo rebenta. E lá se demite mais uma criatura. Ministros, deputados assessores, consultores é uma dança de S Vito que, como o nome indica, não cessa de infectar pessoas. 

No caso de PNS a coisa merece duas observações: começa a ganhar corpo a ideia de que, a famosa demissão (escusada segundo o dr. Costa) foi um truque para tentar “abafar” desenvolvimentos posteriores, ou seja para evitar que a investigação chegasse onde já chegou. Convenhamos que a simples ideia de com um passe de mágica acabar com o justificado burburinho não surtiu efeito nem sequer “tinha pernas para andar”. Como de costume, PNS pensou que os portugueses eram mais burros do que eventualmente são e, sobretudo, mais “ingénuos” do que a pequena multidão dos seus apoiantes dentro do PS. 

Esta esperteza “saloia” vem na directa linha da afirmação de que com a recusa de pagar a dívida, as”perninhas dos banqueiros alemães tremeriam medonhamente. Vê-se que o cavalheiro desconhece os teutões e, pior, as regras da finança e os cuidados que a governação de um pequeno (ou grande...) há de ter para se manter no chamado concerto das nações. 

Depois, sem omitir, outros palavrosos e atoleimados textos, temos a questão da localização do aeroporto que Costa atalhou com alguma brutalidade  mas, sobretudo, com razão.

Temos ainda que PNS foi um dos indefectíveis da nacionalização da TAP  cujo custo é conhecido e jamais será compensado. Afinal a companhia nacional, o ai Jesus dos patriotaços vai ser vendido a quem mais der. E circula a ideia que aquilo irá por 900 milhões. Como o Estado já lá derreteu mais de quatro mil milhões já se vê no que dá a arrogância, a incúria, o desconhecimento dos dossiers. Isto não é sequer negligência mas tão só erro grosseiro. O grave foi que, com o apoio de um par de intelectuais em fim de carreira e de validade , se andou por í a vender a tese que a TAP era essencial para a nossa diáspora! Como se os emigrantes fossem tão burros que preferissem pagar o dobro do que pagariam em outras companhias nomeadamente nas de low cost. Como se os nacionais que viajam pagando o seu bilhete achassem que por mais uns largos euros estariam mais bem servidos! 

Claro que na demissão de PNS, para além da presumível fuga à descoberta da verdade (e a procissão ainda vai no adro...) havia a peregrina ideia de que, ficaria com as mãos livres para na bancada parlamentar ir cozinhando o dr. Costa e fogo lento! 

Aliás, até nessa retirada da “política” a criatura ficou a meio caminho. É verdade que saiu das estruturas nacionais do PS mas pensou que no palamento estaria seguro para conspirar, criticar, organizar as hostes fiéis e sempre com uns tostõezinhos que mesmo que o ordenado de deputado não seja grandioso semprw vai dando para a sopinha, o pãozinho e a manteiga. 

Como é que chegámos até aqui? Como é que, depois, de uma infausta legislatura que não andava nem desandava a maioria absoluta veio premiar um partido que chegara ao poder aos ombros do PC e do BE? Estes pagaram duramente o seu absurdo esforço, o seu repetido silêncio, a paragem de greves e de manifestações de rua. Os respectivos eleitores não perdoaram, fugiram, deram o voto ao chega por um lado e ao PS por outro. Basta consultar  os mapas eleitorais e o rumo que fortes grupos de cidadãos tomaram. 

Agora, com um ex-presidente de Câmara acossado (falo do sr Morão) com outro preso (falo do sr. de Espinho),  com um terceiro acusado de ter desbaratado fundos municipais em algo que nunca existiu (o caso de Caminha...) começa-se a sentir um cheiro pouco salutar para evitar adjectivo mais forte e...mais verdadeiro!

Estamos “feitos ao bife”, é o que é.  Na rua vocifera-se, os professores não param, os protestos generalizam-se mesmo se ninguém preveja nada de grave. Os ingleses usavam uma expressão com que fecho este folhetim: situação desesperada mas não grave. 

A isto acrescento uma frase imortal do sr Ulrich na época homem forte do BPI, que ouvindo dizer que o povo não aguentava, disparou “Aguenta, aguenta!” (e tinha razão!) Ou, cereja no bolo, a tirada de Costa”: “Habituem-se!” 

E como a oposição está em parte incerta, toda ela, sem excepção, tenho por mim que 

Tudo isto existe

Tudo isto é triste

Tudo isto é fado!

Arre!

Au bonheur des dames 562

d'oliveira, 21.01.23

 

 

 

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O ridículo não mata e a imbecilidade ainda menos!

mcr,  21-1-23

 

Durante uma representação de peça “tudo sobre a minha mãe” uma actriz brasileira e transsexual ( o Observador diz ainda mais coisas sobre a personagem)  interrompeu a actuação porque uma personagem transsexual era representada por um actor!

Ainda por cima, noticiam, esse actor não pertence a nenhuma das minorias sexuais que agora se agitam freneticamente por aí.

O resultado, a todos os títulos, inacreditável, foi a substituição do actor em causa por uma actriz “trans”.

Ou seja uma cedência tonta a uma reivindicação sem pés nem cabeça.

Suponham os leitores que um dia destes num espectáculo de teatro (ou num filme) um actor ou uma actriz que desempenhem papéis homossexuais sejam substituídos pelas mesmíssimas razões.

Ou, a contrario, se um alucinado qualquer entender que um actor homossexual não pode fazer um papel de alguém que não pertença a nenhuma minoria?

E invada o palco, aos berros e ameaçador?

Quid júris?

Eu vi filmes belíssimos de Montgomery Clift (um actor homossexual  e extraordinário) em que el contracena com mulheres belíssimas não dando azo a qualquer duvida sobre a forte masculinidade da personagem.

(é porém verdade que em “Subitamente no Verão passado” -real Joseph Mankiewicz, sobre peça de Tenessee Wiliams – a personagem masculina (desempenhada por MC) evidencia subtilmente a sua eventual homossexualidade. Tudo muito cauteloso, tanto mais que o filme é de 1959...).

durante uma longa vida de espectador teatral e de cinéfilo fartei-me de ver econhecer actores homossexuais e nunca me passou pela cabeça questionar a o facto de representarem papéis heterossexuais. Nem nunca vi ou soube de algo no género.

Estava, todavia, escrito que  já perto do fim da minha vida assistiria via televisão a este tonteirada raivosa e estúpida que, eventualmente, poderá arruinar anos e anos de reivindicação.

Claro que o simples facto da direcção da companhia ter cedido ao protesto que, pelos vistos, nem sequer era seguido por mais gente, diz muito sobre o triste mundo em que vive algum teatro que recebe subsídios podendo mesmo dizer-se que sem o óbolo estadual nem sequer existiria.

Não vou identificar as criaturas envolvidas mas qualquer consulta à internet satisfará a curiosidade  de quem quiser perder tempo a saber quem são os intervenientes que, em boa verdade nem merecem ter o nome escarrapachado aqui.

Dito isto valeria a pena atentar nas desculpas esfarrapadas do encenador e director da companhia que, amedrontado, veio dizer que as condições d( nacionais e internacionais) da produção não lhe tinham permitido antes levar à ribalta uma atriz trans pelo que tinha sido obrigado a recorrer a um actor “disgénero”!

É claro, como alguém, maliciosamente, afirmou, que tudo isto não teria sido mais do que um meio de chamar a atenção para um espectáculo falto de espectadores com naufrágio à vista.

Como truque também não vai longe ...mesmo se há sempre um par de basbaques prontos a  acorrer a qualquer coisa que cheire a escândalo.

O paupérrimo cenário do teatro nacional já tinha problemas que bastam.

Não precisava de mais este que, ainda por cima, torna a realidade mais mesquinha (se possível!...)

na ilustração Montgomery Clift aompanhado da beíssima ElisabethTaylor com quem contracenou várias vezes e de quem era amigo 

 

 

PS que nada tem a ver: corre no Porto, um abaixo assinado, requerendo ao Ministro da Cultura que reverta a decisão que torno a companhia “Seiva Trupe” inelegível para receber um subsídio do Estado.

Por outras palavras a companhia em apreço ficou aquém do critério estabelecido por um júri independente que exigia uma pontuação acima de 60%

Mal ou bem era um critério que na altura da apresentação de propostas não parece ter sido questionado por nenhum concorrente (ao que eu sei...).

Parece-me extraordinário, para não usar palavra mais adequada e contundente, vir agora pedir ao Ministro que ultrapasse o júri que nomeou e que, em nome da antiguidade da companhia (o que nem na tropa e um posto) volt a baralhar e dar de novo. Por outro lado: quem, de futuro aceitaria ser membro de um júri, sabendo que das escolhas feitas haverá sempre quem indevidamente recorra? E quando o bolo é pequeno, quem é que teria de ficar de fora? E isso não ocasionaria outro protsto e outro abaixo assinado?

A questão da subsidiação do teatro é algo que começou mal porquanto nunca ninguém estabeleceu limites a tal facto. O que,  logicamente,  conduziu à situação actual: um número indeterminado de companhias vai usufruindo, dm nome também da antiguidade, de algo que deveria durar apenas o tempo de um grupo teatral se afirmar, conquistar o seu público e voar com as próprias asas. Tudo o resto, digam os filisteus o que quiserem, é tornar o “teatro independente” totalmente dependente dos poderes fácticos. E ronceiro, sem imaginação, sem audácia e... (muitas vezes) sem público!

estes dias que passam 773

d'oliveira, 19.01.23

Uma luz no fundo do túnel

mcr, 18-1-22

 

Esta vendo-a tal qual me foi apresentada- O Ministério da Saúde tem um plano para fixar jovens médicos no interior. 

Quem fizer o internato em zonas interiores terá u subsídio de renda de casa  ou ser-lhe-á integralmente reembolsada a quantia despendida para tal efeito.  E se ficar na zona terá pelos vistos um ordenado acrescido na mesma proporção. A costumeira falta de médicos em certas regiões poderá ser (pelo menos) minorada com proveito para os habitantes e, eventualmente, os profissionais. Tenho por mim, que o mesmo se poderia aplicar a professores pois é sabido que em certas regiões (e no caso nem interiores são) a falta de docentes tem muito a ver com o preço das rendas. Ou seja quem está deslocado para além das contrariedades quanto à sua vida pessoal e familiar defronta ainda o custo exorbitante das rendas de casa. 

O desequilíbrio que actualmente se verifica quanto ao numero de profissionais em certas zonas não se cura apenas com esta medida mas as coisas hão de começar por qualquer lado. Uma medida deste teor não impede que se estudem as carreiras profissionais, os honorários a situação das escolas, dos centros de saúde, dos hospitais onde fazem falta. 

Como o sistema está actualmente, já sabemos tudo: cada vez está mais próxima a perspectiva de haver cidadãos de segunda, profissionais de terceira, desertificação de cada vez mais  extensas zonas. 

Claro que para  o chamado interior também se necessita de investimento gerador de emprego que fixe lá quem é de lá e deseje lá ficar o quem queira para lá ir. 

De todo o modo, sem escolas nem garantia  de acompanhamento médico não haverá muita gente a querer sair de subúrbios sufocantes para se instalar em terras provavelmente mais salubres e mais tranquilas-

Não vou arriscar-me (aliás porque não acredito) a afiançar que seria possível um regresso generalizado à anterior distribuição de população na medida em que a baixa continua de população agrícola é um facto indesmentível  definitivo. Todavia,   os distritos de Bragança, Guarda, Portalegre e beja (pelo menos estes) oferecem inúmeras possibilidades para uma vida bem realizada, saudável e interessante. Se as populações os desertaram foi porque não só as possibilidades de emprego caíram a pique mas também porque a essa sangria seguiu-se de instituições fundamentais como as escolares, judiciárias  e sanitárias. O país foi reduzido a uma estreita faixa de cinquenta (ou nem tanto) quilómetros de largura junto dos litorais norte, centro e do Algarve. E mesmo aí há fortes assimetrias.  Porém, tal situação não implica que o remanescente de população que ficou nas zonas menos habitadas esteja condenada a ter cada vez menos possibilidades e perspectivas de futuro. E, para usar uma palvra muito em voga, há zonas em que o povoamento em declínio pode ser revertido  de modo a criar-se um país mais estruturado e sólido. E deliz! E o custo disso é muito menor do que aquilo com que se vão remendando mazelas do litoral e dos subúrbios das duas grandes áreas de Lisboa e Porto...

estes dias que passam 772

d'oliveira, 16.01.23

Uma rápida reflexão sobre o novel atestado 

ou

 haja quem se desengome!

mcr, 16-1-23

 

A ideia (se sequer é uma ideia...) de pedir aos futuros integrantes de um governo ( e, pelos vistos, extensível a outros cargos políticos!...)  é, no mínimo mirabolante para não usar expressão mais severa e mais justa.

Em primeiro lugar, a menos que se criminalize a aldrabice ou a hipotética  falta de memória, a coisa nã apresenta grande virtude.

Depois, conviria saber que factos estão exactamente dentro do espírito do inquérito preliminar porquanto nem todos os processos de que alguém foi vítima tem o mesmo e mau valor jurídico. Ninguém está livre de acusações infundadas, de queixas absurdas ou de parentela indesejável mas com negócios que eventualmente se desconheçam. 

A escolha de colaboradores para uma determinada tarefa seja a de criada de servir ou de ministro ou secretário de Estado é privilégio e responsabilidade de quem convida e por mais argumentos de duvidoso valor que se invoquem não exime a responsabilidade política. 

Mesmo no “país de minha tia/trémulo de bondade e aletria”... onde a tarefa governamental anda ao sabor do aparelho, de equilíbrios internos no partido, de amiguismos e simpatia pessoal. 

Olhe-se com alguma distância para o quadro de ministros, secretários de Estado, membros dos gabinetes & assimilados. Será que a maioria apresenta um perfil ideal ou pelo menos adequado às funções a que é chamado?

Lembremo-nos do rapazinho recém saído da faculdade e chamado a um cargo para o qual não está de modo algum preparado. Alguém consegue divisar nessa escolha um vago relento de preparação política, profissional, sequer académica? 

Tentar passara batata quente do escândalo para um amontoado de respostas  duvidosamente visado  por um outro magistrado político de que se desconhecem a existência dos meios adequados para verificar o que quer que seja é uma habilidade, uma  espécie de exercício malabar cuja utilidade só pode ser a de apaziguar a populaça e o jornalismo sensacionalista. Nada mais! 

De resto, uma vez que se apresenta o projecto, seria oportuno que tal se aplicasse, e desde logo, ao conjunto de luminárias chamadas à ponte de comando da nau Estado. Pelos vistos não é assim. À semelhança das leis a coisa será para futura aplicação pelo que se torna como certo que as criaturas ora em funções estão virgens de qualquer obstáculo. Até que alguém dê com a boquinha no trombone e lá voltem os velhos demónios...

Não sei se os leitores repararam que nem o Supremo Tribunal nem a Procuradoria Geral aceitaram juntar-se ao circulo virtuoso dos medidores de virtude democrática. E tem-se por seguro que as restantes magistraturas sigam o mesmo rumo. Ou, por outras palavras: os sr 1º Ministro apenas terá a companhia do r Presidente. Isto, a ser assim, reduz tudo a uma coisa simples : responsabilidade política e nada mais. 

Há ainda, ntre um milhar de outras eventuais ocorrências, a hipótese de o preopinante ministriaável, secretariável  ou “gabinetável” estar no momento do convite ou da nomeação virgem de problemas que poderão cair-lhe em cima depois Como é que vai ser?

 

Eu não sou, nunca fui, adepto da balda, do convite por obscuras razões, do nepotismo, da salgalhada partidária e aparelhística. Todavia, vir agora com um conjunto de vinte e cinco pergunta (algumas das quais indiscretas ou a despropósito, é bom lembrar) parece-me uma operação cosmética que elude  a questão principal: porque e como foram escolhidos os membros do ramalhudo conjunto de criaturas defenestradas? Que critério presidiu à sua escolha? Que precauções se tomaram? Quem afiançou aquela rapaziada? E por aí fora... 

Tenho,  desde que me meti com as autoridades (e já lá vão mais de sessenta anos , uma dúzia dos quais vivida no sobressalto, no jogo das escondidas, na cadeia e e noutras situações desagradáveis) um princípio de vida: “àos costumes e à polícia diz-se nada”.  

É claro que neste à polícia tratava-se apenas da polícia política mas facilmente se pode estender às restantes. E os costumes não eram só os suspeitos nesses anos difíceis mas cobriam o respeito, a ética, a decência, a tolerância. Com isto me governei até hoje e, dada a minha idade, há de ser certamente com isto que irei para a cova. Como flores bastam e fica mais barato. 

Terminando, mesmo que isto seja apenas para o futuro. A responsabilidade do 1º Ministro é sempre política. As escolhas que faz. Assumem-se como tal. Se escolhe os elementos errados tem sempre um caminho: assumir assuas culoas e deixar-se de rodriguinhos. Esta proposta é uma tolice e não só não resolve os erros passados como não garante nada para o futuro.

Tudo o resto é fantasia e fogo de artifício de péssima qualidade... 

 

 

 

 

estes dias que passam 771

d'oliveira, 15.01.23

 

 

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O estado “sucial”

mcr, 15-1-23

 

Não leitoras perspicazes e leitores atentos, não me enganei de vogal na segunda parte do título. Escrevi “sucial” porque me lembrei da palavra sucia.

E é isso que temos no que toca à saúde e à educação. Profissionais tratados como se não passassem de uma súcia de incapazes negligentes, feios porcos e maus, que obram diariamente contra a pátria e contra o socialismo ou ao algo que por aí corre com o mesmo nome.

Já por várias vezes referi o caso da saúde que, mesmo com outro ministro, menos impante do que a anterior, mais conhecedor porque médico, pouco pode fazer além da promessa de estudar os dossiers pendentes e, honra lhe seja!, de aceitar sem sobranceria parva que o estado de coisas é mau.

Diga-se que isto já é um progresso em relação à criaturinha que adejou sobre o sector anos e anos e deixou tudo pior do que quando entrou no Ministério.

Hoje, a questão é a dos professores. Todos os professores sem excepção. Todavia, o acento tónico há de recair sobre aqueles que vão tentando levar a cabo a sua (já de si) espinhosa tarefa. Comecemos pelo óbvio: são miseravelmente pagos. E digo miseravelmente  porque andam pelas escolas aos trancos e solavancos, sem saber (pelo menos uma fortíssima percentagem...)  se no ano seguinte lá estarão.  Log temos uma instabilidade que não faz qualquer bem, e muito menos qualquer sentido. São os professores que vivem sob a ameaça de no ano seguinte serem colocados a distâncias absurdas do local de residência e por isso começam logo a iniciar as suas tarefas sob o signo da incerteza. E, é bom lembrar, que para os alunos a coisa também tem consequências pois isto de mudar de professor todos os anos prejudica todos.

A precariedade é, neste caso, e de per si, uma infâmia pois trata toda a gente por igual e mal. Ninguém de bom senso pode aguentar um perpétuo estado de emprego sujeito a um jogo de contingências ameaçadoras que além do mais, prejudicam qualquer projecto de vida familiar decente.

Depois, os “inteligentes” do Ministério da Educação, emboscados nos seus gabinetes, nem sequer sabem como é que as aulas se processam e, muito menos, se preocupam com a carga de tarefas extra-lectivas com que azucrinam a vida dos docentes. Essa camarilha do “eduquês” produz conclusões delirantes, fala de uma realidade virtual, desconhece opaís, as regiões, a dificuldade de encontrar alojamento digno e decente para quem está deslocado. Duvido que sequer saiba o preço do combustível, o esforço de horas ao volante, o desgaste psicológico de quem anda com a mala, a trouxa, às costas.

Não tenho a mínima simpatia pelo cavalheiro tonitruante da Fenprof que anda há uns bons vinte anos a cumprir uma agenda que se não é partidária é irmã gémea disso. Todavia, no meio de parlapatices várias, o homenzinho tem razão: aquilo, a vida de um professor é uma montanha russa absoluta e mal paga. Depois, temos que a progressão nas carreiras é um mistério para todos, sobretudo para os professores.    Aliás, mesmo com um enquadramento férreo, houve, já muitos que se rebelaram e engrossaram as fileiras do STOP, o “sindicato de todos os professores” que quase sem organização, muito menos experiência, conseguiu mostrar ao que vem. São poucos mas paralisam escolas, desesperam pais (que muitas vezes usam a escola dos filhos mais como depósito enquanto vão trabalhar do que como meio para educar as crianças e adolescentes).

Agora, um artista, a passar por videirinho, vem com passinhos de lã investigar como é que funciona o  fundo de greve, ameaçar os professores afirmando que estes pagam aos funcionário das escolas que, também eles!..., são poucos, tem quadros desfalcados e são miseravelmente pagos.

Notem que estas pequenas canalhices não vem da Direita anti trabalhador mas de uma gentinha que jura ser de Esquerda desonrando uma palavra e uma ideologia nobres, tentando assustar e ameaçar quem protesta.

Depois, temos que há regiões onde desde há anos faltam professores como faltam médicos e outros profissionais de saúde. Não há casas a preço módico para quem é deslocado. Neste capítulo poderia co alguma facilidade encontrar solução quer mobilizando hotéis quer construindo conjuntos de apartamentos dedicados exclusivamente ao arrendamento para profissionais de saúde e educação deslocados. Ou, encontrando uma fórmula de subsídios de alojamento autenticada pela direcção da escola do hospital ou do centro de saúde.

Eu até proporia umasolução drástica; deslocar a camarilha do eduquês & assimilados para, por exemplo Bragança, Beja e Guarda. (reparem que só indico capitais de distrito  que eu não condeno ninguém para o degredo das pequenas e desertificadas vilas e aldeias desses territórios).

Ontem, parece, que houve uma manifestação gigantesca. Mesmo que fossem só os trinta ou quarenta mil indicados pela polícia e pelo poder.

O mesmo já sucedeu no longínquo ano de 2008 (espero não me ter enganado... ) quando uma incompetentíssima política estacionou no ME. Catorze anos depois, tudo como dantes, quartel general em Abrantes. Os professores continuam a ser considerados cidadãos de segunda (ou terceira) e a serem pagos como se fossem empregadas domésticas.

Além do mais, nem as escolas tem todas as condições exigidas para tornar o ensino mais interessante nem sequer garantem a segurança dos profissionais porquanto as histórias de agressão cresceram desmesuradamente nos últimos anos- A saída dos estabelecimentos de ensino começa perigosamente a parecer-se com as dos estádios  de clubes com claque violentas.

É provável que já tenham sido julgados alguns agressores de professores mas ou os jornais se desinteressam dessas notícias ou as penas foram de tal modo inócuas que não desarmam os agressores.

Eu lembraria que, uma forte percentagem do pessoal docente era, nos anos iniciais da Democracia , um viveiro de votantes de Esquerda, mormente do PS. Será que ainda é assim? Haverá uma tão forte percentagem de masoquistas na classe? Será que ao apanharem uma bolachada na face esquerda oferecem de seguida e prazenteiramente a bochecha direita?

 

Aqui para nós, o azar dos professores, comparando-os com os profissionais da saúde, é que não tem a escapatória da emigração. Estão condenados, pelas características próprias da profissão a serem exilados no próprio país onde nasceram, cresceram estudaram e candidataram-se a uma profissão desvalorizada. “Habituem-se” parece ser a resposta de um poder que começa a ser periclitante mas que vai ainda durar o tempo suficiente para desgraçar de vez uma geração de pessoas que pensaram a educação como um ofício digno. “Habituem-se..” 

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