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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 570

d'oliveira, 07.02.23

Foice em seara alheia

mcr, 7-2-23

 

Eu não me queria atrever a beliscar a sacrossanta figura do se Presidente da Mesa da Assembleia da República mas alguma afoiteza, outra tanta provável ignorância do regimento daquela instituição e uma pitada de bom senso levam-me, outra vez (e já foram tantas ao longo desta longa vida de combate na brecha da Democracia) a eventualmente meter o pé na argola. 

E o caso é este: vai haver uma comissão de inquérito (ou algo do mesmo género e provável igual ineficácia) à TAP. 

Parece que o PS, partido que não nutre pelo Chega qualquer simpatia (mesmo se aquele, com as suas invectivas em todas as direcções até, de certo modo, o ajude, sobretudo quando se atira ao PPD) teria noticiado que entendia dever ser alguém do Chega a presidir a tal eventual comissão. 

Eu até percebo ou penso perceber: o PS com essa oferta de grego  estimava poder entalar o Chega  ou atirar-lhe para cima com o odioso de chamar à colação anteriores administrações que, ao lado das últimas de responsabilidade socialista quase parecem anjos esparvoados. 

Todavia, o sr Presidente da AR, cavalheiro que nos bons e épicos tempos adorava “malhar na Direita”(pena ter chegado tarde de mais para malhar na da outra senhora que tinha por hábito ou vício malhar nos nossos frágeis lombos de oposicratas perdidos num país governado por um cavalheiro rural mas com estudos.) entendeu que isso seria dar confiança ao terceiro partido mais votado  e atirou com a presidência desdenhada pelo PS para o mesmo partido.  

Eu, sobre o patético mas pujante Chega já disse tudo o que tinha a dizer. Aquilo fede! Já não sei a burrice supina se a ideias mortas e requentadas em que provavelmente  poucos portugueses se reveem. 

Para mim, o Chega é o resultado medíocre duma reacção iletrada contra os desmandos de meia dúzia de figurões que se passeiam impávidos pelo poder e pouco fazem pelo país mesmo se muito obram em prol dos seus. 

Tenho, aliás, a ideia de que com eleições unipessoais de deputados o Chega esvaziaria. E só não esvaziará para a próxima vez se quem de direito não souber explicar quais as fronteiras claras do PPD. 

Enquanto o PPD andar à caça dos gambuzinos, o Chega, matreiro, pesca nas águas dele explicando que, de todo o modo ele poderá sempre fazer parte de uma coligação de Direita no Governo. 

E o PS governa a sua barca explicando que entre o Chega e o PPD as diferenças são de pormenor. Vê-se que aprendeu com a extrema esquerda que nisso de esconjurar os verdadeiros e falsos perigos  não há quem lhes chegue...

Eu não garanto que o Chega seja um partido reformável, civilizável educável. Todavia não é com vinagre que se apanham moscas nem com sucessivas fronteiras artificiais que se acalmam os inflamados deputados e militantes do Chega. Por uma vez, poderíamos assistir ao exercício da responsabilidade e verificar com provas evidentes o que é que este partido que o dr. Santos Silva esconjura sem rebuço nem prudência (nem sapiência) todos os dias. 

Diz-se, por aí,  que o dr. Santos silva quer continuar na política uma vez acabado o seu actual mandato. Num país grisalho (a expressão não é minha) a coisa poderá ter pés não direi para andar mas pelo menos para fingir que se anda. 

Não tenho certa a idade do político mas diria que ao terminar a sua passagem pela AR andará pelos setenta anos. É verdade que o país está a envelhece. E que daqui a um par de anos ainda será mais velho. Porém, isso não justifica que um representante da terceira idade vá assumir um caro que, no caso só poderia sero de Presidente da República ou, vá lá, o de primeiro ministro. Para este segundo posto é preciso mais estaleca do que aquela que se presume no dr. Santos Silva cujas cãs augustas são peladas e luzidias.

Não digo que lhe falta inteligência ou “metier” mas os setenta anos são naturalmente uma idade de reforma, vã lá de senador mas mesmo neste caso de senador cansado. E nós nem temos Senado... 

O homenzinho do Chega  tem vinte anos a menos, berra como um possesso e cultiva uma corte de fieis que o veneram como é costume nestas palhaçadas autoritárias. Até nisso, pode afirmar ou presumir uma vantagem sobre o seu actual censor. 

Long vá o agouro mas iria melhor se o fenómeno radical de Direita fosse levado mais a sério, com cabeça mais fria e inteligência mais serena. 

au bonheur des dames 569

d'oliveira, 05.02.23

Les portugueus toujours gueux

mcr, 5-2-23

 

a frase tem um “sont” como 3ª palavra e é de Alexandre O’Neil, um poeta que, à medida que os anos passam se agiganta mais e mais.

Aqui vem usada para referir a mesquinhez lusitana que, neste caso, faz do prémio (eventual) à CEO da TAP, algo de medonho.

Contra a minha expectativa, até o actual ministro das infra-estruturas, o de Galamba, veio afirmar que caso se cumpram as condições estabelecidas pelo contrato, o prémio será pago porque o Estado português é pessoa de bem. 

“Pact a sunt servanda” aprendi eu na faculdade de Direito. Os pactos devem ser atendidos, confirmados, respeitados. 

Isso é um daqueles princípios que finda a civilização em que vivemos e a que Hitler, para não falar do seu homólogo soviético ou destoutro das mesmas bandas mas mais recente, nunca ligou qualquer importância. Os trata ados são papéis pintados (ou algo do mesmo teor) afirmava o “pintor da brocha gorda”.

Entretanto uma multidão ígnara uiva despeitos pela quantia a entregar ao diabo da francesa. Acham muito, como, aliás, acham excessivos os 500.000 euros anuais que lhe são pagos. Seria bom lembrar que desses quinhentões ficarão líquidos 250 mil depois de impostos o que atira para cerca de 20.000 euros mensais o ordenado real .

A segunda questão é a de saber se havia no mercado dos gestores aeronáuticos alguém melhor e, já agora, mais baratinho. Alguém que ganhasse o concurso. Digamos. 

Depois. tendo em vista o desastre que a gestão da TAP foi em épocas anteriores, seria bom perguntar se esta soma era assim tão enorme.

Quem quer gestores paga-os. Quem quer gestores para um naufrágio iminente paga duas, cinco dez vezes mais! 

Na TAP foram já engolidos quase cinco mil milhões pelo Estado que agora, embaçado e embaraçado só pensa em vender “aquilo”, aquele buraco. 

As mesmas criaturas que pediram em alta grita a “nacionalização” da companhia mesmo sabendo que a coisa seria um sorvedouro infernal, vem agora pateticamente contestar um contrato como se fora ilegal porque, juram, “é imoral tal prémio atenta a situação de cortes salariais e os despedimentos anteriores” 

É verdade que houve disso tudo mas a pergunta seria antes: caso não se cortassem salários e despedissem trabalhadores que estavam notoriamente a mais quanto é que ainda teria o Estado de meter naquele pântano?

Há quem fale de ética neste caso. Já por aqui disse que a pobre da ética é agora chamada por tudo e por nada. E nem sempre por gente que se presume de muito ética...  

Seria bom relembrar que ainda a TAP voava nas asas dos srs  Nielman  & Barraqueiro o país foi assolado por um frenesi histérico de patriotaços e patrioteiros que juravam que as comunidades portuguesas da diáspora choravam baba e ranho pelos aviões com a bandeirinha verde-rubra. 

Nem sequer percebiam, muito menos viam, que as ditas comunidades escolhiam  a passagem mais barate que, quase sempre, não era a proporcionada pela TAP. 

A ideia peregrina de que este país, ao invés da esmagadora maioria das nações europeias, precisava de uma “companhia de bandeira” assolou virulentamente (de vírus!) a cabecinha pensadora de um ror de criaturas onde pontificava o sr António Pedro de Vasconcelos subitamente transformado em porta bandeira d tap, tapíssima !... custou-nos a facecia quase meia dúzia de milhares de milhões que com a próxima venda se somam ao habitual desparrame de dinheiros que caracteriza a nossa pública e infiel administração. 

Não vou juntar a esta escorregadela  a guerra do altar e do seu preço que, pelos vistos era desconhecido até do “coordenador”... Será que houve uma evolução semântica desconhecida nesta palavra “coordenar”? 

Depois do “acordo ortográfico” tudo é possível no domínio da língua que alguns de nós falamos e outros, uma imensidão, balbuciam e estragam. 

 

Parece que vai haver uma comissão da AR sobre a TAP. Bom seria que investigassem tudo. Como a história da compra de uma companhia no Brasil que ao fim de largos milhões de prejuízo, foi vendida com mais prejuízo. 

E, já agora, tirando os anos do “Império” em que a TAP orgamizava as viajens para Lunda, Lourenço Marques, Beira e Bissau (e provavelmente S Tomé e Cabo Verde) alguma vez se verificou algum lucro na actividade da companhia? 

Com a descolonização e as independências a que título se continuou a pagar um serviço que além de caro e deficitário acabava por beneficiar outros cidadãos de outros países?

Ou será, como suspeito, que a continuação da TAP era ainda uma manifestação saudosa do império e grandeza nacionais? 

Depois do 25 A, viajei algumas dezenas de vezes para diferentes destinos europeus. Normalmente a melhor preço, ou melhor comida ou com melhores horários de partida e de chegada. (muitas vezes estes factores eram cumulativos). A única razão para uma atitude tão anti nacional era simples: era eu quem pagava o bilhete! 

 

 

A tempo: a razão para que o contrato entre o Estado dono da TAP e a CEO  exista é, quanto a mim, esta: o primeiro tinha como altamente duvidosa a hipótese de no prazo acordado haver algum resultado visível e razoável. A menos que alguém tenha querido gastar um, dois ou três milhões a mais ...

Prevenção: não tenho a menor simpatia pela(s) criatura(s)  que de perto ou de longe mandam na TAP. Direi mesmo que lhes tenho uma forte ojeriza (se elas não souberem o que isto significa basta ir ao dicionário. Se é que o possuem e sabem consultá-lo, coisa de que duvido.)

 

au bonheur des dames 568

d'oliveira, 04.02.23

O bater de asas da borboleta

mcr, 4-2.23

 

 

Em boa verdade sei bem pouco sobre este tema, isto ´s sobre o “efeito borboleta”, uma teoria filha da teoria do caos e que, mal explicado, como me compete, significa que o simples bater de asas de uma borboleta aqui pode originar um vendaval medonho nos antípodas.

Porém, se as minhas naturais limitações são mais que verdadeiras (de resto suponho que nasci antes de esta metáfora estar em voga) já alguns acontecimentos que me caem em cima do lombo envelhecido, ilustram bem o que pretendo. 

Há dias, anteontem, aliás, a CG rasgou imprudentemente um calendário horroroso e enorme. Não se dera conta de que a fiel e útil D Cidália já tinha eliminado a folhinha (quase do tamanho A3!!!) relativa a Janeiro. Assim, no afã de saber a quantas anda, a CG sem olhar limpou o sarampo à folha recentíssima de Fevereiro. 

Claro que, ao dar pelo estrago, requisitou os meu pobres serviços para, com fita cola reparar o dano, restituir Fevereiro ao seu anterior poiso pois o mês mesmo cutro ainda tinha muito que andar.

Fui pela fita gomada e ao pegar no desenrolador este soltou-se. Alguém, no perpétuo afã das limpezas a todo o transe tinha-o praticamente desmontado!...

Ao soltar-se o maldito objecto, saltou o pequeno rolo interior e escondeu-se debaixo de uma mesa. 

 

Quando fui por ele, comecei por dar uma topada no pé dessa mesa e ao inclinar-me para uivar de dor, acertei com a cabeça na quina da miserável mesa!

Depis ao nar conseguir encontrar a pequena peça desaparecida resolvi socorrer-se de uma potente lupa candeeiro mas tão mal lhe peguei que a tomada da corrente se soltou .

Quando comecei a tentar metê-la nos buraquinhos de uso, verifiquei que nem a tiro o conseguia! E parti parte da tomada. 

Nesta altura do campeonato, resolvi substituir a extensão onde anteriormente estagiava a tomada do candeeiro lupa. 

Esta extensão estava cuidadosamente ligada a um interruptor dentro  da parte de baixo de uma estante, um a espécie de armário com portas.

Ao tentar desligar o fimda tomada, todos os restantes (que estavam com ele, instalados numa ficha tripla vieram atrás. Gerou-se o caos pois era fim de tarde e a zona ficou um tanto o u quanto às escuras, o router apagou a internet partiu para parte incerta, os computadores ficaram sem energia e o último candeeiro de mesa ficou inoperacional...

Imaginem, caso consigam,  um escritório atravancado com estantes por todo o lado, montanhas de livros ultra-apertados uns aos outros, por detrás dos quais correm outros fios eléctricos!!!

Lembrem-se, caros leitores/as que eu estou meio pitosga (se alguém ainda recorda um desenho animado que passava com o nome de sr Pitosga -em versão portuguesa imaginará como me sinto) pelo que tentar resolver o problema de fios que se soltaram das respectivas fichas era algo que já não é para estes paupérrimos olhos.

 

Entretanto, a CG, placidamente sentada, invectivava-me violentamente enquanto eu, perfeito gentleman, calava in imo pectore a quantidade de expressões duvidosamente vicentinas que me iam na alma e paravam na garganta. 

A Ana, minha enteada, vinha trazer-nos o Nuno Maria por um par de horas e, felizmente solucionou o mais fácil e, de certo modo, conseguiu-se atalhar ao mais problemático deixando para uma futura e breve visita do electricista a solução de alguns problemas a que já não sou capaz de acudir.

Se isto não é uma espécie ortorrômbica do “efeito borboleta” então não sei o que será pois um rosário de p pequenos desastres como este não é algo que se viva todos os dias, semanas ou sequer meses. É um galo imenso, funesto, definitivo, uma prova que Deus nos virou a cara mesmo se nem sequer eu tenha aqui atacado a balbúrdia que vai instalada nas Jornadas da Juventude, no altar mastodôntico (vejam bem que nem o sr José Sá Fernandes que por “coordenar” recebe quase cinco mil euros mensais (e a coisa durará mais um ano após as ditas celebrações) tinha ideia do preço. Se nem do preço a criatura não sabia que é que andará por ali a fazer. Isto não retira ao bispo auxiliar de Lisboa o pungente sentimento de mágoa que, segundo o prelado, o assaltou. No meio disto tudo, só o pião das nicas, vulgo sr Moedas  se chegou à frente mesmo se só tem pouco mais de um ano na CML. (claro que mesmo não tendo aqui culpas, ele não conseguiu deixar de meter o mimoso pé na argola ao declarar que fará o que o sr Presidente da República e a Igrja quiserem. Eu não sou munícipe de Lisboa mas lembraria ao referido autarca que o Presidente da Câmara não responde perante nenhuma destas instituições mas apenas perante os cidadãos da sua terra... E não está eleito para fazer vontadinhas a ninguém mas apenas para agir com bom senso, legalidade e rapidez...  E inteligência para evitar frases parvas e pomposas. 

De todo o modo, eu ia apenas falar de borboletas insectos pacíficos e jamais de figurões políticos, como é que aqui cheguei? Outra vez a teoria do caos?

 

 

As Jornadas Mundiais da Juventude

José Carlos Pereira, 02.02.23

Nada contra a organização das católicas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) em Lisboa/Loures (onde mais?), nada contra a realização de um evento que pode reunir em Portugal mais de um milhão de jovens, nada contra uma recepção digna ao Papa Francisco, que merece todas as atenções. Mas não havia necessidade de querer ser o campeão orçamental das JMJ, de deixar engenheiros e arquitectos à solta, sem qualquer aperto financeiro, de tomar decisões sob a pressão dos prazos. E, sobretudo, não havia necessidade de se assumir desde o início que seriam os dinheiros públicos o grande suporte destas jornadas religiosas. O exemplo de Madrid é esclarecedor.

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