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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 581

d'oliveira, 31.03.23

Os dias seguem-se aos dias

mcr, 30-3-23

 

A AR aprovou a lei dita da eutanásia que agora, melhor pensada, assa a ser a lei do suicídio assistido.

Parece que alguns deputados mais assanhadinhos do PS ficaram desapontados. Eles queriam a eutanásia à viva força desse por onde desse, suscitasse as resistências que suscitasse.

As pobres alminhas nunca perceberam 8e jamais perceberão que esta nova fórmula os livra de sarilhos e nos livra a todos de mais uma discussão bizantina.

Vamos por partes: quem quer morrer mata-se. Ponto, parágrafo. Os casos que uma morte misericordiosa se impõe. Isto é uma morte por mão alheia por total e absoluta impossibilidade  e sofrimento medonho e insuportável é uma quase raridade. 

As criaturas humanas tem uma forte, e natural, aversão à morte. 

Depois havia a extraordinária ideia de que os médicos, qualquer médico, estariam ansiosos para despachar os futuros de cujus. 

Ora, por um lado, sabe-se que na sua gigantesca maioria, os médicos se mostram extremamente renitentes (e estou a usar uma expressão branda) para  “executarem” os doentes em último grau. 

E duvido que aprovada a versão mais radical (a dos desapontados e desconfortáveis)não se sucedessem em catadupa  os casos de rebelião e/ou recusa.

Depois, só os tontinhos ignoram que, desde há muito, há uma prática “não dita”, nos hospitais, de, no caso de certos doentes num estado irreversível , se deixarem morrer com o conforto e humanidade possíveis.

Por outro lado, e abundando na tese do suicídio assistido, é uma verdade absoluta, que quem quer morrer suicida-se, podendo. Só em casos limite essa pessoa quererá ajuda.

A AR, de resto, tinha o sinal fortíssimo do Tribunal Constitucional e parece altamente provável que  esta decisão evite novo aia-vem da lei. 

(à margem: eu nem me dou ao luxo de perguntar quantos defensores da eutanásia já subscreveram o “testamento vital”, mas não duvido que neste momento sejam uma absoluta minoria, se é que algum o já se lembrou disso.

 

A segunda parte do folhetim serve apenas para animar algum leitor a ler a descrição do depoimento do sr Inspector Geral de Finanças sobre o caso Alexandra Reis. A minha excelente empregada já levou o jornal com ela pelo que não posso retirar da reportagem algumas pérolas da sabedoria de Sª Exª. Bastaria apenas esta: 

O IGF presume que ao enviar um mail a pôr o lugar à disposição a engenheira quisesse significar “fiquem com o lugar e paguem-me a indemnização devida”. Sª EXª acha, presume, pensa mas a engenheira não disse nada disso, preto no branco. 

Suponho que esta peça que, juro, não é humorística, estará disponível no Publico online. 

 

O terceiro e último apontamento desta semana de fim de quaresma (e não de carnaval) é o que diz respeito às casas devolutas. Às setecentas e tal mil casas devolutas (sem contar com o que o Estado tem em condições miseráveis de abandono) 

Pelos visto, afinal apenas pouco mais de dez mil apartamentos situados em zonas críticas das cidades com maior pressão urbanística e elevada procura de habitação, é que estarão em condições de serem arrendados coercivamente se, no prazo de dois anos (e não um) se mantiverem sem habitantes. 

Já estou a ver os malabarismos de alguns senhorias , alugando falsamente a casinha desocupada que dois/três meses depois é abandonada pelo pretenso inquilino. 

Curiosamente, hoje mesmo, os jornais afirmam que 2022 foi desde há muito, o ano em que maior número de contratos de arrendamento se celebraram (números do 1º semestre de 2022). Só na AML terão ultrapassado os 40.000. Faltam os dados de Porto, Braga, Aveiro, Setúbal e Faro  e talvez Leiria e Coimbra. Ou seja podem ultrapassar os 150.000 os arrendamentos deste semestre. Finalmente parece que o arrendamento por estrangeiros andará um pouco abaixo do 10% do total e maioritariamente na AML e no Algarve. 

(à margem e como um toque de humor: o BE sempre na ponta da modernidade e do progresso quer proibir “não residentes” estrangeiros de comprar casa. Salva-se o senhor Abramovitch que já é um português de lei. E, com ele, mais trinta ou quarenta mil criaturas que já estão nacionalizados graças à comunidade judaica do Porto )

 

Este folhetim deveria chamar-se “mons parturiens”  dado o caso das 700.000 casas que ao invés dos peixes de Jesus, encolheram para 10.000. Mas desconfio que os actuais pais e mães da pátria e da mátria já não aprenderam latim pelo que que a evocação do mestre latino fica no metafórico tinteiro. 

 

 

 

 

Au bonheur des dames 580

d'oliveira, 28.03.23

 

 

 

 

 

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Coimbra é uma canção ?

mcr, 28-3-23



Segundo notícia do “Público”, a Câmara Municipal de Coimbra quer fazer uma residência de estudantes na “Baixa”. Porém, não obtém em tempo útil quaisquer respostas dos ministérios com os quais há de estabelecer protocolos de vária ordem. A CMC garante que lhe caberá boa parte (a maior) do investimento mas como está a tentar reabilitar aquela zona da cidade, dispõe-se a abrir os cordões à bolsa.

A notícia é omissa quanto à localização  da futura residência estudantil pelo que eu arrisco um par de ideias de que, aliás, desconheço a pertinência mas que na pior das hipóteses são um lembrete para a tentativa de salvação de património que provavelmente entra na classificação de património atribuída à zona universitária cujo núcleo monumental se situa no que restou da “Alta” depois das obras feitas durante os anos 40/50/60 e que deram origem às faculdades novas de Letras, Medicina e Ciências.

Como disse, para lá da “Alta” há na “baixa” um núcleo importante de construcções universitários: os colégios joaninos  (de D João III) na rua da Sofia (ou da sabedoria). São eles em número de oito (!!!) o que só por si é extraordinário e ao que recordo estão todos de pé, miseravelmente ocupados por diferentes utilizadores. Num deles fui às  “inspecções” e já na altura doía ver aquela bela e enorme arquitectura sub –ocupada pela tropa.

Outro é a sede do Palácio da Justiça e os restantes tem todo o tipo de ocupações que poderiam ser transferidas para qualquer outro lugar caso se quisesse dar aos edifícios uma reutilização universitária como fora previsto pelo Rei.

(a propósito, fui aluno do liceu D João III, ssim baptizado em homenagem a um soberano que indubitavelmente foi um dos maiores mecenas da Universidade.

A estupidez nacional e o rancor republicano, desbatizaram o liceu dando-lhe o nome de um pequeno político republicano que seguramente é desconhecido de 99,99%dos portugueses.  Não foi esta a primeira facecia do regime inaugurado em 910 que também retirou o único grande santo português da toponímia portuense substituindo-o pela evocação de uma fracassada intentona (o 31 de Janeiro, cuja pequena multidão foi aí metralhada pelas “forças da ordem”. Se bem me lembro alguém (João Chagas?) terá mesmo referido que naquela infeliz bernarda “andariam uns dinheirinhos da polícia”, uma provocação, portanto na qual meia dúzia de exaltados embarcaram imprudentemente e sem quaisquer perspectivas de vitória  nem plano de qualquer espécie). A coisa era celebrada durante a “outra senhora” – eu próprio andei nesses folguedos mas a meu favor devo dizer que naquelas circunstâncias qualquer motivo era bom para desafiar o salazarismo. Não sei se a romagem ao cemitério ainda se mantem mas decerto será apenas uma passeata de gente idosa e pouco esclarecida.  )

A “baixa” de Coimbra ou pelo menos as duas ruas que da Portagem levam a Sta Cruz está num estado miserável. O projecto de converter esse percurso de poucas centenas de metros em rua para piões não parece ter resultado. Lojas fechadas, prédios esclerosados, uma escadaria no fim da Visconde da luz a dar acesso à praça de Sansão e  à Igreja onde estão sepultados os nossos dois primeiros reis terão contribuído para a agonia do que durante quase dois séculos foi o centro comercial da cidade. Nem os históricos cafés se salvaram, pelo menos quatro desapareceram.

É na continuação deste eixo que surge a rua da Sofia e os seus colégios agora convertidos e coisa nenhuma.  Desconheço se há planos para a salvação destes edifícios que com uma intervenção inteligente poderiam abrigar centenas de estudantes. Viltariam assim os colégios quinhentistas à cidade e é provável que a sua reocupação reabilitasse toda a rua e algumas transversais bem como o arruinado conjunto visconde da Luz/Ferreira Borges.

Há seguramente, outros antigos colégios na alta se bem que vários tenham perecido em incêndios e outros estarão agora reconvertidos em dependências da Universidade. Todavia, mesmo à distancia  de sessenta anos, ainda recordo três ou quatro casarões que na época já estavam desabitados sem uso como é timbre dos edifícios do Estado (como agora se vai cada vez mais sabendo).

Em2006, a revista “Monumentos” na altura editada pela direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais  (surpreendentemente  extinta e substituída pelo IRHU. Esta instituição foi também responsável pela edição de um boletim  que em mais de 130 números retrata e descreve os monumentos nacionais alvo de intervenção e restauro. Como colecção é preciosa e, como de costume, única e esgotada. E, claro, cara e muito procurada. Demorei anos a reunir a minha colecção!)

A revista que acima citei tem o nº 25 e ao longo de mais de 200  páginas fornece abundante e útil informação sobre estes colégios. Dela extraí a vinheta que ilustra este folhetim. Continua a publicar-se e vai no nº 39 (dedicado a Portalegre).  No deserto cultural sobre património é uma excepção que merece ser acarinhada.

 

 

estes dias que passam 787

d'oliveira, 27.03.23

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Apropriação, apropriações...

Mcr, 273-23

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Estou na esplanada e à minha frente numa outra mesa, uma mulher exibe uns jeans esburacados a preceito na zona dos joelhos e um pouco na coxa mais visível.

Numa mesa ao meu lado duas outras segredam em voz baixa que aqueles “jeans” esburacados são de uma marca caríssima (e serão ainda mais caros se os rasgões forem de origem!!!). 

Estou demasiado velho (não idoso mas velho, repare-se) para me surpreender sequer moderadamente. 

Recordo-me, porém, dos meus tempos de escola primária, na risonha Buarcos da minha infância em que com mais outro menino, também filho de médico, éramos os únicos a usar sapatos. Em boa verdade eram botas de carneira, feitas no senhor Baltazar que garantia calçado ra miúdos irrequietos que duraria pelo menos um inteiro ano.

Os meus colegas e amigos  eram todos filhos de pescadores e nessa época isso significava pobreza, pobreza mais que visível, roupinha remendada, varias vezes remendada, tamancos grosseiros e, por vezes, muitas vezes, pé rapado. 

Eu, o meu irmão no ano seguinte, o Jorge R o Mário Zé G.e o filho do sr Carlos, enfermeiro, éramos os “ricos”. 

Com o Jorge R eu distribuía mata-borrões  que os propagandistas médicos forneciam em quantidade aos respectivos pais. Mata-borrões com publicidade a medicamentos, coloridos, às vezes com o desenho de um frasco de xarope ou de umas ampolas milagreiras. E comíamos pão com manteiga (na altura vendida a granel) ou marmelada (mas só ao lanche!...)

A pobreza desta pequena vila piscatória está de acordo com a pobreza geral do país que ainda não era turístico mesmo se “very tipical” e cinzento 

Todavia, uma coisa não se via: roupa esburacada, rasgada. As mães diligentes dos meus amigos de berlinde e pião, remendavam e remendavam a pobre roupa dos filhos, punham fundilhos nas calças usadas e tentavam trazê-los esmerados, limpos. 

O único luxo dessas mulheres quase todas peixeiras, era o avental, melhor dizendo um avental bordado á mão com inteligência, imaginação e bom gosto. E que só se usava em dias especiais, claro. Os maridos, homens do mar tinham como luxo os adornos do respectivo foquim (recipiente redondo com tampa onde se levava a comida quando se ia para o mar).

Mais tarde, em Moçambique, vi gente (negra, claro) também vestida andrajosamente mas sem os cuidadosos remendos de Buarcos. Dispenso-me de comentar algo que por aqui já foi abundantemente falado. Esta era uma das muitas, e não a pior, marcas do regime colonial. 

Por isso, hoje, tantos anos depois, mortos, desaparecidos quase todos os meu companheiros de infância, num país com que nem sonhávamos naquele tempo, por demasiado utópico, rico e diferente, olho para senhora dos rasgões de alto preço e, na generalidade para as raparigas que se mostram de calças deslavadas e artificialmente rotas com algum pasmo indignado. 

Não vou ao ponto de, para justificar o título do folhetim, falar em “apropriação cultural” pu seja de apropriação de algo típico de um antigo e quase desaparecido (entre nós) “lumpen-proletariado”.

Como o nome indica o lumpen não tem consciência de classe, menos ainda de pertença e apenas sonha, quer, deseja, deixar a miserável condição em que (mal)vive.   

No entanto, importado como de costume, dos EUA, eis que o conceito alastra por aí, sem rei nem roque, impenitentemente confuso e batoteiro. 

Agora, qualquer criatura, de preferência branca e ocidental, que se adorne com abeleira demasiada (e artificialmente) encarolada está a “apropriar-se do penteado africano, signifique isto o que significar (mesmo se a expressão não contenham qualquer grau de certeza pois em África os penteados femininos sejam mais que múltiplos e diferenciados).

Por cá, em reduzidos círculos pernósticos e ignorantes mas com cobertura mediática, abundam as denúncias da “apropriação cultural” levada a cabo por opressores sempre ocidentais (e brncos, claro) colonialistas, capitalistas, neo-colonialistas e racistas, por junto ou por separado.

Notem ue isto é de sentido único, ou seja nunca um africano se apropria de uma qualquer característica ocidental mas apenas os ex-malvados patrões é que são capazes de roubarem a quem de direito a “marrebenta”, os penteados, a restante música, as expressões populares, a dança ou um que outro código de roupa.

Isto é dito e repetido por criaturas que ou já cá nasceram ou para cá emigraram que usam roupas ocidentais, a língua do país que os oprimiu, e recorrem a conceitos filosóficos, civilizacionais de origem europeia.

Há algum tempo, um comentador dizia que as elites africanas dos palop eram profundamente “euopeizadas” e assustadoramente desconhecedoras dos costumes, cultura, história e modos de vida dos seus países de origem. 

Esta é uma daquelas temíveis verdades que se varrem histericamente para debaixo do tapete. A Europa (e Portugal incluído,) continua a ser o alvo da diáspora africana. Dos pobres por falta de emprego, fugidos das guerras civis, dos pequenos e grandes conflitos políticos, da ineficácia e da corrupção dos Estado. Ou simplesmente da cleptocracia das elites das capitais. 

Ora, e aqui rside um dos grandes problemas, quado é a população rural , a mais indefesa a sair e a procurar terras mais acolhedoras, é também uma das bases da cultura africana tradicional que desaparece. Desaparecem as línguas vernáculas, a mitologia, o artesanato, os ritos religiosos, as cerimónias, tudo.

Também não é menos importante para este panorama de desertificação cultural (e social) o facto de em todos os novos países africanos, nascidos dentro das fronteiras coloniais (que se mantêm e provavelmente nunca serão motivo de recomposição ou negociação,  se assistir a uma gigantesca concentração de populações diversas nas grandes cidades.  Aqui são as etnias que desaparecem num dramático melting pot que faz perderem-se na voragem as línguas próprias em prol da “língua oficial” herdada do colonizador.

Descobri, para meu profundo espanto que a percentagem de intelectuais, mormente escritores,  que não sabe uma palavra de qualquer vernáculo que já só sobrevive no “mato”, é cada vez maior. Procure-se em Maputo ou Luanda um dicionário de ronga (xironga) ou de umbundo. Não há, ou eventualmente em 2ª, 3ª ou 100ª mão um exemplar coligido, editado e vendido durante o período colonial  e fundamentalmente obra de missionários.

Procurem-se, nas livrarias, escassas e de pequena dimensão, obras de etnografia, antropologia ou mesmo história. O resultado é desolador. Há alfarrabistas portugueses mais bem fornecidos do que instituições científicas e culturais fora das capitais.

Sirva de exemplo o caso da centena de publicações do Museu do Dundo criação da extinta Diamang. São obras centradas nas populações da Lunda (Ts

chokwé, Quioco, Cókué). A única reedição que conheço foi feita pela Universidade de Coimbra, pelo Museu de Antropologia e é a obra extraordinária de Marie Louise Bastin (A arte decorativa cókué). É verdade que se menciona a colaboração do citado museu africano mas é duvidoso que tal menção signifique mais do que uma pequena cortesia.  

Uma senhora ex-deputada e actual vereadora da CM de Lisboa indignou-se pelo facto de a Praça do Império se chamar assim e aponta o odioso do nome a lembrar um passado que, queira-se ou não, existiu. Que eu saiba a dita praça sempre se chamou assim tanto mais que remonta à Exposição do Mundo Português. É por ter existido o dito “império” que esta senhora vive em Portugal. Que o “império” foi mais uma piedosa ficção (e uma dolorosa experiência para uma enorme multidão africana) não há grandes dúvidas- Porém varrer a História boa ou má para baixo do tapete da amnésia colectiva não resolve nenhum problema antes dria mais mistérios insondáveis sobre um passado que se pretende fazer desaparecer. Esta praça, de resto é um dos acesso ao jardim tropical um jardim botânico que  na parte de cima tinha um dos principais institutos de estudos coloniais. E aí vndiam-se documentos únicos para quem quisesse honestamente estudar a história das colónias. Actualmente o dito instituto perdeu a autonomia e está na dependência de uma universidade que, provavelmente, e por falta de meios, o manterá inactivo semi aberto ou semi fechado. É mais do que provável que tal senhora nunca tenha lá posto o meigo pé nem que fosse só para ver o riquíssimo espolio botânico do jardim. Os milhares de afro-descendentes residentes em Lisboa também não conhecerão este instituto nem os restantes que, de todo o modo, lhes poderiam restituir um pouco da História a que tem absoluto direito. 

É também provável que a referida senhora nunca tenha entrado na “veneranda” Sociedade de Geografia de Lisboa cuja biblioteca em muito a ilustraria mesmo sendo, como não podia deixar de ser numa instituição que remonta às grandes horas do “império”, um  enorme acervo de escritos coloniais (era aliás assim que se auto-qualficavam os defensores do “império”  conjunto recheado de militares ditos africanistas).

Pelos vistos o sentimento e o ressentimentoo quanto às injustiças de todo um século, fica-se pela tola acusação de “apropriação cultural”  desta feita baseado em três penteados ou no uso de camisas e vestidos feitos em tecido de capulana! 

E é tão parolo quanto a moda dos jeans rasgados, moda que corresponde à pior herança da sociedade de consumo e de esbanjamento.

 

(pelos vistos anda por aí um grupo de criaturas que acusa estes intelectuais africanos e reivindicadores de apropriação cultural de “valores, hábitos e ideias europeias, ocidentais e... brancas”!  A estupidez não tem fronteiras !)

 

na vinheta: um exemplo nefando de apropriação cultural cá de casa: ao lao de uma estante onde estão fundamentalmente catálogos e ensaios sobre arte, uma litografia de Miró (15 ans poligrafa) e por cima uma marioneta Bozo (Mali). Ao lado e de cima para baixo, máscaras Guru (Costa do Marfim). Bulu (Camarões região sul) e Lega (República Democrática do Congo, centro leste)

A 2º vinheta: um foquim (agora só nos museus de etnografia ...)

 

estes dias que passam 786

d'oliveira, 26.03.23

O alojamento local tal e qual 

mcr, 26-2-23m 

 

 

Comode costume o “alojamento local” é tratado de forma bizarra e, muitas vezes, irracional. 

Comecemos pelas críticas mais certeiras: é verdade que muita gente (e sempre, ou quase. a mais pobre  e mais desprotegida, velha e ignorante das subtilezas jurídicas que adornam um ordenamento jurídico carregado de tiques e alçapões) foi atirada para a periferia, para longe do seu habitat de dezenas de anos ou de toda uma vida. 

Também é verdade que o aparecimento súbito e em força do “AL” teve um efeito muito forte sobre o aumento das rendas em zonas centrais (e turísticas) das cidades. E isso, obviamente, ajudou desertificar centros urbanos, despojou-os de pequenos negócios desde mercearias até pequenas oficinas de todos os géneros, de livrarias e alfarrabistas ou pequenas lojas de comércio de rua. Pior, quando não transformou os espaços devolutos em AL deu origem a “ilhas de ricos reconvertendo velhos e e insalubres casarões em luxuosos condomínios.

Do lado dos benefícios há que valorizar a reabilitação urbana que se operou, a criação  de milhares de empregos, o efeito claro na melhoria de outros que lateralmente são necessários ao “AL” (lavandarias, restauração etc...).

Também não é menos verdade que a existência de “AL” significou um enorme acréscimo para o turismo de massa que se orientou para Portugal. São sezenas de milhares de camas a preços mais confortáveis do que os da hotelaria e que atraem gente que, de todo o modo, traz algum dinheiro para cá. 

A estouvada política pomposamente anunciada como “mais habitação” veio tornar mais problemática a continuação (e sobretudo o crescimento) do “AL”

Já nem refiro a condenação moral implícita desta forma de negocio, legal, legítimo, que paga impostos e dá trabalho a muitos milhares de pessoas. Só um espírito fanático que vê a conspiração capitalista em todas as esquinas é que se lembraria duma solução tão bizarra como a do “negócio a praz0” pois é disso que se trata ou pode tratar-se. A ideia de rever periodicamente as licenças deste tipo de negócios pode parecer virtuosa mas tem contra si a hipótese de matar a galinha dos ovos de oiro (ou apenas a galinha de ovos caseiros). Quem é que está disposto a investir num empreendimento que tem sobre si a espada de Dâmocles de um prazo de cinco ou sete anos. 

É verdade que o “AL” não significa o investimento requerido para um hotel mas tem sempre um forte impacto económico que poderá com facilidade atingir várias centenas de milhares de euros. 

De resto ninguém abre um café, um restaurante, um quiosque de jornais e revistas ou um cabeleireiro com a perspectiva de o seu negocio ter de ser reautorizado num prazo de cerca de meia dúzia de anos.

Mas isto não passou pela cabecinha da ministra da Habitação que se toma por uma Dolores Ibarruri da “revolução habitacional portuguesa  a baixo custo para o Estado”. 

Os defensores (e agora na dupla defensiva do posto de trabalho, do negocio e do investimento feito) do AL vieram ainda protestar pelo facto de as assembleias de condóminos poderem vir a ter uma palavra a dizer sobre os andares ocupados por este tipo de negocio.

Não tem razão. Pelo menos não tem razão para os futuros “AL” em prédios com condóminos. É que a própria essência deste tipo de alojamento múltiplo, por pequenos períodos abre portas a forte insegurança  pois nada impede um locatário fugaz e amigo de alheia de tentar a sua sorte no andar de cima ou no apartamento ao lao. Um condomínio rege-se por regras simples que entretanto garantem a tranquilidade dos moradores e a segurança possível de cada habitação. Com um “AL” torna-se impossível verificar a identidade de quem vagueia por elevadores, escadas  e corredores interiores do prédio. 

Como é duvidoso que os responsáveis do “AL” se disponham a garantir a segurança dos restantes condóminos (garantia de resto praticamente impossível) a ideia de deixar ao critério da Assembleia de Condóminos – e por maioria relevante – a permissão de usar uma fracção para fins de alojamento turístico parece natural. E seria bom que os alojadores tivessem isto presente para não facilitarem a vida a quem os quer prejudicar com leis e normas estúpidas e prejudiciais. 

au bonheur des dames 579

d'oliveira, 24.03.23

Prender Putin?

(variações diversas sobre o tema)

mcr, 23-3-23 

 

O sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros terá declarado que se Putin viesse a Portugal seria preso à ordem do Tribunal Internacional. 

Suponho que esta declaração foi feita depois de uma pergunta de algum jornalista pois não estou a ver o sr. Gomes Cravinho   armado em cabo de esquadra a ameaçar este mundo e o outro. 

Por outras palavras, o Ministro limitou-se a dizer o que qualquer outro ministro da UE (e não só...) diria em caso semelhante. 

Uma senhora comentadora leu isto e o seu meigo coração bateu fortemente. Prender Putin? Que descaramento! E e Portugal? Ai jesus, maria José!

De facto seria estranho que Putin aparecesse por cá, logo ele que não sai das muralhas do Kremlin sem um exército de guardas. É verdade que o amigalhaço Abramovitch (cidadão português por algum milagre especial da comunidade judaica do Porto) pode aparecer e que um outro oligarca está na lista (sempre portuense) dos injustiçados descendentes da diáspora de 1500!... todavia, é duvidoso que, fiado nesses exemplos, o ex-polícia secreto entendesse demandar o jardim à beira mar plantado. 

O escândalo que a comentadora vê na declaração só existiria se o Ministro dissesse que Putin poderia vir, andar por aí, visitar os Jerónimos, comer uma sardinhada sem que ninguém o incomodasse. Há um mandado de captura a que Portugl está obrigado, ponto final, parágrafo. 

Ainda sobre isto, amesmíssima comentadora vem agora criticar este pobre país por estar sempre do mesmo lado da História, isto é no Ocidente na comunidade dos países democráticos. 

E choraminga baba e ranho por assim estarmos conrta a Rússia, a China, a Venezuela ou a Correia do Norte. É indecente alinhar contra este garboso grupo  de países  “progressistas”

E vem pela enésima vez lembrar o facto de Durão Barroso, enquanto 1º Ministro de Portugal ter estado a assistir nos Açores a um conluio americano-espanhol sobre o Iraque. 

Eu não faço a mínima ideia sobre a posição da comentadora na época. Por minha parte achei estúpido e ridículo mesmo se Barroso se tivesse limitado a assistir e a fornecer bebidas aos outros porquanto, que eu saiba (mas posso estar equivocado) o português não assinou o texto final da reunião que concluiu pelo armamento perigosíssimo do Iraque. 

Como se sabe, tal armamento, fundamentalmente químico não existia ao contrário do agora, atómico que presumivelmente o Irão terá. A invasão daquele feudo de um tiranete alucinado que chacinava curdos ou iraquianos (para não falar nos persas e nos do Koweit que ele invadiu e massacrou) com igual à vontade e displicência.

A derrota do Iraque, aplaudida por todos os estados árabes vizinhos foi um dos motivos ( mas não o principal) do aparecimento da seita do ISIS. Todavia, nos espaços muçulmanos de há muito que se sabia de grupos radicais sempre prontos a massacrar o judeu, o ocidental ou o chiita ou mesmo o sunita sem falar nos curdos, carne para canhão. 

Que o desaparecimento da autocracia sanguinária de Saddam tenha dado mais hipóteses aos radicais não há dúvida mas poderemos supor sem margem para grandes dúvidas que o terrorismo fanático apareceria em breve. Aliás nunca desapareceu daqueles territórios... 

Portanto, graças a Durão, Portugal escolheu o “campo errado”! 

Pelos vistos rejeitou o glorioso caminho que originou o 17 de Junho na Alemanha, dita democrática, a invasão da Hungria, o esmagamento de Praga em 68 ou a invasão do Afeganistão pela URSS....Critérios!... No que toca à China, temos que o Tibete ou a região autónoma dos uigures não significa nada de grave... Nem o suave aniquilamento da democracia em Hong Kong... 

É sempre bom saber que por cá, sobretudo despertados pela “intervenção militar especial” na Ucrania, se assiste a um sobressalto patriótico, popular e progressista contra quem apoia o país invadido... como a guerra (que não tem esse nome) continua depois de um ano da máquina militar russa andar a patinar nas zonas limítrofes do Donbass e da Crimeia, percebe-se a angustia dos que pensavam que aquilo era uma fervurinha, um passeio militar, coisa para uma semana se tanto. 

Os putinistas portugueses, provavelmente saudosos dos tempos de Brejnev e do Gulag sempre a transbordar de gente para ser reeducada, devem andar a rebolar-se com a declaração de Cravinho.

E, sobretudo, a sonhar com o eixo sino-russo, vero paraíso dos trabalhadores, das classes populares, dos progressistas e de todos os povos amantes da  paz.

Não deixa, porém de ser surpreendente o facto de serem justamente os maus da fita (Europa ocidental, Canadá e EUA) quem atrai os famintos da terra, os malditos, os perseguidos, os fugitivos climáticos, as vítimas de guerras civis ou de perseguições de toda a ordem. 

Porque raio de razão não avançam sobre as imensas terras da China e da Rússia, esse sol da terra que tanta tinta fez correr. Pior: volta e meia cidadãos ingratos e traidores desses dois paraíso terrestres saem de lá e tentam à viva força emigrar para o lado errado da história. 

Ora aqui está um mistério mais difícil do que o da Santíssima Trindade...

 

Au bonheur des dames 578

d'oliveira, 22.03.23

Mesquinho, vingativo e parolo!!!

mcr, 22-3-23  

 

 

 

Uma pessoa pode esperar muita coisa deste Governo  saído de uma maioria que o Pesidente da República qualificou de “requentada”. Convenhamos que desta vez acertou. Não que eu morra de amores pelo Presidente da República ou pelo cidadão Marcelo Rebelo de Sousa. Se alguma vez Balsemão foi justo numa apreciação foi quando se referiu ao ex-rapazola que lhe chamou lélé da cuca. E mais não digo-

Todavia, desta vez, ao proibir a ainda CEO da TAP de apresentar os resultados (surpreendentes mas excelentes mesmo se à custa de muita coisa...) da companhia que teve um lucro lisonjeiro e cumpriu com dois anos de antecedência o que ninguém acreditava que cumpriria, o Governo cometeu uma gafe política, uma  descortesia idiota, para a qual não sobram, no elenco das palavras que se usam entre gente civilizada, expressões que não caiam no domínio do ofensivo e da injúria.

Ouvir, como ouvi, espantado e enojado, o sr ministro das infra estruturas que, provavelmente, nunca conseguirá chegar (seja em que domínio útil e interessante) aos calcanhares da gestora francesa, foi algo que me arrepiou enquanto português e enquanto cidadão.

Note-se que, sobre a dita senhora importada da França, nunca ninguém me ouvirá elogios. Não gosto da criatura mas também é verdade que não gosto da TAP e dos tapistas  que já nos custaram bem mais do três il milhões.

Porém, a verdade é simples:a senhora vinda das Franças e Araganças ultrapassou todos os objectivos que lhe foram fixados num tempo recorde.

Que a mesmíssima senhora se tenha deixado enredar num drama de faca e alguidar com outra criatura que até quis sair por seu pé e acabou por sair com um acordo chorudo e ilegal mostra bem como é que este Governo escolhe as pessoas para gerir o património escasso e comum dos portugueses.

Faço parte, mesmo sendo um jurista não praticante  há mais de quarenta anos, dos que prev

eem uma violenta derrota nos tribunais quando a CEO começar a litigar. Também é verdade qie já estamos habituados a ver o Governo (e o Estado, infelizmente) perder na justiça os processos em que se mete. Mais uns milhões que todos pagaremos enquanto “eles” assobiam para o lado e saem do poleiro sem qualquer consequência  que lhes acertasse na “parte óssea da barriguinha” isto é na algibeira.

Esta proibição de conferencia de imprensa para apresentar resultados que só à Administração se devem soa a birra, a mau perder e é como o título indica um acto mesquinho, vingativo e parolo.

Pior, é uma estupidez!

 

estes dias que passam 785

d'oliveira, 20.03.23

Não há pachorra!

mcr, 20-3-23

 

 

A srª Ministra da Habitação faria um favor a si própria se não falasse à Comunicação Social. Tirando uma espécie de cassete que nada significa o que dela sai de original é trágico.

(estou a referir-me à Ministra da Habitação mas, subitamente, uma dúvida terrível instalou-se. Será que também eu estou a tresler, a confundir coisas, e em vez desta ministra quereria referir-me a outra que tal, a senhora da agricultura, essa mesma que no início da pandemia afirmava com a candura dos absolutamente ignorantes que se abria uma janela de oportunidade para Portugal que poderia começar a exportar legumes frescos para a terra do senhor Xi. 

A gargalhada, como se lembram, foi geral mas era um riso triste e envergonhado. Pela parte que me toca, comecei a suvidar se a senhora sabia onde era a China, quantos chineses há neste mundo de Deus e quantos legumes se produziam em Portugal, terra que, aliás, importa alimentos. 

De todo o modo, o meu ponto é este: estas senhoras ministras são completamente fungíveis. Não no mérito, nos conhecimentos, na habilidade política, mas tão só na incapacidade que demonstram. Não vou inquirir de onde vem, que especialidades (?) tem, como é que ali chegaram. 

Dito isto, vejamos o que a srª Ministra da Habitação veio dizer à pátria pasmada. Que ia levar a cabo uma política de habitação que concorresse credivelmente com outros dois florões da activiadade ministerial, a saber a educação e a saúde.

Convenhamos que, desta feita, a srª Ministra entra pela madeira dentro, isto é pela inoportunidade mais absoluta. 

O SNS está numa situação dificílima, sobretudo pelo que se passa nos capítulos da ginecologia e da obstetrícia. Claro que não é só nessas especialidades que há falta de profissionais, como também não é apenas em Lisboa e vale do Tejo ou no Algarve que os concursos ficam desertos. Jovens profissionais entendem que o custo da habitação nessas duas regiões é incomportável. Do mesmo se queixam todos quantos são convidados a ir para essas “terras de missão”. Nem na hotelaria há paz. Há mesmo estabelecimentos que já alojam os eventuais empregados tentando assim solucionar um problema que se adivinha grave para a próxima estação turística que está quase a abrir. E a questão, parece pelo que se ouve, não é já apenas salarial mas atira para a falta de alojamento a preços normais. Ou até para a falta de alojamento, tout court. 

Na educação é o que se vê diariamente na televisão. Os professores estão na rua e não na escola. Por muito que uma pessoa antipatize com o eterno responsável da FENPROF alguma razão o homem há de ter. Não se passa semana sem manifestações gigantescas que só o Ministro, coitado, não vê. Ou vê e não percebe. Ou percebe mas não é capaz de arranjar uma solução que acalme os ânimos. 

Portanto, quer a educação quer a saúde estão numa situação medonha. Os professores campam diante da Assembleia o que pode parecer pindérico ms tem o seu efeito. Cantarolam slogans pouco imaginativos  mas prenhes de significado e de indignação. E não desistem! 

Médicos, enfermeiros e restante pessoal da saúde, gente, que durante a pandemia  mostrou que sabe o que é ”dar o litro”, vão para a greve, protestam diariamente, desistem do SNS, emigram ou engrossam os quadros dos estabelecimentos privados que crescem como cogumelos em tudo o que é canto deste abençoado país.

O Presidente da República não se coíbe de dar as alfinetadas na maioria “cansada, recauchutada que, nas sondagens atira eleitores para a abstenção e... para o Chega. 

A srª Ministra da Habitação entretanto vai tentando manter-se na crista da onda habitacional sem perceber que tudo o que é empresário da construção, do alojamento local, senhorios   descapitalizados, está ou finge-se aterrado com  a história do confisco de casas devolutas. Neste capítulo  tudo é nebuloso como de costume e, sobretudo, cheia a totalmente ineficaz. Vai ser (iria ser...) bonito ver como é que seria feita a identificação dos andares devolutos, a velocidade (?) e a eficácia dessa operação, para j´não falar em tudo o que depois teria de seguir-se.

Também se sabe que o Estado tem milhares de locais devolutos a tal ponto que nem sequer os sabe identificar.

Depois, é quase certo que uma forte percentagem dos andares devolutos estão em zonas onde não xiste procura de casas porque não há quem queira viver aí. 

Também não há nem sequer em hipótese qualquer ideia do esforço financeiro que seria necessário mobilizar para uma vez “confiscados” os andares “pecaminosos” se poder iniciar um processo de reabilitação. 

E por aí fora...

Todavia a srª Ministra da Habitação  mostra-se em todo o seu escasso esplendor  dia sim, dia sim. Está subjugada pela excitação, obcecada por uma cruzada que mais depressa a atira para a sargeta do que inaugura um arrendamento fiável.  Julga-se nos “felizes dias da revolução bolchevique sem perceber a tragédia que isso representou para milhões de pessoas, o desastre económico que inaugurou e a ineficácia absloluta das medidas que ainda hoje sobrecarregam as populações do ex estado do proletariado. 

Por favor, expliquem-lhe qualquer coisinha... Depressa... 

 

estes dias que passam 784

d'oliveira, 16.03.23

A história infindável!...

mcr, 16-3-23

 

No mês de Dezembro, a srª. engª Alexandra Reis enviou um mail ao sr ministro Pedro Nuno Santos confiando-lhe a sua vontade de sair da administração da TAP. Recado idêntico e por idêntica  via foi enviado pela mesma senhora aos secretarios de Estado das infra-estruturas  e das finanças que tinham competências para o mesmo efeito.

Até ao momento não se conhece a(s) resposta(s) das três criaturas ! 

Todavia, em Janeiro ou inícios de Fevereiro a mesma senhora Alexandra Reis era “convidada” a sair da mesma administração!

E com o “convite” era-lhe acenada a possibilidade de receber uma indemnização que acabou por se fixar em 500.000 euros depois da “despedida” ter pedido uma soma que seria três vezes superior!

Tudo nesta história cheira a esturro, a “requentado” (palavra muito em moda graças ao sr Presidente da República que desta elegante forma qualificou a actual maioria absoluta). Não será o filho primogénito de meu pai quem tente expiar diferentemente esta série de despedidas pelos vistos unilaterais. É evidente que poderia pensar que os cavalheiros que receberam a comunicação da vontade de sair da administradora porventura cansada, farta de uma administração requentada, entenderam que aquilo era uma mania  passageira,  um arrufo, um capricho...

Poderia mesmo pensar que alguém (quem? Os três destinatários do mail, um deles, dois? ) condoído com as dores da demissionária lhe poderá ter dito que não se despedisse, que (oh voluptuosa   peoposta!) sempre poderia abichar qualquer coisinha...

“Mas Bruto é um homem muto honrado...” perdão os governantes em causa nunca pensariam numa coisa assim tão “a Lagarère” se é que posso invocar o sr Paul Féval, cuja obra encantou a minha infância e primeira juventude de tal modo que logo que me foi possível procurei e adquiri as aventuras em qu entra o temível espadachim Lgardère inventor de um bote fatal para quem com ele cruzasse ferro.  

Portanto, e até prova em contrário, é de excluir que alguém tivesse proposto à meritória Alexandra um ruque tão corrente nos tempos que correm.

Porém, lembremo-nos da “fita do tempo” (coisa tardiapara Pedro Nuno) e vejamos . Alexandra recebe o cacau e emprega-se na NAV. Pelos vistos, ter-se-á esquecido de mencionar que acabara de receber uns euritos gordinhos que deveriam ser reduzidos por entrar ao serviço de outra empresa pública. Daí para um cargo de Secretária de Estado foi uma fervurinha. E sempre esquecida dos dinheirinhos recebidos depois de ue ter através dos seus advogados tentado panhar o triplo que finalmente lhe foi pago. 

Também, esta história parece mesmo um romance “en feuilletons” (especialidade de Féval . E de dumas ou Ponson du Terrail...) ninguém se lembrou que para demitir um membro da administração da TAP era obrigatória uma Assembleia de accionistas...

 

Também nãose entende a razão de ir buscar uma sociedade de advogados externa quando a TAP terá umas dúzias de juristas... A menos que esses profissionais não saibam direito e estejam apenas lá para prestígio da empresa e enchimento das suas algibeiras... 

Conviria ainda recordar que estrageira ou não a CEO agora empandeirada deveria saber que o direito português estatui que “a ignorância da lei  não desculpa o infractor (Cod Civil, artº 6) norma aliás comum a todos os códigos civis. Portanto, na parte em que esta senhora se desculpa por estrangeira,  nada feito!

O que me espanta, se é que alguma coisa ainda me surpreende neste jogo de bonecas russas, é que nem os distintos advogados que intervieram no processo de indemnização não preveniram sequer em aparte esta pequena regra sobre o despedimento sem justa causa (ou com ela, aliás). 

A comissão da AR que trata de esmiuçar esta salgalhada vai ter ainda muito que penar. Resta perguntar quantas mais novidades nos desabarão em cima. 

Pelo andar da carruagem... ( e mais não digo!)

A história infindável!...

mcr, 16-3-23

estes dias que passam 783

d'oliveira, 15.03.23

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“os inocentinhos”

mcr, 15-3-23

 

Antes de começar, convém-me referir que nada me move contra este Governo mesmo que, honestamente, deva confessar que não tenho dele ideia brilhante, sequer razoável. 

Para o efeito, lembraria tão só aquela ex-governante e estrela deste agrupamento de criaturas que pouco excedem o sofrível (e estou a ser benevolente) que, durante o seu mandato vociferava contra os privados da saúde. Agora, fora das lides governamentais, mas sempre no pico da onda (dirige a concelhia PS de Lisboa e, pelos vistos é uma putativa candidata à presidência da Câmara), veio dizer, com inexcedível candura e ilimitado descaramento, que os privados foram óptimos e por vezes mais solidários com o SNS do que outros elementos do mesmo SNS!!! 

Portanto, esta marabunta que gere os destinos da pátria, amparada numa maioria esgotada, cansada e não sei que mais (sicut S..ª Exª o Sr. Presidente da República) deveria ter alguma prudência quando, para escapar com o dito cujo à seringa, desata a atacar os do costume, ou seja os privados. 

O dr. Costa deveria perceber que para Lenine tem peso a mais e barba a menos. Onde o outro varria tudo à vassourada(leia-se metralha de todo o tipo contra kadets, socialistas revolucinários, monárquicos anarquistas, “kerenkistas e burgueses de toda a ordem. Ou seja contra uma esmagadora – e depois esmagada – maioria  da população russa, o dirigente socialista dispara cargas de pólvora seca que fazem muito barulho e  confundem muito boa gente (desde que ingénua e cheia de boa vontade...)

A história das casas devolutas criminosamente ocultadas dos necessitados brada aos céus.

Sobretudo se vinda de quem nem sequer consegue explicar quantos prédios (e serão milhares) devolutos tem. E não consegue porque nem sequer sabe onde estão. Saberia se, porventura, como qualquer cidadão, qualquer paisano, tivesse de pagar impostos!...

O Estado, ou esta caricatura de Estado, nem sequer parou um minuto para pensar em que bico de obra se estava a meter, nos milhares de processos que iria defrontar nos tribunais, em todos os tribunais, incluindo os europeus, na incapacidade que lhe é congénita de identificar atempadamente os andares devolutos, de depois os reabilitar (quantos anos leva quando se sabe o fracasso das miseráveis medidas que pomposamente anunciou  e incumpriu?) como é que vai sem favoritismos (que seguramente se perfilam no horizonte)? 

A gentil senhora ministra da Habitação também provavelmente se toma por Clara Zeykin, Nadejda Krupskaia, inessa Armand ou, porque não por Rosa Luxemburgo. Lamento informá-la que não parece ser nenhuma destas senhoras nem sequer ter uma ínfima parte do talento delas, da actividade deles, da capacidade de sacrifício delas. E duvido muito, totalmente, que tenha sequer uma ideia, uma só!, do que é uma política socialista da Habitação!... Será que ela sabe que estamos no sec XXI, na Europa, dentro da União Europeia? Saberá que significa tudo isto? Todas as dúvidas são permitidas se é que não são absolutamente obrigatórias. 

Quanto à segunda frente de combate governamental, a coisa resume-se assim. P preço do cabaz alimentar português é fortemente superior ao do francês, alemão ou espanhol!!!

É verdade que a agricultura nacional  (onde também pontifica uma senhora que em seu tempo, o da pandemia, sonhava vender hortaliça à China!!!) não é exactamente tão desenvolvida quanto a destes países o que, eventualmente explicaria custos de produção mais altas. É verdade que o circuito das mercadorias agrícolas é menos perfeito  e, seguramente, mais pesado e oneroso do que os concorrentes europeus. Todavia, mesmo sem nos fornecerem um qualquer estudo comparativo (que não fizeram, não fazem e porventura nunca farão) eis que uma dúzia de exaltados dentro ou fora do Governo uivam contra os especuladores (que seguramente também há...) e lançam a ASAE à caça dos gambuzinos. 

Nos meus longínquos tempos de estudante, corria entre as hostes mais assanhadas do “marxismo-leninismo” a frase tremenda “brandir a bandeira vermelha para melhor (e mais traiçoeiramente, esmagar a bandeira vermelha”.

A coisa chegou ao delírio absoluto da “grande revolução proletária e cultural”, Ao sacrifício de uma inteira geração, a cerca de vinte milhões de vítimas incluindo-se nelas os “inocentinhos” que de livrinho vermelho em punho urravam hossanas ao Presidente Mao, o “grande timoneiro” e pediam e obtinham as cabeças de numerosos dirigentes de sempre do PCC, anteriormente classificados de primeiros e segundos absolutos companheiros do ditador. 

Por cá ficámo-nos por um “grande educador da classe operária” que depois também soçobrou na onda das acusações de oportunismo, deixando o poder a outro igualmente histérico que, também ele, foi defenestrado pela impetuosa marcha das massas populares, no caso um pequeno marulhar, um frémito à superfície das águas pouco profundas dum a poça de chuva primaveril.

Não é por coincidência que todos estes aprendizes de revolucionário nasceram ou cresceram já depois do 25 A. Embalados nos mitos heroicos mas sem saber como era duro viver nesses tempos, querem fazer figura, hoje,  quando o simples facto de tudo ter mudado quase radicalmente não é por eles tido em linha de conta. Sem uma teoria revolucionaria, sem conhecer o povo que julgam servir enquanto boys & girls educados no serralho das jotas, ei-los que patinham no quotidiano que aflige outros que tropeçam no salário mínimo ou em pouco mais. Um desastre, uma torva ironia da História, uma corrida para o pântano. 

Estamos servidos...

 

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