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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 842

mcr, 08.10.23

tudo vai de mal a pior

mcr, 8-10-23

 

É provável que as almas mais piedosas não se recordem do que antecedeu a limpeza étnica no Nagorno Karabak.

De facto, este território, um enclave de população arménia (mais ou menos 120 000habitantes) no Azerbeidjão  foi há uns anos  ocupado por umasvagas gorças independentistas arménias que pretendiam constituir uma república independente. 

A comunidade internacional  considerou a ideia absurda e reafirmou a soberania azeri no território. A situação manteve-se confusa, extremamente tensa e a Rússia forneceu um contingente militar para evitar confrontos que, de resto nunca cessaram. 

O impasse foi rápida e brutalmente resolvido na passada semana. Tropas azeris irromperam na região que já estava militarmente isolada da Arménia e no espaço de poucas horas obrigaram o irrisório e imprudente governo da proclamada republiqueta à mais completa erndição. 

Os habitantes do enclave, temendo justificadamente os resultados da operação azeri,  entenderam que a falta de reacção das tropas russas de interposição os condenava a uma quase certa morte lenta não perdeu tempo e, em gigantescas caravanas fugiram para a pátria mãe, levando os pobres pertences que cabiam em carros, carroças, camiões.  Um desastre inominável mas, convenhamos previsível. Em primeiro lugar o "amigo russo" tem mais com que se preocupar do que a existência de um enclave  cuja população em boa parte se colocou fora da lei; depois o Azerbeijão pesa mais na balança do que a Arménia. Mais rico, produtor de bens essenciais para a Rússia, apoiado pelos restantes países muçulmanos  (provenientes do extinto império soviético) e apadrinhado pela Turquia e, finalmente, respaldado pelo direito e pela opinião pública internacional. 

Neste momento é provavel que não restem no Nagorno Karabak mais de umas escassas centenas de arménios que por qualquer razão ainda não  puderam sair. De nada valem as proclamações azeris de que não haverá perseguições. Só por ingenuidade, que a memória do morticínio turco de já cem anos, ainda está bem presente na população arménia. Junte-se-lhe a pouca fé no antigo aliado russo e percebe-se que o Nagorno-Karabak acabou de vez enquanto enclave. 

A Arménia ganhou subitamente mais 120000 novos pobres e entretanto até já aderiu aos tratados   que regulam o Tribunal internacional que tem pendente uma causa contra Putin. Os russos ficaram surpreendidos com essa "traição" e não é de excluir medidas de retaliação contra esse pequeno país longe de Deus e perto, muito perto, à mão de semear, deles...

No médio oriente, um grupo político alucinado pelo fervor da intifada e crente numa vitória cada vez mais distante, entendeu atacar pela enésima vez o poderoso Estado de Israel que  confinou um milhão de palestinianos à faixa de Gaza. 

Provavelmente, o Hamas terá pensado que a turbulenta vida política em Israel, as profundíssimas divisões que Netanyahu desencadeou com a sua tentativa de reforçar o poder central e tornar os tribunais meros apêndices deste, lhe permitiria levar a cabo uma acção fortíssima. 

Por um lado, é verdade que o efeito surpresa e a espantosa incapacidade dos serviços secretos e da guarda fronteiriça israelitas teve um momentâneo êxito. 

Porém, a resposta do Estado judaico vai ser medonha. Não é difícil prever que as vítimas dessa resposta  contar-se-ão por milhares ou mesmo por dezenas de milhares. Gaza é um pobre espaço ultra-povoado encravado ente Istrael, o Egipto e o mar, à mercê de bombardeamentos que não discriminarão entre alvos civis e militares. De resto, sabe-se perfeitamente que o Hamas, os seus paióis, assuas fábricas de armas, os quartéis das suas milícias estão todos em prédios cujos andares superiores são habitados por gente que a bem ou a mal sabe que é refém dos grupos extremistas.

Não é improvável que a intervenção israelita possa ser também terrestre e que o alvo de parte  dessas operações seja a prisão aos principais elementos politico militares. Há em Israel, e desde Munique!..., o hábito de prender ou eliminar todos quantos ousam atacar cidadãos israelitas. Não se citou Munique por acaso mas apenas para recordar que todos os membros do grupo que assaltou e sequestrou atletas olímpicos judeus foi eliminado numa caçada que durou anos e que levou os agentes israelitas a zonas tão longínquas como a Noruega. Que eu saiba nem um dos comandos árabes se salvou. 

Desta feita, duas ou três centenas de civis israelitas  mortos a que há que juntar soldados e civis raptados.

Entretanto, e notícias ainda de ontem, já davam conta de largas centenas de mortos em Gaza, um mero prelúdio a algo que vai ocorrer muito brevemente. 

Os palestinianos entre a espada (Israel) e a parede (os grupos radicais que tudo controlam na região) não tem hipótese de qualquer espécie. Nem os países árabes, quase todos já em paz com Israel e claramente adversários políticos fas autoridades de Gaza, darão um passo em defesa dos seus irmãos de fé. A situação das populações árabes de Israel também não irá melhorar bem pelo contrário. 

A gritaria iraniana é apenas isso e, pouco a pouco, começa a ganhar força a ideia de um ataque preventivo às suas instalações nucleares e duvida-se que alguém o consiga impedir. E na plateia, na primeira fila, estarão os países do golfo, a Arábia saudita  e muito provavelmente Egipto e Iraque, este último com redobrada curiosidade e alegria.

 

Não tenho no conflito do karabak qualquer espécie de simpatia ou preferência por um dos lados. Apenas realço o facto da secessão do enclave ter sido condenada pelas Nações Unidas que reconheceram a soberania azei e condenaram a precipitada "declaração de independência" da minoria arménia mesmo se, no território pudesse haver uma maioria étnica. 

No caso de Gaza, de resto indissociável do restante e cada vez menor território palestiniano, continuamente amputado por colonatos judeus, tudo é mais difícil mas deve ressaltar-se  que o regresso em força de judeus  ao "homeland" prometido por lord Balfour no final da 1ª Guerra não tinha qualquer legitimidade tanto mais que a presença de judeus na zona era meramente simbólica e os eventuais interessados em regressar eram judeus que habitavam a Europa há mais de dez séculos. Por outro lado, também é bom recordar que, depois da expulsão dos judeus peninsulares, muitos destes conseguiram refugiar-se, viver e prosperar no Magrebe  em boa paz com as maiorias muçulmanas árabes e berberes que os acolheram.

foram os efeitos temíveis da perseguição nazi  que permitiu imaginar uma palestina hebraica (depois de tambem terem sido referidas Angola -sul - ou Madagáscar como terras de eventual acolhimento para os judeus.

Não deixa de ser verdade que a Europa (desde a Península Ibérica até ao Império russo) vezes sem conta desencadeou ou assistiu a pogroms e perseguições de toda a espécie que se sucediam no tempo sobretudo nos países mais a leste. Não foram as populações palestinianas ou dos territórios em redor que perseguiram as eventuais minorias religiosas que lá iam convivendo. No capítulo da intolerância, esta foi durante séculos europeia e generalizada e só começou a a infectar o Médio Oriente com a afluência de judeus já nos anos 30 do século XX. 

A partir de 1948, com a votação das Nações Unidas e o reconhecimento do Estado de Israel, tuso se tornou mais agudo e pode dizer-se que o estado de guerra data desse ano e esse facto. Neste capítulo não há aqui bons e maus, culpados e inocentes. As patéticas invasões árabes e a contundente resposta vitoriosa de Israel  so começaram a diluir-se depois dos numerosos e recentes tratados de paz que, mais e mais, isolaram os palestinianos e, sobretudo os habitantes de Gaza.

As campanhas de pequenos mas determinados grupos radicais islâmicos na Europa não só não favoreceram a causa palestiniana mas criaram mesmo as condições para  os detestar e com eles, imerecidamente, todos quantos vivem em territórios governados por grupos como o Hamas ou similares cada vez mais dependentes ideológica e militarmente do Irão.

Esta absurda e suicidária tentativa de ataque vai tornar tudo muito mais difícil, perigoso e trágico. 

Em Gaza ou de Jerusalém!    

 

 

O leitor (im)penitente 259

mcr, 06.10.23

Leituras quase esquecidas

(mas de grande actualidade!)

mcr, 5-10-23

 

  cerca de  onze anos, o Zé Mattoso recomendou-me a leitura de um livro chamado  "La pequeña edad de hielo" de Brian Fagan, um historiador que ele prezava muito e que escrevia sobre a Idade Média, no caso, sobre a crise climática  que iniciada nos primeiros anos do século XIV se aguentou até meados do século XIX. Não vale a pena fazer um sinopse do livro porque verifiquei na internet que há uma tradução portuguesa, edição "Alma dos livros" e que publico em anexo no final.

Devo dizer que nunca tinha lido nada sob este prisma e que fiquei profundamente impressionado pelo autor que, numa linguagem simples, consegue prender o leitor até à última página.

Resumindo, Fagan descreve esses anos centrais na nossa história e na da humanidade, ou pelo menos da Europa, e junta-lhes dois capítulos sobre dois períodos um anterior e outro posterior a que chama Períodos Cálidos, medieval (800-1200) e Moderno (desde 1900).

Até poucos anos as temperaturas mais altas deste segundo período o, o nosso, não ultrapassavam as que se teriam registado no primeiro podendo inclusive ser, durante vários anos sucessivos, inferiores. 

Ora, aqui está um livro que todos os candidatos a ambientalistas poderiam ler não para modificarem algumas das suas posições mas apenas para tentarem perceber que o tom apocalíptico do discurso actual pode mesmo enfermar de forte exagero e  assim desacreditar uma tarefa imperiosa e que é a de fazer tudo o que for possível para enfrentar as consequências (e obviamente as causas) do que se vai passando à nossa volta. 

Eu sei que qualquer jovem, justamente porque normalmente é generoso quer defender causas que se lhe afigurem esquecidas ou traiçoeiramente negadas. 

E porque é jovem embarca várias vezes em discursos tremendistas e milenaristas.E enquanto jovem, por muito que se esforçe n\ao tem ao seu alcance um par de noções que alavanquem as suas convicções e, sobretudo, tenham uma validade à prova de bala.

A questão do clima tem exctamente esse encanto. Por um lado é visível o descontrolo climático dos últimos dez quinze anos. Por outro, as medidas adoptadas pelos países onde os jovens se podem manifestar (e não são assim tantos)  parecem desasequadas, desajustadas, medíocres. Claro que valeria a pena explicar que boa parte dos desastres climáticos sofridos no Ocidente são "importados" de zonas onde a ecologia, o ambiente a descarbonização não rem qualquer importância para quem governa nem para quem é governado que se se debate comum vilento subdesenvolvimento que, é combatido com uma industrialização galopante, desenfreada e claramente inimiga d suade dos cidadãos e da mais simples causa climática. 

É bom recordar que a Europa e os EUA passaram por isso também . Porventura puderam moderar alguns efeitos de uma política agressivamente desenvolvimentista e, sobretudo, levaram a cabo essa tarefa numa época que ainda permitia tal aventura e os consequentes riscos.  

Hoje em dia, onde a Índia desbasta florestas e reduz a quase zero a vida selvagem, a europa planta árvores, substitui culturas agrícolas, cria sisstemas económicos de uso da água,  procura resolver o problema da energia recorrendo a fontes limpas, combate o desperdício. Claro que provavelmente poderia fazer mais, terá algum dia de redobrar esforços (e quanto mais cedo melhor) mas este chamado Ocidente está dependente do que se fizer também nos outros continentes onde vive (sobrevive...) mais de 70% da população humana. 

Não estou a propor uma "cruzada das crianças" (ou dos jovens) que, como é sabido teve um fim medonhamente desafortunado. Estou apenas a apelar para um estudo criterioso do que se passa etambém para a tarefa de o desligar de pressupostos ideológicos que, em muitos, demasiados, casos acompanham, enformam, fortalecem, estas lutas que só os países democráticos permitem,

Atitudes quixotescas (e ressalvemos o admirável D Quixote que ninguém leu e seu não menos admirável autor) podem parecer dignas de uma selfie ou de "like" numa qualquer rede social mas são geralmente pouco ou nada convincentes. Mais podem inclusive ser contraproducentes.

Estou a recordar-me que a jovem sueca Greta Thunberg fez uma viagem dos EUA para a Europa num barco carbonicamente neutro. Demorou uma eternidade, o barco era algo terrivelmente caro e o seu custo de produção deixava uma pegada ecológica do tamanho da légua da Póvoa. 

Os manifestantes da 2ª circular usam smartphones com baterias de lítio, calçam ténis de elevada pegada ecológica e provavelmente recorrerão a centenas de coisas (p.e. derivados de petróleo) que não melhoram em nada a vida do mundo e dos oceanos.

Entre a disponibilidade deles  e os trabalhadores que se dirigiam para os seus empregos onde provavelmente ganham metade  das mesadas destes jovens, vivem aflitos com o fim do mês,  a prestação da casa, estou decididamente do lado dos últimos e considero que a violência, se violência houve, estava mais que justificada. Não lutavam por uma causa universal, evidenementw, mas apenas pelo seu direito de irem trabalhar sem o risco de perderem parte da féria pelo atraso a que eventualmente estariam sujeitos. Já basta morar nos arrabaldes para onde os trabalhadores são cada vez mais atirados

De resto, estou convicto que, mesmo depois de identificados e levados a julgamento, haverá sempre um juiz misericordioso que, para "lhes estragar a vida" ou os absolverá ou os condenará a uma pena ridicula que mais os motivará para continuar a levar a cabo as suas tontas tropelias. Tropelias que terão sempre o aplauso de certa "bem-pensância" que se imagina "não burguesa", de esquerda (!!!)  e "ao serviço do progresso e do futuro". 

É o que está a dar...

 

(isto não é sobre uma criatura que se julga a nova e vibrante  Pasionária! Dolores Ibarruri merece melhor, muito melhor. Caricaturas portuguesas deste teor são apenas isso, caricaturas de mau gosto.)

 

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Adenda: A Pequena Idade do Gelo explica como o clima afetou eventos fundamentais da História mundial, da exploração nórdica à colonização da América do Norte e à Revolução Industrial. Diz-nos também que as mudanças de temperatura no mar levaram os pescadores ingleses e bascos a seguir vastos cardumes de bacalhau até ao Novo Mundo; que, em França, uma crise alimentar que atravessou gerações contribuiu para a desintegração social e, finalmente, para a revolução; e que os esforços ingleses para melhorar a produtividade agrícola ante a deterioração do clima ajudaram a abrir o caminho para a Revolução Industrial e, portanto, para o aquecimento global. Com recurso a fontes tão diversas como os registos das campanhas das vindimas ou os assentos dos mosteiros medievais, passando pela análise química dos núcleos de gelo, Brian Fagan descortina o modo como a Humanidade tem estado à mercê das alterações climáticas. E explica como, infinitamente engenhosos, os nossos antepassados se adaptaram a um aquecimento global universal irregular, desde o fim da Idade do Gelo, com um impressionante sentido de oportunidade.

 

A Pequena Idade do Gelo conta a história dos séculos turbulentos, imprevisíveis e muitas vezes gélidos da História da Europa entre os anos de 1300 e 1850. Revela também que as alterações climáticas não acontecem em fases suaves e regulares, mas em saltos súbitos cujas causas nos são desconhecidas e cujo rumo escapa ao nosso controlo. E que a influência destes fenómenos na vida humana pode ser profunda e até decisiva.

 

A pequena idade do gelo/  Como o clima fez a História (1300-1850) m Brian Fagan, Ama dos livros 

estes dias que passam 841

mcr, 04.10.23

as guerras climáticas alguns apontamentos inconformes

mcr, 4-10-23

 

A pouco divertida historieta do ministro agredido a tinta verde merece alguns reparos. 

Em primeiro lugar trata-se obviamente de um crime público pese a mansuetude da agressão: um susto, um par de nódoas que eventualmente qualquer tinturaria poderá eliminar e, sobretudo a escolha do alvo. Trata-se  (tratava-se...) de um dos poucos ministros que detinham alguma simpatia por parte da sociedade civil. 

Desconheço quem eram os outros membros da mesa mas é mais que provavel que fossem representantes das entidades promotoras do encontro.  A saber , a EDP e a GALP. Sabe-se que estes dois grandes grupos económicos são detestados pelos activistas climáticos por, alegadamente,  serem  "grandes poluidores". Porém, pelo que se viu a jovem "agressora"  ou não o sabia ou sabendo preferiu atacar quem menos a poderia prejudicar.

E, de facto, o senhor ministro entendeu não apresentar queixa o que de resto em meu entender não é necessário pois trata-se claramente de crime público. 

todavia, o facto de depois de pintalgado o político preferir envergar outra roupinha para uma eventual nova pintura, se possível de outra cor, não é um sinal nem de inteligência nem de respeito pelas funções que desempenha e pelos cidadãos que governa. 

conviria, também, saber de a limpeza da roupnha é paga pelo atacado que pelos vistos oferece a outra bochecha Á metafórica bofetada climática ou se será o Estado, isto é, a "maralha" paisana (nós, quem mais poderia ser?) do costume a pagar a reparação do atavio ministerial.

a mansa mas molhada e colorida agressão é apenas um sinal de que outras menos ligeiras e com cor mais berrante poder\ao aparecer tanto mais ue a inacção do(s) atingido(s) lhes abre caminho para a sua corajosa e salvifica missão.

Ontem, um grupo de jovens entendeu perturbar o transito numa da mais movimentadas vias de acesso a Lisboa. Convem lembrar que as eventuais vítimas dessa perturbação do transito são todas ou quase trabalhadores que vivendo nas periferias vem ganhar o pão nosso (deles) de cada dia na capital. 

Pelos vistos os automobilistas assim parados não gostaram e, saindo dos carros ameaçaram os jovens sentados que, naturalmente, e não contando com um protesto, deram às de Vila Diogo por via das ameaças e, até de um que outro bofetão mais enérgico. Um motociclista terá alegadamente atropelado uma gentil senhorinha passado  (ainda que sem ferimento visível) com a roda do veículo por cima da perna. Mais um fascista motorizado, quiça um membro dos hell's angels ou um amigalhaço do sr Machado. 

A polícia chegou depois não se sabe se para deter os 11 perturbadores ou para refrear os motoristas furibundos. Ou as duas coisas. Ou só uma, proteger os manifestantes mesmo sabendo-se que a manifestação era absolutamente ilegal. E despropositada.

 Pouco a pouco, este tipo de pequena guerrilha vai evoluindo, dando pequenos passos para maiores proezas, assim o Estado pactue e a Justiça não condene. É bom lembrar que todos os fascismos começaram também com discrição e com a inacção das autoridades, o assobiar para o lado da generalidade dos cidadãos, a pequena desordem instala-se, prospera e depois já é tarde. 

Não vou sequer lembrar que é (e só...) nas democracias liberais que este tipo de acções ocorre.  Justamente onde o direito de opinião, a circulação de informação livre, a inexistência de censura são factores constitutivos das sociedades.

Relembraria, se valesse a pena, que mesmo que a União Europeia (juntamente com o Reino Unido e a Noruega) tivessem já atingido a neutralidade carbónica , isso não significaria que a nossa situação fosse especialmente melhor Od grndes poluidores não estão aqui mas os efeitos da sua actividade não conhecem fronteiras. Toda a África, a China, a Rússia e varios dos seus satélites, a Asai na sua esmagadora totalidade, muito da américa Ltina  não tem cumprido minimzmente as obrigações que subscreveram, bem pelo contrário. Isso não nos deve fazer refrear os esforços por um clima e um planeta melhores mas talvez fosse bom que os "climtéricos"  se virassem um pouco para os grandes poluidores. Todos eles tem ca embaixadas que ninguém pinta. Nem se atreve quanto mais não seja por razões ideológicas e simpatia "anti capitalista"!...  

Um terceiro apontamento que merece duas linhas: há dias uma manifestação organizada em varias cidades  juntava a questão climática com a mais grave (pelo menos no imediato) crise habitacional. Nenhuma razão aliava as duas crises excepto o facto dos organizadores as encararem com elementos de uma mais vasta crise do capitalismo. Convenhamos que a junção dos dois protestos servia muito mais do que as respectivas causas e permitia uma maior mobilização que, no caso climático, seria sempre pequena. Por outro lado juntar os dois protestos cujas causas são  profundamente diferentes  vai acabar por ter efeitos  perversos na opinião pública. As pessoas, os cidadãos normais poderão começar a perguntar qual o motivo que faz untar duas coisas tão diversas. E isso levará a que se comece insidiosamente a duvidar da justeza de um ou dos dois combates.

Exactamente como pode ocorrer com as actuações dos jovens protestat. "Garotices," dirão . "Meninos ricos sem ocupação nem problemas do dia a dia, comer , dormir, habitar..."

Nos meus tempos, havia entre alguns camaradas de luta a ideia de que era necessário levar a cabo "acções exemplares". E o habito espalhou-se mesmo se, muitas vezes, tais "acções tivessem muito pouco de esemplares mas cada vez mais de provocações que terminaram como se temis. Em Itália sobretudo, mas também na RFA as coisas tiveram um percurso dramático Dos tiros nas pernas de contramestres de fábricas passou-se ao assassinato de polícias e depois de polítcos ou empresários. A resposta, como é sabido, foi a que se esperava . Por um lado a condenação pública cresceu. Por outro, uma repressão sabiamente organizada não só isolou os pretensos revolucionários como destruiu o melhor de muitas organizações de trabalhadores, de grupos de solidariedade operários (ainda havia operários...)  assustou as classes médias e a longo prazo conduziu a um reforço do capitalismo mesmo se este, com mais inteligência do que a que lhe era reconhecida, tenha conseguido sobreviver mudando tudo o que era necessário para, como no dizer do Príncipe Salina,  mudar algo  para que quase tudo possa ficar na mesma.

E finalmente, a ceerja no bolo: uma articulista num jornal de referencia teoriza sobre a violência boa (em nome de uma ideia superior) e a má que provavelmente será atribuível aos fanáticos de ideias inferiores, Por exemplo e para voltar ao que já se descreveu. Os meninos que tentaram boicotar o transito na 2ª circular lutavam por um futuro radioso para a humanidade e os afectados automobilistas apenas queriam ir para a miserável ganhunça da vida deles. Que gentuça ! A pensar nos euros parcos do dia a dia sem perceber que o planeta pode morrer!... E ainda poe cima votam mal... E quando os param na rua ripostam à porrada... Fascistas...

au bonheur des dames 603

mcr, 01.10.23

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El destape en Portugal

mcr, 1-10-23

 

Leitor que aqui chegaste graças à vinheta velhaca, desilude-te. No presente folhetim não vamos tratar dessa enlouquecida época espanhola que surdiu logo que a censura  franquista esmoreceu. nos idos de 1975. Num brevíssimo espaço de tempo, os espanhóis deixaram de cruzar fronteiras para ver cinema dito "erótico" e, paralelamente, a industria  cinematográfica indígena atirou-se de pés e cabeça para a produção rápida, barata e atrevida de fitas em que as actrizes apareciam primeiro de seios à mostra, depois em "nu frontal" e por fim num total à vontade que era repercutido por revistas (entre todas a "Interviu" que subitamente quintuplicaram as  tiragens). Foi, no dizer de W., "um pagode!, um bodo aos pobres". Arre, Heinzie -sou eu...- de repente as nossas salas de cinema fronteiriças ficaram vazias pois do outro lado havia mais, mais variado e mais lampeiro"..."

Nada, raspas de nada! Aqui apenas vamos relembrar esse escândalo monumental que é  (já era, sempre foi, vai ser) a questão da TAP .

Quem estas linhas traça foi um constante usuário da TAP porque era o meio mais fácil, rápido e menos oneroso de ir passar férias a Moçambique, peregrinação gozosa que durou entre 1957 e 1965. 

Acresce que o avião se revelou ser o único meio de transporte em que eu não enjoava! 

Mais tarde ainda usei a companhia em viagens para a estranja, dessa feita a título de turismo... Porém, rapidamente me apercebi que havia concorrentes mais em conta, com serviço idêntico e muito maior escolha de horários. 

E isso, esta verificação foi partilhada com muitos outros portugueses, basta atentar na rápida instalação de companhias aéreas estrangeiras e, mais tarde, nas vantagens claríssimas do "low cost".

Uma vez chegados à nossa época tornou-se evidente que a TAP era já só um resquício caro anti-económico dos fausto do Império. Deixou de haver exclusividade nas ligações às ex-colónias que rapdamente criaram as suas próprias companhias e, simultaneamente no resto do mundo da diáspora portuguesa (sempre tão exaltada... e tão pouco respeitada...)os nossos patrícios expatriados foram percebendo que tinham mais e melhores alternativas para dar um saltinho à pátria madrasta. 

só na cabecinha de uns desvairados patrioteiros, se outros tantos radicais (que provavelmente quando voam se servem de companhias não portuguesas ) é que continuou a vigorar a ideia da "companhia de bandeira", da soberania nacional e do interesse estratégico. 

complementarmente, a TAP ajudou a tornar o naufrágio mais violento quando se meteu em negociatas no Brasil que acabaram por custar muitos milhões ao país e à própria empresa. 

No exacto momento em que uma forte mioria de países desistia das companhias de bandeira nacionais, permitia a privatização das mesmas eis que, no "torrãozinho de açúcar" regressou pela mão do PS a renacionalização da TAP e co ela a nacionalização dos prejuízos que, contas bem feitas, irão seguramente muito além dos 3,2 ou 3,6 mil milhões. 

A chamada protecção à indústria nacional que forneceria mil bens e serviços é bonita mas sem sombra de dúvida brutalmente inferior aos prejuízos que os portugueses foram ( e serão...) chamados a pagar.

em tempos de concorrência, nem sequer o apport do turismo vale. Os turistas virão (enquanto a moda for Portugal, e a insegurança reinar no Magrebe e na restante margem sul do Mediterrâneo...). 

E seria bom ter em linha de conta que, num futuro que se espera próximo, deixarão de se possíveis voos de curta duração devido à luta contra a poluição (onde o avião é rei...).

Ao fim de oito anos de Governo com e sem essa estravagância da "frente popular" (que , em boa verdade, serviu para minar duramente o PC e o BE  que ou não perceberam ou se iludiram nesse abraço com a jiboia socialista)  eis que a TAP está à venda "no todo ou em parte" e, seguramente, a preço de saldo e com a única desculpa de que se trata de limitar perdas actuais e futuras. A treta da protecção dos interesses nacionais, estratégicos e restante parafernália de atoardas pretensamente sérias, rigorosas e inadiáveis, vai ser visível nos próximos tempos. É só esperar para verificar. 

Em terras vizinhas o "destape" serviu para mostrar maminhas gentis e restantes corpinhos amáveis de uma série inesgotável de jovens aspirantes a actrizes, por cá serve para ostentar as misérias ridículas de uma política pensada sem rigor, sem sentido de realidade e sem respeito pelos contribuintes nacionais, os mais mal pagos da europa mas os mais molestados pelo peso da fiscalidade nacional. 

Um desastre e uma vergonha!   

 

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