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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 614

mcr, 11.03.24

o milagre dos pães e dos peixes

(versão Portugal, 2024)

mcr, 11-3-24

 

Como boa parte dos leitores também eu fui educado na Igreja Católica e, à conta disso, tive aulas de catequese. Estas eram dadas por um excelente senhora, piedosa e ingénua, que me perdoou muitas gazetas  em que antecipando a saída futura do rebanho eu ia brincar na praia ou na mata de Sotto Maior.  

Em boa verdade, lá aprendi o que havia para aprender desde as pias histórias de Jesus até uma apreciável quantidade de orações  e preceitos indispensáveis a quem solenemente iria fazer a primeira comunhão. Se bem me recordo terei tido 13 valores na catequese, favor que devo à referida senhora que provavelmente seria doente do meu pai.

Um dos milagres que mais me terá impressionado foi aquele em que Jesus conseguiu alimentar quatro ou cinco mil seguidores com cinco pães e dois peixes. (Mateus 8.1-9 )

Não são especialmente bíblicos estes dias que passam, mesmo se o Papa cá tenha estado a abençoar quase um milhão de jovens vindos dos quatro cantos do mundo.  Porém, ontem, dia 10 multiplicaram-se por 9 quase por 10 os votos numa coisa desconhecida que, garbosa mente se auto-baptizou de ADN

Mais concretamente, de 10933  votos em 2022  voou para 100044. Nem o Chega, indiscutível vencedor nestas eleições conseguu proeza semelhante. Nem o LIVRE que quadruplico de mandatos sequer pode pedir meças a esta avalanche, a esta enxurrada, a este tsunami de entusiasmo popular .

A AD durante o dia foi recebendo (alegadamente) queixas de eleitores que se teriam enganado pondo a cruzinha no ADN quando pensavam estar a votar no dr. Montenegro. 

Convenhamos que o estrepitoso caudal de votos numa coisa mais desconhecida o que os buracos negros numa galáxia distante dá que pensar. 

Eu, sempre generoso, poderia aceitar que os desconhecidos méritos do progama deste ajuntamento tivessem feito duplicar a sua freguesia. Digamos que de cerca de 10.000 duplicasse para 20.000 o número de adeptos

sobrariam, entretanto, oitenta mil votos que, no caso da AD poderiam ter proporcionado mais um par de deputados, daqueles que ficaram a um passo de ascender ao augustíssimo Parlamento.

Alguns dos envergonhados eleitores pediam que se transferisse o seu incerto voto para o local desejado mas isso, é obvaimente impossível. 

E foi messes termos que a comissão eleitoral respondeu, afirmando que a AD deveria ter previamente solicitado ao Tribunal Constitucional  uma qualquer medida que evitasse a confusão.

Eu tenho pela comissão nacional de eleições (ou lá como se chama)  escassa simpatia mas percebo que aquilo sempre dará uns cêntimos aos seus esforçados componentes. Não é a única instituição inútil que existe, bem pelo contrário, nem será eventualmente a que menos onerará o erário público. (Devo porém dizer que desconheço de todo  em todo a sua composição e os emolumentos dos seus membros pelo que se porventura a coisa seja pro bono aqui ficam antecipadas desculpas.  e a minha única razão é esta: não acredito em milagres nem mesmo estes incomparáveis com a anterior e já citada explosão de votos).

 

Deixemos o "mistério dos votos no desconhecido" para futuras eventuais oportunidades e passemos a um não milagre absoluto: a imparável ascensão venturoso ajuntamento que dá pelo intratável nome de Chega.

Eu não posso ser acusado de ter citado esta coisa por mais de duas ou três vezes. E sempre para avisar que falando no mal ele vai começando a tomar forma até que aparece em todo o seu horrendo esplendor. 

O pobre dr. Montenegro foi durante largos meses acusado de estar mancomunado com aquele estrepitoso bando.  vê-se, finalmente, e até ao momento, que   não queria tal impetuoso nanorado. Ele bem que clamou tal facto mas, pelos ivstos, também biblicamente, era apenas uma vox clamantis in deserto. Como de costume, este género de vozes nunca é escutado. 

Agora que terá de governar vamos lá ver como é que se consegue mexer entre a tal oposição forte do PS, menos forte dos partidos à esquerda  e a esganiçada algazarra dos colegas de Ventura. 

É verdade que neste omento, a Direita pura e dura está na moda. Na europa, nas Américas, na Rússia nos EUA enfim por todo o lado incluindo Israel a cuja Direita religiosa, laica, estúpida , o Hamas fez um inestimável mas sangrento favor. 

Todavia, por cá, a Direita que sempre por aí rondou  (enquanto uns patetas juravam que a pátria era o mais Esquerda possível...), tinha contra ela a memória ainda fresca das desventuras do Estado Novo. Não punha o pé na rua por falta oportunidade, refugiava-se na abstenção, na Direita da Direita,  e esperava pacientemente pelo seu momento. 

Faltava-lhe um líder carismático, faltavam-lhe os mil e um erros duma governação que exterminava lentamente a classe média que a lumpen-proletarizava. 

O seu momento chegou e verdade seja dita, o homem que diz tudo e o seu contrário, federou os protestos, as desilusões, as antipatias. E foi pelos extremos do leque partidário que o Chega se afirmou. em terras do Alentejo, primeiro depois por todo o lado. 

Nunca precisou de um programa sólido. Bastou-lhe estar contra. contra  o socialismo, contra o sistema contra os Bancos (os bancos!...). Agora vão ter que aguentar mais de três dúzias de energúmenos (ou nem tanto) que mostrarão ao ex-presidente da AR (se este conseguir ser eleito) como é a sua cruzada foi mal conduzida. 

Há quem compare este ajuntamento com o falecido PRD, uma anomalia nascida do duvidoso conúbio de Eanes com umas dezenas de personalidades que se achavam mal percebidos pelo PS ( e também, um pouco, pelo PPD).

Aquilo conseguiu um amontoado de votos que num ápice desperdiçou numa estúpida moção de censura para a qual o PS se deixou molemente arrastar.  A coisa permitiu a Cavaco Silva duas gigantescas maiorias absolutas e ao PS uma diíicil travessia do deserto (outra vez a Bíblia...)  que bem poderia ter ensinado qualquer coisa ao eng. Guterres . (Não ensinou, como se sabe).

O PRD desvaneceu-se em pouco tempo e, pelos vistos, agora, como Marx ensina, reaparece desta vez como farsa, como caricatura violente, perigosa , ajudada pelos "ventos da história".

Eu não sei se Ventura irá irremediavelmente pelo cano , mesmo que o espere ansiosamente. entretanto, algum mal fará, sobretuso se verificarmos que sozinho tem quase o dobro de mandatos de toda a Esquerda que o citou continuamente. 

Há quase cem anos, durante a guerra civil de Espanha, multidões gritavam contra Franco e restante comandita "No pasarán!"  O resultado foi o que se sabe. Passaram sem demasiada dificuldade e mantiveram-se no poder durante décadas. Por cá, umas alminhas inocentes e ignorantes andaram por aí a berrar o mesmo. Mau sinal! 

 

(a CDU, pseudónimo estafado do PC, vai perdendo votos e deputados á medida que os seus militantes vão envelhecendo e morrendo. . O PAN e o BE mantêm a mesma ou quase a mesma votação, Só o LVRE pode cantar vitória ao quadruplicar os mandatos. De pouco vão valer numa assembleia triangular sobretudo porque, ao que parece, não está disponível para quaisquer conversas com a AD mesmo que esta exclua das suas reuniões o Chega. 

Vamos assistir a votações pelo menos esotéricas...

 

estes dias que passam 892

mcr, 08.03.24

de novo , dois anos depois, a 8 de Março

em vez de voltar às costumeiras práticas do dia 8 de Março  resolvi republicar m texto antigo  que nem dois anos tem. E enendi fazer isso depoisde uma campanha eleitoral onde a actualidade internacional esteve esquecida, evaporada, desdenhada. Como se verá não vou ater-me a Gaza, à Cisjordânia (que algum leitor  treslê  ou finge não perceber mas isso é com ele) ou à Ucrânia (idem, aspas, aspas) mas volto pela enésima vez ao Afeganistão. sem me esquecer do Sudão (milhões de deslocados a morrer de fome sem ajuda por via de uma guerra civil infame), dos paíss do Sahel a braços com os costumeiros fanáticos muçulmanos, do Congo que se vê novamente metido numa guerra infindável e atiçada por vizinhos, por seitas e pela corrupção endémica e desenfreada. E de Moçambique que sofre no Norte dos mesmos males como se quisessem provar que aquilo não passa de um Estado inacabado e desgovernado.

Como de costume, quando há guerras civis ou incivis, são as mulheres (e com elas as crianças...) quem mais sofre. Todavia, até parece que sendo elas do 3º, 4º ou 5º mundo  não contam. Por isso aqui vai, de novo  o

 

 

 

Au bonheur des dames 558

 

 

As mulheres são metade do céu*

ou: au malheur des femmes

mcr, 23-12-22

 

A frase é Mao Zedong que, no meu tempo, era Tse Tung. Como de costume este tipo de frases parece querer dizer tudo e acaba por dizer pouco ou mesmo nada. Mao, no que toca à gens feminina, não foi exactamente um exemplo acabado de defensor da igualdade de género para não dizer algo mais expressivo e justo.  

De todo o modo, não é para voltar ao “grande timoneiro” que hoje se está aqui.

Leitor empedernido de jornais apanho, de quando em quando, com artigos de opinião que me fazem fugir a sete pés. Desta feita foi sobre o Afeganistão. Uma colunista vem dizer em letras gordas que a luta das afegãs é um hino à causa feminista.

Não irei dizer que na sua heroica tentativa de resistir à canalha talibã não haja um sentido também feminista mesmo se, ao que tudo indica, a luta das estudantes ora banidas das universidades, seja sobretudo uma luta bem mais ampla por uma coisa que já parece ter caído em descrédito (sobretudo em certos meios muito “progressistas”) a liberdade.

Nos escassos comentários televisivos vi mesmo homens afegãos criticarem a medida e, pelos vistos, há notícia de críticos “desaparecidos”, aprisionados ou meramente espancados.

A talibanagem sabe bem que se porventura a oposição  crescer contra as medidas que dia a dia vão sendo tomadas e que fundamentalmente se reconduzem a repor com todo o seu sinistro rigor o mesmo estado de coisas de há trinta anos. À barbárie, para usar uma simples palavra.

Tenho por mim que o Afeganistão é uma bendita miragem para os molahs e pasdaran do vizinho Irão agora a braços com uma persistente manifestação que já leva uma boa centena de mortos para não falar em duas execuções públicas que são apenas as primeiras de uma série que se anuncia. Aqui, até à data, são os homens os executados mesmo se, pelo menos, uma mulher curda tenha sido a primeira vítima mortal dos excessos de selo dos guardiães da moralidade. No Afeganistão todos guardam a moralidade e todos passam fome de rato exceptuando a minoria armada e educada nas madrassas que governa ou desgoverna o país.

As mulheres afegãs devem ao interlúdio “americano” a tentativa de fim da “burka”, a educação escolar, alguma actividade política e o ensino superior para uma minoria. E devem sobretudo a tentativa de serem consideradas não umas coisas que pertencem ao pai, aos irmãos machos, à família ou ao marido mas uma vaga e incipiente igualdade que durou pouco e que foi sepultada sob os ditames de uma religião que permite interpretações de tal modo aberrantes que não há pachorra para sequer atender ao famoso respeito pelas crenças dos outros.

No Afeganistão não são apenas uns punhados de talibans ignorantes e supersticiosos que impõem uma lei antiquíssima e a exclusão de uma enorme maioria de cidadãos do governo da cidade. E como de costume para melhor mascarar o poder de poucos nada melhor que criar entre homens e mulheres a falsa barreira da supremacia do macho.

De todo o modo, isso só funciona se no leite materno já vier – como vem –a conformidade com as tradições, com os usos, abusos e costumes que se perpetuam.

 O Islão não está só nesta defesa da capitis diminutio feminil. Outras religiões o acompanharam durante séculos e, mesmo hoje, certas seitas cristãs atiram a mulher para o papel de mãe, de escrava doméstica, de coisa negando a metade do género humano os direitos de que a outra metade disfruta. E quando não é a religião, são as tradições, os usos e costumes que, finalmente distinguem dois tipos de mulher, as familiares (mãe, irmã, filha) e as putas que é tudo o resto.

Nem sequer refiro, por desnecessário, as diferenças salariais, as hierarquias na política, no emprego, nos cargos oficiais. Quantas deputadas V conhece? Quantas presidentes de câmara ou de junta de freguesia? Quantas dirigentes de topo de grandes empresas? Ou, mesmo, de médias e pequenas?

E por aí fora...

Em Portugal, e só este ano já vi em dezenas o número de mulheres abatidas por maridos, amantes, namorados e outros filhos da puta do mesmo género. Já nem são notícia. Eu mesmo que durante anos aqui fui protestando contra esta infame realidade já me cansei de referir o tema. Bem sei que um blogue é uma garrafa atirada ao mar com uma carta dentro. Os caprichos das marés e do vento raras vezes as airam para uma praia onde alguém mais curioso recolhe a mensagem, a lê e a difunde. Todavia, a cada um o seu papel. O meu, mesquinho que é, é de traçar estas pobres linhas. A quem me lê poderá, caso queiram, competir o resto.

E entretanto as afegãs são varridas a jactos de água, proibidas de trabalhar em quase tudo, espancadas e o que mais ocorrer a um bando de religiosos fanáticos que só existem porque os toleram. Se os talibãs voltaram a governar foi porque os Estados Unidos se fartaram de ser os únicos a tentar contrariá-los e, por isso, a serem atacados por imperialistas, capitalistas e fascistas. Tudo o resto são desculpas de mau pagador...

 

 

 

estes dias que passam 891

mcr, 07.03.24

Singularidades do tempo que passa

mcr,  6-3-24

 

 

Um leitor entendeu exprobar o facto de eu não comentar o candidato Ventura e, menos ainda, o seu ajuntamento partidário.

Em primeiro lugar nada me obriga, enquanto simples particular que tem um blog, a seguir quaisquer regras de paridade a que a comunicação social está sujeita. 

Depois duvido que "aquilo" seja um líder e um partido político. A criatura Ventura é uma espécie pouco interessante de catavento e já disse quase tudo e o seu contrário sempre com ar de grande convicção. 

Devo dizer que até da convicção eu duvido, quanto ao ajuntamento a coisa parece um amontoado de rezinguices, más vontades, falta de humor e menos ainda de espírito democrático, enfim um amontoado dos restos díspares e órfãos de um mundo português  que desapareceu depois de ter existido à sombra das agruras do sec. XX. Em 1910 já estávamos atrasados, em 26, o mesmo, e o Estado Novo era uma manta de retalhos que metiam desde o integralismo lusitano mal digerido até às caricaturas  pundonorosas  e bacocamente beatas do fascismo italiano. 

Em resumo, não vale a pena gastar cera com tão ruim defunto. Mesmo que o "partido" alcance uma votação expressiva isso só se deve ao analfabetismo político, social e ético que grassa por aí. 

Mudando de tema e, apesar de tudo, passando a gente mais civilizada, eis que o dr Rui Tavares, líder do "LIVRE", historiador de formação  (o que o torna mais responsável em relação a certos temas) entendeu  trazer à  pouco animada campanha o tema da "restituição de obras de arte" aos antigos colonizados portugueses.

Trata-se de algo que, de há muito me interessa  (ou melhor o que me interessa é a Àfrica, a História da Colonização e na generalidade tudo o que toca naquilo que, para abreviar, chamo de culturas africanas-

Passei três anos em Moçambique durante o segundo ciclo liceal, voltei lá em férias por três vezes, participei em vários movimentos anticoloniais no tempo em que isso tinha um forte significado de risco.

Com o passar dos anos constituí uma significativa biblioteca sobre tudo o que diz respeito à África negra e às culturas africanas.

Não vou, agora, referir algum (mas valioso) contributo português para o conhecimento das nossas ex-colónias , a começar pela publicação de dicionários das línguas vernáculas e pela descrição geográfica daquelas terras. A história de Angola Moçambique e Guiné é feita (mesmo que nalguns casos precariamente) pela gigantesca massa de estudos e publicações portuguesas em livros, revistas (e são numerosas) e demais fontes escritas. 

Ora, no que toca ao esbulho, roubo, desvio, de obras de arte, coisas que ocorreram sobretudo no caso de conquista de proto-estados africanos importantes , houve efectivamente um miserável confisco de peças que povoam vários museus europeus. Em poucos casos, houve mesmo governos e museus que lá devolveram algumas peças mesmo se seja agora muito difícil encontrar um nexo entre os reinos e "impérios" desaparecidos e os actuais Estados  cujas fronteiras não equivalem de modo algum a essas organizações políticas. 

No caso português, para além da relativa pobreza dos nossos museus (e aí incluo o da Sociedade de Geografia de Lisboa) as tropas coloniais que procederam à tardia ocupação dos espaços angolanos e moçambicanos, raras vezes se defrontaram com a possibilidade de saquear quaisquer tesouros  artísticos africanos. 

As duas etnias mais conhecidas do antigo império colonial são respectivamente a Tchokué (Kiokos) em Angola e a Makonde do norte de Moçambique. No reduzidíssimo mercado de arte africana existente em Portugal aparecem raras peças  destas origens e boa parte delas são de factura recente. 

No caso do povo Tchokué  o seu conhecimento inicia-se com a famosa expedição de Henrique de Carvalho (de que resultou uma obra prima em oito espessos e excelentes volumes: "Expedição Portuguesa ao Muatiânvua" (Imprensa Nacional, Lisboa 1884-1894) que não só narra a longa viajem mas sobretudo fornece um dicionário, um ensaio sobre as etnias da Lunda, bem como mais dois volumes carregados de informação geográfica, geológica , agrícola e tudo o mais que HC conseguiu estudar. Mais tarde, foi a Diamang que, entendeu fundar um museu (museu do Dundo) e fomentar extensos estudos  sobre as populações, a arte, a história da região. 

Sobre os Makondes (zona de Cabo Delgado, norte de Moçambique Excluindo a monumental obra de Jorge Dias, "Os Macondes de Moçambique, 4 tomos,(Junta de Investigações do Ultramar, Lisboa, 1964-1970)  são muito poucos os estudos conhecidos. Da sua estatuária também não gá demasiados exemplos e a partir doa anos 50 os artesãos macondes dedicaram à lucrativa (') fabricação de "aldeias índígenas", nossas Senhoras, peças de xadrez encomendadas pela ignorante população branca. os "mnipansos" (era o nome dado a outras peças escultóricas e as máscaras "mapiko" eram desdenhadas excepto por um pequeníssimo grupo de curiosos mais cultos que compravam p que de mais original aparecia e que era muito pouco justamente porque o mercado das encomendas parecia mais lucrativo.

 

Não há notícia de peças de grane valor "apropriadas" por colonos ou militares. Não há bronzes, marfins, esculturas cerimoniais de aparato. 

 

A cobiça colonial nunca se desviou para a arte pela razão simples que era rara e não entendida. 

Também não consta que haja por cá em colecções públicas ou privadas  pelas de especial valor e traficadas desde os grandes centros  comercio europeus. 

 

esta proposta do "LIVRE" parece-me portanto uma espadeirada na água, uma imitação do que se passa nos grandes centros de arte negra (Berlin, Bruxelas, Londres ou Paris). 

De resto, e que se saiba, só Tavares pegou neste tema "importado" e que, por cá, pouca ou nenhuma mossa faz.

 

Voltando à campanha e respondendo a uma pergunta sobre o "voto útil" sempre direi que se trata de uma tentativa lógica dos dois grandes partidos mesmo que, de certo modo, tal voto seja também um voto trapalhão pois acaba por resumir a campanha iniciada sobre a personalização dos candidatos cabeça de lista noutra em que até pareceria possível encontrar um regresso à ideologia pura e dura. Tal ziguezaguear acaba por produzir alguma confusão e fazer ressaltar muita pobreza ideológica bem patente na listagem das opções atiradas ao eleitorado. Mas isso é mal antigo e disfarça alguma impreparação política como daqui a pouco se verá logo que algum Governo se afirme. 

 

   

 

estes dias que passam 890

mcr, 04.03.24

Já só faltam mais cinco dias...

mcr, 4-3-24

 

Dentro de cinco dias deixaremos de ser atordoados por uma campanha que tem sido chatíssima e, pior, passa ao lado de um par de preocupações como seja a questão da guerra nas fronteiras da Europa.

Claro que com isto, esta directa referência ao nosso continente não quero deixar de sublinhar que Gaza ou a guerra civil no Sudão, para não falar nas arremetidas do terrorismo islâmico no Sahel e no norte de Moçambique, são temas prementes que poderiam, deveriam, suscitar alguma reflexão.

Todavia, estamos sobretudo metidos numa discussão de mercearia , sujeitos a uma revoada de sondagens (todas muito boas, muito certeiras, como é costume), a que se junta o comentariado habitual desta feita reforçado pois a coisa merece reforço. 

Permito-me intervir nessa opaca loquacidade partidária graças a duas peças noticiosas que correram na televisão e que me deixam abismado.

 

O líderdo PD foi ao distrito e Beja e apontou um dedo acusador à inacaba autoestrada até BEja. Lá vimos, outro vez um viaduto a meio acabar- Pelos vistos foi o governo de Passos Coelho que, mais teso do que um carapau anémico, deisistiu de continuar a obra para a qual não tinha dinheiro. 

O líder do PC apontou o mamarracho e atirou a coisa às caras do PS e do PPD.  Esqueceu-se o referido senhor de informar que nestes últimos oito anos o PC aindou metade deles mão na mão com o dr Costa e não há recordação de que tenha nessa altura em que era grande a sua  influência,  tentado a sério pressionar pela conclusão da obra.

A segunda cavadela que quero referir é mais uma notícia sobre a martirizada linha do Oeste  que mais uma vez vai ver interrompida a sua mini circulação graças a um obra num túnel que tem de ser rebaixado por via da futura catenária. 

A linha do Oeste (Figueira da Foz - Lisboa passando por toda a orla oeste, pejada de praias, cidades (Leiria, ou Caldas) por zonas industriais importantes e fundamental não só para a circulação de pessoas mas , e muito, para o turismo tal o número de zonas turísticas envolvido. 

Quando oiço a criatura Pedro Nuno falar de ferrovia, a senhora do pAN a repetir o mantra de ligar todas capitais de distrito, até me dá um sufoco. 

Esta gente pensa que somos um bando de tontinhos desmemoriados? 

Anunciam-se (mas isso é já uma velha história) investimentos brutais mas depois nem as linhas existentes, herdadas da Monarquia, conseguem servir... A barulheira que se fez com uma obra na zona da covilhã (seguramente útil mas servindo uma população dez vezes menor do que a da região Oeste) mostra bem ao que os políticos andam. A ferrovia é apenas instrumental e dela só se lembram, fazedores e não fazedoras, em épocas eleitorais . Ou nem isso...

Note-se que eu peguei em dois exemplos "baratos" de resolução razoavelmente simples,  úteis seja por que critério queiram. 

Quando, acima, me referi às "arruadas" na generalidades tristonhas salvo as dois grandes partidos, não quero de modo algum proibi-as mas apenas comentar que boa parte dessa "comunicação" de alta gritaria com o povo foi substituída por almoços ou jantares com pequenos grupos de apoiantes. Lá vai a televisão subservientemente ouvir a frase bombástica do dia. Noutros casos as arrudas metem dó sobretudo as do PAN e do LIVRE. Neste último caso  nem de arruada se trata pois ainda não vi sequer um pequeno grupo mas apenas Rui Tavares a debitar as suas larachas e a garantir que vai duplicar, triplicar os seus deputados. É á com ele e com as suas contas mas no que toca a povo acompanhante, nicles. 

No comentariado, a senora do costume, veio hoje afirmar na sua página de jornal que "os barões da AD são retrógrados e machistas". Bastou-me o título para poupar uma leitura desnecessária. quanto a machismo partidário é só ver a composição da AR, as composição das Direcções centrais dos partidos. Depois temos que  na AD como nos restantes partidos há de tudo  como na botica . Aliás, curiosamente, as questões de género ó aparecem, quando aparecem, em cituações deste tipo. Depois de declarações altissonantes, o barulho desaparece e tudo volta aos seus habituais e plácids termos.

claro que aquela criatura Núncio, ou outra idênticas e de todos os restantes partidos cheiram a naftalina de má qualidade e vem chatear o indígena com temas que nem estõ no programa partidário nem sequer suscitam grane celeuma na sociedade. Porém, o pressentimento da eventual derrota excita a pituitária propagandística da comentadora e ei-la que parte contra os seus especiais moinhos de vento. Falta-lhe, no entanto ,a verve, o humor, o estilo  e o génio de Cervantes (nem mesmo o de Avelaneda o falsário da  falsa 2ª parte da obra )

De resto, o que parece mais eficaz  como desesperada campanha de último recurso é atacar o partido que ameaça o predomínio do PS, deste PS pedronunista. 

Nada disto faz especial mossa no arraial montado. Sosseguemos: é aguentar só mais cinco dias. (mesmo se depois se preveja uma larga semana de comentários sobre os resultados. De todo o modo, estamos na quaresma  e isso talvez nos permita apresentarmo-nos ao juízo final com vários pecados perdoados) 

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