estes dias que passam 897
Falta de tudo em Gaza,
falta de chá em Portugal
mcr, 5-4-24
Comecemos pela caricatura. O sr Pedro Nuno dos Santos entendeu não ir à tomada de posse do Governo. É com ele e com a sua perspectiva das relações institucionais na esfera do Estado.
Rsolveu, entretanto, mandar uma criatura que, pasme-se, aceitou o triste fardo. A srª Leitão foi ministra já e, quando tomou posse, lá esta um representante, o mais alto representante, do segundo partido mais votado.
Aceitou ir representar o Ps mesmo se dentro deste partido não tenha uma psição de tal modo preponderante ou evidente para, numa cerimónia deste teor, substituir o Secretário Geral.
claro que isto não é exactamente o mesmo do que, nos velhos tempos, se chamava mandar a criada de servir em representação dos patrões. Mas anda lá perto. Fica a coisa, pois, no ausente e na sua representante. Também a expressão falta de chá soa a antigo e seria preferível, no caso português, dizer-se falta de educação, de cortesia. .Por cá o chá ainda é coisa de elites ou como tal é tomado. Isto não é a China, a Índia, a Rússia ou a Inglaterra ou mesmo o mundo árabe zonas onde o chá é rei.
A falta do sr. Pedro Nuno é apenas uma grosseria condizente com o seu estilo tronitruante que, duvido, não terá sido especialmente apreciado por muitos socialistas que vem no gesto uma bravata digna do inimigo das perninhas dos banqueiros alemães.Ou uma garotice de menino malcriado e presunçoso. Os gestos ficam com quem os pratica.
Alguém pode vir dizer que todos os representantes da Esquerda protestaária também faltaram. É verdade mas, pelo menos, não se deram ao trabalho de fingir mandando o primeiro porteiro da secção ou do centro de trabalho. Em boa verdade, mesmo representando algumas centenas de milhar de eleitores, essa falta é meramente insignificante mesmo se também demonstradora de uma falta de sentido de Estado. É com eles...
Passemos, porém, a algo bm mais sério e bem mais aterrador; a Palestina, melhor dizendo Gaza. Neste momento, as autoridades de Israel ou o seu mandatário mais evidente, Netaniahu tentam cada vez mais assemelhar-se aos bárbaros do Hamas ue eles afirmam combater.
Pelo menos nos métodos. em primeiro lugar usando a fome com meio de pressão sobre os mais inocentes, sobre os cidadãos inermes, sobre os que já não tem casa , sobre mulheres, velhos e crianças. Sobre os habitantes que o mesmo estado de Israel mandou recuar para sul.
Se esse gang de aspirantes a mafiosos pensa que com essa atitude combate o Hamas, é bom recordar-lhes que. em primeiro lugar, este (o Hamas e parceiros) está bem escondido e provavelmente bem alimentado e bem medicado).
Depois, a violência inenarrável exercida pelas bombas, pelas faltas de água, alimentação e medicamentos , pode matar mas, sobretudo, é geradora de uma cólera imensa e um convite à mobilização de mais e mais terroristas ou meros guerrilheiros ou ainda de simpatizantes. Ciar "danados da terra" é sempre uma estupidez.
Note-se, en passant, que a geração que agora dirige Israel já nenhuma memória tem do holocausto, da Shoa, dos campos de extermínio.
Nasceram e criaram-se numa terra livre, democrática e respeitada em todo o mundo. Agora, esse mesmo mundo que se comoveu, que se aterrou com o massacre de Outubro, começa a dar sinais de impaciência, de revolta, de censura. Parece que Israel se quer assemelhar a vários estados párias ou a caminho disso.
quem estas linhas escreve, entende que boa parte dos alvos israelitas são exactamente iguais aos alvos de Putin na Ucânia. com os mesmos tenebrosos efeitos. E provavelmente sem conseguir qualquer solução. Nem sequer a libertação dos reféns, muitos dos quais poderão já não estar vivos .
O "erro" do bombardeamento de três automóveis identificados com voluntários de uma ONG que levavam mantimentos para os esfomeados é, até prova em contrário, um crime. Já passou tempo suficiente para, além das desculpas formais, se perceber como é que aquilo aconteceu, quem tem a responsabilidade, quem foram os agentes e porquê.
Nada disto iliba o Hamas e restante comandita cujos chefes estão confortavelmente instalados no Qatar e noutros locais bem seguros. nada disto iliba o Irão e a canalha ultra religiosa que lá manda. E que, aliás, tm oseu quê de semelhante aos fanáticos ultra ortodoxos de Israel e dos colonatos que quando descansam das rezas lá vão assassinando uns desgraçados agricultores da Cisjordânia.
Conviria, no entanto, ter algum uidado com as palavras. O que se passa neste miserável campo de batalha é um crime de guerra mas não é um genocídio. Ou ainda não é um genocídio.
É que anda por aí uma gentinha com a língua sempre pronta para a asneira sobretudo quando ninguém lhes sai ao caminho. Claro que eles, ou alguns deles, os os seus mentores, sabem bem, muito bem, o significado de genocídio mas isso não os impede de mentir, de exagerar, de ladrar às canelas de quem passa.
Todavia é assim, de exagero em exagero, de burrice em burrice, de mentira em mentira, que se forjam mitos, seitas, e cúmplices de todo o género de aberrações políticas.
Também, neste caso, começa a ser urgente recuperar o famoso slogan da guerra de Espanha: "no pasarán!"
( mesmo que, acrescento eu, a canalha franquista passou e cevou-se na pobre gente vencida...)