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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 927

d'oliveira, 31.07.24

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Será que perderam a cabeça?

(tragicomédia em 2 actos)

mcr, 31-07-24

 

Um sindicato de enfermeiros teria hoje uma reunião com a ministra da saúde. Pelos vistos iriam discutir-se toda uma série de questões já antigas, situações que não foram resolvidas por anterior(es) governo(s) . Não sei se o actual Governo as pderá resolver mas pelo menos, abriu a porta à discussão e, houve já um par de reuniões até gora exploratórias ou, pelo menos, inconclusivas. 

O sindicato, entretanto marcou uma greve para a próxima sexta feira ao mesmo tempo que se marcava uma reunião para hoje á tarde.

subitamente, esta manhã, o sindicato avisou que a greve não seria desmarcada fosse qual fosse o resultado da reunião a que, pelos vistos, compareceria.

Não sei exactamente qual é a actual posição do Ministério quanto aà oportunidade da realização de uma reunião que, seja quais forem os resultados, será mantida na próxima sexta feira o que como qualquer pessoa sensata faz prever um fimde semana alargado o que n início de Agosto, mês de férias e praia, não é despiciendo. 

Não sou um apreciaor da srª Ministra da Saúde que não conheço, não votei no partido que a colocou nesse lugar de martírio, mas neste caso não tenho a menor dúvida em afirmar que por mim, a reunião seria imediatamente cancelada  sem prévia marcação de data  próxima.

O sindicato poderá gostar deste jogo dos qutro cantinhos em que impudente e imprudentemente se meteu mas a reafirmação da greve aqualquer preço é um enxovalho à inteligência e honradez das relações de trabalho, ao sindicalismo, à Ministra e a todos quantos assistem a esta miserável e grotesca cena.

 

 

N Venezuela houve um simulacro de eleições. Mesmo assim persistentes sondagens ao longo das semanas anteriores previam uma pesada derrota para essa aberrante figureta de fuhrer tropical representada pelo senhor Maduro.

A jornada eleitoral mesmo asim foi cuidadosamente preparada pelo poder local que, como é habitual nestes casos começou por inabilitar os principais líderes da oposição  como , de resto, já tinha feito anteriormente. Isto quando os não prende ou força ao exílio...

A Venezuela está desde há cerca de cinte anos perdida numa lenta, eficaz e dolorosa descida aos infernos, com milhões de cidadãos fugidos ou emigrados para países vizinhos (ou para mais longe, casos de Espanha e Portugal, especialmente a Madeira). A taxa de inflação ultrapassou largamente e há muito tempo os 100%, a moeda é uma anedota, os serviços públicos estão totalmente degraddos, há falta de tudo inclusivamente de petróleo porque ninguém mantem as instalações petrolíferas. Parte do que ainda se produz vai directo para um par de países protetores que fornecem armas para a repressão e instrução para os agentes repressores. 

(Portugal, e isto passou-se já há um par de anos, foi mesmo acusado de falhar o fornecimento de pés de porco que é, parece, um dos petiscos natalícios dos venezuelanos. O loquaz Maduro chamou aos governantes portugueses tudo o que podem imaginar acusando o país de sabotagem!!!...)

Todas as equipas de observadores que entretanto se dirigiam para a Venezuela foram paradas na fronteira e dissuadidas  de entrar no país e menos ainda de verificar a legalidade das votações. Por outro lado, a Venezuela já proibiu dezenas de meios de comunicação incluindo uma boa dúzia de televisões, deixando apenas espaço para orgãos fieis ao regime.

Nas vésperas da votação, sexta feira, Maduro avisou que se perdesse haveria uma guerra civil. Alguém lá o avisou da absoluta estupidez de tal proclamação e, no dia seguinte, preparada já a chapelada eleitoral, veio dizer que respeitari o resultado das eleições e que todos os restantes candidatos deveriam comprometer-se a fazer o mesmo.

As "eleições" decorreram  sendo impressionante o número de eleitores que acorreram às urnas. 

Na segunda feira tivemos o ignóbil espectáculo da comissão eleitoral nacional vir indformar que Maduro vencia com 51%.

Esta mesma comissão veio depois apresentar um quadro a várias cores com as percentagens de voto conseguindo o impossível. Contados os números fornecidos a soma excedia os 131% !!!...

fica por saber se esta deonstrção era uma provocação, uma confissão ou um mero erro de aritmética quer no número de votos quer nas respectivas percentagens-

Perante tudo isto o inenarrável partido comunista português deu à luz um comunicado que não só saúda o povo venezuelano e o partido  vencedores bem o como a caricatura perigosa mas imbecil do seu líder como denuncia, como é habito, o governo português e os imperialistas, capitalistas e reaccionários de todo o mundo  que contestam ou poderão vir a contestar esta absurda palhaçada.

O pcp está a dar sinais de um prodigioso  e progressivo alzheimer  político e aa uma também crescente miopia  ética e social que não consegue ver como um país relativamente próspero caiu no buraco para onde foi atirado pela inépcia económica e política de uns ditadorezecos de terceira categoria e um partido feito à medida deles. 

Na sua corrida par o abismo, o PCP nem percebe que alhuma contenção nas declarações, algum silêncio poderiam ser-lhe úteis. Tambémm não admira numa organização que se sente fraterna com a Coreia do Norte, com a Rússia putinesta e com outros regimes que só se mantém pela força da repressão. 

 

 

 

estes dias que passam 926

d'oliveira, 27.07.24

 reparar o colonialismo?

 

mcr, 27-7-24

 

 

Não sou um admirador de João Lourenço,  presidente de Angola, mas sou obrigado a reconhecer que no caso das "restituições & restantes despropósitos neo-coloniais" meteu um golo a um estranho e não especialmente dotado guarda redes metropolitano. 

De  facto, ao ser inquirido sobre a pouco, nada, instante questão das indemnizações por colonialismo, o responsável angolano disse que o caso não se punha agora nem nunca se poria, dizendo que passados 49 anos de independência sem nunca se tocar no tempo, já não era ocasião para o fazer.

E aproveitou a boleia para referir o problema das fronteiras nacionais herdadas do período colonial que, mal ou bem parecem irreversíveis depois de cerca de 100, 120 ou 150 anos da sua criação. 

Só gente tolinha se lembraria de invocar uma redefinição de fronteiras africanas que, no melhor dos casos balcanizaria medonhamente o continente. 

Na verdade, tirando casos especiais Egipto, Marrocos ou Etiópia) todas as restantes fronteiras africanas possíveis deparam com problemas gigantescos e não é sequer pensável recorrer a critérios étnicos, linguísticos ou meramente históricos (caso dos impérios do oeste africano). Mesmo no caso dos países reeridos em primeiro lugar, a definição de fronteiras é difícil , basta lembrar o conflto sobre o sul de Marrocos  ou os que resultam da actual situação das regíões abissínias, caso da Eritreia ou da província insurgente do Tigré.

João Lourenço referiu este problema  e no caso de Angola está cheio de razão porquanto, a Angola actual é fruto de diferentes etapas colonizadoras e há territórios (cerca de 50% do actual espaço angola que se acrescentaram muito tardiamente à Angola história se é que os povoamentos anteriores a 1800 se podiam sequer considerar contíguos e controlando eficazmente as regiões do interior. 

Um terceiro e último problema é o da língua. Não é por acaso que usamos o termo palop (país africano de língua oficial portuguesa) De facto, a língua do colonizador e mesmo hoje ima "língua oficial" que substituiu os diversos vernáculos  que correspondem à grande variedade de etnias que o espaço nacional compreende (e que na imensa maioria nos casos fronteiriços ultrapassa os limites oficiais do pais). O  que se verifica é que nas principais cocentrações urbanas a língua oficial prevalece sobre as línguas vernáculas que correm, pelo menos aí, o perigo de desaparecimento. De facto as cidades tornaram-se pontos de atração para enormes multidões camponesas que imparavelmente aí acorreram (ou fugindo da pobreza, da guerra civil, das secas e da falta de futuro). Nessa espécie de melting pot africano a língua materna desaparece em três quatro gerações ou mais cedo ainda. O recurso à língua "oficial" torna-se imperioso  mesmo se, ao mesmo tempo, se criam crioulos  pouco expressivos  também eles votados à desaparição.

convenhamos: as criaturas que levantaram como principal problema a questão das reparações pela colonização (e se ela foi temível não apenas pela escravatura, mas também pelo sistema de trabalho obrigatório, pela imposição de culturas obrigatórias, pela introdução da economia monetária e do fisco, etc...) abriram as portas a todas as restantes heranças da presença do colonizador.

As antigas metrópoles coloniais continuam a ser para muitos africanos um imã Ainda ontem, na cerimónia da abertura  dos jogos olímpicos podemos ver um atleta francês de origem magrebina como portador principal da chama olímpica enquanto a marselhesa era cantada por uma grande cantora lírica negra, Estas duas mgníficas presenças mostram bem que, além do cálculo político que seguramente influenciou a sua escolha, a ideia honrada e generosa da possibilidade de integração racial num país como a França. gostaria de ter visto a cara dos adeptos da srª Le Pen, como também hostari  de ver e ouvir a reacção dos " cheguistas" à presença importante e crescente de atletas de origem africana na equipa olímpica portuguesa. 

Em Portugal, além do habitual grupo de  afro-descendentes que choram todas as mágoas do raciskmo , colonialismo e imperialismo um coctail mal amanhado e mal concebido  que usam como esconjuro para todas as maleitas reais ou imaginárias, sociais ou económicas, culturais ou étncas de que se acham vítimas, apareceu o sr Presidente da República cuja loquacidade seja a que nível for ultrapassa todo e qualquer entendimento a, num brilharete perante jornalistas referir esta última moda do masoquismo ocidental e da ideologia woke.

Sª Exª parece estar a tentar um novo caminho de declarações para se manter à tona do (re)conhecimento público. 

Mesmo que eu duvide muito das coincidências (pero que las hay, las hay...) e,  num sentido relativamente coincidente sentido, uma senhora doutorada em antropologia por uma universidade americana, veio afirmar em altas parangonas em duas inteiras páginas de um jornal de referência, que "a escravização financiou toda a empresa dos descobrimentos" !!!

eu recordatia à referida luminária que grande parte dos descobrimentos estava concluída até 1500, data do "achamento do Brasil" 

As caravelas portuguesas que começaram por descer  a costa africana m sucessivas etapas até à passagem do Cabo da Bo Esperança e ao reconhecimento da contra costa africana até tomarem a rota da Índia, não tinham capacidade pra transportar mais que cinco ou seis cativos  nem isso intressava muito aos seus cpita~es que iam em busca de coisa mais trasportável e preciosa. Não é por acaso que a Costa do Marfim e a Costa do Ouro ainda hoje tem esses nomes. Por outro lado, uma vez descoberta a rota da Índia foram as especiarias o alvo da cobiça, comércio, transporte nas pequenas embarcações. A coroa, de resto, cobrava forte e feio nessas arriscadíssimas viagens. "Descoberta" a índia logo uma pequena multidão de portugueses aí se instalou para traficar localmente ou para armar pequenas esquadras rumo aos confins do índico para encontrar as melhores e maiores zonas produtoras. É verdade que nesse tráfico também terá havido algum modesto, modestíssimo aprisionamento de escravos.  Fernão Mendes Pinto, ele mesmo terá sido aprisionado e escravizado um par de vezes mas a escravatura a sério, e sobretudo o seu tráfico teve de esperar por meios de transporte maiores e bem mais tardios. E teve sobretudo de esperar pela conquista das Américas incluindo a do Norte e pela introdução das culturas do açúcar primeiro e outras posteriormente  já ia adiantado o século XVII . A escravatura financiou ou coadjuvou tais produções  agrícolas que no caso português tiveram lugar fundamental no Brasil, um pouco n Madeira e, de certo modo povoaram as ilhas de Cabo Verde e S Tomé. Nesta tarefa nada houve de "Descobrimentos" pelo que a afirmação da doutora por extenso peca extensamente por ignorância absoluta e catatónica. 

Conviria lembrar que, os portugueses foram sobretudo intermediários entre as zonas de "exportação" de escravos e as zonas onde eles foram a principal mão de obra. 

De resto, mesmo nas colónias (melhor dizendo no Brasil) cedo se ouviram vozes contra a escravatura. A primeira denúncia partiu dos jesuítas instalos no Brasil  que começaram por criticar e condenar a tentativa de escravizar autóctones do Brasil, empresa que e resto falhou rapidamente e por isso deu origem à importação de africanos.

Depois, sem querer desculpar a particiapação portuguesa no tráficoseia bom lembrar que a grande percentagem de tráfico, transporte e venda de escravos competiu a outtraw potências europeias (Espanha para Cuba e boa parte da América central e o norte da América do Sul; França para as suas ilhas antilhanas e para as colónias americanas e a Grã Bretanha que terá sido responsávl por mais de 50% da angariação forçada, transporte e venda de escravos que continuou mesmo depois da independência dos Estados Unidos)

Também seria bom lembrar que a escravatura existia em África, em toda a África nomeadamente nas zonas fronteiriças ao Sahel e  na costa oriental africana (com especial predominância em Zanzibar)  quase sempre com destino ao Médio Oriente mas também ao Magrebe.

Na China que se manteve quase sempre inacessível aos europeus, a escravatura sempre existiu mas isso é questão que nunca terá aflorado à senhora antropóloga se é que la sabe que existiu um "celeste império". No que antigamente se convencionou chamar Insulíndia o fenómeno esclavagista existiu  muito antes da intrusão dos europeus, mormente dos holandeses  dos britânicos.

Que um jornal de referência dê duas inteiras páginas aos dislates da doutora por extenso sem sequer uma pequena nota e algum jornalista mis alfabetizado e sabedor destas coisas que se foram prendendo desde os primeiros anos de ensino de História é que me surpreende. E me amedronta em relação o futuro.

Hoje mesmo José Pacheco Pereira advertia que a tal "geração mais bem preparada de sempre" era de uma ignorância letal a tudo o que cheirava a História, Cultura Geografia Literatura e outras disciplinas que parecem ter sido esquecidas pelos planos gerais de eduquês e pelas universidades. Um desastre!

Um naufrágio a lembrar os da História Trágico Marítima que pelos vistos ninguém l(ou muito poucos...) lê ou sequer sabe que existe. 

Havia um dito do século XVII  que afirmava que Portugal (como a nau S Francisco Xavier) ia ao fundo com o peso da pimenta. Desta feita é com o da ignorância...

 

au bonheur des dames 627

mcr, 24.07.24

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Os meninos em liberdade

(E os adolescentes, os jovens estudantes e mais tarde os adultos com pouco tempo...)  

(no ano de 53...)

 

O jornal traz hoje a notícia da reabilitação e abertura da piscina mar da Figueira da Foz. E acrescentava a extensa notícia que a ideia fora de Santana Lopes, actual presidente da Câmara.

Convenhamos que depois de vários outros presidentes da mesma Câmara, quase sempre  socialistas esta novidade em um gosto entre o amargo e o doce. Eu tenho por Lopes a pior das impressões  mas a equidade, o bom senso  e ofacto de ser um pobre homem de Buarcos obrigam-me a aplaudir a Câmara que, aliás, foi quem tomou a cargo a obra. 

 

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Santana, de resto, já havia iniciado as obras do Mercado, um edifício de ferro dos princípios do século passado e foi o impulsionador do Centro de Artes. Tudo isto feito por fulano que nenhuma ligação tinha à Figueira e que só se apoderara da Câmara porque o PS a certa altura dividiu-se ao meio e abriu uma avenida triunfal para um político que falhou todos os objectivos a que se propôs 

Foi  nesta piscina de águas salgadas que aprendi a nadar. Melhor dizendo a nadar defeituosamente porque quer eu quer o meu irmão longe da vista paterna nos escapulíamos às aulas de natação para ter mais tempo para brincar.

 

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Quando regressei de Moçambique para fazer o 3º ciclo na “metrópole” passei longas férias na Figueira e a piscina era o meu poiso favorito em Julho. Nessaaltura, o nosso pequeno grupo de amigos (onde estarão elas e eles agora?) tínhamos a piscina toda (ou quase...) para nós.

Anos depois, já formado ainda me hospedei uma ou duas vezes na estalagem da piscina, 

Depois fui sabendo que a sociedade que a detinha a vendera a outros empresários e que pouco a pouco  se fora degradando a pontos de o que há agora (e que parece bom) tem poucas semelhanças com aquela piscina onde tive os naturais namoricos de Verão.

Pelos vistos, Santana Lopes quer refazer a estalagem ou algo do mesmo género. Que as mãos não lhe doam. Se for preciso que o reelejam!

A propósito de piscinas confesso que quase todas as que longamente frequentei estão em mau estado Incluindo a belíssima piscina do Club Ferroviário de Nampula que nas férias grandes /enormes) de Verão  (anos de 62, 63 e 6). Aqui perto de casa a piscina do hotel Tivoli está mesmo escaqueirada e tudo indica que não será reabilitada pelo menos para uso público.

(mais uma herança do BES que até à data não se resolveu fosse de que maneira fosse).

 Durante os anos em que trabalhei na Delegação Regional de Cultura do Porto, fiz um acordo com os meus antecessores e conseguia chegar à piscina antes do meio dia e meia e só sair para trabalhar duas horas depois. Compensava com um horário mais prolongado pela tarde que, de resto, favorecia todos os agentes culturais que só depois dos respectivos empregos podiam ir à DRN resolver problemas dos organismos que dirigiam Nada disto me tirou o prazer do mar desde que houvesse ondas mas uma piscina, se ainda por cima é de água salgada, é a melhor coisa que pode acontecer a quem tem pouco tempo disponível.

 

os leitores perdoarão esta evocação de anos antiquíssimos masquequerem. Estes dias calorosos não dão para mais. De cima para baixo a piscinada Figueira como era nos seus tempos de glória; a iscina do hotel tivoli foco aqui a dois passos como seguramente já não é e a piscina do clube ferroviário de Nampula que, pela fotografia parece estar quase na mesma mas nunca fiando...

 

estes dias que passam 925

mcr, 22.07.24

América, América...

mcr, 22.7.24

 

no país onde os valores da juventude são exacerbados, ser Presidente com mais de setenta anos ´algo de incomum. Mesmo se nos lembrarmos de Ronald Reagan e da sua fortíssima presença, a presidência não é algo que, por lá, os eleitores apreciem cofiar a quem passou a barreira acima citada.

É verdade que Joe Biden fez um excelente mandato mas isso não foi suficiente para se candidatar de novo. Os anos pesam-lhe, anda devagar, e mesmo se não se lhe possa absolutamente prever um fim de vida dificil tmbém nada aconselhava a que se recandidatasse.

Joe Biden deixa um registo bom e melhor seria se a tempo tivesse permitido que surgisse um/a candidato/a viável para enfrentar Trump, que também nada tem de jovem mas que ainda se mostra impetuoso e capaz de mentir  ou melhor capaz de entre vinte mentiras dizer alguma verdade.

Contra um radical narcisista qualquer campanha é difícil. Se, como no caso, um rapazinho registado como eleitor republicano  (é bom lembrar isto, repetir isto e perguntar com é que pode chegar até onde chegou, carregado de arma e munições, ser visto por várias pessoas e mesmo assim ter tido tempo para disparar um par  de rajadas  que mataram um inocente e rasparam na orelha do vilão)  se dá ao luxo de tentar um magnicídio (horrenda palavra sobretudo se nos lembrarmos do alo) antes de oportunamente ser enviado ad patres pelos atiradores que não o viram chegar mas rapidamente o liquidaram, temos farta dose de factos para embarcar nas mais desvairadas teorias da conspiração.

Contra um adversário ungido por um tiro na orelha, Biden que perdera um debate, não tinha já qualquer hipótese. Resta saber se alguém no campo democrata a terá a começar pela srª Kamala Harris, uma vice-presidente que nunca deu nas vistas ( que não parece gozar de especiais simpatias na classe política de ambos os laos e, sobretudo, na população).

Acima afirmei (e não me arrependo) que Biden fez um bom trablho nestes quatro anos aliás difíceis e tornados infernais desde a guerra na Ucrânia até ao desastre do Médio Oriente.

E seria bom lembrar que, nos dois casos citados, Joe Biden agiu com discernimento, prudência e habilidade. Basta lembrar que tinha um Congresso hostil  para já não referir o gigantesco problema das multidões que de toda a América latina marcharam e marcham em direcção à fronteira sul dos EUA.

Faltou a Biden aquele senso comum (que sempre teve numa carreira política de cinquenta e tal anos) que aconselharia a não se candidatar. 

Todavia, não carrega sozinho as culpas porquanto os grndes dirigentes democratas falharam repetidamente no conselho ao Presidente  e só tarde, muito tarde, começaram a duvidar, a tergiversar ou mesmo a criticar abertamente. Nesse capítulo o partido Democrata mostrou-se tão dócil quanto o rival Republicano que mesmo depois da derrota pungente nas anteriores presidenciais e das vergonhas sucessivas que culminaram no assalto ao Capitólio , foi incapaz de ver além de Trump mesmo quando este começou a ser, finalmente, tardiamente, alvo de processos de todo o género. 

convenhamos, o Partido Democrata, está dividido em clãs raivosos que se digladiam violentamente e impedem o aparecimento de líderes capazes de atrair votantes. 

É verdade que Biden não é nada novo mas a srª Pelosi  que subitamente apareceu a criticá-lo é pelo menos dois ou três anos mais velha do que ele! 

Eu não dou para o peditório das conspirações mas que aqui neste drama intra-democrata  anda muita confusão, muita tontice e pouca visão dos tempos que correm , algo cheira mal.

Repare-se que normalmente muito tempo antes das eleições começam a aparecer candidatos  ao cargo. Desta vez, nada. Nem um! E Biden ainda não tinha declarado que se recandidataria...

Das duas uma: ou havia uma generalizada convicção que ele poderia tentar com êxito o segundo mandato ou, subitamente ninguém, rigorosamente ninguém, se chegou à frente!!!

Agora a um mês da convenção, eis que há tudo afazer ou a refazer. Só não há tempo que chegue.

Trump jura que sobreviveu por milagre, pela mão de Deus. Vejamos se Deus na sua "infinita bondade" também dá uma mãozinha aos democratas e, já agora, a nós todos que temos uma boa visão da América, do jazz, do grande cinema, de Bob Dylan e de Bruce Springsteen, de Faulkner, de withman, de  Pinchon  ou de Pound, vá lá dos Peanuts ou do rato Mickey, para não citar mais ninguém .

*o título é roubado a Eliah Kazan

 

 

estes dias que passam 924

mcr, 19.07.24

o outro país

mcr, 19-7-24

 

há uma lei, mais uma!..., que regula o número de medicamentos que um cidadão pode comprar na farmácia só de uma vez...

Pelos vistos tal lei, sempre com o fito de proteger os cidadãos estúrdios que devem espojar-se de alegria comprando mantimentos em quantidades  gigantescas, aproveitando a boa fé dos médicos que os prescrevem.

A lei, como de costume, talha a direito, e não prevê a situação dos doentes crónicos. 

ou melhor, lá prever, prevê, mas provavelmente entende-se que a tais viciosas criaturas convirá ir mutas vezes à farmácia pois é sabido que o exercício físico, por exemplo, andar, faz bem à saúde.

Esqueceram-se os legisladores que o país anda a suas velocidades,  primeira e sexta. Ou seja nos distritos de Bragança, Viseu Guarda, Castelo Branco, Évora e Beja, pelo menos nestes, o povoamento disperso faz com que dezenas ou centenas de milhares de cidadãos que vivem fora dos escassos centros urbanos mais importantes n\ao tem farmácias perto (e também não tem bancos, caixas multibanco e outros serviços importantes. Como normalmente também não há transportes públicos, eis que uma pessoa para aviar a receita se desloca  muitos quilómetros e de táxi! 

Ainda há dias uma reportagem de Bragança avançava cm números aterradores Fora dos grandes centros (que são poucos e pequenos) não há caixas multibanco ou, melhor , há quatro. Os bancos privados não estão interessados e aquela merda de banco público que se chama CGD está-se nas tintas (ou borrifando ou outra coisa pir e mal cheirosa...) para a saloiada, os "cafoni" que vegtam naqueles sertões indignos.

Há jntas de fregesia que de bom grado acolheriam as ditas caixas mas mesmo assim ninguém se chega à frente. 

Todavia, farmácias é pior ainda, tanto mais que normalmente são empresas privadas que necessitam de instalações maiores, com mais pessoal .

As criaturas que uivam de cada vez que alguém põe em causa os serviços de saúde, a sua organização e distribuição, acusando tudo e todos de vendidos ao capitalismo sanitário, ao imperialismo e não sei a que mais obscuros e horrendos interesses.

Eu não vivo no interior, não faço tenções de me mudar para o "campo" e cada vez mais sinto que viver nesse outro país é uma maldição mas quando vejo os auto proclamados defensores do povo (que vivem na cidade, claro)  fico com vontade de vomitar.

 

 

 

 

 

 

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estes dias que passam 923

mcr, 15.07.24

A história à moda deles 1

mcr, 15, 7, 24

 

Um jovem doutorando em Cambridge, de seu nomeJoão Moreira da silva, entendeu opinar sobre algo que lhe escapa, pelo menos ao bom senso. 

Sob o título “Restituir os arquivos coloniais”  vem, em substância vociferar contra o roubo, a espoliação deste mesmos arquivos que jazem sossegados no Arquivo Histórico Ultramarino (em Lisboa)

Entende a jovem criatura que os documentos relativos à História colonial portuguesa deveriam estar nos territórios a que dizem respeito  par que as populações desses mesmos países possam vir a conhecer a sua História pregressa anterior a 1974/5. 

Pelos vistos a história colonial portuguesa não tem nada a ver com Portugal, o colonizador malfazejo, mas tão só com as inocentes comunidades hoje livres da opressão  e toda a sorte de malefícios europeus. Assim, na posse da documentação “sonegada” poderiam os ex-colonizados aprender a sua História e dá-la a conhecer expurgada dos horrendos vícios coloniais  que seguramente a hão de mostrar enviesada, falsificada e “racicalizada!”

E dá o exemplo d S Tomé, colónia em que há cerca de dois séculos foram retirados os arquivos e enviados para Lisboa deixando assim a população são-tomense sem possibilidade de conhecer o seu passado dado o custo de um deslocação à ex-metrópole colonial.

E refere que o mesmo problema se pões hoje aos eventuais estudiosos do arquipélago que não terão recursos para vir estudar a história do seu libertado país a Lisboa.

Portanto a solução seria o envio de toda a documentação arquivada para os territórios  de onde foi retirada  ha um par de séculos. 

Eu perceberia que o doutorando em Cambridge advogasse a digitalização de toda a documentação relativa aos países que fizeram parte do "Império do Minho a Timor" para ser disponibilizada localmente nos países em causa (se estes a solicitassem).

Ao que sei a fundação Mário Soares tem digitalizado muitos documentos também de implicação colonial, a começar pelos arquivos dos irmãos Pinto de Andrade.

Todavia isso, não é uma restituição de documentos que creio continuam na mão dos seus antigos possuidores ou dos seus familiares. 

De resto, não se vê motivo para qualquer restituição pelo facto simples de serem documentos administrativos portugueses que, estão, de resto à disposição de qualquer estudioso que solicite a sua consulta.

Questão diferente seria a do estabelecimento de protocolos, acordos ou algo semelhante para se digitalizarem documentos que as ex-colónias considerassem necessários para os seus arquivos históricos. 

O artigo vem na onda da novíssima moda da restituição dos bens usurpados pelas potências coloniais durante o período da colonização.

É verdade que os grandes museus franceses, ingleses, alemães, belgas, holandeses e americanos tem peças notoriamente (ou provavelmente) roubadas  durante as campanhas coloniais ou mesmo antes. 

O mesmo sucedeu com outras paragens não coloniais: o oiro de Troia foi cuidadosamente contrabandeado para Berlin sem que o governo turco desse pelo furto; a actriz Melina Mercuri que foi ministra grega também iniciou uma campanha para a devolução de esculturas da Acrópole que permanecem em Londres; em Berlin há um  museu  criado para acolher o altar de Pérgamo e  as portas de Micenas. E por aí fora...

De Portugal, as tropas de Junot levaram o "cabinet de Lisbonne" uma importante colecção etnográfica recolhida no sec XVIII pelo dr António Rodrigues Ferreira, um sábio desconhecido dos portugueses. 

Os territórios colonizados por Portugal nao deram azo a que houvesse especiais saques de bens artísticos  africanos. Provavelmente, a tropa e os agentes administrativos portugueses (com algumas excepções) eram demasiado ignorantes para perceber o valor dos "manipanços" encontrados nas campanhas tardias de pacificação (3º quartel do sec XIX até meados do 2º quartel do sec XX)

Aliás, o melhor das colecções coloniais ficou no Museu do Dundo (quase monográfico e dedicado à etnia tchokwé) e no de Nampula (com algumas notáveis  peças maconde). Por cá, as colecções que conheço, tem origem legal em compras  em galerias respeitáveis e, de resto, não tem, de perto ou de longe, a riqueza de algumas estrangeiras bem conhecidas (onde, de resto, há africanas particulares!!)

Tendo em linha de conta o que aconteceu em timbuctu com a acção de guerrilhas radicais  religiosas temo bem pela sorte de muitos bens africanos mesmo dentro de museus nacionais.

Por outro lado, a campanha restituidora  parece ser obra de uma minoria bem distante das preocupações e da vida da imensa maioria de cidadãos africanas.

Desconheço se o jovem doutorando é português ou são-tomense (ou até ambas as coisas) como ocorre com uma franca maioria de anti colonialistas e anti racistas que, curiosamente, vivem sempre fora de África. 

Nem sequer receio que esta posição tenha quaisquer consequências imediatas mesmo se certas criaturas de cá se ponham logo em bicos de pés para provar o seu progressismo woke.

No entanto, não vale a pena pensar que estas erupções de tolice anti colonial e anti racial são só a espumados dias. 

À falta de propostas mobilizadoras para a sociedade recorre-se a tudo para num mundo que vive enredado em redes sociais onde tudo  acontece, servem estas como sinal de heroísmo contestatário  Que um "doutorando" de Cambridge tome este comboio não diz nada de bom.  

Nem, infelizmente, de original...

 

 

 

 

estes dias que passam 922

mcr, 13.07.24

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a ida futura e inútil ao Parlamento

mcr, 12-7-24

 

Houve uma geral (e provavelmente fingida) surpresa quando se anunciou uma entrevista da srª Procuradora Geral da República a uma televisão.

E disse "fingida" porquanto já se esperava uma situação destas quando anunciaram com espavento a ida da referida senhora A AR.

Tal deslocação só se efectuará depois de concluído um relatório que pouca curiosidade desperta dado o facto de os inquéritos em curso serem muitos e estarem abrangidos pelo segredo de justiça. Por outro lado, pode antecipar-se um rosário de desculpas pela morosidade dos trabalhos em curso sempre (obviamente) devidos à falta de meios, à complexidade da investigação, à má vontade dos arguidos, suspeitos e acusados, enfim  tudo o que se quiser excepção feita à falta de capacidade, diligência, saber, dos senhores magistrados. 

É duvidoso que no dito relatório (futuro) se acrescente qualquer coisa de valioso, interessante ou útil quanto à profusão e duração das escutas e à demora de processos que, em teoria, seriam fáceis e rápidos.

A entrevista da referida magistrada tem o objectivo de desminar o terreno e desarmar os parlamentares mais curiosos. Já tudo foi dito, nada mais há a acrescentar, etc., etc...

Não vale a pena bater mais no ceguinho analisando a entrevista ou o que dela se foi extraindo nestes dias.

Aquilo é o retrato de uma magistrada que estará convencida do seu alto contributo para a história da justiça nacional. Pessoalmente descobri que devo ter estudado outro Direito, noutra língua, noutro país quando perpasso, com pouca vontade, os olhos pelo que foi dito. 

Provavelmente vivemos em realidades paralelas, isto é que nunca se cruzam, em países diferentes e épocas diversas. A culpa, naturalmente, é  minha e só minha.

Numa coisa, todavia, estou de acordo. Há claramente uma tentativa de, a partir de casos concretos, (um par de árvores), destruir a floresta. Ainda bem que estamos na época dos fogos pois certamente, e se parar de chuviscar aí virá uma fogachada horrenda  que resolve tudo depressa e sem remédio. 

De resto, parece que umas centenas de magistrados do MP estarão convencidos que anda por aí uma associação secreta que quer acabar com eles, com o MP, com a Justiça que ainda por cima é cega, enfim há uma conspiração permanente.

Por outro lado, também apareceram com as mesmas "águas de Março" ou de Abril, umas dezenas de criaturas que entendem que estamos perante um golpe de Estado permanente, cujos fautores se acoitam no Palácio Palmela  preparando bombas, fake news, escolhendo políticos inocentíssimos (ou quase) para promoverem uma república que à falta de bananas produzira xerifes vingadores.

Convenhamos que num terreno tão pantanoso como o que uns e outros imaginam estas teorias tem uma insuspeiada veracidade. 

Em boa verdade, ao navegar em tão turvas águas, o que se quer é deixar tudo na mesma. A uns não convém um MP preparado, capaz, diligente e cumpridor não só da lei como também de um par de regras de civilidade e bom senso. A outros dá jeito lançar a d´vida sobre tudo e todos, considerar que estamos em plena lei do indigenato pelo que é preciso mão  forte e salvadora sobre os súbditos (e nunca os cidadãos inexistenes)

No entanto, basta olhar para o que se passa: processos que duram anos e anos e que acabam deitados ao lixo, escutas que se prolongam por igual período e que ninguém teve o bom senso de ir eliminando tudo o que era inútil pretextando que  o que agora parece inocente pode amanhã revelar um crime horroroso, o  uso e abuso da detenção de pessoas que depois penam dias e dias à espera de alguém que as escute e lhes diga que acusações existem. Saber que um cavalheiro madeirense é desde há não sei já quantos meses "arguido" e ainda não  ter sido ouvido é perdoarão, uma indignidade para não dizer uma infâmia. A mim, poucas dúvidas restam que o que se pretende éeliminar a criatura da vida política madeirense. (só que o homem não é Costa, não tem um cargo internaional à espera dele e é teimoso como uma mula)

É que quando se anuncia que X é arguido atira-se a criatura para o mais sórdido dos tribunais, o da opinião pública que imediatamente se rebola na "deliciosa   ee habitual acusação a outrem sobretudo se este é poderoso, rico, conhecido ou político.  

Os senhores magistrados deveriam ser obrigados a  ouvir imediatamente todos quantos apodam de arguidos em vez de  os  assar em fogo lento, mergulhados na suspeição geral. Estas demoras, cada vez mais frequentes são, ou deveriam ser, uma falta grave  e, por vezes,  um crime e como tal punido. 

Nunca aceitei a ideia de que isto é como a pide, coisa que só se afirma porque nunca se viveu paredes meias com tão sinistra organização. Sei do que falo e como eu ainda por aí andam uns milhares de testemunhas do que se chamou "Estado Novo"

Somos poucos, já mas temos o dever e o direito de cortar bem cerce as burrices ou as sacanices dos novos apóstolos da democracia. Não isto não é (ainda) a pide , a "estátua", o "sono" a violência física destemperada, a humilhação dos detidos. que se saiba ainda não há violação sistemática  da correspondência  ou angariação igualmente sistemática de "bufos", denunciantes ou provocadores. Também não há pressões sobre empregadores ou repartições públicas para vigiar, perseguir ou despedir subordinados desconformes com o pensamento único (que também ainda não há) que caracterizava o regime anterior ao 25 .

Há, porém, sinais alarmantes  de tentativas  (sempre em nome da descoberta da verdade, da luta contra a corrupção ou de qualquer outra balivérnia canalha) de alargar a outras entidades, maxime às comissões da AR, o recurso às escutas e outros meios de prova que, seja qual for a sua utilidade, são sempre meios que não justificam quaisquer fins.

Seria bom que os profissionais do MP se convençam de que o seu papel na sociedade é apenas o de zelar pelo rigoroso cumprimento da lei, coisa que dispensa "agendas" justicialistas  (só esta palavra com ressonâncias "peronistas" de má memória assusta o mais sensato)põem em causa ou ,até, negam.

Ficaria bem aos protestatários  ºedir uma legislação clara que puna quem deve ser punido e que defenda quem deve ser defendido, coisa que, também, muitas vezes, parece estar ou aquém ou além das tomadas de posição.

E sobretudo, tomar como pacífica a ideia de que ninguém está acima da lei e que compete o MP investigar séria mas prudentemente a acção de todos quantos , dado o seu imenso poder, podem corromper ou ser corrompidos.

E já agora acabar de vez com os arroubos policiais que percorrem diversas instâncias que à falta de fazer o que lhes compete se entusiasmam com novelas policiais, conspirações e outras maneiras de perder 

Os ventos que chegam de Londres, Paris e Washington

José Carlos Pereira, 12.07.24

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Num contexto internacional que continua marcado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, pela escalada militar de Israel contra o povo palestiniano e pelo desalinhamento crescente entre o bloco ocidental e a China, os processos eleitorais deste ano em França, no Reino Unido e nos Estados Unidos da América (EUA) têm importância acrescida.

No Reino Unido, os trabalhistas obtiveram no início do mês um dos melhores resultados de sempre, elegendo 411 parlamentares num total de 650. Os cerca de 9,7 milhões de votos (33,7%) dos trabalhistas foram recompensados pelo sistema eleitoral maioritário, tal como todas as sondagens indiciavam. A viragem do Reino Unido à esquerda, pondo fim a catorze anos de governação conservadora, castigou as trapalhadas e a incompetência de Boris Johnson, que não foram ultrapassadas na opinião pública pelos seus sucessores Liz Truss e Rishi Sunak, como o demonstraram as eleições locais que foram ocorrendo. Do lado dos trabalhistas, Keir Starmer conseguiu serenar e unir o partido, que abandonou posições mais radicais e centrou o seu discurso em medidas com forte impacto na população, como os impostos, o sistema nacional de saúde e a imigração, com o fim do inacreditável envio para o Ruanda de imigrantes requerentes de asilo. Starmer tem a oportunidade de comprovar que a esquerda democrática pode governar com sucesso um dos principais países europeus. 

Em França, a coligação de esquerda Nova Frente Popular ganhou as eleições com 180 mandatos e 25,8% dos votos, seguida da coligação centrista Juntos pela República, liderada pelo partido de Emmanuel Macron, que alcançou 159 deputados e 24,5% dos votos. O sistema eleitoral e a barragem "republicana" levada a cabo pelos partidos democráticos, na segunda volta, travaram a vitória que se anunciava para a coligação de extrema-direita liderada pelo Reagrupamento Nacional, que foi a mais votada (37% dos votos), mas só conseguiu eleger 142 deputados, ainda assim o seu melhor resultado de sempre. O desafio que a França tem pela frente é de tentar que a esquerda e o centro ultrapassem as maiores divergências e consigam suportar um governo que reganhe a confiança dos franceses e acabe por reconquistar para o campo democrático grande parte dos mais de 10 milhões de votantes na extrema-direita, muitos deles votantes de protesto, descontentes com a falta de respostas dos partidos que têm ocupado o poder. Macron criou o problema ao antecipar as eleições e terá agora de encontrar um caminho que contribua para evitar a vitória de Marine Le Pen nas próximas presidenciais.

Finalmente, os EUA. A mais importante eleição no mundo democrático corre o sério risco de conduzir à vitória de Donald Trump. As sondagens apontam nesse sentido e o comportamento de Joe Biden dá força a essa possibilidade. As gaffes têm-se sucedido - nas últimas horas chamou Putin a Zelensky e referiu-se à sua vice-presidente como Kamala Trump! - e os pedidos para a sua desistência têm vindo a crescer desde o debate televisivo com Trump. Assisti em directo à primeira meia-hora desse debate e foi verdadeiramente confrangedor ver as debilidades do presidente que luta pela reeleição. Não se compreende como o Partido Democrata não gerou, em tempo útil, uma alternativa forte e credível para suceder a Joe Biden. Muitos dizem que, mesmo assim, Biden ainda é o único capaz de derrotar o intempestivo Donald Trump. Não sei se tal é verdade, mas o mundo olha para os EUA e fica inquieto perante as possibilidades que se colocam, seja Trump a presidente, seja um diminuído Biden reeleito, com os cordelinhos a serem assumidos por terceiros na sombra. O Partido Democrata ainda estará a tempo de virar o jogo?

estes dias que passam 921

mcr, 11.07.24

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Na guerra o acaso é meramente fortuito

mcr, 9-7-24

 

Na terceira década do sec XXI  só uma república bananeira e mal armada atinge alvos que não pretendia eliminar. Países dotados de alta tecnologia  não acertam em alvos civis, a menos que estes escondam temíveis segredos militares, quaréis generais de terroristas perfeitamente identificados, depósitos de armas importantes ou algo de mesmo teor.

Um hospital pediátrico, melhor dizendo um enorme hospital pediátrico capaz de receber centenas de crianças ao mesmo tempo, não é, nunca poderá ser um acaso, um engano.

ao bombardear um centro destas dimensões a Rússia sabia perfeitamente o que estava a fazer tanto mais que um grande número, um número estarrecedor, dos seus albos pertence aquilo a que chamamos instalações civis. O rasto de ataques deste tipo sucede aqueloutro de civis desarmados e indefesos metralhados à queima roupanos territórios do norte aquando da invasão e posterior expulsão dos novos bárbaros. 

ao fim de mais de dois anos, fica perceptível uma de duas coisas. Ou a rússia é um gigante militar com pés de barro e tecnologia obsoleta ou a guerra que vai travando com misseis de todos os tipos (agora acrescentados por armas norte coreanas e iranianas. só falta uma ajudinha da eritreia outro exemplo de país onde não medram nazis e inimigos da Santa madre Rússia) tem um objectivo terrorista absoluto. À falta de êxitos militares significativos  (recordemos que a proclamada  "operação militar especial" previa a rápida conquista da totalidade ou de uma grande parte da Ucrânia num máximo de dois meses, vá lá três..., mesmo se é verdade que há progressos lentíssimos e com um custo extraordinário de vidas humanas  na zona leste,  a rússia depois de ter mobilizado presos de delito comum, depois de ter usado tropas mercenárias  que também perderam dezenas de milhares de combatentes, descobriu desde há vários meses a esta parte que o bombardeamento maciço de alvos de qualquer espécie poderia criar um clima de terror e levar a população civil a influenciar os seus soldados no sentido da rendição.

Porque é de rendição que se fala pese isto muito aos russistas defensores da "paz". As exigências de Putin crescem a todo o momento e passam desde já pela anexação das quatro regiões ocupadas (não falando da CRimeia) e por toda uma série de exigencias politico-militares que converteriam a Ucrânia em algo bem mais dramático do que o estatuto que ela teve enquanto república "socialista" soviética. 

Pior, ao exigir uma espécie de desarmamento, ao proibir não só a adesão à NATO, mas também implicitamente à UE, a Rússia pretende apenas ter na sua fronteira sudoeste um estado fantoche governado pelos seus procônsules.

contam-se por milhares os prédios de habitação destruídos, o mesmo sucedendo a escolas, centros comerciais, redes electricas, redes de transportes ou meros locais de diversão como o teatro de Mariupol onde provavelmente terão perecido várias centenas de pessoas. 

Quando as tropas do Reich invadiram a URSS, os seus soldados, sobretudo os das unidades SS estavam convencidos que os russos eram sub-humanos. Isso teve como consequência um gigantesco morticínio de civis soviéticos que, com o tempo se transformaram em temíveis guerrilhas  ao mesmo tempo que aumentava entre os habitantes da URSS não invadida um ódio tremendo contra o invasor e que mais tarde se verificou quando o curso da guerra se alterou e os alemães passaram de invasores a tropas em fuga .

De resto, a consciência das exacções nazis levou que grupos gigantescos de civis alemães (sobretudo na Prússia Oriental) optasse por fugir contrariando, aliás, as ordens de Hitler.

As campanhas de terror raramente surtem o efeito pretendido, antes atiçam a resistência. 

Neste momento o ataque infra-humano russo suscita não apenas o horror do mundo mas seguramente um sentimento de ódio e de vingança entre os familiares, amigos, vizinhos ou meros compatriotas das vitimas civis inocentes. E no caso deste hospital de crianças apetece dizer que de facto só sub-humanos desprovidos de qualquer espécie de decência podem praticar crimes desta natureza.

Como de costume, os porta-vozes russos tentam atirar para cima dos ucranianos a culpa do que se passou. Aliás, até tentaram dizer que se não fosse a defesa anti-aérea o missil que teria sido interceptado não provocaria estragos. É bom de ver que não foram os estos de um míssil que destruíram tão grande superfície hospitalar mas a explosão do míssil nas instalações atingidas.

 Andam por í muitas alminhas piedosas que gritam pela paz mesmo se esta na versão deles seja apenas uma rendição e a perda de pelo menos um quarto do território ucraniano reconhecido quer pela ONU, quer pela própria Rússia em tratados  solenemente assinados. De resto, quando a famigerada "operação militar especial" começou a Rússia assumiu como verdade o facto do país agredido ser uno. Mesmo o caso especial da Crimeia (onde a Rússia, por tratado manteve a base de Sebastopol) já era parte integrante da Ucrânia, desde os tempos de Nikita Krustchev (anos60) porue, se verificou que a ligação política, administrativa, economica à Rússia tinha um custo gigantesco e poucos ou nenhuns efeitos benficas para as suas partes (península e Rússia) As razões aduzidas para o ataque infame  .invocavam futuras ameaças à Rússia e apoiavam-se na acusação alucinante do fascismo endógeno do país atacado e do poder despótico da elite política ucraniana que, contudo, mostrava que não só havia uma vida democrática, eleições livres  e uma opinião pública multifacetada. 

Amanhã, os habituais amigos da Rússia irão vociferar contra as resoluções da NATO e jurar que é do lado de cá que estão os fautores da guerra. Ao mesmo tempo que, alguns deles, choram as  vítimas de Gaza, esquecem que que em dez anos de guerra a Ucrânia já perdeu mais de vinte mil cidadãos a maioria indefesos civis que tem o azar de verem as suas casas, aldeias, mercados, hospitais (mais de mil unidades de saúde!...) confundidos com instalações militares do país agredido.  E pelos vistos nenhum dos atarefados países que recorreram ao Tribunal Internacional se lembrou até agora de actuar so mesmo modo  contra a Rússia. Feitios...

 

estes dias que passam 920

mcr, 08.07.24

vindma vindimada ?

ou

les jeux sont faits

 

mcr, 8-7-24

 

quem generosamente tem paciência para me ler, recordará que no s últimos dias (aliás desde o último dia de Junho) sei à estampa 2 textos dobre as eleições francesas. No primeiro  (abd 624) afirmava que que até ao lavar dos cestos há vindima e deixava no ar uma esperança, a de um vitória da Democracia.

ao longo de muitos e muitos anos fui testemunha de várias peripécias franco-francesas e habituei-me a ver os franceses, conseguirem quase ao soar do gongo fechar um cordão sanitário contra o lepenismo. Devo dizer que essa receita, purmente defensiva, funcionou sempre  pelo que os resultados de ontem não são tão surpreendentes como, apesar de tudo, eu temia. 

As desistências da segunda volta funcionaram quase sempre e a Direita radical ficou em terceiro lugar.

Conviria pois, e desde logo, saudar esse frémito democrático que junto com os excelentes resultados britânicos, acabam por tornar a semana num momento feliz .

Todavia para além da vitória da "nova frente popular"  (182 mandatos)  a que voltarei, há a (apesar de tudo) forte resistênciadfo "macronismo & cia" (168 mandatos e um razoável 2º lugar numa eleição muito participada  mesmo se anteriormente tibesse 250 deputados...) 

é bom recordar que "Os repblicanos" conseguem apesar da traição do seu ex-presidente, obter  46 mandatos que, eventualmente, se poderão aliar ao restante centro, criando desde logo uma base para um novo fôlego. 

Não é impossível tanto mais que, a coligação vitoriosa é, queira-se ou não, um albergue espanhol ou, melhor ainda, um saco de gatos.

Já aqui escrevi que Melenchon, que é apenas o líder de auto proclamada "frança insubmissa" (ela mesma uma aliança de varias sensibilidades) é criatura a quem ninguém de bom senso e conhecedor da história pregressa da criatura, se disporia a comprar um carro usado.

Aliás, a sua precipitada proclamação sem conhecimento nem acordo dos restantes parceiros, prova à evidência o oportunismo da criatura.  É duvidoso que o PS que parece ressuscitar do profundo coma em que estava caído, o secunde cegamente, o mesmo acontecendo com os Verdes. E não é absolutamente improvável que o outrora poderoso PC o apoie sem hesitação.

Ontem, o dr Mendes disse na SIC que Macron foi o segundo perdedor. É uma opinião discutível mesmo se a sua host tenha perdido cerca de noventa deputados. 

A pergunta que se deve fazer e (de que Mendes se esqueceu) é esta: Teria Macron legitimidade e forç para governar num tabuleiro saído das europeias? 

Mais: será que o dramático terceiro lugar da srª Le Pen nõ lhe reita alguma capacidade para vir disputar daui a três anos as presidenciais? É que ao pôr o jovem Bardella a chefiar a campanha, a dama Martine estava a preservar-se para o ambicionafo cargo de Presidente, coisa que  também Melenchon terá ousado pensar. 

Curiosamente nos poucos comentários que apanhei nas redes francesas foram raros os que o propunham para primeiro ministro.

De todo o modo, uma "coabitação centro +esquerda ou parte dela, não dificulta medonhamente o papel do Presidente que, na constituição francesa  dispõe de um imenso poder.

 

E lembraria uma evidência: depois de Sarkozi, condenado em tribunal e de Holande o motociclista clandestino (e ridículo!...) Macron acaba por ser não direi gigantesco mas largamente superior aos dois predecessores. 

Entretanto também é bom atentar nm par de questões suscitadas na campanha a começar pelo custo tremendo de um conjunto de medidas que, à compita, foram prometidas pela Esquerda e pela Direita radical.  Pelos vistos um deficit que facilmente vai até aos 5%, uma dívida pública colossal, a ideia de baixar a reforma dos 64 para os anteriores 62 anos parece deixar perceber que alguém embarcado num nouveau Titnic não se apercebe dos icebergues que lhe barram o caminho.

Agora, vários analistas portugueses entendem  que o resultado destas eleições torna a Assembleia Nacional mais poderosa e central.Na verdade, a AN francesa sempre teve um papel destacado e não recordo nenhi, Presidente que sistematicamente a hostilizasse ou sequer que fingisse ignorá-la. 

Todavia, ainda está tudo muito fresco e curiosamnete Macron, ao não aceitar a demissão do seu primeiro ministro parece querer dar tempo ao tempo, verificar a solidez das alianças possíveis e, sobretudo, a solidez da frente de Esquerda. 

Os laboriosos (e cautelosamente sucintos...)  acordos na NFP poderão  ser, uma vez passado o perigo lepenista, postos em causa .

É caso para voltar a dizer que mesmo vindimada, a vindima  não terminou .

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