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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

o leitor (im)penitente 273

mcr, 28.09.24

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Duas épocas 

(1921-1974)

Que diferença!

mcr, 27-9-24

 

 

A velhice é uma doença, assevera a minha Mãe que vai nuns garbosos 102 anos (isto de garbosos diz apenas respeito à cabeça que no resto as coisas não estão especialmente famosas_ os olhos atacados pela mácula que ela nunca tratou, os ouvidos a depender do que ela chama os ouvidores, ou seja os aparelhos que a incomodam, irritam e saem do sítio quando mastiga; os pés "gastos" mesmo que a excelente Senhora ainda palilhe a casa toda num afã lento  que a cansa mas não a demove. tudo isto junto à inabalável decisão de não querer ter ninguém em casa durante boa parte do dia, melhor dizendo entre as cinco da tarde e as dez da manhã. Nós tentamos convencê-la mas ela responde que ainda é senhora dos seus actos e decisões e que ainda não precisa de uma ama seca! ...)

Eu que, começo a suspeitar que lhe herdei a maleita ocular e a dureza de ouvido que começa a dar sinal que já não tem a agudeza de outros tempos, não vou tão longe mas consinto em dizer que a velhice é uma valente chatice. Faz rima e é verdade sobretudo quando nos damos conta da lentidão com que levams a cabo tarefs que dantes se faziam "numa fervurinha". 

A leitura começa a cansar-me se insisto muito e eudantes era criatura para ler em qualquer sítio, durante horas a fio. Agora, preciso das lupas electrónicas, de luz forte se apenas me fio nos óculos. E sorte tenho porquanto, se me falta a lupa milagreira na altira da bicae do jornal ou há luz forte na esplanada ou tenho de me limitar aos títulos da gazeta! 

Agora começo a compreender melhor o Jorge Luís Borges, esse escritor portentoso (e porteño), porventura um dos maiores do século passado que sobretudo tinha uma cultura imensa e uma memória prodigiosa

No que toca, começo a rodear-me de caderninhos e papéis avulsos onde anoto tarefas ou apontamentos para o dia a dia, blog incluído. Porém, o que antigamente era uma escrita legível foi-se transformando numa espécie de linear B , uma série de gatafunhos que, volta e meia, não consigo decifrar! 

rudo isto vem a propósito de um par de livros adquiridos recentemente e especialmente de duas obras de pequena dimensão: "A noite sangrenta  (João Miguel Almeida, Manuscrito ((grupo Presença)) 2024) e "A revolução do 25 de Abril" de José Medeiros Ferreira, Shantarin, 2024. redição de "ensaio Histórico sobre a revolução do 25 de Abril"

O    Medeiros Ferreira,  meu amigo desde o º(e único) Encontro Nacional de Estudantes, Coimbra 1961, foi um dos mais brilhantes dirigentes estudantis  dos sessentas, aliás de 62 e mais tarde viu-se forçado a exilar-se . Fez parte do grupo da Suíça e só regressou depois do 25 de Abril. Foi também um dos mais destacados poííticos da primeira fase da Democracia e um ensaísta de reconhecido mérito Deixou um par de pbras que ainda hoje, uase 50 anos depois, se lêem com proveito e, acrescento eu, prazer pois escrevia bem. 

Esta reedição teve o apoio de alguns historiadores de reconhecida competência que enquadram  um par de aspectos que com o tempo merecem agora comentário discussão.  Do que, em tempos tinha lifo, e já lá vão largos anos, fiquei com a ideia de um texto inteligente e original e, de certo modo, muito contra a corrente. Irei de novo lê-lo mas apresso-me a chamar a atençao para o livro, quanto mais não seja pelo facto de durante largos anos a produção teórica dos nossos políticos no activo não merecer atençao e menos ainda comentário dada a pobreza manifesta  (incluindo a estilística...) que demonstram. 

Com o Sé (e também com a Maria Emília Brederode, sua mulher na altura namorada)  ocorreu nesse 1º´ENE, algo que só muito mais tarde terá tido a sua pequena importância. Estávamos os três à conversa na Praça da República, em Coimbra à espera do início dos trabalhos quando um agente da PIDE nos abordou dando ao Zé e Mªa Emília ordem de imediato regresso a Lisboa. Lá explicaram que teriam de ir buscar a sua bagagem à sede da Associação Académica  e com a minha ajuda para lhes indicar o caminho, recolheriam os pertences e abandonariam a cidade. Claro que nada disso aconteceu e só partiram no dia seguinte. Nunca mais me lembrei desse caso até verificar que um dos 14 processos que a PIDE me dedicou vinha toda essa aventura "provando-se assim a minha perigosidade  de elemento desafecto ao regime e de conluio com agitadores lidboetas". Como só fui à Rorre do Tombo à procura do meu miserável cadastro, já não tive oportunidade de informar o Zé desta singular jornada oposicionista em que ambos coincidimos.

 

O segundo livro de que quero dar notícia é uma descrição detalhada e recentísima do singular caso da "camioneta fantasma" que na violentíssima noite de 19 de Outubro percorreu Lisboa, raptando políticos adversários do partido Democrático. Foram assassinados três importantes republicanos, antónio Granjo ex-primeiro ministro de um dos 51 governos dessa época caótica, Machado dos Santos o herói da Rotunda e o verdadeiro fazedor do 5 de Outubro e Carlos da Maia, companheiro do anterior e elemento fundamental na insurreição da marinha de guerra. 

Terá havido mais mortos, para além de gente espancada, maltratada ou meramente ameaçada.

Este episódio infame nunca foi bem explicado e, sobretudo nunca se chegou a conhecer os mandantes da sinistr tarefa. Para a história ficou um capanga violento conhecido como o "dente de Ouro2, marinheiro ou arsenalista que foi preso mas que nunca denunciou os seus verdadeiros chefes.

A história dos agitadíssimos 16 anos da 1ª República regista um numero  impressionante de violências de toda a ordem, desde atentados bombistas, assassínios, ataques a sindicatos e a jornais s, golpes de Estado, perseguições religiosas e fraudes eleitorais. Aliás convém recordar que na mesma época, e por essa Europa fora, os tempos não eram também especialmente pacíficos mesmo se Portugal se tenha destacado, melhor dizendo antecedido

De todo o modo. a 1ª República já estava agónica em 1921 .A "revolução" sidonista, o assassínio do Presidente Rei já tinham dexado marcas profundas na destruição das instituições e revelado o pouco apreço  das milícias radicais lisboetas  pelos governantes em particular e pela classe política em geral. A instituição militar , depois da fraca figura demonstrada na Flandres e nas colónias, dedicava-se com etusiasmo a hipóteses de intentonas quando não assistia à ivasão de civis nos quartéis. Estes desconfiavam da oficialidade e esta pagava na mesma moeda e quando era chamada  julgar militares sediciosos ou dados como tal  transformava os processos em caricaturas   e exculpava os oficiais do quadro de todas as formas e feitios. 

Acrise financeira campeava, o país não tinha crédito  externo decente e tudo prenunciava uma crise que se tornou evidente com o 28 de Mio cinco anos depois. Vale a pena lembrar que o sr general Gomes da Costa foi tranquilamente para Brga, montou num cavalo eventualmente branco e  foi descendo do Norte lentamente de modo a permitir que todas as guarnições militares se fossem rendendo e juntando a essa marcha patétic. Uma vez chegao a Lisboa, passou a pena aos reestantes conspiraores e assumiu o poder. Depois foi o que se viu: um cavalheiro de Coimbra, misógin e deconfiado, puro prosuto da ruralidade e da sempre reaccionária faculdade de Direito foi tomando paulatinamente o poder, abençoado pela Igrej e, pior, por uma esmagadora maioria de cidadãos que fartos das confusões apenas queria um poder forte que os livrasse dos sobressaltos que tinham passado durante quase década e meia. 

Todavia, o livro que recomendo não vai tão longe nem era esse o seu fito. Retrata tõ só um par denoits infames e selvagens que produziu várias vítimas mortas à ordem de aguém  que até  hoje se desconhece. As três  principais vítimas dessa camioneta fantasma eram o que se poderia chamar "republicanos modeados" que se opunham aos "democráticos" nome dado às facções nem sempre unidas que genericamente se reclamavam de Afonso Costa. Representavam na desolada  paisagem política lusitana, uma certa Esquerda que, todavia, n\ão via com bons olhos as organizações sindicais, sobretudo a CGT anarco-sindicalista, nem tinha a anção das elites intelectuais democráticas, por exemplo o grupo Seara Nova.

Vale a pena ler o que sobre este acontecimento se escreve na "Ilustração Portuguesa" um suplemento vistoso e recheado de fotografias do "século". ao longo de uma boa dúzia de anos foi comprando e juntando os 947 fascículos semanais desta publicação  que desapareceu em 1924. 

 E é, justamente da "Ilustração Portuguesa" que retiro a vinheta que acompanha este post (Il . Port., nº 821 de 12/11/1921) Obviamente os númerosa anteriores estão recheados de fotografias, artigos e declarações sobre este crime.

Comissão Municipal de Toponímia

José Carlos Pereira, 23.09.24

Alguns anos depois, retomei este mês uma missão de serviço público, passando a presidir à reinstalada Comissão Municipal de Toponímia de Marco de Canaveses por indicação dos restantes membros, todos eles com larga experiência de intervenção pública, designadamente nos órgãos autárquicos, no ensino e na vida associativa. Enquanto órgão consultivo da Câmara Municipal, procuraremos dar o nosso melhor contributo ao município.

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o leitor (im)penitente 272

mcr, 21.09.24

A Fernanda Santos regressou

mcr, 20-9-24

 

You can tell the mailman not to call

I ain't comin' home until the fall

And again I might not get back home at all

Lulu's back in town, yeah

Oh tell all my pets

All my Harlem coquettes

Mister Waller regrets

[Incomprehensible], no

Tell the mailman not to call

Ain't comin' home until the fall

And then again I might not get home at all

Lulu's back in town

 

A Fernanda Santos regressou a sua oficina de encadernação onde ocorrem autênticos milagres  no que toca a vestir um livro velho e quase destruído numa coisa pimpona, bonita, legível com ar cosmopolita. limpo e jovial.

É esse o oficio dos encadernadores que amam os livros e os salvam das misérias da idade, do descuido dos seus possuidores e de mais uma série de desastres que afectam livros e bibliotecas.

Conheci a Fernanda e a sua pequeníssima equipa quando me caiu na mão uma publicação que parecia fugida de Gaza ou dos piores territórios da Ucrânia invadida por uma horda selvagem às ordens de um autocrata delirante e saudoso dos piores dias do estalinismo.

Era uma edição comemorativa sobre a imprensa de Moçambique cujo centenário caiu em 1954. 

Em papel da época, e sobretudo o papel de jornal, deixava muito a desejar. Aquilo vinha sujo, coberto de pó que parecia colado às folhas e os bordos das páginas estavam crivados de numerosos rasgões. 

O alfarrabista que me vendeu aquela peça jurava que era raríssima mas fazia um preço baixíssimo porque ele mesmo acreditava que aquele monte lixo nunca teria comprador .

Ora, eu vivi em Moçambique entre o terceiro e o quinto ano do liceu e fiquei para sempre um autêntico macua  (de facto deveria acrescentar changane pois foi mais o tempo de estadia em Lourenço Marques do que em Nampula, terra a que ainda regressei já universitário por duas longuíssimas férias de Verão). Nunca mais lá voltei mas recordo tudo (colonialismo incluído)  e. ao longo dos anos fui constituindo uma biblioteca africana  que ocupa uma inteira parede de uma divisão da casa. 

Esta publicação cujo valor é mais documental e sentimental do que científico, permitia-me, de qualquer modo, retraçar a origem de algumas publicações periódicas  que nem sequer constam das bibliotecas portuguesas e, menos ainda, moçambicanas

Quando entreguei aquele "quase monte de lixo" à Fernanda estava bem longe de imaginar que  após um paciente trabalho de limpeza, e de um forte esforço para aparar as páginas, ela me entregasse algo que parecia não vou dizer novo mas apenas um muito bem conservado jornal comemorativo  de 60 páginas. Encadernado em meia francesa (e também nisto há mester  digno de louvor; basta pensar que o tamanho das folhas anda pelos 50x32 cm que implica que o livro necessite sempre de estar bem amparado por outros do mesmo porte mas bem mais espessos para não entortar). Já tive ofertas que atingiram cem vezes o peço (baixo) que paguei na compra. 

Andam cá por casa mais de 500 livros encadernados pela Fernanda & comandita. Todas essas encadernações são o que chamo "encadernações defensivas" ou seja de tentativas até agora bem sucedidas de salvar livros e revistas cujo estado não era exactamente o melhor. 

Alguém, neste ponto, dirá que devo ter gasto uma fortuna tanto mais que eu mesmo adquiri papéis especiais  quase sempre estrangeiros. Como as lombadas e os cantos são em pele  poderia pensar-se que cada encadernação me tivesse ficado por várias dezenas de euros. Nada disso. Paguei muito pouco porquanto esta oficina de encadernação está sob a alçada da Segurança Social e tem por objectivo criar emprego assistido para pessoas com diferentes tipos de deficiências físicas.

Em boa verdade, os comandados pela Fernanda Santos podem orgulhar-se por trabalhar, ter a sensação que são úteis e, finalmente prestarem um serviço à farta clientela (alguma institucional) que acorre ao seu local de trabalho.

Tudo isto, entretanto foi posto em causa pela pandemia e, depois pela ausência da Fernanda que necessitava de um rim. Três anos mais tarde, ei-la que regressa sempre bonita, sempre prestável, sempre competente

Tinha lá vários livros para encadernar e arranjar e esperei pacientemente e com esperança por este dia. 

Não sei porquê, ou se calhar sei bem de mais, do fundo do coração, que só me apetece trautear uma velha canção americana, um standard de jazz que todos os grandes a começar por Fats Waller interpretaram Não sou, quem me dera, o herói da cantiga, mas o tema leve, brincalhão e desenfadado de  "Lulu's back in town" não me sai da cabeça e distrai-me dos péssimos dias porque tantos portugueses estão a passar. 

E já tenho um monte de livros para entregar ao cuidados da Fernanda porque ela, para além da eficiência tem um gosto notável   combina como ninguém os papéis que forneço com as peles que arranja para já não falar nos "ferros" que aplica nas lombadas. 

Alfarrabistas amigos a quem mostrei alguns dos livros tratados pela Fernanda quiseram logo saber onde é que pratica as suas boas artes. Porém como são de Lisboa, desistiram  porque não vale a pena fazer a viajem e, sobretudo, esperar pela conclusão do trabalho que, esse sim, é demorado dada a escassez de pessoal na encadernação.

 

 

estes dias que passam 936

mcr, 19.09.24

Sol vermelho

mcr, 18/9-9-2004

 

Sete e trinta da manhã. O céu se se pode chamar céu aquela coisa pesada informe, parda que deixa passar uma luz mortiça, parece pesar em cima do escriba que se levanta a contragosto  desconfiado e a sentir o cheiro amargo das cinzas. 

Uma vaga bola vermelha, de um vermelh bagp e desistente vai subindo sem vontade na luz triste que anuncia o dia.

o fogo anda longe (e Deus o mantenha longe...) mas tudo indica ue lavra bravio por matos, campos abandonados, casas devolutas e uma floresta se é que se pode chamar floresta a uma bastarda combinação de pinheiros, eucaliptos e mato denso e ressequido. 

as televisões competem para mostrar o que já mostraram recheando as reportagens de ou parlapié dessorado. Um senhor Presidente da república que  demora um bom parte minutos a dizer banalidades demorando exactamente o dobro do tempo que o Primeiro Ministro usou para anunciar um par de medidas  que, também elas, correm atrás do desastre mesmo se este, à primeira vista, dado o ano que corria, não parecesse iminente.

Todavia, a hipótese sempre existiu e foi redobradamente verificada durante décadas com especial insistência desde o início deste século. e especialmente durante o ano medonho de 2017.

A pergunta que qualquer um poe fazer é apenas est: alguém preparou, estudou, meditou em medidas que pusessem o território do interior abandonado aos pobres velhos e a floresta indiscriminada a salvo de posteriores catástrofes.

 

Em que pé esta o famoso cadastro dos proprietários florestais? 

que leis foram promulgadas para. à falta de proprietários relapsos ou desconhecidos, criar zonas limpas de mato que apenas pedem uma fagulha para se transformarem num inferno de chamas?

Verifica-se, agora, que os aviões canadair (ou algo do mesmo nome e grafia) são meios idóneos e potentes para debelar fogos florestais. Ora, apenas se ouve falar de tais "meios aéreos" quando els aparecem vindos de Espanha ou de outros países europeus. Será que temos algum* Ou estarão arrumados a um canto por avaria, falta de peças, um pouco como ocorre com outros problemas (o fatal caso da prião cuja cerca elétrica não pode funcionar sob pena de apagão ou cujas projectadas torres de vigia não saem do papel por falta de verba).

oitenta mil hectares ardidos, casas destruídas, pequenas empresas pasto d fogo, milhares de animais, desde as abelhas ao gado, mortos ou sem possibilidades de se alimentarem, alguns cidadãos, especialmente bombeiros, feridos ou mortos. populações frágeis assustadas, aterradas a tentar com pobres baldes e mangueiras de jardim conter frentes de fogo violentas, rápidas que fecham caminhos, estradas e auto-estradas num ápice!

Agora, começa a ouvir-se o clamor dos senhores autarcas a bramir contra a falta de meios! Será que desconheciam essa falta? Será que exigiram sob pena de demissão esses mesmos meios. Ou fiaram-se na Virgem, na "santinha da ladeira", na sorte que protege os audazes e os imbecis  e lá foram passeando na praça principal a sua importância presidencial camarária ou de junta, ufanos e esperando passar por entre os pingos da chuva? 

(a propósito: o filha da puta que, com um foguete festivo, incendiou meia Madeira já está preso preventivamente? Ou lá vai governando a sua vida imerecida  em qualquer país estrangeiro para onde terá tranquilamente partido depois da fogachada acesa?)

 

Políticos, governantes, patrioteiros de todos os tamanhos gorjeiam odes ao país que os pariu, jardim à beira mar plantado carregado de egrégios avós, tranquilo e manso, apinhado `no litoral  que cada vez mais está menos protegido do mar que come praias, dunas e ameaça casas clandestinas ou aprovadas por autoridades sem pudor  de mão estendida e bolso fundo. Ninguém os cala ou lhes acerta o lombo com um par de bengaladas justiceiras. E elegem essa gente, ano pós ano!

 

O sol de hoje está menos escondido do que o de ontem quando comecei esta jeremiada. Porém não se vê. Falava-se de chuva mas também ela está ausente em parte incerta. Ou atrasou-se no caminho devido ao fumo que torna a paisagem opaca.

Vejam ao que se chegou: esperamos ansiosos por uma chuva que resolveu concentrar-se intensamente noutras geografias, afogando pessoas e animais, arrastando lamas imensas sobre as aldeias agora soterradas. Estamos ainda no Verão, que diabo! No Verão não chove para não se prejudicar o turismo de pé descalço que nos invade e faz a felicidade de tuktuks  malcheirosos e barulhentos e dos vendedores de "suvenires" fabricados na China, farol do socialismo e da democracia.

Arre! 

 

estes dias que passam 935

mcr, 12.09.24

 

 

 

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Pro Pudor!

mcr,12-9-24

 

A expressão, que, de resto, além de portuguesa é internacional, significa brandamente, "arre que isso é demais"  (versão mcr).

Vem a propósito da declaração de Sª Exª o Sr Presidente da República queenteneu conceder postumamente um qualquer grau da Ordem de Santiago da Espada a Augusto M Seabra.

O Sr  doutor Marcelo Rebelo de Sousa cruziu-se no Expresso (durante anos) com AMS. Desconheço se o lis ou não, se concordava ou não, sequer se o conhecia verdadeiramente. Com Seabra morto, multiplicaram-se os seus amigos e conhecidos "de toda a vida" como se o milagre dos pães tivesse aterrado nas terras de Santa Mari em versão críioco-cultural.

Não vou abundar neste campo por razões evidentes. 

Todavia, no exacto momento em que era anunciada a comenda, o Sr Presidente acrescentou (e está nos jornais) que "de certeza, Seabra nunca aceitaria a honraria. 

Em face disto, pergunta-se: a que título se vai contra a vontade de alguém, sobretudo se esse alguém já se não pode defender?

Terá Sª Exª reflectido dois minutos sobre a enormidade, direi a ofensa que faz a um cidadão que durante dezenas de anos andou por aí a escrever sem que qualquer reconhecimento oficial fosse visível. 

AMS morreu pobre como quase sempre viveu, por escolha própria. 

Arremessar-lhe à queima roupa com uma ordem honorífica sabendo que o visado nunca a aceitaria caso estivesse vivo é, no mínimo, uma vilania, uma brincadeira de péssimo gosto, uma afronta.

Não há outra maneira de descrever a coisa pelo que, tenho a ténue esperança de que a viúva (que será a única familiar próxima viuva) ponha cobro a esta operação  que, pessoalmente, me parece ser menos contra o morto e mais afavor de alguém que assim redora um brasão "cultural"  que durante a vidado crítico nunca foi visível. Tivesse durante esse tempo (e foram pelo menos sete longos anos...) sido anunciada a homenagem m eu provavelmente aplaudiria mesmo sabendo da ojeriza de Augusto Seabra a este tipo de honrarias.  ele recusaria mas ficaria o gesto de reconhecimento por uma obra  e um percurso que, repito, começaram há mais de quarenta anos.

Agora é tarde é ofensivo e, sobretudo, ridículo.

 

 

 

o leitor (im)penitente 271

mcr, 10.09.24

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Salgueiro Maia veio de Santarém para Lisboa. Sozinho?

mcr, 10-9-24

 

Permitam os/as leitores/as que eu cite aqui Brecht, melhor dizendo as "Perguntas de um operário leitor ("...César conquistou as Gálias. Não teria pelo menos um cozinheiro?..)

em boa verdade, o título é um chamariz (também, de facto, é para isso ue os títulos servem)  e o capitão de Santarém, herói absoluto masi vezes citado do que respeitado, serve apenas para chamar a atenção neste cinquentenário de Abril para algo que por tanto se falar em "capitães de Abril" se esquecem todos quantos arriscaram muito ao acompanhá-los.

No caso concreto quero apenas citar os jovens oficiais milicianos , e terão sido largas centenas, que desde o primeiro dia, muitas vezes bastante tempo antes, estiveram na génese ou no apoio entusiástico ao golpe militar. 

Poderia referir ainda outras centenas de portuguesas e portugueses que, fora dos quarteis arriscavam diariamente a vida ou pelo menos a liberdade num combate sem tréguas ao Estafo Novo.

Todavia, desta feita, e repetindo vários antigos folhetins aqui publicados sobre o papel de um largo número de combatentes nas guerras africanas, quero uma vez mais destacar o papel dos oficiais milicianos  e sobretudo dos que nos anos posteriores a 70 foram chamados a combater nas frentes de guerra.

Desta vez, isto vem a propósito de um livro  ("Guiné os oficiais milicianos e o 25 de Abril" Ancora ed, 2024 , da autoria de Alvaro Marques, amaro Jorge, Canhoto Antunes, Celso Cruzeiro, Eduardo Maia costa, João Ferreira do amaral, João Teixeira, José Manuel Barrosos,  José Manuel Correia Pinto, José Pratas e Sousa, Luís Araújo e Rui Pedro silva) 

Deste grupo, seis são meus migs e contemporâneos de Coimbra que se fizeram ou ajudaram a fazer a crise de 69. Só por isso sinto umaespecial alegria o escrever os seus nomes, como aliás comovidamente relembro  (porque brevemente citados no mesmo livro) mais três que com eles estavm no mesmo barco mas que já cá não estão: José Barros Moura, Luciano Avelãs Nunes e  joel Hasse Ferreira  (este só o conheci mais tarde  noutras andanças ).

Este livro cuja leitura é, além de imperiosa, agradável  e bastante curiosa, refere apenas como é que umas largas dezenas de milicianos destacados na Guiné conseguiram não só entrosar-se no MFA  como ainda por cim, graças àsua capacidade e experiência políticas, ganha nas batalhas estudantis, fazer pender a trajectória do MFA guineu para um rápido acordo cm as gentes do PAIGC. 

Não estou, de modo algum, a diminuir a coragem, o pensamento, a vontade dos oficiais do quadro aderentes e fundadores do Movimento mas apenas a realçar um facto que, cada vez mais se torna desconhecido:o 25 de Abril e boa parte do seu programa final teve também, a mão de centenas de milicianos. Direi mais: sem esse apoio nem lá (na Guiné) nem cá em todos os quartéis de onde partiram tropas, o 25 de Abril não teria sucedido. Tão simples quanto isso .

A minha tropa,  por razões que não vem ao caso, foi mais feita nas prisões espaçadas e noutras actividades conspirativas que incluiram um pequeno apoio que não foi necessário accionar ao dia 25. Todavia, mesmo nesses dias anteriores  posteriores outros amigoa, colegas e companheiros desde Coimbra estiveram na linha da frente, a começar pela ocupação da PIDE portuense e nas movimentações ocorridas nos quartéis da cidade.

Este livro que, como um dos autores afirma, não pretende fazer o retrato de pessoas que eventualmente se poriam em bicos de pés, a reclamar a sua parte de gloria militar, vale pelo contributo franco, desempoeirado  com que se descreve um processo exemplar (o da Guiné) e como sem mesmo eles contarem  isso teve consequências nas outra partes de África onde, igualmente, outas centenas de milicianos cpnseguiram ,de certa maneira apor a sua pequena contribuição "revolucionária"  (eu prefiro dizer, "cidadã, civilizada, humana) a um processo que não foi fácil mesmo se (e ao contrário do que parece transparecer em alguns depoimentos) as teses ditas spinolistas (e "neo-coloniais") já não tivessem, realmente, pernas para andar. Faço parte dos que pensam que Spinola e um par de dirigentes políticos que pensaram uma outra solução para as guerras africanas chegaram já demasiado tarde. tivessem eles podido oferecer essa alternativa nos princípios de 60 e talvez as coisas puderiam ter sido ligeiramente diferentes. Porém, tenho como certo que a teoria do "tamanho do nariz de Cleópatra" é apenas uma vaga teoria sem possibilidades de se poder comprovar. A ideia de uma federação luso africana nunca passou de uma ligeira conversa de amigos  sem substância nem defensores que pudessem modificar a política do Estado Novo.

A História é o que é, os factos tem muita forç e Spínola mesmo eleito Presidente da República já não tinha mão no MFA e menos ainda nos partidos políticos. Isto sem falar na "rua" onde a única exigência ouvida éra o regresso imediato da tropa, dos pais, dos filhos, dos maridos e dos irmãos que, corriam naturalmente o risco de perecer por uma causa  que já não tinha defensores suficiente para não falar de aliados. 

(a este propósito não resisto a lembrar, outra vez mais, que logo nos primeiros dias de democracia e liberdade, houve uma greve (dos CTT se bem me lembro= para a qual foram despachados dois outros amigos meus, milicianos, também de Coimbra. Recusaram-se a "matar" a greve e foram obviamente presos. Chamavam-se eles Anjos e Marvõ , vinham da crise de 69 e o país cobriu-se de inscrições ((Anjos Marvão  / Libertação))

É verdade que há um par de livros que cobrem não só uma parte da Resistência ao Regime do Estado Novo mas que referem actos, gestos, situações que, de certo modo foram, também eles, parte do ar subversivo que, apesar de tudo animava o pequeno contingente da Oposição que sempre existiu, resistiu e padeceu. Porém, na escassa e cada vez mais distante memória colectiva, no encanitado debate político que, à boleia de Abril (sem culpa deste) se tem levado a cabo, perpassa finalmente um desconhecimento da realidade portuguesa, dos anos de chumbo e fica apenas a ideia altamente redutora que duas centenas de oficiais do quadro entenderam a certa altura correr com um Governo que já era m cadáver à espera de certidão de óbito. 

Como dizia o sr marquês de Pombal, "um homem mesmp morto necessita de quatro para o tirarem de casa"

Um Governo mesmo naagonia precisou de quatro tiros na parede do quartel do Carmo para perceber que já não existia. 

E é bom lembrar que mesmo antes desses qatro tiros o pequeno mas heróico destacamento de Salgueiro Maia estava já acompanhado de uma enorme multidão de paisanos que (suponho) sabiam quese as coisas dessem para o torto deixariam ali umas largas dezenas de mortos e feridos.

Também esses meus amigos, na Guiné, no Porto e em toda a a parte sabiam que arriscavam muito .  Mas não titubearam. Ninguém conhece os seus nomes mas na hora da verdade é bom que alguém recorde que eles estiveram onde foi preciso

Um forte, comovido e imenso abraço velhos  companheiros de há cinco seis décadas. Estamos vivos! 

 

 

Estes dias que passam 934

mcr, 07.09.24

Na morte de um velho amigo

mcr, 7-9-24

Não sei bem quando conheci o Augusto M Seabra pois estivemos ambos no MES (74/75) onde  nos encontramos durante vários debates debaixo da mesma bandeira  mas,  qualquer coisa me diz que já antes nos teríamos cruzado no Festival de Cinema da Figueira, ainda ants do 25 de Abril.

Seja como for fomos durante uma boa dúzia de anos companheiros de percurso cinéfilo e/ou artístico apesar de vivermos em cidades diferentes  e, sobretudo distantes não só geograficamente mas também nos aspectos em que os nossos gostos coincidiam. 

De todo o modo, eu tinha a vantagem de o ler sempre que ele publicava algum artigo e nesse tempo, o AMS publicava muito (e muito bom)  no Expresso primeiro e depois no Público, jornais que leio desde o primeiro número. De todo o modo, foi no Festival da Figueira que mais nos encontrávamos.  Aí (juntamente com o Francisco Bélard e o Eduardo Prado Coelho) varamos noites quase inteiras e posso dizer que  com breves e ligeiras discordâncias  sempre tivemos um largo campo comum o que, de resto, e nos últimos anos, vinha já do que nos unira no MES 

Nem ele, e muito menos eu que era bstante mais velho, estávamos para ajudar aquela missa carnavalesca que, de resto pouco anos mais durou, A deriva ultra-esquerdista, a cópia risível dos métodos aparelhísticos do PC, a incapacidade de perceber o país fora do circuito fechado dos movimentos universitários e(ou protestários e minoritários de  meia dúzia se "amigos do povo" (mais tarde reconvertidos em amáveis e pachorrentos deputados e responsáveis políticos),, deu-me oportunidade de, numa reunião de nóveis dissidentes daquela breve experiência pouco feliz  de luta política convertida num mero espernear de insofridas tentativas de protagonismo sem bases políticas, sociais ou outras, fez com que conhecesse e ficasse amigo de algumas pessoas de que apenas citoo Luís Matias ex-emigrado político e eventualmente o Augusto se é que a hipótese de nos termos cruzado na Figueira pecar por falsa memória. 

Dizem agora os jornais, que o Augusto Seabra era irascível  até dizer basta e que nada o punha mais satisfeito do que polemicar com quem tinha opinião diferente.  Nos cerca de 12/15 anos em que nos encontrámos frequentemente nunca notei essa ferocidade de que alguns falam  mas também é provável que os encontros frequente mas não diários nem mesmo semanais que mantivemos não tivessem dado para tanto. Depois, era eu sobretudo qu tinha notícias dele atravé do que escrevia. E escrevi sobre muita coisa que me passava ao lado sobretudo no que toca à crítica de espectáculos que obviamente a trezentos e tal quilómetros de distância eu não estava em condições de o contraditar. 

Provavelmente, não tivemos tempo de aprofundar eventuais divergências e, também porque em certos domínios mormente a música contemporânea eu nunca saí da cepa torta. aliás o pouco que conheço devo-o a ele e ao Mário Vieira de Carvalho, um querido amigo de infância que me revelou que um antigo e desaparecido amigo da crise de 62 se tornara num extraordinário compositor (falo de Emanuel Nunes que nunca mais vi depois do tempo da crise académica mas que aparecia por essa altura em Coimbra e a quem eu ligava quando de longe em longe quando ia a Lisboa). 

Ainda tive oportunidade de convidar o Augusto Seabra para participar num ciclo de concertos e de colóquis sobre música que durnte o meu mandato à frente da Delegação Regional de Cultura levei a cabo. 

Devo dizer que a prestação do Augusto foi simplesmente brilhante e, sobretudo, inteligível pelo público . Depois, por razões meramente canalhas, entendi demitir-me desse cargo. Rareei por alguns anos as minhas idas a Lisboa pelo que só mais uma vez no funeral do Eduardo Prado Coelho o encontrei. E pareceu-me já nessa altura que ele não estaria bem. Depois, a sua colaboração nos jornais começou a tornar-se escassa a pontos de apenas uma vez o poder referir neste blog aquando da estrpitosamente imbecil ameaça de João Soares, uma perfeita mediocridade olhe-se por onde se olhar, ameaçando Sebara e Pulido Valente de umas bofetadas. claro que aquilo era só da boca para fora mas permitiu-me fazer a defesa de AMS. Anos depois ainda o referi sempre aqui com os elogios que entendi que ele amplamente merecia.  Lamento nãoter tido tempo de ir à procura desses textos tanto mais que nesta matéria sou quase um info-exccluído.

Fala-se muito na "excepcional" memória de AMS. Talvez valesse a pena explicar que na realidade ele (que de facto tinha boa memória era senhor de um grande inteligência e de uma sólida cultura. E era isso, essa combinação acrecida ao trabalho de pesquisa, ao estudo e a curiosidade que o tornou uma referência no campo da crítica.

A mim apenas me espanta (e mais: dói) que o Augusto não tivesse nunca querido passar ao ensaísmo e publicado obra menos "efémera".

Provavelmente, este maníaco da independência intelectual não estava para aí virado. Prova disso é o facto de nunca, com grave prejuízo económico, nunca ter queriso ser quadro de jornais ou de qualquer instituição cultural. Queria-se "de fora" e de fora ficou. Até morrer.

Quando se tem a minha idade, a morte é de há vários, longos, muitos anos uma espécie de visita  ou, pelo menos, algo que cada vez mais se avista.  E de cada vez que se fixa em alguém nosso amigo é como se nos estivesse a avisar que o nosso dia não demorará a chegar. E, de certo modo, vai-nos matando aos poucos.

Au bonhheur des dames 618

mcr, 05.09.24

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"Trabalhos do olhar"

mcr, 4.9.24

 

Os leitores repararão que o título vem entre comas, útil precaução  porque subitamente lembrei-me que alguma vez lera algo com título idêntico.  E depois de um par de minutos, veio-me o nome do livro em causa bem como o do seu autor. Trata-se de Al Berto um poeta  que descobri em 77, na finada livraria Opinião (Lisboa) local de obrigatória peregrinação onde fiz vários amigos e descobri um largo par de autores. Ora justamente nesse ano glorioso  numa tardinha dei por mim lá com o Fernando Assis Pacheco  no que era o lançamento de um livrinho "À procura do vento num jardim de Agosto" que, suponho ter sido a a segunda modesta obra do Al Berto. Com o  lançamento do livro havia também a vernissage de uma exposição de alguém que se chamaria Dodô e que titulava a mostra com o nome de  "Lápis de amor e outras fantasias"  (Oh memória absurda de repente tão solícita!...).

Recordo que o Assis me confidenciou que não perdia a apresentação de uma primeira obra fosse quem fosse o autor pois acreditava que no meio de muita juvenília poderia aparecer um autor. E foi o caso. AL Berto viveu pouco tempo mas deixou alguns livros memoráveis de grnde qualidade .

Todavia não é de literatura que venho falar mas tão só de mais uma tentativa de enganar a cegueira que espreita e que combato com injecções nos olhos (só para travar o progresso da maleita...).

Para além de ver mal sobretudo a curta distância,as minhas capacidades de leitura só são combatidas graças a uma verdadeira colecção de lupas electrónicas , cinco ao todo, para todas as ocasiões e para todo o tipo de livros.

No caso em concreto, tenho andado a colocar etiquetas nas estantes dos cds. Como de costume, e a tarefa foi para já reduzida  ao jazz, resolvi rearrumar os discos e, fundamentalmente, sinalizar claramente os autores de modo a poder ler de longe, enfim a meio metro, o nome do músico.

Claro que, e por isso falei em costume, também tive de fazer o mesmo em quatro gavetas onde jazem mais três centenas de peças, sem falar noutra estante essa de livros onde estacionam os discos que se agrupam em caixas grandes quase sempre colecções antológicas que normalmente trazem cem discos por caixa. Se essas são rfáceis de localizar, outras há onde agrupei por ordem alfabética  outros discos também arrumados por autor. enfim um trabalho  que já me permitiu descobrir discos repetidos ou um largo número de peças nunca ouvidas, por desleixo, por esquecimento ou apenas porque na altura entendi guardar a audição para melhor altura. 

Este trabalho beneditino está prestes a chegar ao fim pois num quarto e último lugar  juntei a quase totalidade das cozes femininas. E digo vozes porque à excepção de meia dúzia  de pianistas (todas de qualidade!...) a imensa maioria são cantoras de Bessie Smith a Sara Vaughan, de Billie Holiday a Dinah Washington ou de Ella Fitzgerald a Nina Simone. 

Paralelamente vou continuar uma outra tarefa que é a de meter muitos destes músicos em várias  pens  o que me permite sem mais trabalho fazer longas viagens sem nunca repetir peças ou autores. 

E se não cmecei já foi porque, agarrei num disco, Empty bed blues só para ouvir um trecho mas agora sinto que tenho de o ouvir até a fim.

E não se pode fazer duas coisas, sobretudo quando é Bessie que canta. Fica o folhetim por aqui que há mais 14 faixas para ouvir ...