O leitor (im)penitente 281
Um livro feito de cinco livros
(Codex Calixtinus. manuscrito de Salamanca)
mcr, 29-1-25
De todas as grndes peregrinações da Cristandade, destaca-se, porque persiste mesmo se não apenas na vertente religiosa, a peregrinação a Santiago.
Não são poucos os caminhos da peregrinação, incluindo alguns portugueses, e, de certo modo, diz-se com alguma razão que este código, na sua pate 5ª, dita o livro do Peregrino, é um guia de viagem e o mais antigo texto de uma europa cultural. E como tal é reconhecido pelas grandes instâncias internacionais, esperando-se, para já, que o actual inquilino da Casa Branca não tente diminuir a sua importância ou comprar as partes europeias que milhões de peregrinos foram consolidado desde o sec XIII.
(os restentes livros do Codex Calistinus, dizem respeito à liturgiia musical de Compostela (livro 1, fl 1-139), aos milagres de Dantiago (livro 2, fl 139-155, ao relato da ua evangelização )livro 3, fl 156 a 162), à crónica do pseudo Turpin onde se trata de Carlos Magno e Rolando, livro 4º, e R 163 a 19 e finalmente ao "guia do peregrino , livro 5º , fls 193 a 213.
Esta é, para a generalidade dos tratadistas e leitores a parte mais importante não só porque é o primeiro guia de vaigens conhecido mas sobretudo pela excelente descrição do itinerário principal da peregrinação que durante séculos (e porventura hoje) rivalizou com as peregrinções a Roma (os "romeiros" e à terra santa (os "palmeiros")
De certo modo, os caminhos de Santiago (e há itinerários desde o centro da Polónia!....), pelo menos os mais importantes (e entre eles, o "caminho francês") quase constituem a ossatura da Espanha actual. pelo menos do Norte desde a fronteira até bem dentro da Galiza. Se insisto em falar do norte peninsular, é porque como é sabido, boa parte do sul esteve sob controle de potentados árabes.
Por outro lado, são conhecidos os chamados caminhos portugueses e a esse título basta citar um bonito e excelente livro de Carlos Gil e João Rodrigues "Pelos caminhos de Santiago (itinerários portugueses para Compostela)",
Escrita inteligente, leitura amena, excelente iconografia, bastam para convidar quem for mais curioso a tentar apanhar este livro.(Publicações D quixote e Círculo de Leitores, 2990)
Vale a pena recordar que, dentre a meia dúzia de cópias conhecidas, uma há que está na Biblioteca Nacional e é proveniente do da livraria do Mosteiro de Alcobaça.
E já que estamos com a mão na massa, é boa altura para referir um belíssimo livro que se intitula "Viaje de Cosme de Medicis por Espana y Portugal" acompanhado por um atlas de 70 lâminas com paisagens Também qui, de certa maneira, a ideia era a de fazer uma peregrinação a Santiago de Compostela que se edctuou entre 18 de Setembro de 1688 e 19 de Março de 1669
A edição que ora refiro é obviamente um fac-simile de grande qualidade (especialidade em que os espanhóis são mestres) e custa uma forte soma de morabitinos. Claro que vem acompanhada de um volumoso "libro de estudios" cerca de 330 pp, com textos de vários especialista e uma abundante iconografia. A edição do fac-simile é de 2011 mas a do livro de estudos é de 2024. Eu só compro este tipo de obras se vierem com o citado estudo e é por isso que só agora, digerida parte importante da literatura monográfica e a tradução do Codex, é que me sinto à vontade para esta nota de leitura.
Claro que não proponho a ninguém com mais juízo do que eu uma compra deste género mas suponho que há, pelo menos em Espanha, edições populares, traduzidas a bom preço.
*vinheta: Santiago, Matamouros, ilustração no Codex
O codex foi atribuído ao papa Calisto iii mas, na verdade, terá Sido redigido, no todo ou em parte, em Compostela, sob as ordens do temível bispo Diego Gelmirez demasiadamente conhecido em Portugal e sobretudo em Braga. De facto, este bispo verdadeiro arquitecto da grandeza de Compostela, veio em 1102 a Portugal e a Braga onde se encontrou com o bispo S Geraldo.
O seu secreto intuito, aliás conseguido, era roubar um farto lote de relíquias o que foi coroado de êxito A história diz quuuue as relíquias de Santa Susana, S Frutuoso, S Silvestre, S João evangelista (irmão como se sabe de Santigo) e S Cucufate foram contrabandeadas para a cidade glega e terá começado aí o primado de Santiago de Comºostela sobre Braga. As más línguas (que eventualmente merecerão algum crédito) juram que Gelóirez embebedou o bispo bracarense e os seus cónegos para melhor levar a cabo a sua pilhagem que é conhecida como o "santo latrocínio"
Apenas se salvaram as relíquias de S Torcato porque estavam numa igreja longe de Braga!
Si non é vero...)
ficha
Codez Calistinus da Universidade de Salamanca (também conhecido como S Jacobi codex)
edição facsimilda de 898 exemplares Este exemplar tem o nº 69 (LXIX). Ed: Siloe, 2011
dim: 33x25x5
acompanhado de Libro de estudios, Sloe, 2024, com textos de Luis AngelMontes Pedral, Fernando LopezAlsina, Francisco Singul, José Eduardo Lopez Pereira e Oscar Llao Franca (contem a tradução completa do Codex e demais estudos
Em relação à "Viagem de Cosme de Medicis e ao excelente atlas que acompanha (cr o leitor (im) penitente 240 de 12-8-22)
ficha:
Viaje de Cosme de Medicis por España y Portugal(1688-1689)
2 volumes (texto e volume de lâminas gravadas)
350 pp e 71 lâminas com 2 gravuras cada, estas com 66 x 50
introdução e notas de Angel Sanchez Rivero e Ângela M de Sanchez Rivero
Junta para aAmpliación de Estúdios y Investigaciones Científicas
Centro de Estudios Históricos, s/d