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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

estes dias que passam 975

mcr, 31.03.25

Ainda não é Auschwitz ...

mas caminha para lá

mcr, 31-3-25

 

A prometida "riviera" do Mediterrâneo orientalcomeça a parecer um futuro possível (e infame)para Gaza. Se tudo correr como parece ser o plano de Netanyahu. Por um lado bombardeiaindiscriminadamenteenquanto por outro ordena aos habitantes ainda vivos contínuas e constantes deslocações de um lugar perigoso para outro ainda pior. Como os criminosos russos na Ucrânia, Israel jura que apenas ataca, antros de terroristas concentrações militares do Hamas, véículos da cruz vermelhaque os militares israelitas afirmam (sic) ser "duvidosos" quando não garantem que são transportes de militantes armados do grupo terrorista.

Com Byden na presidência americana ainda se esforçavam  (nunca demasiadamente...) para distinguir os alvos. Agora é "ad libitum". Só os cadáveres não são suspeitos. Quanto ao resto "é fartar vilanagem".

No ,eio disto tudo, em Israel vão sendo expurgados todos quantos não estão classificados como patriotas a 200%.

Dos reféns ainda presos já se sabe ue há vinte ou trinta cadáveres à espera de sepultura. Os que ainda sobrevivem se não morrerem num ataque aéreo, poderão ser assassinados pelos seus captores.

Em comparação com o medonho cemitério dos kibutzes atacados no sul de Israel , Gaza parece uma espécie de Hiroshima não nuclear mas capaz de atingir o mesmo ou maior número de vítimas. 

Se a coisa continua (e não se lobriga qualquer hipótese em contrário) há de chegar o momento em que deixará de ser necessário transferir os habitantes, entretanto mortos. E não será dificil fazer desaparecer os cadáveres. Basta incinerá-los  que para tal já há tecnologia que baste para o efeito. Deepois é limpar os destroços, construir os hoteis, as villas, os spas, os casinos, os campos de golf, lupanares recheados   e teremos uma espécie de Las Vegas para turistas israelitas  (mas não só...) endinheirados. E para os amigos de Trump. E de Musk. E de Orban que nunca permitirá que prendam o procurado líder israelita caso vá até Budapeste.

Por cá, ontem, umas criaturas saíram à rua para exigir que se reconheça a Palestina. Convenhamos que reconhecer algo que quase não tem território seu ainda por cima separado em duas partes cada vez mais exíguas, com uma população prometida às bombas militares e aos tiros dos colonos israelitas da Cisjordânia, não teria o mínimo significado para um país que faz o que quer naquela região.

Talvez valesse mais a pena deixar de reconhecer Israel ou, pelo menos, retirar de lá o embaixador. 

E parar com a desfaçatez de aceitar como descendentes de judeus portugueses expulsos à 500 anos toda e qualquer pessoa que o requeira sem provas razoáveis. Já basta os oligarcas russos que ou já são ou estão em vias de adquirira nacionalidade portuguesa graças a uma trupe de criaturas que circulam entre sinagogas d negoceiam as certidões a bom preço.

Já agora: como está esse processo? Melhor: ainda há processo? Inquérito? Ou as autoridades alegadamente competentes ainda andam atrás de gambuzinos (se é que Miguel Albuquerque arguido mas ainda não interrogado há mais de 400 dis ou António Costa em situação semelhante não se chateiam de ser confundidos com as misteriosas criaturinhas acima citadas)  e, por isso sem tempo para fingirem servir a justiça?

(quem me lê sabe que ao longo de todos estes anos tenho tido uma posição eventualmente transigente com a política israelita, Para não dizer favorável, tanto mais que do outro lado estava a ralé terrorista.

Todavia, há um momento em que o que é demais, é mesmo demais. 

o leitor (im)penitente 284

mcr, 30.03.25

 

 

 

 

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45 anos!

mcr, 30-3-25

 

O  J L (Jornal de Letras, Artes  e Ideias)  fez 45 anos!   E 1421 números!! É obra.

Sempre fui um amador de jornais e revistas culturais. melhor dizendo desde os meus longínquos anos 60, altura em que descobri um jornal semelhante que se chamaria "jornal de letras e artes" que seria semanal e durou anos Vendi um forte lote dessa   primeira colecção num momento de tolice e, provavelmente, de penúria. Nunca mais o encontrei no todo ou em parte, nos alfarrabistas. Dessa época conservo um quarteirão de números do "Diálogo", suplemento cultural do extinto e perseguido "Diário Ilustrado", onde pela primeira e deslumbrada vez encontrei um poema de Senghor e alguns de Malcolm Chazal que, além de poeta notabilíssimo foi pintor de talento .

Era um tempo em que todos os jornais tinham extensos suplementos culturais que agora não existem de todo em todo. Aliás era, também, o tempo, de grandes e boas revistas culturais (Vértice, Seara Nova, O tempo e o modo, Rumo, Brotéria etc., etc... de que legível, só resta a última)

Quanto a jornais literários resta o JL ainda que, de longe em longe se assista a uma tentativa sempre falida de publicações semelhantes. 

Sou leitor, ligeiramente desatento.  desde o primeiro número e, ao longo de todos estes anos fui-os mandando encadernar anualmente. A certa altura, quando me rendi à evidência de que ocupavam muito espaço  consegui arranjar um primo que generosamente (e porque lhe sobra espaço na biblioteca) os acolheu e acolhe , estando neste momento prestes a enviar-lhe os últimos quatro anos.

Consta, nos mentideros habituais, que a publicação não vive dias fáceis mesmo com algumas compras feitas por entidades públicas  Todavia, resiste e, por mim, que os compro e encaderno para oferecer, não morrerá. 

É apenas um jornal, ou seja uma publicação que noticia, fornece notas de leitura, alerta, chama a atenção sobre livros e sobre artes em geral. Cumpre galhardamente essa útil função. 

Vale a pena comprar  pois equivale no melhor e mais barato dos casos a 3/4 bicas , quinzenalmente. Porém, a vida cada vez mais precária da grande maioria dos jornais nacionais,  n\ao é de molde a ter demasiada esperança na sua continuidade.

 

nota: quando se fala no JL é indispensável, nem que seja por mera gratidão, referir José Carlos Vasconcelos, poeta e jornalista  que tem sido, sempre foi, uma espécie de alma da publicação. Sou amigo dele há sessenta e cinco anos pois foi uma das primeiras pessoas que, em Coimbra, conheci como dirigente estudantil, poeta e resistente ao Estado Novo.

 

(Já agora: tenho tentado sem resultado visível encontra uma colecção mesmo que incompleta do seu antecessor. Alguém saberá onde encontra-la?)

Miguel Poiares Maduro e os estilos de vida

José Carlos Pereira, 29.03.25

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Miguel Poiares Maduro no "Expresso":

"...ao contrário de um cidadão normal um político tem de explicar porque leva um estilo de vida acima do que a função política lhe permitiria".

Penso exactamente o mesmo que o ex-ministro do PSD e isso ainda é mais evidente quando alguém que passa mais de metade da sua vida profissional na política ostenta um património de alguns milhões de euros.

estes dias que passam 974

mcr, 27.03.25

"Ir por lã..."

mcr, 27-3-25

 

vamos começar pelo mais detestável para não dizer vergonhoso: 

O sr Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira está na situação de arguido há quatrocentos (400) dias...e imda não foi ouvido pelo MP, pela Pj, pelo Zé da esquina ou em confissão numa qualquer igreja de um qualquer culto.

É obra.eu, jurista não praticante (felizmente!...) olho para esta situação e só consigo ver nela uma  caricatura que provavelmente nem na "outra senhora" pareceria possível. 

Vamos porém ao essencial. O PPD governou desde sempre a Madeira. Sobre isso escrevi, aqui, abundantemente,  espantado com esse estado de graça de alguém como Jardim que nem no carnaval daria sorrir um espantalho em fim de vida útil.

sucedeu-lhe Albuquerque, notoriamente menos espaventoso, mais aceitável aos olhos de alguns (que não aos meus, é bom que se diga desde já) e o poder na Madeira deixou se ser tão esmagador a pontos de na ultima legislatura, estar minoritário. 

Pelos vistos a intrusão do chega, a entrada em cena de uma coisa chamada "juntos pelo povo"  (de mais que indefinidos contornos ideológicos...) retirou ao PPD a enorme vantagem de quem durante quarenta e muitos anos, desfrutou. 

Parece que isso convenceu o PS insular  que era chegada a sua vez. claro que para tal era necessário ser o partido mais votado e, além disso, usar a bengala JPP e eventualmente a de algum pequeno partido (por exemplo o PAN). Entretanto o Chega, com o desvario a que já nos habituou, entendeu propor uma moção de censura. Ao contrário do que se passou no  "continente" (ou em Cuba como parvamente gritava Jardim) , o PS com um pouco esclarecido senhor Cafofo como timoneiro atirou-se cheio de ímpeto para o derrube de um governo cuja situação minoritária até poderia dar-lhe alguns ganhos pontuais.

Pelos vistos, toda a gente (CDS, excluído) terá pensado que aquilo seria um festim e uma chuva de votos e eleitos. Não foi. Não só não foi mas Albuquerque ficou a um deputado da maioria absoluta coisa que pouco importa porquanto sempre (ou quase) teve no CDS um aliado confortável e fiável.

O PS passou de segundo a terceiro partido mais votado. O Chega perdeu deputados, o PAN desapareceu juntando-se assim aos invisíveis BE e PCP. No meio da confusão o JPP lá se alcandorou a segundo partido da região. Pelos vistos esta vitória  (ou não derrota) ter-lhes-á subido à cabecinha sonhadora e ei-los que fanfarronam com alargar o a sua influência ao "continente". Duvido bem que o consigam, dado o que até à data se conhece do seu esquálido ideário, mas tudo pode suceder tanto mais que há muita gente que já não se sente com estômago para votar nos partidos de sempre. 

A minha simpatia pelo PPD nunca passou do grau zero e não creio que desta feita suba sequer meio ponto. cidadão interessado, crítico tão informado quanto me é possível,  verifico, entretanto, que não parece notar-se ferida visível no PPD apesar das acusações a Montenegro, dos cartazes do Chega, da campanha pouco higiénica que alguns responsáveis políticos parecem querer desenvolver. Por enquanto vai à frente nas sondagens mesmo que estas possam nada querer dizer quanto aos idos de Maio. em política as coisas nunca são idênticas mesmo que temporalmente próximas mas a verdade é que depois de se assistir ao triunfal regresso de Miguel Albuquerque arguido (repito para escarmento de alguns e vergonha de outros) há 400 dias (!!!)e ignorado por quem, nem que fosse por mera cortesia, já o deveria ter ouvido (ou pelo menos ter explicado publicamente as razões desta demora que, de resto, também pesa sobre Costa sem o ter impedido de se tornar numa poderosa figura da política europeia. 

Em tempos já demasiado distantes cantava-se graças a um notável artista madeirense  uma coisa chamada bailinho da Madeira. A quilo teve forte eco no continente (como também outra cantiga do mesmo autor , "A mula da cooperativa". No caso desta última havia um verso que afirmava que o bicho teria dado "dois coices no telhado". Vejamos se esta situação penosa  que vivemos não acabará da mesma manrira com um vencedor destacado que, poderá ser exactamente o actual primeiro ministro. 

Não será com o meu voto mas desde já afirmo que não porei luto algum por tal vitória. Pior seria se Trump ou Putin ou o fanfarrão venturoso estivessem cá para chatear o indígena. 

ainda não descemos tão baixo!

O "mistério" da portuense Rua 31 de Janeiro

José Carlos Pereira, 25.03.25

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Nos últimos anos, a baixa do Porto beneficiou de um investimento elevado na regeneração urbana e na requalificação do seu edificado. Refiro-me, em concreto, a um círculo entre a Cordoaria, Rua das Flores, Mouzinho da Silveira, Sá da Bandeira, Bolhão, Aliados e Clérigos.

A cidade foi assistindo à requalificação de quarteirões inteiros, de prédios devolutos e infelizmente também à saída de muitos residentes antigos, para dar lugar a hotéis, novos espaços comerciais, prédios de alojamento local e habitação nova para um público mais jovem. Apesar do fenómeno da gentrificação, a verdade é que a cidade ganhou uma nova face, rejuvenesceu e tornou-se mais apelativa. Para os cidadãos do Porto e para os milhares de turistas que trouxeram um novo cosmopolitismo à cidade. 

Em todo este processo, sempre me intrigou por que razão a Rua 31 de Janeiro ficou para trás nessa vaga de requalificação urbana. Os investidores interessados nas ruas envolventes afastam-se de 31 de Janeiro por que motivo? A falta de cuidado e de investimento acabaram por levar por arrasto ao definhamento da maioria dos espaços comerciais. Quem hoje passa na Rua de 31 de Janeiro constata que são mais as lojas fechadas do que as que se encontram a funcionar. As obras do metro junto à Estação de São Bento, ao fundo da rua, que duram há alguns anos, podem ter ajudado a este desinteresse pela rua, mas já antes isso era notório.

Os dedos de uma mão devem chegar para contar as pessoas que ainda residem na rua. Há vários prédios contíguos devolutos à espera de requalificação, mesmo se já se vê um ou outro prédio em reconstrução. Neste contexto, creio que a autarquia poderia fazer mais no sentido de valorizar uma rua que já foi central na vida da cidade, designadamente com uma intervenção sensibilizadora junto dos proprietários, uma melhor gestão dos circuitos de trânsito automóvel e a aposta em eventos e actividades que tragam pessoas e movimentação àquela rua.

É preciso fazer cidade na Rua 31 de Janeiro. Não faz sentido cruzar os braços e deixar ao abandono uma rua histórica, hoje pouco segura e quase infrequentável.

O leitor (im)penitente 283

mcr, 24.03.25

 

 

 

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Um agitador cultural como  há poucos, muito poucos, um amigo e um especialista em petisqueiras varia. : Francisco Guedes (de Carvalho)

mcr. 24-3-25

 

Conheci o Xico Guedes há cinquenta  e um anos, mais dia menos dia. ele a a Manuela Sinde, sua mulher, eram amigos da Luísa Feijó, minha amiga desde os anos de Coimbra.  Não sei do que teremos falado mas a partir daí criou-se uma sólida amizade, muito para além da política, dos livros , do dia a dia 

Juntos e logo nos primeiros tempos fizemos uma longa viagem invernal pelo Alentejo e Algarve. Essa excursão numa carrinha Volkeswagen, animada pela gritaria dos miudos Feijó/cunha e, todas as manhãs, criticada pela Teresa Feijó que se indignava por os outros "atamancarem os pequenos almoços (sic)",  permitiu-nos descobrir várias coisas de que, em homenagem ao Xico, apenas refiro um delicioso vinho da adega Mendonça herdeiros (em Borba) e o magnífico queijo de Serpa. queijo e garrafas de vinho etiquetadas à pressa pelo vinicultor, entupiram a bagageira. Depois, num restaurante onde se reuniam duas dúzias de amigos  e que chamava "farmácia Campos" impusemos esses vinho e queijo  a toda a tribo guedes de Carvalho, ao clã sisa e mais uns quantos. 

entretanto o Xico foi trabalhando em várias editoras, chegou a ter uma e depois revelou-se ao organizar primeiro as "correntes de Escrita" na Póvoa ,e mais tarde, em Espinho o festivl "Literatura em Viagem", dois êxitos absolutos que mesmo sem ele, conseguem resistir à usura do tempo. 

Colaborei muito neste último do qual me desliguei quando o Xico, por razões que desconheço, se demitiu.

O xico partiu para outras aventuras literárias (tradução, escrita de livros sobre gastronomia e pouco a pouco fomos deixando de nos encontrar tanto mais que a Manuela morreu. 

Há uns meses falamos ao telefone e ficáos de nos encontrar  "quando o tempo estiver mais quentinho". 

Hoje, a CG, que frequenta redes sociais deu com a notícia da morte (ocorrida esta manhã). como de costume o mensageiro foi o Manuel Valente que também era amigo e como editor sempre colaborou com as correntes e o Lev.

Não vou, não caio nessa!, dizer que esta morte aos setenta e cinco anos deixa um vazio irreparável na cultura nacional. Nçao faço essa desfeita oa xico  e que, aliás, é um nariz de cera  mas que comum.

O Xico faz falta à malta amiga que o conhecia e apreciava. à família obviamente ,ao João e à Francisca e aos irmãos.  Fica-me a sua memória , a sua voz, e a defesa intransigente de um certo estilo de vida (slow food, incluído).  E, como de costume, fico ainda mais só, doença de uma idade  que avança e já começa a parecer-me demasiada. 

 

O leitor (im)penitente 282

mcr, 23.03.25

Sem igual?

-Evidentemente, Antero de Quental!

 

mcr, 21/2/3-3-25

 

Amanhã. pela fresca madrugada, vá lá pela dez da matina, estarei na FNAC para comprar ", Prosas I, Coimbra 1857-1866" de Antero de Quental.

É o primeiro de três volumes que reunem toda a prosa de Antero e traz um selo de garantia absoluta. A  pesquiza, organização  dos textos e da responsabilidade de Ana Maria de Almeida Martins, uma estudiosa a quem se devem muitos outros volumes de Antero ou sobre Antero. Diria, sem qualquer receio que, ANAM é desde há muito a maior e melhor conhecedora de Antero, a mais devotada, a mais criteriosa (e a mas modesta) (empreguei o feminino mas quem me ler pode ter a certeza que no masculino não melhor.

Antero que Eça descreveu como "um génio que era um santo", texto absolutamente fabuloso do autor de "Os Maias", deixou na sua geração um rasto extraordinário que vai muito além da sua obra. 

O texto queiroziano aqui citado  poderá ser excessivo mas é um claro sinal da imensa estatura de alguém que poderia, se tivesse querido, ser tudo ou quase, em Portugal.

Eu, pobre de mim, comecei por lhe ler os "Sonetos" que alumiaram, e muito, a minha juventude liceal, Mais tarde devotei-me à "questão coimbrã" que, de resto, foi integralmente publicada sob o título "bom senso e bom gosto, a questão coimbrã" e organizada por Alberto Ferreira e Maria José Marinho (no 4º volume) A edição é da Portugalia   editora e é de meados de sessenta.

Com o passar dos anos a estima e admiração por Antero cresceram e fui comprando não só os livros de AMAM mas outros que tratavam de   Antero. E assim, no meu pessoal panteão literário ele enfileira com Camilo e Eça na escolha relativa ao  sec XIX não esquecendo Nobre e, sobretudo, Cesário Verde. E Garrett e Herculano obviamente (o primeiro pelas Viagens e o segundo pela Histíria de Portugal e alguns "Opúsculos".  Ainda aí cabem  Oliveira Martins, amigo fidelíssimo de Antero e o notabilíssimo Visconde de Santarém, um conservador que se zangou com D Miguel e se exilou em Paris onde publicou, uma vasta obra elogiada por todas as notabilidades científicas da época. Bastaria a colecção dos atlas reunida por ele  para o consagrar como um dos grandes intelectuais da História  portuguesa. 

 

Hoje, como pretendia, comprei o volume em apreço  mas o meu irmão quis dar-lhe uma primeira volta, descobrindo o nome de um dos nossos antepassados, Manuel da Cota Alemão, tio do nosso trisavô, josé que  que com ele se Jangou a tal ponto que abandonou o curso de Medicina quando apemas lhe faltava um ano para o concluir (de todo o modo isso ter-lhe-á permitido uma vida aventurosa, fartamente recheada deepisódios interessantes sem nunca o impedir de à falta de médico ser o clínico de companheiros de colonização no sul de Angola  para onde emigrou na sequência de um volumoso número de luso-brasileiros que sairam do Brail por dicordarem das autoridades locais e não quererem participar numa guerra contrao Paraguai. Graças ao Marquês de Sá da Bandeira organizaram-se quatro grupos que, em barcos portugueses, levaram para Moçâmedes uns centos de futuros colonos do sul de Angola.

 

Deixando estes apontamentos absolutamente marginais há que econhecer a Ana Maria Martins  (e à editora Tinta da China, também) que esta edição de toda a prosa de Antero em três fortes volumes é um momento alto na edição portuguesa e um contributo extraordinário para o conhecimento desse vulto cultural cimeiro do nosso sec XIX.

De AMAM autora prolífica e anteriana vale a pena ler tudo  mas se ealguma escolha pode ser feita, atrevo-me a recomendar a edição das Cartas e a " Fotobiografia".

Rui Feijó, amigo meu desde os anos 60 e posteriormente meu colega e meu "chefe" na Delegação Regional do Norte da SEC não pode deixar de ser aqui ( uma enésima vez!...) citado porque numa entrevista recentíssima Ana  Maria Martins torna-o responsável pelo começo da sua pesquiza e publicação da sua "anteriana". Todavia, por várias vezes ele me disse que o seu papel fora apenas (e já é muito)  o de indutor de algo que já pre-existia: o amor, o interesse, a generosidade e o afinco com que AMAM tem levado a cabo a sua tarefa evangelizadora de "santo" Antero.

Entre nós (Rui e eu) chamavamos-lhe "soror Ana das anterianas descalças" alcunha bem mais interessante do que a que ela cita  (a Antero de Quental). Direi que neste momento ela já será a Madre Superiora dessa comunidade anteriana. Madre laica, claro mas pedindo meças a qualquer  estudioso  ( e não são poucos!...) de Antero. 

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estes dias que passam 973

mcr, 15.03.25

Uma cultura política se desperdício

mcr,  16-3-25

 

Não, não vou referir-me ao penoso espectáculo da sessão parlamentar onde se discutiu (???) a moção de confiança. Menos ainda as trocas de galhardetes que ao longo destas duas últimas semanas se foram sucedendo.

alguns leitores terão conseguido assistir a tudo aquilo pois lá terão sentido que em período quaresmal convém sofrer para tentar  apagar boa parte dos pecados.

Nisto de sacrifícios oferecidos a Deus conheci dois exemplos perfeitos. Uma senhora dona de uma loja de móveis abstinha-se durante estes quarenta dias de comer chocolates que eu, maldoso e incréu, lhe levava propositadamente para a ouvir recusar sem unca confessar o motivo  da recusa.

O segundo é o do excelente e seguramente já falecido padre Cruz  capelão militar no que na época se chamava Lourenço Marques.

Cruz, amável eclesiástico a quem, por pura mas amigável malícia eu chamava padre Katz em lembrança de um dos extraordinários heróis do "Valente soldado Chveik"  (leiam Jaroslav Hasek, leitores, leiam um dos maiores génios literários do sec XX e da extinta Checoslováquia. hoje reduzida à República Checa) era um dos muitos companheiros de bridge de meu pai. Companheiro é pouco 

 pois o padre era um medonho viciado no jogo.

Durante a Páscoa, oferecia com mais que doloroso sacrifício um jejum absoluto à mesa de jogo. Chegado o sábado de aleluia eis que Cruz vencido o demónio das tentações aparecia reluzente, fresco e pimpão à primeira hora do perído de jogatana. Os amifos não apareciam ou se apanhados por ele escusavam-se. Não podiam, não lhes apetecia. tinham que sair, enfim, um rosário de desculpas que punha Cruz  crucificado e à beira da apoplexia. Aquele complemento de Sexta Feira da Paixão durava escassos minutos mas isso bastava para lembrar ao cléigo que os parceiros de bridge tinham por vezes um ataque de laicismo.

Terminado est apontamento pascoal, voltemos à vaca dria.

Dois meses, dois inteiros meses até que se chegue às urnas!

Países seguramente menos civilizados que Portugal despacham este assunto em escassas semanas e, uma vez realizadas as eleições o Governo constitui-se num período curto quando não é curtíssimo.

Não vale a pena por mais no desenho para se perceber quanto a coisa, entre nós, é lenta, pesada e cara

Uma segunda questão em que hei de insistir até morrer é o facto de a votação recairem listas e não serem uninominais. Isto resulta na completa desreponsabilização dos eleitos perante os eleitores  que, aliás no caso dos maiores círculos nem sequer conhecerem em quem votam. Votam num magote, enfendrado pelos aparelhos o que significa que não são escolhidos os melhores mas tão só os mais obedientes, osque não causam problemas nem têm uma eventual visão crítica  sobre alguma posição partidária...

No meu caso (cidadão votante no Porto) tenho pela frente a tarefa de pôr o papel em trint e seis criaturas (mais os suplentes) pelo que desafio quem quer que seja a afirmar que conhece perfeitamente ou quase (ou só um bocadinho)os felizes eleitos.

Também nisto somos quase únicos e o resultado vê-se.

Poderia juntar a esta penitencial lista mais um par de razões mas hoje é sabado, fim de semana se não chover, e os leitores tem mais em que se entreter. Aguentem a campanha que vai ser memorável  mas, pelo menos, compareçam no local de voto. há sempre o voto branco ou o voto nulo quanto mais não seja para não se assistir outra vez a uma gigantesca abstenção,

E, aproveitando a época, rezem para que não saia eleito outro amigo do alheio...

"Governar no séc. XXI"

José Carlos Pereira, 14.03.25

Estive há dias na apresentação do livro do ex-ministro António Costa Silva, "Governar no séc. XXI - Desafios, Soluções, Liderança". O autor presta contas da sua acção enquanto ministro da Economia e do Mar, o que é sempre um bom hábito democrático, mas retrata também a sua (pouco feliz) experiência com os múltiplos organismos da administração pública. Aliás, segundo referiu, se tivesse de optar privilegiaria como tarefa primordial do Estado avançar com a digitalização da administração pública, um factor que reputa como essencial para assegurar uma resposta pronta e eficaz às interacções com as empresas e os cidadãos.

"Ainda estou aqui"

José Carlos Pereira, 13.03.25

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Se ainda não viu, não pode perder o excelente filme brasileiro "Ainda estou aqui", que venceu o Óscar para melhor filme estrangeiro e contou com nomeações para melhor filme e melhor actriz.

Num tempo de rupturas e de (quase) distopias, de ameaças à democracia e às liberdades, um pouco por todo o lado, este filme, com a singular interpretação de Fernanda Torres a partir de um caso real, recorda-nos o que sucede em ditaduras autoritárias, nas quais se persegue, interroga, prende e elimina pessoas comuns, só porque têm opinião diferente e lutam pela liberdade no seu país.

 

 

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