A nomeação de Fernando Gomes
Fernando Gomes foi um excelente presidente da Câmara em Vila do Conde e no Porto – Rogério Gomes ainda ontem dizia n’”O Comércio do Porto” que ele tinha sido o melhor presidente no Porto de que era possível lembrar-se – foi deputado europeu, membro do Conselho de Estado, ministro e secretário de estado. Enquanto autarca, foi também vice-presidente do Comité das Regiões da UE e presidente da Junta Metropolitana e da Empresa Metro do Porto. Percebeu, como poucos, o alcance político de ser o presidente da segunda cidade do país.
Podemos sempre discutir a forma como o Estado faz as nomeações para as empresas suas participadas e o montante das respectivas remunerações, mas confesso que me incomodam as razões do coro de protestos perante a indicação de Gomes para a Galp. Não é um especialista em petróleos?! Como sabemos, Ferreira do Amaral, anterior presidente da empresa, era um expert no sector energético. E Cardoso e Cunha, ex-presidente da TAP, fez toda a carreira na aviação. João de Deus Pinheiro, então, era um especialista em media e telecomunicações antes de ir para administrador da PT e da Lusomundo Media! Não me recordo de ouvir grandes reparos a estas nomeações ou às respectivas remunerações.
Desconfio bem que os protestos de agora têm quase só a ver com o facto de Gomes ser do Porto e bairrista “carago!”. Ainda por cima é vice-presidente do FCP. É verdade que Gomes se pôs a jeito das críticas durante a sua última passagem pelo governo e que nunca soube tratar da sua imagem para poder ter uma “boa imprensa” em Lisboa, mas críticas destas, quando soarem e forem merecidas, devem ser iguais para todos, tanto no tom como no volume.