Aromas e sabores de Espanha
Hoje, com a Via do infante e a Autovia do Centenário concluídas, é um saltinho de qualquer ponto do Algarve até Sevilha. Depois, seguindo um pouco mais para sul, sempre em auto-estrada, em menos de uma hora estávamos em Puerto de Santa Maria, para almoçar.
Estive na dúvida entre uns mariscos no Romerijo ou uma carnita no Méson del Assador e acabei por optar por este último. Depois do jamon ibérico, dos morrones assados e da salada, veio para a mesa um pequeno fogareiro, com brasas, para que o próprio cliente possa grelhar o chuleton de buey a seu gosto. A carne estava óptima, tal como os entrantes e as sobremesas. Em vez do vinho, talvez um Rioja, que seria certamente melhor companhia, teve este comensal que se contentar com umas cañas, uma vez que a viagem haveria de prosseguir e não seria interessante qualquer encontro com a Guardia Civil.
O méson estava à cunha e com vasta fila de espera mas, estranhamente, o aroma dominante era o da carne grelhada. Faltava ali qualquer coisa que, às primeiras impressões, não era identificável. Bem, só no final da refeição me apercebi que ninguém fumava na apinhada sala. Era essa, de facto, a grande diferença. A seguir, numa pequena pastelaria onde fomos tomar o café, e que também estava apinhada de gente, a mesma sensação agradável: cheirava apenas a café e bolos e não a tabaco. Aí, em local bem visível, um cartaz chamava a atenção para a proibição de fumar em locais públicos. Ah grande Zapatero, pensei. Quando será que o Sócrates segue os bons exemplos, em vez de se entreter com fogo-de-vista ? É verdade que também me lembrei do nosso Carteiro e de um seu post sobre a liberdade de fumar, mas neste aspecto não tenho qualquer hesitação: proibição do fumo em lugares públicos, Já !
À noite, no hotel em Marbella e, no dia seguinte, às portas da Mesquita-Catedral de Córdova (de que nos falava num post recente o nosso prestimoso Marcelo), a mesma agradável sensação do cheiro a comida nos restaurantes. Aqui, na cave sem grande arejamento do Rafaé, mesmo para quem, como eu, detesta o cheiro a fritos, o aroma tornava-se agradável, pois cheirava a chipirones, a boquerones, a pimentos del piquillo, a gambas al ajillo e a outras coisas boas, e não a tabaco, alcatrão ou nicotina.
Parece que a lei, antes de entrar em vigor, em Janeiro deste ano, foi muito contestada e havia quem vaticinasse que nunca seria cumprida. Dois meses bastaram para demonstrar que, pelo menos aparentemente e pela curta amostra que me foi dada ver, a lei está a ser cumprida, sem grandes sobressaltos e com manifesta vantagem para a saúde de nuestros hermanos.
Vamos lá ver se, como diz o ditado, os bons exemplos frutificam.