As Más Escolhas da Assembleia
A Assembleia da República decidiu ouvir, proximamente, o Procurador-Geral da República sobre o BPN. Entretanto, o PGR prossegue com as investigações sobre o Banco na Procuradoria-Geral da República.
Estas notícias têm sido profusamente glosadas pela comunicação social. Em versões partidárias e de “analistas de política nacional”. As mesmas concorrem com as do processo Casa Pia - cujo fim agora se anuncia (como se isso fosse verdade) - mais que revisitado e requentado, mas que ainda vende audiências.
O resultado será um fim de ano bem animado e com grande visibilidade para a AR, mas não passará disso mesmo. Ou seja, para além do dinheiro gasto nesse inquérito, nada de nada acontecerá. A única consequência do inquérito é fazer passar para segundo plano, na agenda política, o que verdadeiramente interessa ao país. Enquanto o Parlamento e as TV.s se ocupam das quezílias (mente/não mente, disse/não disse) em redor do BPN, não se fala do destino dos recursos públicos alocados à banca; do preço dos combustíveis; das opções orçamentais para 2009, designadamente no que toca ao investimento público e às previstas parcerias público privadas.
Mas se os senhores deputados da Assembleia da República querem mesmo tratar de inquéritos sérios, porque não eleger aquele que é apontado como o maior problema do país, com impacto no desenvolvimento económico e na vida das pessoas e fazem um inquérito ao processo de aplicação da Justiça. Para tanto poderiam começar por estudar as causas que determinam o arrastamento dos processos. E até poderiam partir de casos concretos: Operação Furacão, Casa Pia ou descer a coisas mais comezinhas: simples casos de polícia ou de quezília entre particulares.
Mas no estado em que se encontra o país, o que interessa é o folclore político, a parte da festa que esconde a raiz dos problemas e quem mais beneficia dos problemas
Nota: Catalina Pestana acabou de dizer, na RTP, que fora do processo Casa Pia estão mais de 80% dos envolvidos e que esses ficaram de fora porque os casos em que estavam envolvidos já estavam prescritos.