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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Miguel Bombarda - um must do Porto

José Carlos Pereira, 09.03.09
Estive no último sábado no programa de inaugurações das galerias de arte instaladas na zona da Rua Miguel Bombarda, no Porto. Aquilo que já era um must da cidade, conheceu neste dia um revigoramento com a inauguração do troço pedonal daquela rua, com desenho de Ângelo de Sousa. Rui Rio e o ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, associaram-se a esta jornada

Foram milhares de pessoas a circular na zona, a visitar as galerias, as lojas de mobiliário retro, de design, de moda e até de vinhos. Muitos jovens e também gestores e quadros de relevo da cidade. Por ali andavam, por exemplo, Rui Moreira, presidente da Associação Comercial, Ângelo Paupério, presidente da Sonaecom, Carlos Moreira da Silva, presidente da Barbosa & Almeida, ou Joaquim Azevedo, director da Universidade Católica. Disseram-me que também Elisa Ferreira andou por ali.

Senti o Porto a mexer e isso conforta-me, porque é sinal de que há massa crítica disposta a (fazer) viver a cidade. Neste caso concreto, regozijo-me que um dos principais impulsionadores deste movimento em torno de Miguel Bombarda tenha sido o meu particular amigo Fernando Santos, cuja galeria tem patente a obra de Gerardo Burmester e Manuel Botelho, para além de outros artistas em exposição colectiva.

Um lamento: vindo de Miguel Bombarda passei pela baixa, por volta das 20H00, e o que se via era "meia-dúzia de gatos pingados". Há que trazer as pessoas para a baixa e essa parece-me uma equação de difícil resolução se não houver uma estratégia concertada entre todos os agentes, públicos e privados.

Madrid com Bacon

José Carlos Pereira, 26.02.09
Ir por estes dias a Madrid permite que nos reconciliemos com uma certa forma de viver a cidade. Madrid está nas suas ruas e bares, nas lojas e nas esplanadas. Não há horas de encerramento generalizado das lojas e, noite dentro, é possível ver os passeios cheios de gente. E não são só os turistas. São os madrilenos que vivem a cidade, frequentam-na, defendem-na. Também não se vê prédios a cair, mas sim uma recuperação continuada das fachadas e dos edifícios, pelo menos nas áreas nobres da cidade. É claro que não é alheia a esta forma de viver a cidade, ainda para mais na capital de um país perseguido pelo terrorismo, a permanente presença da polícia nas ruas, que aí está e se insinua na vida das pessoas, transmitindo-lhes tranquilidade.

Por outro lado, ir por estes dias a Madrid torna obrigatória uma visita ao Museu do Prado para ver a exposição de Francis Bacon, comemorativa do centenário do seu nascimento. Instalada na parte nova do museu, uma ampliação muito feliz projectada por Rafael Moneo, a exposição percorre a obra do pintor, falecido em Madrid em 1992, a evolução das suas técnicas e as suas obsessões sobre o homem e a natureza humana. Uma exposição que nos revela as facetas de um artista que marcou o século passado.


Na foto, uma das variações de Francis Bacon sobre o Retrato do Papa Inocêncio X, de Velásquez.

Extraordinário centenário!

José Carlos Pereira, 11.12.08
Manoel de Oliveira faz hoje cem anos. É fantástico! Ver um homem, qualquer que ele seja, chegar aos cem anos é sempre extraordinário, mas ver alguém consegui-lo, mantendo todas as suas faculdades, uma energia inesgotável e uma interminável vontade de trabalhar é absolutamente fabuloso.

Oliveira comemora cem anos a filmar “Singularidades duma rapariga loira”, uma adaptação de um conto de Eça de Queiroz. E há mais projectos em carteira. Como se o mundo não acabasse nunca para si. Pelo menos a vontade de viver não cessa, o que é de aplaudir. Como há 66 anos, quando filmou “Aniki Bobó”, a sua primeira longa-metragem.

O nome de Oliveira é hoje reverenciado um pouco por todo o mundo. Os elogios vêm de todo o lado. Pela obra, pela singularidade, pela energia, pela arte que sai da sua câmara de filmar. Oliveira faz cem anos e Portugal deve-lhe uma homenagem sentida. Até pelo incentivo que o seu exemplo pode constituir para os menos novos.

Podemos discutir a sua obra, podemos gostar mais ou menos dos seus filmes, mas quem venceu os mais importantes prémios do cinema europeu, quem teve como protagonistas dos seus filmes actores como Deneuve, Mastrioanni ou Malkovich, para além de alguns dos melhores intérpretes portugueses, terá sempre um lugar ímpar na nossa cinematografia.

Ao fim de cem anos, só falta a reconciliação com a sua cidade. Oliveira negou receber as Chaves da Cidade, porque diz que não foi ouvido pela autarquia. Creio, no entanto, que o arrastado folhetim da Casa-Museu que deveria ter o seu nome, um edifício construído e desocupado há vários anos, onde aliás Oliveira nunca entrou, contribuiu sobremaneira para essa atitude. Será que Rui Rio vai desaproveitar mais uma das suas bandeiras internacionais?

Novo director artístico para a Casa da Música

José Carlos Pereira, 07.07.08
A nomeação de António Jorge Pacheco para a direcção artística da Casa da Música, a partir de Janeiro do próximo ano, deixou-me feliz e sossegado. Feliz por ver que foi reconhecido o mérito de alguém com quem tive o grato prazer de conviver e trabalhar durante o período em que foi responsável pela programação cultural do Europarque. Sossegado por saber que o actual número dois de Pedro Burmester será capaz de dar um novo impulso de qualidade à programação da Casa da Música.

Acresce que a nomeação de António Jorge Pacheco, num momento em que já se perfilavam vários nomes estrangeiros para o lugar, vem também demonstrar que há valores nacionais que podem desempenhar cargos para os quais durante muitos anos era comum recorrer-se ao estrangeiro. Serralves já tinha dado o exemplo ao nomear João Fernandes, meu contemporâneo na Faculdade de Letras, e agora é a Casa da Música a apostar num homem da casa.

Quo vadis, Kami?

ex Kamikaze, 02.05.08
Carta aberta aos meus amigos

Não dou notícias há muito tempo, não escrevo nem comento nos blogs, nem umas graçolas reenvio por e-mail.
E no entanto nunca passei tanto tempo ao computador (nem sequer quando, entre Janeiro e Março, "de perna ao peito", andei a "arrumar" o Inc...).
Et pour cause! O objecto está de tal forma associado ao meu dia a dia de trabalho (o mundo dos candidatos a emprego e do import-export ao alcande de um rato...) que, quando chega a hora do lazer (se é que chega…), só me apetece fechá-lo.

Mas ter o tempo hiper-ocupado com a concretização, para breve, de um projecto que há muito acalentava (quando comecei a perceber que, por razões familiares/pessoais, teria de deixar o Ministério Público, era um projecto/sonho difuso, muito difuso mesmo, a que me agarrava) é, para além de um grande desafio, um enorme prazer e fonte de genica e boa-disposição. Para mais, esta entrada no mundo do empreendedorismo está a ser/vai ser uma interessante fonte de melhor conhecimento das realidades culturais e socio-económicas deste cantinho ao sul, pedaço ainda assim privilegiado do dito “país real”… (*)

Alguns de vós sabem do que se trata – a abertura de uma livraria/espaço de exposições em Faro, integrados num Espaço de Memória, projecto de O Mundo em Gavetas, que surgiu do encontro com a inesgotável criatividade e vontade de fazer do José António Barreiros.






Mas, para saberem mais, o melhor é abrirem este link:
www.omundoemgavetas.com/novidades.html

O objectivo é abrir a 14 de Junho (assim a Câmara de Faro não boicote com a sua proverbial inércia no despacho dos processos). Teremos a apresentação de um novo livro do José António Barreiros editado por O Mundo em Gavetas e uma exposição alusiva – o pretexto é o centenário do nascimento do escritor Ian Fleming. O tema genérico dá pelo título de 00Fleming.
O livro será lançado no Espaço dos Exílios, no Estoril, no dia 28 de Maio, data do centenário propriamente dito.

Claro que, quando tiver a certeza absoluta da data da abertura em Faro, informarei. Como é um sábado (para os lisboetas antecedido de feriado) e o tempo estará certamente óptimo, é mais um bom pretexto para virem gozar as delícias do Sul :)

(*) Por via das dezenas de CVs que consultei e das várias entrevistas que já fiz a candidatos a emprego pude contactar com a realidade do que lia acerca da quantidade de jovens licenciados desempregados ou à procura do 1º emprego – não que o não tivesse sentido já na vivência dos meus próprios filhos (e filhos de amigos) , ele lançado às feras no mundo do recibo verde, com um curso técnico de 1 ano que lhe deu logo trabalho, tirado depois de obter a licenciatura num curso superior em universidade pública e “de bom tom”, a Nova; ela – por opção, é certo - sozinha no mundo das profissões liberais, na perspectiva de nem a um mês de ausência pós maternidade se poder dar ao luxo … (é para rir ouvir o Marinho e Pinto, Il. Bastonário da OA, reivindicar licença de maternidade para as advogadas! E eu a pensar que se tratava de uma profissão em que a relação profissional/cliente é tendencialmente insubstituível, como acontece com os psicólogos clínicos, profissão exercida pela minha filha!)

Mas constatei também realidades positivas: depois de terem acabado com as escolas comerciais e técnicas, os responsáveis pelo ensino lá perceberam que havia muitos jovens que, para singrarem na vida, precisavam de competências técnicas de nível médio e, na verdade, as vias técnicas de ensino pós escolaridade obrigatória, que dão equivalência ao 12º ano, têm bons currículos disciplinares; idem quanto a certos cursos de formação proporcionados via Centros de Emprego!
Claro que nem sempre isto basta se não se teve uma boa formação de base e, por exemplo, apesar de se cursar o 2º ano de gestão, se escreve com manifestos erros ortográficos e não se é capaz de compor meia dúzia de linhas num e-mail de candidatura/apresentação…

Enfim, o "noticiário" vai longo, não escrevo há tanto tempo que as ideias por partilhar se atropelam e sai tudo em turbilhão ficando, ainda assim, quase tudo por dizer…
bem ao contrário do JAB que escreveu hoje (mais) dois lindíssimos posts, cuja leitura não resisto a recomendar:

http://joseantoniobarreiros.blogspot.com/2008/05/regressado-aos-sonhos.html


Com este post envio abraços e beijinhos aos amigos e cordias cumprimentos aos leitores

Da vossa Kami, que também responde por Little Palha


Dalila super star

José Carlos Pereira, 06.03.08
De vez em quando, cria-se uma aura sobre determinadas personagens que acaba por lhes dar ares de suspeita intocabilidade. É muito nosso, muito português, esse hábito. Então se a imprensa ajudar…

Um dos nomes ultimamente muito em voga é o de Dalila Rodrigues. Professora de História de Arte no Instituto Politécnico de Viseu, foi directora do Museu Grão Vasco, com reconhecido sucesso, e do Museu Nacional de Arte Antiga, de onde saiu depois de entrar em ruptura com as opções políticas da tutela, leia-se da ex-ministra Isabel Pires de Lima. Na altura, caiu o Carmo e a Trindade, teve manifestações “espontâneas” de apoio, recebeu Marques Mendes no “seu” museu, naquilo que foi uma manobra rasteira de propaganda partidária, e até estava para processar o Estado porque, vejam lá, vendera a sua casa em Viseu e comprara outra em Lisboa e agora como era?

De volta (?) às aulas em Viseu, soube-se há pouco que foi convidada pela Fundação Casa da Música, onde o Estado tem posição relevante, para dirigir o departamento de Marketing e Comunicação. Sem pôr em causa os seus conhecimentos na área e os cuidados que demonstra ter para com os seus extremosos alunos, Dalila diz que sentiu um prazer especial por ter sido convidada por uma instituição, ou por Nuno Azevedo, o administrador executivo da Casa da Música, onde o Estado participa depois de ter sido “despedida” pouco antes pelo Governo. Está à vista que, pessoas assim, sabem tecer as necessárias redes de influência e derramar o seu charme sobre os incautos (jornalistas, gestores, agentes culturais, etc.). E viva a música!

Carlos do Carmo " Fado da Saudade"

O meu olhar, 10.02.08
Como é sabido, o "Fado da Saudade" cantado por Carlos do Carmo, que integra a banda sonora do filme Fados de Carlos Saura, venceu o prémio para a melhor Melhor Canção Original dos prémios Goya. Vi o filme e recomendo-o vivamente.

No seguimento desse acontecimento Carlos do Carmo fez um comentário, em resposta a uma questão que lhe colocou um jornalista, a propósito do pouco impacto que teve essa nomeação ao nível nacional. E o comentário, bem ao tom compreensivo e irónico que o caracteriza, realçava a ideia que no nosso país apenas as desgraças e as tricas são notícia de relevo. Destacamos o que é mau e passamos rapidamente pelo que é bom. É uma verdade. Na blogosfera então é quase uma verdade absoluta.

Mas relembrar isso não é o meu objectivo neste momento. O que eu gostava de dizer é que o Carlos do Carmo é das pessoas que mais me fascina ao nível do discurso. Ou seja, delicio-me a ouvi-lo. É de uma sabedoria, de uma sensatez, de uma energia, de um optimismo e força de vontade invulgares. E consegue transmitir tudo isso com um calor humano muito forte, como ninguém.

A minha questão é: porque é que nenhum canal de televisão se lembrou ainda de o colocar no ar como figura central, com tempo de antena próprio?
Deixem-no falar, divagar, como por exemplo, acontecia com o Vitorino Nemésio. Temos tanto a aprender com ele…

Museu do Pão

ex Kamikaze, 15.01.08
O Museu do Pão é um complexo museológico privado onde se exibem e preservam as tradições, história e arte do pão português. Em mais de 3.500m² o visitante encontra uma gama de actividades destinadas à cultura, pedagogia e lazer.
Através de quatro salas expositivas e de vários outros espaços do complexo museológico, poderá conhecer os antigos saberes e sabores da terra portuguesa.


Tertúlias
No derradeiro sábado de cada mês, o museu convida uma personalidade da cultura portuguesa, que no Bar-Biblioteca conversa com o público. Deste modo se procede a uma aproximação entre personalidades culturais portuguesas e o público, numa frutuosa troca de ideias. Estas tertúlias, por onde têm passado algumas das mais ilustres personalidades culturais portuguesas, em muito tem contribuído para a dinamização da região serrana, tendo já alcançado assinalável projecção.

Dia 26 de Janeiro, 22h00 - SÉRGIO GODINHO

Exposições Temporárias
Várias exposições temporárias já passaram pelo espaço reservado para tais eventos, na Sala da Arte. O destaque que têm alcançado na Comunicação Social e na apreciação do público atestam a sua qualidade. Estas exposições duram em média seis meses.

Actualmente está patente ao público, até Abril de 2008, a Exposição Temporária “Saborosos Postais”.




Diário Político 74

mcr, 13.01.08


No ano de 1975, se a memória não me falha, tive a honra de conhecer e ouvir durante um par de horas Don Pepín Bello. Em 1982 voltei a ter o prazer o de o ver e ouvir numa sessão da Residencia de Estudiantes.

no momento da sua morte, seja-me permitido, tirar lenta e metaforicamente o chapéu e dizer, também eu, "ola Pepín!

E muito, muito, obrigado

d'Oliveira