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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

É destas notícias que eu gosto

O meu olhar, 16.09.10

 


De acordo com a notícia do DN a secundária Alves Martins, em Viseu, conseguiu que 27 alunos entrassem em Medicina, o curso superior com a média mais alta no País. Um feito do qual poucas escolas do País se podem orgulhar. Na escola, considerada com tradição e referência em Viseu, houve ainda 15 alunos a ingressar em Arquitectura, "outro curso com médias de acesso elevadas". Mas na secundária houve ainda outros oito alunos com médias suficientemente altas para entrarem em Medicina, mas que optaram por Medicina Dentária, Medicina Veterinária e Nuclear.

o director Adelino Pinto, para quem este "sucesso mostra que é sinónimo e resultado de bons alunos, bons professores e boas práticas". O director lembra que, "apesar de estar no interior do País, a exigência é sinónimo de qualidade" e acrescenta que "a escola tem adequado o seu grau de ensino às exigências do Ministério da Educação e da sociedade". Mas salienta que a escola "tenta ir ao encontro do que se exige, e adaptamos os nossos métodos em busca de melhores resultados".

Marta Costa, que ensina português, aponta a "postura exigente e rigorosa" da secundária onde "todos trabalham para o mesmo objectivo". E salienta "uma cultura organizacional apurada que permite ter um objectivo e atingir estes resultados".

Também os alunos apontam a "exigência" como causa para estes resultados, diz Bernardo Santos. "Não andam atrás de nós, mas exigem sem nos castrar", conclui este aluno de 16 anos.Já Carlos Esteves, finalista, garante que na escola "os professores estão sempre disponíveis, mesmo fora dos horários e motivam-nos a ser mais exigentes connosco, remata". Por outro lado, "o ambiente é descontraído, há muitas actividades e os alunos funcionam como um grupo, unido, o que nos impele a querer fazer melhor", assevera Joana Lemos, de 15 anos.

 

 

Esta notícia do DN reforça a ideia que em todas os sectores há quem se esforce, quem procure dar o seu melhor, se envolva e se empenhe para atingir objectivos elevados e outros, com as mesmíssimas condições, optam por se queixarem, deitarem culpas a terceiros pelos maus resultados e deitam-se confortavelmente nas suas desculpas. É assim no ensino, é assim nas empresas, é assim em todas as áreas. Mais do que nas condições, é nas pessoas que está, de facto, a diferença.

O que se avalia na Escola?

JSC, 21.07.09

Hoje, ao ler esta notícia, lembrei-me de um aluno que depois de chumbar pelo terceiro ano consecutivo à disciplina que leccionava veio expor-me a sua situação. Disse ele, que só lhe faltava essa disciplina para acabar o curso, que obtivera passagem, com boas notas, às disciplinas com precedência, cuja nota aguardava pelo resultado desse exame. Disse mais, que estava empregado e que tinha programado o casamento para esse Verão, que por tudo isso lhe traria um grande desarranjo se não fizesse a disciplina e com isso acabasse o curso (bacharelato).

Ouvido isto, falamos sobre a disciplina e o seu desempenho, perguntei-lhe o que pensava fazer em matéria de estudo, ee ia prosseguir para a licenciatura ou se ficava por ali. A resposta foi pronta, estava farto de estudar, ia casar e apostar no trabalho que tinha.

Analisado o “contexto” pareceu-me que nada de grave aconteceria se lhe desse um dez no exame. De uma assentada resolvia o problema dele, da namorada e dos pais. Ainda falei com um colega, também professor do referido aluno, que foi da mesma opinião. Afinal de contas o rapaz queria era casar e para isso os pais exigiam que acabasse o curso. Pelo estilo nunca mais pegaria num livro e outros comentários deste jaez, convenceram-se a dar (em sentido literal) o dez.

E a coisa bem podia ter acabado por aqui. Contudo, dois ou três anos volvidos, eis que me cruzo com o ex-aluno numa Universidade. Cumprimento-o e digo, então, que faz por aqui? A resposta foi requintada: Estou a acabar a licenciatura. Muito bem, felicidades, disse.

De seguida telefonei ao meu colega e contei-lhe. Olha o malandro, disse ele.

Agora que li a notícia do Público, quem sabe se este aluno ainda não vai acabar uma licenciatura ou mesmo um mestrado, quem sabe…

 

Promover a educação integral do aluno

mochoatento, 03.02.09
Ontem, o Rotary Club do Porto visitou a Escola Básica 23 Augusto Gil, sede do
Agrupamento Vertical Augusto Gil, no Porto. Admirei, desde logo, a organização, o aprumo e a limpeza da Escola, que é frequentada por 650 alunos. Trata-se de uma escola pública que, no local, sucedeu aos privados Colégio de Nossa Senhora da estrela (feminino) e, posteriormente, Colégio João de Deus (masculino), que é uma referência na cidade. Presente estava o decano dos rotários portuenses que, há 70 anos, deixara o Colégio, após conclusão dos estudos liceais. Um pequeno museu mantém viva a história do João de Deus. Anualmente, reúnem-se na Escola os antigos alunos do Colégio João de Deus (119 no último evento).

A Dra. Teresa Miranda, Presidente do Conselho Executivo, apresentou o Projecto Educativo do Agrupamento, "Aprender a Ser, Aprender a fazer, Aprender a Conhecer". Foi uma exposição interessante, viva, clarividente, reveladora de um grande conhecimento da realidade educativa, dos recursos e dos objectivos pretendidos. Comentei, no momento, que estávamos perante uma professora. De facto, no gesto, na exposição, na paixão, não podia ser senão professora.

A Escola tem, entre outros, dois problemas. Os edifícios de Santa Catarina estão abandonados, por não reunirem condições de segurança, o que é uma pena porque a Escola se debate com falta de espaço. Acresce que não dispõe de laboratórios. O respectivo espaço é no terceiro andar e por razões de segurança têm de transitar para o nível térreo, mas não há verbas nem para as obras, nem para os equipamentos.

Na mesma ocasião, foi entregue bolsa de estudo, patrocinada pela Fundação Rotária Portuguesa, a uma jovem do 9º ano, do quadro de mérito da Escola, para que a ajude a suportar os custos de prosseguir nos estudos e vir a concluir Economia, como é o seu sonho.

Momentos como os de ontem servem para descobrir que ainda há sistema de ensino em Portugal, que há pessoas empenhadas em ensinar e educar, da melhor maneira, os mais jovens. Apesar das dificuldades, ainda há quem não se deixe paralisar pela inércia.

3 pequenas notas: a Escola tem alunos de muitas nacionalidades; a Escola integra alunos portadores de deficiência; a Escola elabora planos de recuperação (para os que apresentam dificuldades de aprendizagem), e planos de desenvolvimento (para os que revelam capacidades acima da média).

Gostei da Biblioteca e dos clubes que funcionam na Escola. E vale a pena ler o Gilinho.

EDUCAÇÃO - novas escolhas!

JSC, 27.11.08
A guerra no sector público da educação está a endurecer. O caso está a tornar-se tão agudo que até (não sei se a propósito) Vital Moreira já escreveu que o melhor é pensar em acabar com os serviços públicos. (A descrença que por aí vai…)

Os problemas da educação têm muitos responsáveis. De um lado os políticos, do outro, os professores e as respectivas organizações representativas. Entre os dois lados, as Associações de pais e os filhos (alunos).

Coloco aqui o Quadro de Honra dos políticos que nas últimas décadas lideraram a Educação e que, por uma ou outra razão, acabaram por ir embora sem honra nem glória pública.

Uma vez que tão elevado número de personalidades, muitas de reconhecido mérito, não foram capazes de elevar o ainda Sector Público da Educação para níveis de eficácia e eficiência aceitáveis, porque não tentar uma outra via de escolha dos respectivos titulares do ministério?

Por exemplo, nomear o Presidente da FNE para Ministro da Educação; o Presidente da Associação de Pais para Secretário de Estado Adjunto e o Presidente do SINAPE para Secretário de Estado da Educação.

A sobrevivência dos sistemas passa por absorver os que se lhe opõem. Porque não aplicar a receita na Educação?

Um exemplo

O meu olhar, 22.11.08
Notícia no JN de hoje:

Escola da Póvoa de Varzim olhada como a "fura-greves"

ANA TORCADO MARQUES

Na Escola EB 2,3 de Beiriz, na Póvoa de Varzim, o processo de avaliação decorre com normalidade e dentro dos prazos.

Não há manifestações de professores, nem protestos de pais. Aos alunos, o caso quase passa ao lado. Mas aqui ser "diferente" dá direito ao olhar "reprovador" dos vizinhos e, por isso, a escola prefere agora o silêncio.

"Se uma consegue, por que é que as outras não conseguem?", questiona o presidente da Associação de Pais do Agrupamento Campo Aberto, que abrange oito escolas, do Pré-escolar ao 3.º Ciclo, num total de 1280 alunos.

Mário Ferreira não tem dúvidas de que o "segredo" assenta numa "óptima relação entre pais, Conselho Executivo e corpo docente". Cooperação, diálogo e trabalho, "sempre a pensar nos alunos", são palavras de ordem. "Trabalhámos juntos na procura de soluções que tornassem o processo mais funcional", afirma.

A escola, lembra Mário Ferreira, é "reconhecida": tem uma "orgulhosa" taxa de abandono escolar de 0,1% e uma "baixíssima" taxa de insucesso, assentes, em grande medida, na diversidade de oferta educativa e em vários programas destinados, em cada nível de ensino, a "adaptar" a escola às necessidades de cada um. Os exemplos servem para explicar que é a trabalhar "muito", "em silêncio" e "nos órgãos próprios" que a escola responde aos problemas. A avaliação de professores não foi excepção. "Os conselhos executivos têm de encontrar formas de tornar o processo menos burocrático. Às vezes, não se procura encontrar uma solução", diz Mário Ferreira.

O presidente da Associação de Pais admite que o modelo "tem coisas que podiam ser melhoradas", mas "meter a cabeça na areia não resolve". Com auto-avaliação de docentes há vários anos e avaliação externa, a definição de objectivos individuais já é prática corrente na escola e a observação das aulas não é problema.

A escola tem 115 professores, 24 dos quais titulares. Destes, dez são avaliadores. Contas feitas, haverá um máximo de nove "Excelente" e 23 "Muito Bom".

Beiriz até podia ser um exemplo a seguir, mas o facto é que o "diferente" trouxe a escola para a praça pública e, agora, são os "vizinhos" de outras escolas que a olham como a "fura-greve". Por isso, o Conselho Executivo da escola prefere o silêncio, como forma de "proteger" o seu corpo docente.

Educação

O meu olhar, 16.11.08

Acabei de ver um site a convocar os alunos para a 1ª greve nacional dos alunos contra o novo regime de faltas. Tem apenas uma página onde informa qual o dia proposto para a greve, tem um pedido para se passar a mensagem e acaba com “Ministra para a rua a Luta continua”. Apenas isto. Nada de informação, nada de fundamentação. Nada.

Tem apenas mais uma particularidade: possui um contador de visitas que, cada vez que se clica, avança consideravelmente a numeração. Sempre.

Eu acho que deveríamos estar todos preocupados com o que se está a passar. O decreto que aprova o novo regime de faltas dos alunos saiu há um ano. Nessa altura foi muito criticado pelo facilitismo que possibilitava. Dizia-se até que os alunos deixavam de reprovar por faltas.

Informei-me e verifiquei que não era bem assim. Pelo que percebi, o novo regime, se penaliza alguém, é ao professor que tem mais trabalho. De resto, todo ele é favorável ao aluno. Assim sendo, o porquê de todas estas manifestações e agora deste apelo à greve? Os alunos estão a receber emails e msg em força a divulgar esse apelo.

Não sei o que está por detrás de tudo isto, quais são os elementos desencadeadores. Sei apenas que é grave e que nos deveria estar a preocupar. Numa altura em que deveríamos estar centrados em trabalhar o melhor possível, em que deveríamos investir fortemente na qualidade da educação deste país, por estar mais que provado que é um dos seus elos mais fracos, eis que tudo se conjuga para a instabilidade total no ensino.


Missanga a pataco 48

d'oliveira, 01.04.08

filhos e netos de um Maio distante



As imagens da TV 5 são claras: estudantes liceais desfilam em Paris reivindicando.
Menos aulas? Mais telemóveis? Uma escola “dialogante”?
Nada disso. Mais professores para, dizem, se poder trabalhar melhor, mais e com mais eficácia.

Ou: Não atirem pedras a este Maio mas apenas à sua tradução canhestra e imoral em Portugal.
Se calhar os do eduquês e do Ministério não dominam o francês. Quanto ao português estamos conversados...

Por onde Começar a Mudança?

JSC, 12.03.08
Pelos Pais!

Em comentário a
este post MCR diz que “O problema da educação está nisto: as famílias demitiram-se de educar, os pais não querem que lhes molestem as criancinhas, as autoridades querem apresentar bons resultados para as estatísticas europeias como se o passar à borla resolve o crescente analfabetismo das novas camadas etárias.”

As consequências do problema enunciado são do conhecimento geral. As causas é que não têm sido assumidas.

O Jornal Público do último dia do ano findo sintetizava, em frases curtas, um conjunto de ideias sobre Portugal. Algumas boas. Muitas a mostrarem “o nosso lado pior”. De entre estas houve uma que me chocou de verdade: “Os jovens Portugueses são os mais alcoolizados da Europa”. Recordo-me que logo a seguir a esta divisa aparecia uma outra a declarar que “Somos os mais pobres da Europa ocidental”.

Então, lembrei-me de ter lido, em tempos, que os jovens portugueses são dos que têm uma mesada mais alta na Europa Comunitária. Contradições? Talvez não. Os pais, mesmo pobres, querem dar do melhor aos filhos.

Acho que tudo isto bate certo e valida o Estudo que a OCDE divulgou no mesmo mês de Dezembro, concluindo que os alunos portugueses de 15 anos estão abaixo da média, entre 57 países, a Ciências, Matemática e Leitura.

O que é que teria de acontecer para que este estado de coisas se alterasse?

Tenho para mim que a causa está, em larga medida, no grande espaço de liberdade que hoje (nos últimos 15-20 anos) os pais dão aos filhos. Liberdade, no pior sentido, que se confunde com falta de regras e mesmo com cobertura à libertinagem.

A mudança deveria começar por alterar estes comportamentos, por fazer com que os filhos adquirissem o sentido do valor do trabalho. Apenas os premiarem em função dos resultados. Por controlarem os seus gastos e os seus percursos. Pô-los a exercer trabalhos domésticos, a apoiarem a família nas suas actividades profissionais, mesmo em tempo de férias escolares. Cortarem as saídas nocturnas, por sistema. Exigirem o cumprimento de regras e disciplina em casa. Transmitir a noção do trabalho e do valor das ideias.

O laxismo, a disponibilidade de dinheiro sem esforço para o obter, o elevado poder de mobilidade que os jovens desfrutam constituem factores que retiram qualquer importância ao trabalho e ao estudo. Tudo lhes vai ter às mãos a custo zero.

Quando os pais forem capazes de agir mais responsavelmente, então, passarão a ter autoridade moral para exigir que a Escola, as autoridades cumpram com a parte restante. Enfim, contribuirão, decisivamente, para por termo aos indicadores miseráveis que, ano após ano, colocam os nossos jovens na cauda da aprendizagem e no topo da degradação social.

O resultado da mudança de atitude dos pais será uma juventude mais responsável, mais sadia e um país com melhores perspectivas de futuro.

Portanto, a pergunta “Por onde começar?”. Só tem uma resposta: “Pelos pais.”

O próximo Alvo

O meu olhar, 02.03.08

Logo após a saída de Correia de Campos começou uma nova onda cujo alvo é a Ministra da Educação. O processo é o mesmo. Ainda há pouco tempo só se falava de Saúde, melhor, das medidas do Ministro da Saúde. Eram as contestações, as opiniões, os discursos directos, os indirectos, as notícias, as imagens. Uma verdadeira onda que só parou quando arrastou à sua frente o ministro. Depois da sua saída, as vozes que se passaram a ouvir iam sobretudo no sentido de que as suas políticas até eram globalmente boas, até imprescindíveis. Faltara-lhe o tacto político, a humildade e também a preocupação em precaver meios antes de acabar com algumas urgências. Ficou-se agora a saber que antes de sair ele ainda assinou o Diploma que define a rede de urgências do País e que, afinal, o seu número até vai aumentar relativamente á situação actual. Foi feita notícia desse assunto. Alguma, mas pouca. Desproporcional.

Agora é a Ministra da Educação. Ela até pode ser um pouco autista, apesar de não me parecer. As reformas até podem não ter tempo adequado de implementação, como dizem ser o caso da avaliação de desempenho dos professores. De repente só se fala da Educação, melhor, das medidas da ministra da Educação. Eu fico a pensar: isto antes desta Ministra devia estar realmente bem, assim como no resto da Administração Publica. O meu filho mais novo não tinha uma semana que fosse que não faltasse um ou mais professores, mas estava tudo bem. Os funcionários públicos (eu também já fui, sei do que falo) não eram diferenciados na sua avaliação, tanto ganhava o que fazia como o que não fazia. Muitos até se interrogavam porque é que outros se esforçavam… mas estava tudo bem.

De repente parece que o país está todo mal e que isso acontece porque está lá esta equipa governamental. De repente parece que não houve passado e que do que é feito agora, nada presta. Porque será?