missanga a pataco 77
Isto de dizer que a tv que nos caiu no regaço é de uma mediocridade a toda a prova é de uma banalidade confrangedora. Notem que nem sequer estou a falar das quatro anãzinhas principais que aquilo nem anãs são, são mostrengos, excrecências, coisas herdadas de tempos obscuros que estão aí vivas e eternas para nos castigarem de termos inventado a descoberta da Índia, com a ajuda “irrelevante” de um prático de navegação de Melinde.
Estava apenas a referir-me a um desses canais em que nos debitam uma versão aligeirada (oh quão aligeirada!...) de cultura e que, entre duas leviandades e três erros de tradução, nos servem uma poçãozinha de cantáridas de sapiência com que mais tarde possamos brilhar num salão politico-cultural cheio de génios formados por essas novas e brilhantes universidades privadas.
Tomemos o exemplo de hoje com o canal “História”. Anunciava-se um longo documentário sobre Bismarck o chanceler que transformou a Prússia no motor do Reich alemão em versão Hohenzollern.
Com a evangélica paciência que costumo adoptar quando tenho algo entre mãos e preciso de som de fundo, resolvi aproveitar a boleia já que, ao fim e ao cabo, pouco sabia da biografia do velho Otto.
O documentário era, aliás, alemão, o que dava alguma garantia. Do que ouvi nada tenho a dizer de especial excepto que o tradutor para português tinha um conhecimento parco, modesto, modestíssimo, do alemão e mais ainda do português. Por exemplo, desconhecia que Graf quer dizer conde e não é nome próprio de quem quer que seja; que Freiherr não é homem livre mas, isso sim, um nome próprio. E que a guerra entre a Prússia e a Áustria foi fraticida e não fraternal. Convenhamos que com 45000 mortos a fraternidade estava um pouco de monco caído.
Poderia multiplicar os exemplos mas não vale a pena: no reino dos canais temáticos instalou-se uma mafia tradutora que consegue o impossível: tornar mais confusos e mais pobres os temas tratados. Nisso batem-se bem com os quatro grandes (!?#) canais generalistas nacionais.