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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

Diário Político 64

Incursões, 29.08.07

De Espanha ventos incómodos...

“el terror vasco, si, ha dejado de ser revolucionário para quedarse en estético y su labor artesanal consiste, como decimos, en evitar que nada cresca, que nada se relacione, que nada pacte, que nada viva ni cante fuera de las tapias del cementério. Mejor que hacer la revolución es impedir que los otros hagan la democracia”

Estas linhas foram escritas em El Mundo a 25 de Março de 2002, por Francisco Umbral que hoje vai a enterrar. Mais um numa sucessão de mortos que, como os fogos violentos de Verão, eclode por todo o lado (o Alberto de Lacerda, o Eduardo Prado Coelho e don Paco Umbral, estrela do Café Gijon, e da noite febril de Madrid). Vai fazer falta, este escritor múltiplo, este comentador político desbragado e poético que nunca renegou a sua matriz de esquerda ibérica, vermelha e negra, independente, sem bombas mas com “plumazos” que deixavam derreados os seus “contrincantes”. A história dos últimos sessenta, setenta anos de Espanha pode ler-se em meia dúzia dos seus livros onde as memórias e os arrebatamentos davam uma cor funda à sua particular tela.
Morre Umbral e “renasce” a ETA. Enfim, renascer é talvez exagerado que o bicho nunca tinha realmente morrido. Apesar do crescente repúdio à sua acção, de cada vez serem mais e melhor conhecidos os meios de pressão com que oprime a sociedade basca que vive entre o receio da denúncia (as “pintadas” à porta de casa...) e o medo bem real do tiro na nuca. Que o diga Savater para não ir mais longe.
E a ETA reaparece como e porquê? Resposta fácil: uma bomba aqui, um carro abandonado precipitadamente ali, uma família raptada durante um inteiro fim de semana, uma carrinha que explode no meio de um campo. Razões para isto? A “intolerância” de Zapatero!
Todavia, não é da política interna de Espanha que quero falar, mas apenas do monte de falácias com que, no nosso país, se relativiza o facto de só neste mês (e porque foram detectados) se alugaram carros que transportavam explosivos. E alugavam-se com documentos falsos portugueses, ao que parece, recorrendo ao estratagema de encomendar a viatura num sítio e recolhê-la a uns centos de quilómetros depois. Isto, para qualquer paisano, significa que esta gente se mexe à vontade por cá. Como “um peixe na água” como se dizia nos bons velhos tempos de leituras teóricas maoízantes.
Algum leitor mais renitente em acreditar que isto é o moinho da Joana, retorquirá que ainda ontem um senhor general à paisana (agora parece que os generais não usam farda para não serem confundidos com o desaparecido engenheiro Ângelo Correia ou o pitoresco Alvaro Vasconcelos, dois profundos teóricos da “defesa nacional) dizia com a aquela displicência de quem sabe que não havia constância de bases da ETA no jardim à beira mar plantado.
Por acaso, ainda me recordo, de há uns anos ter sido preso um cavalheiro basco que se fazia acompanhar de vário material explosivo. Cá, claro. A Espanha pediu a extradição desse acidental turista, oferecendo vasta cópia de argumentos e um curriculum vitae do inocente perseguido digno de causar inveja. Alguns senhores juízes entenderam que não era caso disso e o homem foi ficando e provavelmente ainda andará por aí. A menos que tenha sido chamado para junto do Senhor ou para cumprir outras tarefas que exigindo discrição o afastaram do convívio dos seus lusos admiradores.
É que por cá, numa certa, pequena mas tão determinada quanto imbecil, franja esquerdista há um piedoso sentimento de ternura por esses rapazes do tiro na nuca, da bomba lapa, do amonal amoral. Existiu sempre no risonho país lusitano, a ideia que os inimigos de “Castela” são nossos amigos. A ETA e aquele furúnculo chamado Exército do Povo Galego, tiveram por cá amigos, apoiantes quiçá cúmplices. O fascismo dá-se bem nestas pequenas e disparatadas bandas que à falta de milho transgénico sempre arranjam tempo para uma solidariedade internacionalista.
Mas persistamos nesta vaga e estival indagação: sendo verdade que em França as coisas vão mal para as bases recuadas da ETA, conhecido que é o facto de Andorra não oferecer condições mínimas para o estabelecimento de esconderijos de gente e de armas, onde é que, com economia de meios, possibilidades de passar despercebido, se poderá instalar um núcleo “guerrilheiro” que a todo o momento possa ser activado? Na Bolívia? No Irão? No Pólo Norte, agora tão cobiçado? Ou num pais vizinho com quase mil quilómetros de fronteira vaga e terrestre, sem polícia que se veja, de escasso controle sobre emigrantes ucranianos, turistas brasileiras jovens ou mendigos romenos que se movimentam à vontade?
Francamente senhor general!
Admito, só para poder conversar, que os indícios (duas viaturas portuguesas alugadas em Portugal) não dão uma garantia a 100% mas também me parece displicência a mais não considerar preocupante a ocorrência e sobretudo a simultaneidade. Em menos de um mês, este mês de Agosto, silly season para alguns, dois carros parece bastante. Tanto mais que se poderá sempre pensar que não passam da ponta de um iceberg (cá estamos outra vez no pólo..., que maçada!) e que eventualmente outros andarão nas nossas estradas com a sua carga letal de “recuerdos”, tripulados por rapazolas educados na kale borroka e desejosos de mostrar a virilidade numa corrida sem touros, sempre perigosos, mas com alvos inermes como foram quase todas as últimas vítimas mortais desta lepra moral e política que se chama ETA.
Até ao próximo rebentamento.

De Vexas respeitosamente,
d’Oliveira

na gravura: "bomba de três canos (queira isso dizer o que quer que seja) pilhada, claro, na internet, na wikipédia para ser mais exacto, com o consentimento do seu autor cujo nome, se bem me lembro é qualquer coisa Menezes. O seu a seu dono, que diabo!

Diário Político 55

Incursões, 05.07.07

“eles”
Por vezes olho para mim, ao espelho, no momento de fazer a barba (essa prerrogativa masculina tão em desuso hoje em dia em que fica bem uma barba de dois dias para nos dar aquele ar negligé que nem os nossos hábitos nem o nosso modo de estar na vida justificam minimamente) e pergunto-me em que país vivo. Pergunta ociosa, dirá alguém. Mas pergunta, de qualquer modo, digo eu. É que por muito que me expliquem esses politólogos que têm mesa posta nos jornais do costume para dizerem as coisas do costume pela retribuiçãozinha do costume, ainda não percebi porque é que temos este sistema de eleição de deputados.
Vejamos isto por partes: os partidos que existem por aí, de quatro em quatro anos organizam as suas listas de deputados, e apresentam-se virtuosamente ao eleitorado. O eleitorado vota distritalmente num número exagerado de cavalheiros de que só conhece a fidelidade partidárias e a meia dúzia de nomes que encabeça a lista.
Antes que alguém me reponte que nos distritos pequenos (V. Real, Bragança, Guarda, Beja, Castelo Branco, Évora ou V do Castelo) as listas são de tal modo exíguas que toda a gente conhece as personalidades(??!!) que as compõem, direi que isso sendo verdade, é perfeitamente insignificante. Dúzia e meia de deputados não riscam quando de facto as eleições se ganham ou perdem em Lisboa, Porto, Braga, Setúbal, Coimbra e Aveiro.
E é daqui que quero falar. Destes distritos onde se decide de facto quem vai governar. Alguém me explica o mistério dos deputados fantasma que, uma vez passada a eleição, se perdem na natureza, nos ministérios, nas administrações de organismos participados e num sem número de coisas que de comum com as anteriores só têm uma característica: acolher os fugitivos do parlamento.
Aliás, qual será o interesse de pespegar as pouco fotogénicas fotografias daqueles excelentíssimos candidatos por tudo o que é outdoor quando se sabe que, em termos de frequência parlamentar os cavalheiros vão rapidamente passar à clandestinidade.
Dir-se-ia que S Bento está infestada de piolhos, que anda por lá o fantasma de Canterville ou aqueloutro mais ameaçador de que o velho Marx falava. Em S. Bento aquela malta não põe os pés. Nem mortos. Não que eu queira ver os pais da pátria mortos, que ideia!, mas gostava de saber que mal lhes fez o Parlamento para que foram eleitos e onde não aparecem senão no dia em que se verificam os mandatos dos deputados. Depois, desandam e vão tratar da vida.
Convenhamos que o estimável público os vê partir com a maior das indiferenças. Para eles isto começa a ser normal.
Mas voltemos às nossas devoções: alguém de juízo acha que é a mesma coisa votar dois quarteirões de deputados em Lisboa ou apenas um por um circulo mais restrito. Veja-se mais de perto: O maior partido em época normal não acredita que em Lisboa (outra vez) consiga eleger mais de 20/25. Portanto tenta arranjar uma dezena de nomes fortes, outros tantos um pouco mais fracos e o resto é como um bodo aos pobres: entra a pequenada que vai à sede, às reuniões e que “dá o litro” pelo partido. Com uma pequena falha. Os nomes fortes só ali estão para dar cor. Uns, se o partido ganhar, irão para o governo. Outros terão de fazer o sacrifício de ir engrossar a administração de uma empresa onde se paga decentemente a presença destas conspícuas criaturas. Dois ou três cairão na asneira de ir para a assembleia, presidi-la, secretariá-la, presidir a uma comissão ou dirigir o grupo parlamentar. Alguém, solícito, conseguir-lhes-á uma “assessoria” pingue e pouco trabalhosa para arredondar a miséria do pré parlamentar. E garantir-lhes-á um bom emprego pouco trabalhoso mas bem pago, para depois.
Entretanto o parlamento fica com a composição normal: seis figuras mais ou menos cimeiras e dois centos de criaturas que têm por missão levantar o rabo e votar na hora necessária. Para isso, de facto, não há necessidade de tenores. Basta um coro de província. Afinado quanto baste.
Quer isto dizer que os círculos uninominais resolveriam esta crise de valores de que padece o parlamento? Não sei! Sei apenas que o actual sistema promove a mediocridade, o poder absoluto dos aparelhos partidários e a crescente apatia do público. Ao votar numa molhada de criaturas de que só conhece o cabeça de cartaz, ao saber que, se este for eleito, não desempenhará o cargo, o eleitor sente-se impotente e armadilhado. E enganado. Mesmo que não saiba dizê-lo com clareza, pensará confusamente que a hora que perdeu em ir até uma assembleia de voto, foi mesmo perdida. Pior começará a olhar para o repolhudo grupo de personalidades que gastam fundilhos no plenário e meias solas nos Passos Perdidos, como uma gente diferente dele, incapaz de fazer algo de útil mas ganhando por isso mesmo mais, bastante mais do que a média dos cidadãos.
Quando lê os jornais e vê que na maior parte dos países vizinhos as pessoas conhecem o seu deputado, chateiam-no com pedidos, ameaçam-no de abandono para a próxima eleição, o cidadão português enfurece-se. Quem é o seu deputado? Onde está se for necessário chamar a atenção para um problema, uma questão qualquer ou tão só para perceber o alcance de uma lei que o mesmo votou?
Insensivelmente, começa a olhar para os seus representantes como se olha para um astronauta americano, um artista de circo, enfim alguém diferente. E é aí que semanticamente estabelece a diferença entre nós, os que votam, os que mourejam, os que vêem diariamente cair-lhes em cima leis e impostos, decretos e taxas, resoluções de toda a ordem que o atingem, o empobrecem, o fazem duvidar dos benefícios da democracia e do sistema. E começa a falar d’ “Eles”. Os Outros. Os que mandam. Os que te pedem o voto e depois não dão mais sinal de vida até daqui a quatro anos.
Com algo ainda de pior: o cidadão elegeu “alhos” e S Bento está cheio de “bugalhos”. Quem é esta gente? Eu não os conheço de parte alguma... nunca os vi. Ou, se os vi, não lhes conheço mérito suficiente para sequer encher a sala nobre duma Câmara de Província em dia de reunião da Assembleia Municipal.
E a resposta começa a ser evidente: não vale a pena. “Eles” ganham sempre. A merda muda mas as moscas são sempre as mesmas. Ou vice-versa.
Tudo isto me vem à ideia agora que os jornais noticiam as conversações entre PPD e PS. Para começar já há pouco que discutir, uma vez que o segundo já deitou fora algumas das suas propostas. Estamos já na fase de saldos. A montanha arrisca-se a parir um rato. Um rato e não só: uma desilusão a juntar às que se vão sentindo dia a dia. “Eles” vão cozinhar qualquer coisa e o mexilhão (isto é, nós) vê o mar bater na rocha. Com as consequências que o resto, pouco elegante, desta expressão, indica.

pel'o mexilhão

d'Oliveira

razões de configuração do computador levam-me a pedir boleia para este texto ao colega de blog m.c.r.

Aviso a tempo e por causa das moscas

Incursões, 02.07.07

Livro de estilo

Alguns leitores escrevem-me (coisa que muito me agrada) comentando, dando sugestões, informando-me sobre o que escrevo. Agradecendo embora, e reconhecidamente, essas provas de simpatia, dialogo ou crítica, gostaria de esclarecer algumas coisas:
1 Quando aqui se fazem referências a pessoas ou instituições, aplaudindo ou censurando, tanto faz, as fontes são sempre as mesmas: os jornais. Muitas vezes mais do que um jornal, para se poder contrastar os factos que me servem de assunto.
2 Não uso informações “secretas”, bisbilhotices, ecos pouco credíveis. Apenas o que está escrito em jornais mais ou menos de referência, o que também excluiu folhecas partidárias, imprensa de escândalo e assimilados.
3 não escrevo por encomenda, por simpatias partidárias, bem pelo contrario, critico mais “os meus” que os “outros”. A burrice dos outros não me afecta enquanto a dos “meus” me incomoda, entristece ou envergonha.
4 Já aqui o disse (já aqui o fiz, aliás) que todo e qualquer texto meu pode ser comentado por quem quer que seja e, no caso de se provar, o meu engano, pode ser corrigido. No caso de alguém se sentir tocado e não souber ou puder escrever o comentário basta que mo dirija e me autorize a publicá-lo. Fá-lo-ei com a maior rapidez possível porque acredito que um blog é apesar de tudo um espaço de liberdade e de dignidade. A facilidade que me dá de expor os meus pontos de vista obriga-me a corrigi-los “na hora” sem necessidade de simplex e sem complexos.
5 qualquer pessoa pode assumir essa tarefa de reparar os erros e os eventuais danos de algo que eu escreva. É um compromisso que de há muito defendo e que mais uma vez exponho. Errar é humano, reparar um erro é democracia e defesa da liberdade.
6 Eu mesmo, no caso de poder obter elementos que infirmem ou, em parte, contradigam afirmações feitas, não deixarei de o fazer. Amicus Plato sed magis veritas. (amigo de Platão mas mais ainda da verdade).
7 finalmente, este compromisso que se reafirma e que só a mim diz respeito, não obriga ninguém, de cá ou daí, a fazer o mesmo. Era o que me faltava andar agora no jogo da troca. Trocas só de repetidos, no caso de serem cromos de futebol. Infelizmente já não os colecciono. Estamos conversados?

Viva o blog

Incursões, 25.05.07

De: Maria José Carvalho
Data: 25 de Maio de 2007 12:44:11 GMT+01:00
Para:
Assunto: VIVA O BLOG!!!

Querido(s) Tu (Vocês), o(s) do dom da sensibilidade à arte

Não podendo estar na mesa redonda convivial dos incursionistas (bloguistas e leitores), estes peregrinos de partida para terras do Vouga dizem-vos do gosto em vos lerem.
Não esmoreçam NUNCA, neste MEDO envolvente...
Abraços do fundíssimo de nós,(…)
A fiel amiga Zé e seu excomungado Zé

da leitora M J Carvalho e do José Matoso recebeu-se este mail que se junta aos dos muitos leitores que nos animam a continuar aqui
Estejam descansados que a gente continua

...

Incursões, 19.05.07

FIM AO CAPTIVEIRO DE INGRID BETENCOURT


Secundando o apelo de João Tunes do excelente blog (agualisa6.blogs.sapo.pt)e roubando a respectiva ilustração.

Primeiro e último aviso

Incursões, 16.04.07






Literatura, literatura, sempre a abrir...

E vão duas... Ou seja as jornadas Literatura em Viagem organizadas pelo prodigioso Francisco Guedes, alma das "correntes de escritas" na Póvoa (já em 8ª edição) e apoiadas (e muito bem, pela Câmara Municipal de Matosinhos entram na sua segunda volta. O programa que se segue é para cumprir mas sabe-se que aparece sempre mais livro para apresentar e mais um par de escritores que já se tornaram assinantes. E jornalistas, críticos, leitores, curiosos, editores, gente ligada à edição e promoção do livgro, enfim uma alegre comandita que prossegue noite fora os encontros mais formais. Este vosso criado também por lá estará a moderar moderadamente um grupo compósito que de certeza fugirá ao tema, voltará, fará o pino, enfim o habitual. E o público... que sem ele isto era uma chatice das antigas.

Literatura em Viagem

Quinta-feira 19/04/07 21h30 — Galeria Municipal
Exposição: Estaremos sós?, de António Chaves

Sexta-feira 20/04/07 — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
• Salve a Língua de Camões — espectáculo de teatro Mulheres na Laginha, de Germano Almeida por CAIRTE TEATRO REACTOR

Sábado 21/04/07
11h30 — Abertura — Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos
• Conferência de Eduardo Lourenço, com apresentação de José Carlos de Vasconcelos

Lançamento de Livros — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
• 15h00 — Do Rumor da Água ao Som do Bronze, de Joaquim Pinto da Silva e A. Cunha e Silva
As Sete Estradinhas de Catete, de Paulo Bandeira Faria


Exposições - Biblioteca Municipal Florbela Espanca
• Viagem pelo meu ser, de Maria Cerveira
• Peregrinações, de Pedro Campelo


15h30 — 1ª Mesa — Galeria Municipal “On the road”
Fátima Pombo
• Ondjaki (Angola)
• Paulo Bandeira Faria
• Senel Paz (Cuba)
• Sérgio Godinho
Fernando Venâncio (moderador)
Lançamento de Livros — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
17h30
• No Céu com Diamantes, de Senel Paz,
• A Cova do Lagarto, de Filomena Marona Beja,
• Os da Minha Rua, de Ondjaki,

18h00 — 2ª Mesa — Galeria Municipal “Corsários e escritores: os grandes viajantes”
Francisco Camacho
• Luísa Monteiro
• Miguel Real
Vergílio Alberto Vieira (moderador)

21,30h — Cinema em português – Biblioteca Municipal Florbela Espanca
Uma Abelha na Chuva, de Fernando Lopes


Domingo 22/04/07
11h00 – Coro da Escola de Música Óscar da Silva – Biblioteca Municipal Florbela Espanca
Lançamento de Livros — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
15h00 —
• Camilo e Ana Augusta, de Artur Costa
• A Menina de Cristal, de Iria López Teijeiro

15h30 — 3ª Mesa — Galeria Municipal “Da Literatura ao Celulóide”
Fernando Lopes
• Jorge Campos
• José Fonseca e Costa
• Tabajara Ruas (Brasil)
António Cabrita (moderador)

Lançamento de Livros — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
17h30 —
• Niassa, de Francisco Camacho
• Estamos Todos Tão Sozinhos, de Paulo Nogueira

18h00 — Cinema em português
Sem Sombra de Pecado, de José Fonseca e Costa

18h00 — 4ª Mesa — Galeria Municipal “O desejo do desconhecido”
Adolfo Garcia Ortega (Espanha)
• Dulce Maria Cardoso
• Gonçalo Cadilhe
• Iria Lopez Teijeiro (Espanha)
Marcelo Correia Ribeiro (moderador)


22h00 — Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos Vagamundagens
Espectáculo musical com: Rao Kyao (flauta), Deolinda Bernardo (voz), Renato Júnior (teclas), Toni Pinto (guitarra clássica e braguesa)

Segunda-feira, 23/04/2007 Escritores nas Escolas
— 10h30 - Escola EB 1, Ribeiras, Perafita — João Aguiar
— Escola Gonçalves Zarco — António Sarabia (México) Maria Fasce (Argentina)

15h00 — Lançamento de Livros — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
• Os Peregrinos sem Fé, de Sérgio Luís de Carvalho

15h30 — Biblioteca Anexa de S. Mamede — A ilustração — ateliê com Henrique Cayatte


15h30 — 5ª Mesa — Galeria Municipal “Lucy in the sky with diamonds”
Filomena Marona Beja
• Júlio Machado Vaz
• Lauren Mendinueta (Colômbia)
• Francisco José Viegas
Carlos Veiga Ferreira (moderador)

!8h00 — 6ª Mesa — Galeria Municipal “Viajar: abertura cultural para a diferença”
João Aguiar
• Paulo Nogueira (Brasil)
• Sérgio Luís de Carvalho
• Richard Zimler (EUA)
Vítor Quelhas (moderador)

21,30h — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
Cinema em Português: As Cartas do Domador, de Tabajara Ruas


Terça-feira, 24/04/2007

10h30 — Biblioteca Anexa de S. Mamede – Lançamento do livro “Histórias de Pedro Malasartes” de João Pedro Mésseder
15h30 — Biblioteca Municipal Florbela Espanca — Auditório
• Suba aos Himalaias com João Garcia

15h30 — 7ª Mesa — Galeria Municipal “A Sul de Nenhum Norte”
Rui Vieira
• Germano Almeida (Cabo Verde)
• Afonso de Melo
• Jean Paul Delfino (França)
Helena Vasconcelos (Moderadora)

17,30h — Lançamento de Livros — Biblioteca Municipal Florbela Espanca
O Bairro dos Poetas, de Fátima Pombo

18h00 — 8ª Mesa — Biblioteca Municipal Florbela Espanca “O Mundo à Minha Procura”
António Sarabia (México)
• Maria Fasce (Argentina)
• Mário Cláudio
• Alcino Soutinho
José Carlos de Vasconcelos (moderador)

...

Incursões, 10.04.07

O Rui Namorado, poeta e meu amigo desde 1960 (uma vida!), companheiro de Caxias em 62, conspirador nato, alma abençoada do "conge" em 69, fundador da editora Centelha e mais um cento de coisas, manda-me quatro poemas dedicados ao Adriano. Foram já publicados no livro (a ler com urgência!) "Sete Caminhos" pela Fora do Texto Editora (o mesmo é dizer pela velha e inquieta Centelha) mas há por aí leitor(es) que os não conhecem. É para eles e para o João Tunes (leiam o comentário dele ao meu "estes dias ... 53" e digam lá se não vale a pena escrever aqui para ter comentários daquele gabarito...) e (a expresso pedido do Rui) para o Raimundo Narciso, que os poemas vão.
Peço desculpa ao meu caríssimo amigo carteiro por o substituir nesta amável tarefa de levar a carta a Garcia mas também é verdade que me arroguei em tempos do título de "recoveiro do Foco" o que me permite de longe em longe este tipo de recados.

(a ilustração é uma reprodução de uma das composições de Mondrian)


QUATRO POEMAS DE SAUDAÇÃO E MEMÓRIA
(para Adriano Correia de Oliveira)


1.
estamos todos fechados na parede do tempo
nessa teia bem triste onde os anos se perdem
no Penedo absortos descobrindo a Saudade

fomos espanto e guitarra ousadia e ternura
uma garra prendendo o terror que morria

nessa noite arrepio tão amarga tão espessa
o futuro era tanto o futuro era tudo
nessa noite onde fomos a mais louca semente

2.
a boémia bebida gota a gota com raiva
a boémia sorvida alegria tão breve
era então que nos ríamos do que havia de ser

uma casa cercando o bolor destes anos
o emprego roendo gota a gota levando
o que resta no fundo dessa larga memória

era então que aventura
era estar devagar nessa curva do tempo
onde a areia mais leve se perdia entre os dedos
dia a dia fugindo ansiosa e suave

era então que nos ríamos devagar sem saber
desta náusea futura que ainda havia de ser


3.
Na secreta raiz de algum poema
tu nasceste por dentro das palavras.

Cantar era para ti uma viagem.
Sentias a revolta, nervo a nervo,
como um pássaro ferido.

Neste tempo rasteiro e abafado,
guardavas o veneno precioso.

Ias para longe de mais e o tempo passa:
os milhafres do nojo prosseguiam,
rasgando a carne pura do teu sonho.

Matavas o silêncio.
Mas na sombra do tempo houve uma pausa,
um outono mais rápido,
um inverno mais súbito.
E as pétalas da noite desabaram,
corroendo o teu nome de grinaldas perdidas.


4.
Procura-se o criminoso !
Na treva mais remota,
nos pensamentos mais lisos,
na lógica mais fria,
nos lugares mais comuns,
nos sonhos mais seguros,
nos corações lineares,
no denso labirinto
das pequenas traições,
é possível encontrá-lo.
Procura-se o criminoso:
como encontrar o castigo?


Diário Político 44

Incursões, 22.03.07
À boleia de O’Neil no "país pátria de exílio"

1 Se o engenheiro sempre não era engenheiro
e a rapariga ficou com uma engenhoca nos braços;

2 o retrato do entediante partido é aquele: um cavalheiro, ao que sei, de “cor” insulta desbragadamente uma camarada e desculpa-se lapidarmente: não insultei e muito menos agredi. Só me atacam porque são racistas. Como diz o poeta:
"um imenso tempo perdido."

3 O sr. engenheiro Belmiro de Azevedo passa “à peluda”. Durante dois dias o infatigável “Público” questiona-se sobre o destino da sonae. Que há candidatos fortes, assevera. No dia da verdade, sai a surpreendente notícia: Azevedo sucede a Azevedo, no meio do geral aplauso dos “públicos” candidatos. E o “Público” realça, na última página que a promoção se deve aos altos méritos do promovido. Provavelmente será assim. Mas alguém com juízo esperava outra solução?
Leitor que me pede a história
que já traz engatilhada,...

4 Discute-se gravemente se o sr. Robert Mugabe deve ou não ser convidado a vir a Lisboa para a 2ª cimeira Europa-África. Um cavalheiro chamado Luís Amado, supostamente Ministro de um governo socialista, de esquerda, portanto, ao que consta, acha que a situação interna no Zimbabué não deve inviabilizar a reunião. Por outras palavras: está firme na intenção de convidar esse bandoleiro de médio curso que aterroriza um pais indefeso, prende e espanca os opositores, quando estes não desaparecem pura e simplesmente. O Zimbabué parecia rico e próspero. Agora parece pobre e arruinado. Não se trata de fazer a apologia do antigo regime doutro perigoso indivíduo chamado Smith (Ian Smith, não esqueçam este nome) mas apenas de verificar que a África teve dias maus e vai ter dias piores. Para quem gastou alguma mocidade a apoiar os condenados da terra isto é difícil de engolir. Ainda que se não caia no disparate do Beco da Mal-Amada:
se acha que a vida não é boa
utilize gás da Companhia
o combustível de Lisboa.”

5 O re-falado envelope nove continua na berlinda: ler os jornais é, além de penoso, agoniante. Ninguém acredita que houvesse alguém que não soubesse do conteúdo das cassetes. A culpa ia direita para um par de advogados manhosos e tudo morria enfim feliz, no terceiro e último acto. Mas isto não é um drama teatral, sequer uma comédia de boulevard. Apenas uma funçanata desempenhada por amadores que decoraram mal os papeis e de tão surdos nem sequer ouviram bem o “ponto”.
Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um satanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim

6 Finale sem brio:
Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
..........
se fosses só o sal, o sol, o sul
....
Portugal questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós.


Agradeço a boleia de mcr que me tem valido enquanto não dou com a solução de um problema que me não permite entrar no blog.
As citações são de poemas de Alexandre O Neil, respectivamente “Se”, “ Uma Lisboaremanchada”, “Inventário”, “Saber viver” e “Portugal”, publicados nos livros “No Reino da Dinamarca”, “Abandono Vigiado”, “Poemas com endereço” e “Feira Cabisbaixa”. Actualmente, os livros de O’Neil estão todos contidos em “Poesias completas” (Assírio & Alvim).
Este texto celebra propositada e tardiamente o dia da poesia. O título evoca também um outro grande poeta: Daniel Filipe.


d'Oliveira


...

Incursões, 03.03.07
Gabriele Munter
Berlin 1877 Murnau 1962

Pintora do "Der blaue Reiter" e contemporânea dos grandes nomes deste grupo; Macke, Marc e Kandinsky entre outros.
Esta representada nos grandes museus do mundo mas pode ver-se uma boa colecção das suas obras na Lehnbach Haus em Munique.
A pequeníssima cidade de Murnau e o seu hinterland estão muito retratados na sua obra. Mais informações no google onde tem direito a cerca de 25.ooo referências.
Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul) sucede no tempo a Die Brucke (a ponte) Ambos os grupos retintamente alemães sofreram com o facto de, naqueles tempos agitados, ficarem isolados de boa parte do que se fazia na Europa. Por outro lado com o advento do nazismo os seus principais autores foram considerados como produtores de arte degenerada o que não deixou de ter influência no destino final dos grupos. De todo o modo tiveram correspondencia nos restantes países europeus (fauvismo em França, p. ex.).
Exaltação da cor, preocupação com a expressão forte da emoção, prenúncio da angustia existencial e do pessimismo, algo em que e facto acertaram em cheio graças á perseguição de que foram alvo os seus principais expoentes.