Os "sábios" do COVID 19 e de todas as calamidades públicas
Tal como a maioria dos portugueses também vou ficando em casa à espera que a coisa passe. Como se tem muito tempo livre vai-se ouvindo e lendo notícias que se repetem até à exaustão. Do ponto de vista noticioso o COVID 19 é um tremendo cansaço. Um cansaço enviesado pela direita que enche as redações, escolhe comentadores, faz as perguntas e corta as respostas.
De um modo geral, eu que nunca votei PS, penso que o Governo tem agido com a firmeza e a serenidade que a gravidade da situação exige.
Claro que hoje todos queremos mais e mais do Governo. Até há aqueles que acusam o Governo de não ter “tomates” para tomar as medidas que eles próprios poderiam e deveriam tomar, mas que não tomam, eles sim, por falta de tomates.
Verdade, é que à medida de se incrementa a propagação do vírus cresce a verborreia de uns tantos jornalistas/leitores do que a redacção lhes mostra no teleponto e de jornalistas/cronistas de direita ou aparentados na esperança colectiva de que no fim do pesadelo o Governo, em particular o Primeiro-ministro, esteja em estado K.O., abrindo assim a autoestrada de acesso ao poder da direita dita liberal.
Confesso que até andava empolgado, surpreendido mesmo, com as últimas intervenções de Rodrigo Guedes de Carvalho, na SIC. Ontem, na entrevista a António Costa, percebeu-se que o objectivo não era que o Primeiro-ministro esclarecesse o povão, o obectivo, claro e nítido, era levar o Primeiro-ministro às cordas, sempre que o PM procurava esclarecer, o jornalista interrompia para desencadear novo assalto. Uma lástima.
Rodrigo Guedes de Carvalho integra um vasto conjunto de “sábios” que sabe tudo sobre o combate ao COVID 19. Por exemplo, as últimas crónicas do especialista em “provas de algodão”, João Miguel Tavares, no Público, particularmente aquela em que lança as garras sobre o Presidente da República, são bastantes reveladoras do que move o JoãoMT. O esplendor da direita. Muitos outros seguem o mesmo percurso, por um lado, apontam o que deve ser feito, porque eles é que sabem o que deve ser feito, como deve ser feito e quando deve ser feito. Por outro lado, criticam o que se faz, porque a medida X ou Y tardou ou porque os meios, sempre os meios, são insuficientes ou ainda porque sim.
O que estes “sábios” produzem são opiniões convergentes mesmo que pareçam dispersas e dissonantes. Todos remam no mesmo sentido. Orientações superiores devem guiar os seus pensamentos. O que escrevem ou dizem converge na crítica aos governantes, incluindo a DGS. Os “sábios” sabem tudo. Os governantes só fazem asneiras, só dizem asneiras. A ligeireza com que apontam os erros mostra o que aconteceria a todos nós, caso essa gente tivesse responsabilidades políticas, tivessem de tomar decisões em tempos de calamidade pública.