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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

RECTIFICAÇÃO NECESSÁRIA

Incursões, 27.03.06
Disse mais abaixo que ia à Casa da Música ver o concerto da Maria João e do Laginho. Mas tenho de acrescentar: e da Orquestra Clássica de Espinho, dirigida pela Maestro Cesário Costa. Que magníficos arranjos, execução e entendimento com a voz. Para quando o registo discográfica deste feliz encontro?

HOJE É SÁBADO

Incursões, 25.03.06
Fiquei no Aeroporto não segui para S.Paulo. Com mais pena ainda depois de ter sabido da inauguração esta semana de um inexistente noutro qualquer sítio Museu da Língua Portuguesa pus-me a caminho da cidade a hora em que se cruzam os que se vão deitar e os que de lá vêm. Já andei nos dois sentidos mas hoje não ia nem vinha continuava. Pela aldeia que o tempo sequestrou entre o Chiado e a Assembleia da República onde havia de ir à procura d´O Poder da Arte que veio de Serralves fui vendo acordar os que ali encontram protegidas entradas de lojas sem seguranças que os enxotem mas que nesta aldeia não saúdam os passantes. Um pão ainda morno porque o caminho fez-me fome e um café numa locanda que fazia a agulha entre quem ia e quem vinha ajudou-me a fazer horas que estes locais do poder abrem tarde as portas. A Vanessa perseguia-me com o olhar trocista confortavelmente sentada dentro de um cartaz da dove o que este gajo faz por aqui.
Bom dia disse a menina ao grupo a que me juntei mas para mim já era mais boa tarde em frente a Barricades Improvisées de João Tabarra um objecto-vídeo que era uma seca mas a menina era bonito logo. Lá fomos atrás dela pelo Thomas Schüte pelo José Pedro Croft pelo Bruce Nauman pelo Gilberto Zorio pela Fátima Rego pelo Pedro Cabrita Reis pelo José de Guimarães pelo Gilberto Zorio pelo Pomar afinal por meia dúzia das cinquenta e sete obras que por ali estariam só percebi no fim ao ver o catálogo. Ora bolas se é obrigatória a visita guiada quem guia podia falar um bocadinho menos e levar os guiados a ver mais peças porque mesmo calada juro era uma boa companhia.
Felizmente encontrei no final daquilo tudo a Jacinta-day-dream e a Marisa-Monte-Universo-Ao-Meu-Redor a quem dei com todo o gosto boleia até Coimbra. Gostei de as ouvir lá falaram de coisas delas não interferi na conversa mas achei piada quando a Marisa se virou para a Jacinta e disse “quem foi que disse que é impossível ser feliz sozinho” e esta levantou a voz eu avisei-o “tens fome ou não te apetece mais/ meu amigo decide lá/ não sabes se odeias ou tens paixão/ um duche ou um banho de imersão/ mas diz-me se tenho ou não razão/ meu amigo decide lá”.
Vou convidá-las para irem comigo amanhã ouvir a Maria João e o Laginha à Casa da Música. Não sei se se conhecem.

PRIMAVERA

Incursões, 21.03.06
a Primavera é como uma talvez mão
(que vem cuidadosamente
de lado Nenhum) compondo
uma vitrina, para a qual as pessoas olham (enquanto
as pessoas olham
compondo e mudando de lugar
cuidadosamente ali uma estranha
coisa e uma coisa conhecida aqui) e

mudando tudo cuidadosamente

a primavera é como uma talvez
Mão numa vitrina
(cuidadosamente para lá
e para cá movendo Novas e
Velhas coisas, enquanto
as pessoas olham cuidadosamente
movendo uma talvez
fracção de flor aqui pondo
um pouco de ar ali) e

sem partir nada.

Edward Estlin Cummings (1894 - 1926)
livrodepoemas
trad. de Cecília Rego Pinheiro
Ed. Assírio & Alvim

"MUITO TRABALHO, MUITO TRABALHO!"

Incursões, 17.03.06
A leitura da entrevista que um advogado coimbrão deu ontem ao Público recordou-me algumas das querelas que atravessam o mundo dos tribunais e das quais, ao vê-las referidas, me apercebo de que estou cada vez mais longe. Por exemplo: quem trabalha mais, os juízes ou os procuradores? Ehn? Qual a vossa opinião?
Questão que tem contornos interessantíssimos e que provoca tiques bizarros. É uma vanglória ter “muito trabalho, muito trabalho!”. De resto, a resposta à pergunta “então, como vais?” é frequentemente “muito trabalho, muito trabalho!”. Quando estive no CEJ era confrontado com auditores de justiça que no rol de argumentos para optarem por ser juízes e não procuradores incluíam o ter mais trabalho. O que, a ser verdade, não me parecia um argumento muito inteligente, confesso-o.
Nunca me identifiquei com esta concepção “braçal” das magistraturas, embora reconheça que na 1ª instância uma grande parte do trabalho executado diariamente é um trabalho braçal na verdadeira acepção do termo, pois consiste na circulação inútil, a força de braços, de dezenas de quilos de papel.

ABAIXO A CLAUSURA PROFISSIONAL E TEMÁTICA!

Incursões, 13.03.06
Tenho andado pouco por aqui, e também por ali, e pouco por muitas outras coisas que me são essenciais. Tenho andado demasiado mergulhado num mundo de afazeres profissionais e obrigações adjacentes que me atropelaram quando em Dezembro do ano passado tropecei nuns descontrolos fisiológicos. Ainda não consegui sacudir toda a tralha que corria atrás de mim e, pumba!, quase me soterrou. Mas quando, este fim de semana, ao ler uma reportagem num jornal sobre um tema que conheço bem, comecei a ter a tentação de nela catar as pequenas coisas que não estavam completamente exactas, ou as imprecisões técnicas, aproximando-me perigosamente daquele discurso que sempre critiquei sobre a impreparação dos jornalistas para tratarem das transcendentes questões da justiça, que descamba mais ou menos explicitamente na defesa da “acreditação”, percebi que, de facto, o corporativismo nasce da clausura profissional e temática. Que tem ainda o efeito, para mim igualmente perturbador, de criar atrito no deslizar do aparo da caneta sobre o papel. Rapei dos adequados antídotos!

AO GATO E AO RATO

Incursões, 27.02.06
“Os assaltantes estão a usar métodos cada vez mais criativos para o furto de esmolas religiosas. Longe vão os tempos da destruição das caixas de esmolas. O trabalho é agora mais “limpo” ...
No santuário de S. Bento da Porta Aberta, os larápios usaram fio de rede, com um medalhão pesado e envolto em cola de rato, que era introduzido no orifício da caixa de esmolas, trazendo depois notas e moedas do fundo”.
Noticia o Terras do Homem (Amares, Terras do Bouro e Vila Verde) desta quinzena, adiantando que os responsáveis da Irmandade de S.Bento acreditam que “conseguiram já suster a sucessão de furtos nas caixas de esmolas”, não só pelo reforço da vigilância, mas porque “foi colocado um sistema nos orifícios das caixas que, através de dentes de serra, conseguem cortar o fio de sediela quando ele é puxado para cima com peso”.