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Incursões

Instância de Retemperação.

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A censura que vale

José Carlos Pereira, 25.10.17

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A moção de censura apresentada pelo CDS-PP teve o fim esperado, com a reprovação assegurada pelos votos contrários de PS, BE, PCP, PEV e PAN. O CDS-PP usou um direito constitucional que tinha à disposição e apresentou a moção para carregar nas críticas ao desempenho do Governo e das entidades que de si dependem na sequência da tragédia dos incêndios, esquecendo, pelo caminho, as responsabilidades que deteve no governo PSD/CDS-PP precisamente no domínio da agricultura e do desenvolvimento rural, sob a alçada de Assunção Cristas.

O exemplo fatídico do Pinhal de Leiria, a mata nacional por excelência, gerida pelo Estado, mostra como falharam todos os governos nas últimas décadas perante a (in)capacidade de conservar, limpar e gerir a mais emblemática floresta nacional. Quando se diz que o problema reside na incúria dos proprietários privados, este caso veio mostrar-nos que não há garantias de que o Estado fizesse melhor do que os privados na defesa da floresta e do mundo rural. Do mesmo modo, também todos os governos caíram no pecadilho de partidarizar estruturas de comando, substituir chefias e mudar de orientações sem a conveniente avaliação do que estava para trás.

O Governo viu o Parlamento reforçar o seu mandato ao chumbar a moção de censura, mas foi notório que nenhum dos parceiros parlamentares apreciou a conduta do executivo no rescaldo dos incêndios de Junho e de Outubro. De facto, o Governo, a começar pelo primeiro-ministro, nunca reagiu como devia perante a tragédia e as falhas evidentes desde a primeira hora em vários domínios, o que mereceu críticas (e a censura!) de muitos portugueses. Há quem diga que António Costa foi vítima da sua racionalidade e até de alguma sobranceria, mas será bom que o primeiro-ministro perceba que são acontecimentos imprevisíveis como estes que, por vezes, fazem mudar de um momento para o outro a opinião dos eleitores em relação a quem está no poder. E nem sempre António Costa vai encontrar pela frente uma cadeira vazia na liderança do maior partido da oposição.

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