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Incursões

Instância de Retemperação.

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A demissão de António Costa

José Carlos Pereira, 07.11.23

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O pedido de demissão apresentado por António Costa era a única saída possível ao primeiro-ministro, depois de tudo o que se conheceu na manhã de hoje. O comunicado emitido pelo gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República, como não por acaso enfatizou António Costa, tratou de implicar o primeiro-ministro de forma definitiva, tendo por base o "conhecimento da invocação por suspeitos do nome e da autoridade do primeiro-ministro e da sua intervenção para desbloquear procedimentos no contexto suprarreferido". “Tais referências serão autonomamente analisadas no âmbito de inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, por ser esse o foro competente”, refere o comunicado.

Ou seja, António Costa foi mencionado por algum dos suspeitos investigados, num depoimento ou numa escuta, e isso foi suficiente para o Ministério Público lançar a bomba atómica sobre o Governo do país. Se daqui a uns anos, no final da investigação, porventura nada for provado, quem é responsável pela crise política criada? Uma suspeita soprada por alguém sob investigação é suficiente para demitir um primeiro-ministro? Até onde vai o poder sem escrutínio de procuradores e juízes? Esta é uma questão que vi ser pouco salientada ao longo do dia de hoje e que me preocupa sobremaneira.

De resto, é óbvio que é muito grave ver a residência oficial do primeiro-ministro ser alvo de buscas, ver o chefe do gabinete do primeiro-ministro detido ou assistir a buscas às residências de um ministro e de um ex-ministro. Resta desejar que se apure em relação aos envolvidos tudo o que houver a apurar e que a justiça faça (bem) o seu trabalho.

Entretanto, se caminharmos para eleições, como se perspectiva, teremos pela frente um autêntico hiato na governação, com prejuízo para o processo orçamental de 2024, para a execução do Plano de Recuperação e Resiliência e para o desfecho de vários dossiers importantes. Uma crise política nunca é oportuna, mas esta chega num momento particularmente delicado.

 

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