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Incursões

Instância de Retemperação.

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A "impressão” do Sr. Schauble sobre o Orçamento de Estado

JSC, 11.02.16

O Sr Schauble à entrada para a reunião do Eurogrupo – aquele naipe de ministros das finanças que manda na UE – deixou no ar mais uma frase assassina, para estimular os mercados a sangrarem ainda mais as finanças lusas. Disse ele, como quem não quer a coisa, “Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros se der impressão de que está a inverter o caminho que tem percorrido. O que será muito delicado e perigoso para Portugal”.

 

Como se lê, a coisa está ao nível da “impressão” que se dá. Mas também pode estar ao nível da “impressão” que quem está do outro lado quer ter. A “impressão” de uma coisa até pode estar mais do lado de quem a recebe do que do lado de quem a transmite. No caso, é expectável que o Governo queira passar boa “impressão”.

 

O Sr Schauble, que vê o Governo e o Orçamento pelas lunetas do PPE, é que desfoca a “impressão” criada pelo Governo, para ver a “impressão” que quer ver. Ao deixar esta maldade, logo à entrada, o Sr. Schauble está a dar um recado aos mercados: Voltem-se para Portugal, forcem a subida das taxas de juro. Os mercados que já estavam no terreno a fazerem o seu trabalhinho irão, daqui em diante, dar maior voracidade à coisa, para fazerem jus ao alento recebido.

 

Cá dentro, os familiares políticos do Sr. Schauble aclararão melhor o que ele insinua. Jornalistas/pivôs colocarão as perguntas certas, a que comentadores, ao estilo futebolístico, responderão exacerbando os factos, as insinuações, a referência a riscos hipotéticos e outras maldades.

 

Com os estímulos “impressionistas” que vêm de fora e com o eco interno que têm, vai ser mesmo muito difícil ultrapassar o discurso do bota-abaixo, repor a confiança, puxar o país para cima.

 

Começa a ser insuportável ouvir muita desta gente, que vive do comentário, a reproduzir discursos que visam desacreditar as políticas públicas, a valorizarem riscos hipotéticos, a passarem por cima das medidas gravosas tomadas no ano anterior e que condicionaram as escolhas orçamentais para 2016, a darem todo o tempo de antena aos chavões e frases tipo Schauble, para depois concluírem que está em risco a avaliação do rating, que só uma agência nos qualifica acima de lixo, que se essa agência nos qualificar como lixo perdemos acesso ao financiamento do BCE. Lindo, não é? Só lhes falta pedir à tal agência para se apressar, para não estar com mais delongas, para nos colocar no lixo.

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