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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des Dames 353

d'oliveira, 15.02.14

 

 

Os desastres de Seguro (a partir da Condessa de Segur)

 

 

 

Alguma leitora ou leitor recorda os desastres de Sofia da senhora condessa de Segur? Daquela menina tão simpática e boazinha que só faz asneiras e que só piora a situação quando pretende remediá-los?

 

Parece que o livrinho faz parte de um qualquer programa nacional de leitura para criancinhas portuguesas, coitadas!...

 

Todavia, alguém, por acaso um rapazinho já crescidinho e impudentemente metido nas lides políticas, que por mera ironia, se chama Seguro, Tó Zé para os mais íntimos, não leu, ou se leu não percebeu a moralidade, o interessante livro da velha condessa.

 

Não faz mal. Provavelmente também não leu muitos outros autores, nacionais ou estrangeiros, situação em que estará em pé de igualdade com muitos outros (a esmagadora maioria) parlamentares. Os cuidados extremosos que dedica à Pátria amada e a devoção que manifesta pelo bom povo português roubam tempo ao vício solitário da leitura e, que eu saiba, não há filme recente sobre a desastrada Sofia. Portanto, Seguro não fará derreter seja o que for e não oferecerá um chá como o que a menina ofereceu às amigas.

 

Todavia, como se vai sabendo – e como aqui já se foi prevendo – Seguro anda em má maré: o dr Soares conspira abertamente e reúne de dois em dois meses mais uma mesa apocalíptica. Nela, alguns conspícuos cavalheiros com idades veneráveis mas ambições fortes, fingem de Cassandra e cospem fogo.

 

Alguns dos hierarcas (e são tantos) do PS desdobram-se em criticas cada vez menos veladas. Costa alerta para a necessidade de haver nome credível para lista do PS às europeias, lamenta que tudo ainda esteja no segredo dos deuses e que, concomitantemente, vários militantes prestigiados vejam os seus nomes gastos pelo arruído da comunicação social. Assis ou Carlos César já “foram”. O PPD, ainda há tão pouco desgastado, ganha novas forças ao ver o destroço que a imprudência e a impudência de Seguro, cada vez mais desbocado, provocam.

 

Por outras palavras, nem o desatinado e risível auto-esfacelamento do Bloco, nem o desconhecimento público e  a falta  de carisma do cabeça de lista do PC, permitem pensar numa eventual façanha socialista.

 

Claro que, mesmo sendo fácil, não há que atirar para cima do desastrado Seguro todas as culpas da actual situação. Por um lado, ele não foi nunca, apesar de eleito sem oposição, o homem querido e necessário pelos militantes. Depois, não afastou o espectro socratistista e, muito menos, alguns dos seus mais fortes apoiantes que semi-açaimados andam pelos cantos da Comissão Política a arreganhar a dentuça e a pear (para apear) a acção de Seguro. Finalmente, os diferentes barões que não quiseram pegar no comatoso PS aquando da derrota das eleições estão prontos para avançar sobretudo graças às continuas toliçadas de Passos & companhia, que eles, talvez prematuramente, já consideram vencidos. Algumas sondagens simpáticas prefiguram uma vitória do PS mesmo se ainda muita água vá correr debaixo da ponte.

 

Esta próxima oportunidade eleitoral poderá dar alguns sinais mas convirá que os Seguros não a tomem pelo que ela não é: uma vera eleição legislativa. Primeiro porque vota sempre menos gente, depois porque as legislativas se ganham distrito a distrito e essas matemáticas eleitorais podem implicar maioria de votos mas estabilidade de mandatos.

 

Todavia, se Seguro não obtiver um resultado evidente e confortável bem que pode pensar em arrumar as botas de cavaleiro que, cedo e mal, calçou.

 

Perceberá ele isto?