au bonheur des dames 413
Por aqui e por ali
1 Leio com estupefacção que os cinco comandantes provisoriamente exonerados em Tancos foram de novo nomeados para os mesmos cargos. Tinham sido afastados para “não perturbar as averiguações internas” (sic). Desconhece-se se, neste tão curto prazo (17 dias), as famosas averiguações tiveram qualquer resultado, exceptuando as judiciosas declarações do senhor CEMGFA sobre a diminuta importância económica do roubo e sobre a irrelevância das armas desaparecidas!
Uma outra consequência dessa “exoneração provisória” foi, sem dúvida alguma, lançar poeira aos olhos do cidadão e afastar as pertinentíssimas suspeitas sobre o papel do CEME e do senhor Ministro que continua a passear a sua impotência política e a sua surpreendente teoria sobre o que é a responsabilidade política. De todo o modo, S.ª Ex.ª está politicamente morto e bom seria que a, bem da higiene pública, lhe fosse passada a respectiva certidão de óbito enviando-o para lugar mais adequado.
Resta deste folhetim escabroso apenas, e a meus olhos maldosos e anti-patrióticos, a “honra perdida” ou simplesmente beliscada dos cinco coronéis agora repostos no seu lugar. Repostos mas humilhados e fragilizados. De tudo isto salvam-se dois generais que publicamente recusaram o silêncio. Apenas dois! E agora, que irão fazer os cinco renovados comandantes? Fingir que tudo não passou de um pesadelo “de uma noite de Verão”?
2 Os fogos continuam. Melhor: agora é que a coisa começa mesmo a aquecer. Agosto, o temido Agosto, está à porta, a seca é extrema, o calor mantem-se. Volta e meia, regressa o SIRESP. Antes era o “fogo posto”. Agora, mais tecnologicamente, temos que o SIRESP tem falhas. Pelo menos, no dizer da “comunicação social” que se espoja deleitada na descrição das catástrofes. À passagem de um mês do fogo de Pedrogão, eis que as televisões se atiraram de novo aquela zona sinistrada. Não conseguiram dizer nada de novo. Por junto, surpreendiam-se com a lentidão dos auxílios como se fosse possível em curtas semanas começar a erguer casas, fazer plantios, limpar os destroços etc...
O SIRESP serve agora de cortina de fumo para a crudelíssima realidade: a inércia e a inoperância das acções de prevenção. A ideia que os incêndios se combatem depois de começarem tem destas resultados. Mais meios aéreos, mais meios terrestres, mais bombeiros, a tropa, novos comandantes da proteção civil, muita discursata, muito palavrório e as medonhas chamas a rirem-se disso tudo. E, é verdade, uma senhora Ministra constante num lugar que, reconhecidamente, é bastamente superior aos seus talentos. Mais um cadáver político à espera de pio enterro. R.I.P.
3 Parece que o Governo se entendeu com o Bloco de Esquerda sobre a redução da área de plantação de eucalipto. Por acaso, agora, um dos fogos ceva a sua fúria não em eucaliptos, fonte de todo o mal, mas em áreas de pinheiro bravo No entanto, não convém recordar isso. Não é politicamente correcto dizer que a floresta arde naturalmente; que a floresta não cuidada arde constantemente; que já ardia, mesmo quando o interior era habitado nas áreas de pinhal.
Sou um mero cidadão curioso e não um perito sem floresta, longe, muito longe, disso. Porém, corrijam-me se estou enganado, tenho ouvido dizer (e tenho lido) que a área de eucalipto pertencente às papeleiras não arde. Ou arde muito pouco. Porque há ordenamento na plantação, sapadores florestais e prevenção a sério.
Mesmo assim, corrijam-me de novo, não há eucaliptal suficiente para as papeleiras que, por isso, importam trinta por cento (ou mais) da matéria prima. Isto pode querer dizer (notem as minhas precauções) que, se diminuem a área de eucalipto, aumentam consequentemente as importações. Ou diminui o fabrico de pasta de papel. Se assim for, das duas uma: ou se reduz o emprego fabril nas celuloses ou as fábricas terão de enfrentar custos maiores o que só pode ter uma de duas consequências: alta de preços e eventual perda de mercado ou pressão para aumentar a competitividade e redução de emprego.
Também levaria a minha desvairada curiosidade a uma pergunta simples: que é que o BE, tão amante da natureza e do interior, propõe para onde não se plante eucalipto? Casinhas brancas à portuguesa com pão e vinho na mesa? Pastagens (não esquecer que para isso é preciso pastores)? Outras espécies florestais de crescimento rápido?
4 Os nacionais populistas andam num frenesi. A PT, que durante anos foi um escândalo, está a ser alvo de um piratagem efectuada pela sua proprietária (Altice). Consta que estão a ser mudados de lugar funcionários. Pergunta inocente: houve despedimentos? Resposta para já: Não.
Os mesmos fervorosos defensores da apropriação pública e estatizante de empresas, não querem que a Altice, sempre essa empresa fatal, compre a TVI e respectivos satélites. Afirmam que isso irá criar um monopólio. Há que tempos que não ouvia esta palavra! (culpa da queda do Muro e do falecimento sem glória da URSS. Às vezes a falência de um sistema tem destas consequência semi-semânticas...)
Vejamos por partes: A Altice, no que toca aos serviços de tv por cabo, jura que tem o dobro dos trabalhadores das duas concorrentes. A ser verdade (e na PT tudo era possível até esta ligeira estravagância) parece normal e conveniente que haja um esforço para poder ser concorrencial sobretudo se não houver despedimentos.
No que respeita à compra da TVI, a pergunta que se faz é esta: qual é a diferença entre a Altice (francesa) e a Prisa (espanhola) e anterior proprietária? Será que PC, BE e Costa são iberistas?
Por outro lado, sendo a TVI uma emissora privada (parece que é a que conta com maior audiência) será que só agora se percebeu isso e, aqui del rei!, há que nacionalizá-la? Não chegam a RTP 1, 2, 3, Internacional, África, Açores, Madeira, sei lá que mais que se arrastam à custa do contribuinte a fingir de serviço público? O público, esse ingrato, prefere as estações concorrentes, sobretudo a TVI. Não acham que se devia castigar esses anti portugueses e anti patriotas?
(digo isto porque, como bom traidor impenitente, quase não vejo as tv nacionais mas, antes e sobretudo, a TV5, algumas de língua inglesa, a TVE, os noticiários da RAI, a ARTE e os canais onde correm as séries policiais. E de quando em quando, o canal Holywood, os canais temáticos e, muito, muitíssimo, o canal Mezzo. Da emissão nacional só os canais de notícias em continuo. E bonda! )
A Altice é, agora, o novo monstro, o novo Cabo das Tormentas, dos nacionais-populistas.
Perderam-se (alguém perdeu, nanja eu) a EDP, as seguradoras, os bancos, a ANA, e o que não se perdeu andamos a pagá-lo pertinazmente com língua de palmo (os Banifs, os BPP, os BES, os BPNs, a CGD . – o que já se sabe e o que mais tarde ou mais cedo se saberá- enfim toda essa banca rota que nos há de desgraçar por muitos e maus anos). Nada disto é importante, ninguém quer saber. Agora é Altice de um tal Drahi que está a dar.
Lamentavelmente, não houve tempo para se assistir ao estoiro da PT comprada ainda antes de se poder ver como é que o Titanic foi ao fundo.
Pessoalmente, estou-me nas tintas para a Altice mas, enquanto cidadão, arreceio-me destes gargarejos nacionalizadores dos cavalheiros do costume. A História tem-nos ensinado o que sucede quando acontecem as nacionalizações sempre a favor do Povo com letra grande e sempre a serem pagas pelo povo com letra pequena. A diferença é que o primeiro constitui a clientela predileta do PC e do BE enquanto o segundo engloba os paisanos todos ou, pelo menos, os paisanos que pagam impostos. E eu não quero pagar (mais do que já paguei) a PT, a TVI e o que por arrasto pode vir. E não sou solidário de gente que foi desnecessariamente empregada por cunha, por clientelismo político, na PT. Pelos vistos fizeram pouco ou nada. Mas ganharam o seu dinheirinho enquanto o nosso fluía para sabe-se lá onde.
É para o que estamos...