au bonheur des dames 420
Nem mais nem menos
mcr, 22-10-21
Escrevo neste blog há mais de uma dúzia de anos. Digo o que penso, não faço fretes a ninguém, de resto já nem idade tenho para isso.
Raros leitores, raríssimos, desconfiam que eu tenho uma agenda política escondida e que quero o mal de uma série de instituições, partidos ou pessoas.
Lamento muito mas sei perfeitamente quão pouca, se é que existe, é a minha influência seja em que capitulo for da vida nacional.
E, convenhamos, pouco me importa o facto de ter um reduzidíssimo papel nessa arena de que saí por meu pé há mais de quarenta anos.
A experiência mostrou-me que o comentário político, ou o comentário na generalidade dura pouco e influencia ainda menos.
De certa maneira, este registo é quase um diário e teria funções semelhantes se eu o escrevesse sempre, e diariamente.
A generosidade de um punhado de leitores (eu, de resto desconheço quantos são, mesmo sabendo que há algures um registo do número de leituras que eventualmente mereço. A minha inépcia info-excludente é tal que nem isso sei consultar e, já agora, não tenho sequer qualquer curiosidade a esse respeito) chega-me e sobra para estar aqui.
Tenho-os (ou as visto que há , espero, leitoras) na conta de gente livre que pensa pela sua cabeça que está disposta a dialogar e a ouvir o outro.
De tudo o que vem de ser dito, resulta que seria razoável esperar de quem tem o trabalho de me ler apenas uma coisa. Que leiam o que lá está, só o que lá está e nunca, por nunca, o que lá falta. Eu chamo os bois (e os boys) pelo seu nome, não me escondo nem disparo para o meio da multidão. Digo o que penso, tenho por certo que muita coisa mudou, que eu mudei, que mudarei provavelmente se me caem mais meia dúzia de anos em cima.
Ouvi demasiados profetas e mais ainda falsos, refalsadíssimos, aprendizes de profeta. Dei para um par de peditórios e cada vez me apetece menos continuar essa piedosa tarefa.
Nietzsche dizia, perdoem-me se cito de cor e mal, “não o teres derrubado ídolos, mas o tere-los derrubado na tua cabeça, eis a tua vitória”
Espero, nestes tempos em que é prudente começarmos a d fazer o nosso próprio balanço, ter derrubado dentro da caixa dos pirolitos um par de ideias feitas e outro de fantasmas renitentes, recorrentes e pouco decentes.
Tudo isto serve tão só para reafirmar que mcr é o que é e não o que eventualmente alguém gostaria que fosse. Para o melhor e para o pior. E escreve de boa fé pois sabe, para alguma coisa serve a idade e o espectáculo do mundo, que a mentira só se aguenta com uma sucessiva cascata de aldrabices e que, tarde ou cedo, rui fragorosamente. Demasiado trabalho e demasiado barulho para nada.
E disse.
(sem ter nada com o de cima: avisa-se o leitor JMM que há poraqui,um livro com todas as gravuras da Encyclopedie para oferta pois, com a louca compra da obra propriamente dita este calhamaço, em estado perfeitamente novo necessita de quem o acolha generosamente. Não é generosidade minha, é necessidade absoluta de espaço! diga qualquer coisa pois duvido que tenha recebido um mail meu.)
*na vinheta uma gravura tintada de Cioriano Dourado, comprada com grande sacrificios nos ptomórdios da minha vida profissional. Ora 50 anos depois, continuo a gostar dela e lamento que o meu (inexistente) talento fotográfico não permita avaliar a sua qualidade.