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Incursões

Instância de Retemperação.

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Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 536

d'oliveira, 20.10.22

gasoduto para quê?

mcr, 20-10-22

 

O dr. António costa (com a colaboração eventual dos senhores primeiros ministros da Espanha e da Alemanha) anda de há uns meses a esta parte a propor a ligação de Sines por gasoduto às franças & araganças. 

Pelos vistos os navios carregados de caz liquefeito chegavam aquela simpática povoaçãoo alentejana, descarregavam o gaz que seria modificado para poder ser transportado em gasoduto e daqui seguiria, atravessando Portugal e a Espanha, para um destino europeu mais propriamente para a Alemnha e restantes países a montante. 

O sr Macron fez sempre má cara a tal projecto alegando que era desnecessário e, sobretudo caro. O sr Macron tem na sua bela terra de França vários portos capazes de receber osm mesmíssimos barcos que viriam a Portugal.

Por outro lado, as más línguas sempre anti-patrióticas!, alegam que este projecto é caro, caríssimo e que Portugal não possui tecnologia para o levar a cabo, tão pouco o quer pagar mas apenas receber a comissãozinha devida à descarga em Sines e ao atravessamento do território.

Percebe-se mal a posição de Espanha que tem gasodutos a dar por um pau e, sobretudo três portos de mar muito mais próximos dos Pirineus. A saber Bilbau, Valência e Barcelona.

Por outro lado, hoje mesmo foi assinado um acordo para estabelecer um gasoduto entre Barcelona e Marselha, sempre debaixo de água (ao contr´rio do proposto ou apadrinhado ou sugerido ou sonhado por Costa. 

Também parece estranho que, havendo às portas da Alemanha (em Roterdão, na Holanda) um porto imenso e dotado de tudo inclusive de terminais petrolíferos não se pense nesta cidade.

Eu sou pouco de ver televisão nacional mas ontem, por imperdoável descuido, enquanto esperava por uma reportagem sobre os impressionistas, caí na SIC Notícias  ouvi cinco doutos cavalheiros que, com inefável doçura e maldosa insistência estraçalharam a ideia do gigantesco cano através da península.

As criaturas citadas pareciam portuguesas e, sobretudo conhecedoras deste tipo de coisas ligadas à energia.

O argumento de vários portos muito mais próximos do centro da Europa e aptos a receber o gás pareceu-me sensato mas, como já afirmei, disto sei tanto como de poesia tártara do sec. XVI. Ou menos ainda, se possível.

Porém a geografia, o bom senso e o facto insofismável de certos países do centro europeu estarem bem mais apetrechados em técnicos, tecnologia deste ramo, leva-me a olhar com benevolência para umaa hipótese longínqua de Portugal e do Alentejo. 

E há ainda o problema simples mas definitivo de saber quem paga. Alguém acredita que o dr. Costa pense pagar do aflitivo bolso dos portugas um único tostão (ia a dizer cêntimo mas este é mais caro do que aquele) os custos seguramente substanciosos do cano, mesmo que só de Sines à fronteira. 

Alguém avisa que anda por aí nos espíritos iluminados a ideia de depois se pensar em hidrogénio verde que seria igualmente fabricado em Sines com auxílio da aguinha do mar que, para já está barata. Seia apenas necessário um estrutura dessalinizadora do género da que existe em Porto Santo ( mas maior, muito maior!) A referida estrutura cujo interesse não refuto seria aliás utilíssima no fornecimento de água para a malta beber, tomar banho, regar os campos, encher as piscinas e cuidar dos campos de golf  que medram em todo o lado como coelhos.

Estes meses de secara pura e dura serviram para nos avisar que o futuro hidrológico nacional está, digamos, comprometido. As barragens estão a 7% ou pouco mais. As chuvas fazem-se mais raras, a Espanha corta nos caudais dos rios internacionais, as energias alternativas dependem de factores que não dominamos sejam eles o vento ou a quantidade de sol.

Como acabámos com as centrais a carvão que agora, nesta crise fariam um jeito do catorze, como não usamos (nem queremos, Jesus, Maria, José” Abrenúncio! ) Centrais nucleares  estamos um bocado à rasca (permitam-me a expressão a que só recorro para não usar outras mais vicentinas que aprendi em Buarcos, menino e moço logo no primeiro dia de escola. Convém informar que à chegada a casa, agarrei o meu irmão mais novo e às escondidas no pátio repeti a dúzia de palavras aprendidas , coisa de que ele ainda hoje se lembra apontando-me um dedo acusador...)

Voltemos, porém ao gasoduto apenas para fingir que perguntamos ao dr. Costa e aos outros cavalheiros (e não são assim tão poucos mas sempre igualmente sapientes!) quem paga o cano. Qual o prodigioso serviço que prestará aos portugueses entre Sines e Elvas.

Também perguntaria, se valesse ac pena, em que pé está o estudo do famoso hidrogénio verde para exportar.

E arriscaria perguntar, hoje estou impatrioticamente curioso!..., se os restantes países europeus não saberão sobre o assunto o mesmo ou, blasfémia! mais do que nós?

Eu sei, oh se sei, que Portugal é um torrãozinho de açúcar, um jardim à beira mar plantado, nação valente e imortal, que demos mundos vários ao mundo (e não soubemos guardar ao menos um para a rapaziada...) mas uando vejo a imaginação teatral de uma heroína de Gil Vicente subir à cabeça de um cavalheiro político fico com algum receio. Como se lembrarão os cultos leitores, uma camponesa levava um bilha de leite à feira. Tinha a intenção de o vender e comprar ovos de pata com para incluída, o que daria patinhos que, engordados valeriam muitos morabitinos com os quais a intrépida moçoila com mais dois negócios faria fortuna e arranjaria dote capaz de seduzir algum vilão ricaço e bem parecido. E esta ideia, aliás excelente, tê-la-á feito dar uns passos de dança e, zás, catrapás!, deixou a bilha espatifar-se no chão perdendo todo o leite! 

Todavia, parece que já ninguém lê o mestre Gil como também não lê os outros, aliás. 

 

(o texto que agora aqui se publica é o resulta de uma ida a uma gentil dentista que armada com tremendos objectos, ajudada por uma luz intensa e pidesca, me tirou uma raiz de um dente deixada por uma anterior colega! Convenhamos que não doeu mas impediu-me de almoçar umas riquíssimas sardinhas, estou com a boca a latejar, não pude beber o meu chá e provavelmente, amanhã, quando for pelas primeiras bicas terei de as deixar arrefecer antes de as englutir.

Arre!   

 

 

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