au bonheur des dames 435
Esta já está!
mcr, 14-11-21
Hoje, pela fresquinha, apresentei-me garboso e corajoso no Regimento de Transmissões, para a terceira dose da vacina contra o covid.
Há pouco mais de 15 dias tomara a da gripe, na farmácia do costume. Sei perfeitamente que no Centro de Saúde a vacina não me custaria nada mas, neste capítulo da prevenção, eu não sou nada de dar uma folga. Portanto, logo que a farmácia me avisou que já tinha vacinas disponíveis nem hesitei.
Aliás, na altura nem sabia quando seria chamado e por isso continuo a pensar que fiz bem em me adiantar.
O quartel onde fui é enorme ma, felizmente, permitem a entrada de carros. A mim, provavelmente, não me faria mal, bem pelo contrário uma caminhada de cerca de 900 metros mas para a maioria das pessoas da minha idade, essa caminhada será já uma pequena provação.
Aliás, quando estacionei, acorreram pressurosos dois cidadãos com fatiotas do SNS a perguntar-me “se precisava de ajuda para andar”. A minha resposta só os tranquilizou depois de me verem sair do automóvel e dispor-me a fazer os últimos 199/200 metros.
Mais difícil foi preencher a papelada, nomeadamente tentar ler o meu nº de utente do SNS. Tive de pedir auxílio a um soldado prestável que leu e me recitou lentamente o malfadado número.
Já no átrio da vacina perguntaram-me se eu me importava de apanhar a 3ª dose da “Moderna”. Pelos vistos, havia falta da “Pfeizer”. Claro que o que eu queria era uma vacina, fosse ela qual fosse, desde que adequada.
Lá me picaram o “bracinho” (enfermeira dixit, que aliás me tratou por “amor”. A coisa envelhece qualquer um. Fosse eu um mocetão na flor da idade e do resto seguramente que a rapariga teria mais cuidado...)
Ao fim, aproveitei o descuido de quem estava na portaria e escapei ao período de observação. O café da manhã atenazava-me as papilas sequiosas e, ainda por cima, já trazia o jornal pronto a ser consumido. Saí “à francesa”, isto é “pirei-me” sem dizer “água vai”. Numa república coimbrã recheada de malta africana, dizia-se “abrir” ou, cúmulo da sofisticação!, ”lancetar”. Esses meus amigos “lancetaram” todos naquele ano da fuga maciça de mais de cem estudantes das colónias.
Há sobre o tema um livro muito interessante da Dalila Pereira da Costa onde se descreve todo esse complicado processo que teve a ajuda oficial das igrejas americanas e extra-oficial, para a logística da travessia de Espanha, de elementos da CIA. Hoje, há quem pretenda esconder essa embaraçosa intervenção esquecendo que até o Presidente Kennedy era contra a manutenção das colónias portuguesas. É a “história revista pelo politicamente correcto” que se avia por aí.
Portanto aqui estou de peito feito à tempestade, pronto a enfrentar a bicheza covidiana com mais possibilidades do que essa ínfima percentagem de criaturas que acredita em discos voadores, espíritos malignos e teorias várias da conspiração.
Vacinem-se caros leitores maiores de 65. Mais vale prevenir do que depois, ter de remediar a negligência, a ignorância e a preguiça.
(recado ao meu caro confrade – e amigo – JCP que me criticou sem malícia o meu texto sobre o acesso ao centro de saúde. Pelos vistos, ele acede sem dificuldade, via mail. Provavelmente também eu. Todavia, o meu ponto era o telefone que ninguém atende. Fiz sete tentativas, que diabo. Espaçadas no tempo. A pergunta que se põe é esta: de que serve indicar um telefone (aliás fixo!) se ninguém atende? Será algo de extraordinário ter um aparelho que guarde as chamadas, as distribua ou permita deixar uma mensagem?
Abraço, JCP e cautelas muitas – e caldos de galinha que também não farão mal – que isto da pandemia ronda por aí)