au bonheur des dames 439
Baixas no parlamento e não só
mcr, 19/11/21
Uma série de (alegadas) personalidades já anunciou a sua saída da Assembleia da República. Entre os absolutamente previsíveis figuram deputados do CDS e, neste cao, os mais relevantes e que mais se impuseram na tribuna e junto da opinião pública. O Xiaozinho fica sem gente que fará muita falta ao partido e cuja ausência não beneficiará o medíocre líder actual,
Eu, sobre o CDS actual, partido que nunca frequentei de perto ou de longe, lembro-me sempre d uma frase: “de vitória em vitória até à derrota final!”
Há, naquela formação pelo menos na sua versão actual uma vaga ideia de que aquilo é uma pequena coluna de lemmings a correr desesperadamente para o precipício.
As sondagens, valendo o que valem, indicam isso. As urnas dirão se estou ou não certo.
No PS anunciam-se, hoje, duas baixas. Ferro Rodrigues abandona os trabalhos parlamentares e não se recanditará e a actual Ministra da Justiça também já afirmou que não voltará ao Governo.
Esta senhora, cuja carreira no MJ ficará marcada (generosamente) pela absoluta discrição, terá dito que aquilo (o mester ministerial, não é a sua profissão. Tem toda a razão, não é nem nunca foi. Estes quatro anos foram pontuados por um par de “casos”, basta lembrar o caso da procuradora ultrapassada na “secretaria” por alguém que teria argumentos que à dita senhora faltavam, a saber, as simpatias de quem mandava.
Quanto a Ferro, é de aplaudir a sua decisão: não foi, nos últimos tempos, um Presidente acima de toda a crítica, desde os apelos futebolísticos em plena pandemia, até ao seu desastrado comportamento face à criatura pestífera do Chega. De cada vez que Ferro o interpelava, o homem ganhava votos e simpatias...
A procissão ainda vai no adro e é provável que à AR faltem ainda mais deputados presentemente em exercício. Quando digo deputados, falo dos que fazem a diferença e nunca dos “levanta e baixa o cu da cadeira à voz de quem manda”. Esses tentarão sofregamente manter o lugar que o “aparelho” lhes outorgou em troca de uma fidelidade canina.
Ns Ministérios, agora que se anuncia uma forte redução de cargos, era bom que se desse uma varredela valente. Desde o senhor Cabrita, um verdadeiro caso de patologia política, até mais alguns/algumas colegas que fizeram nestes quatro anos mera figura de presença.
Eu , se a memória me não falha, ouvi/li alguns/algumas a dizer que tinham saudades da sua vida de todos os dias. Se assim é, força, desandem!
É verdade que ser Ministro não é tarefa de todo o repouso mas também não convém que seja um sacrifício de Tântalo, que diabo. Estar ali a fazer das tripas coração faz mal às vísceras e, sobretudo ao corpo da pátria que, coitada, assiste ente envergonhada e irritada aos fracos esforços daquela gente.
Esta crise, que aliás, verifiquei agora, eu previa desde há vários meses, é a oportunidade única de uma boa barrela que deite fora a água do banho sem empandeirar, também, a criança.
Valeria a pena recomendar aos que vierem duas ou três pequenas coisas. Viajar menos dentro do país. Não vale a pena andar a duzentos à hora para inaugurar uma grua num porto; fazer menos declarações fantasiosas e ambiciosas e prometer apenas o que, na realidade, pode ser prometido e é factível; assumir responsabilidades sem atirar continuamente as culpas para os anteriores Governos, para os adversários políticos, para a pandemia, ou para o uso imoderado de coca cola. E ouvir com orelhinha atenta o murmúrio manso do povo. É que a mansidão tende a esgotar-se nem que seja a longo prazo.
E ficamos por aqui.