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Incursões

Instância de Retemperação.

Incursões

Instância de Retemperação.

au bonheur des dames 473

d'oliveira, 15.03.22

Morte, onde está a tua vitória?

mcr, 15-03-22

 

 

Conheci o Jorge Silva Melo em 68, se não erro. Na altura, havia uma tentativa de criar entre os diferentes grupos de teatro universitário, uma rede de entre-ajuda, de organizaçãoo à semelhança das R.I.A. (reuniões inter-associações) de Lisboa, e também, ainda que muito veladamente, uma espéie de apoio a uma UNEP (União Nacional dos Estudantes Portugueses). A coisa era liderada pelo CITAC (Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra) e contava com o apoio do TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra) , do TUP (Teatro Universitário do Porto e do Teatro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

O CITAC liderava o projeco por razões simples: era o organizaor desde há mais de uma dúzia de anos de um “ciclo de Teatro” que juntava em Coimbra o que melhor se fazia no domínio do teatro profissional e agregava sempre os grupos universitários existentes. Depois, era o grupo de teatro quem à época mais experiencia internacional tinha mesmo se o tEUC pudesse apresentar ytambém um excelente currículo baseado todavia apenas na participação em “Delfíadeas, festivais dedicados normalmente aos grupos estudantis que trabalhavam na área do teatro clássico. 

Por razões que não interessam, coube-me a mim, enquanto elemento do CITAC, a coordenação deste projecto. 

Em certo dia, aparecem de surpresa na reunião três jovens da Faculdade de Letras de Lisboa que, com a ousadia dos recém chegados declararam que tinham acabado de fundar um grupo de teatro na sua faculdade. 

Eram eles, Jorge Silva Melo, Luis Miguel Cintra e Maria José Carvalho. Nos primeiros momentos ficámos espantados, depois começamos  perguntar como era a estrutura que pensavam montar, coisas burocráticas a que aquelas três almas não sabiam responder. Por junto queriam fazer teatro, ponto, parágrafo e siga a rusga. Do lado dos já membro aquilo parecia demasiado imatura mas, se não erro, e penso que não, eu terei insistido na admissão imediata daquele novo grupo. 

Meses depois, já eles vinham ao “ciclo anual de teatro, que nós (CITAC) organizávamos. E vinham com o “Anfitrião”, algo de muto bem encenado, imaginativo, bem desempenhado. Foi um trinfo. A encenação devia-se ao Jorge e ao Luís Miguel que, aliás, também actuava.  Alguém nessa noite deu os parabéns e disse que eu acertara em cheio. Nem ele (e muito menos eu) sabíamos quanto se tinha acertado!

A Cornucópia veio já como grupo profissional e a partir desse início doa anos stenta a aventura continuou. Em certo momento a dupla Jorge. Luís Miguel desfez-se e o Jorge partiu para outra e variadas experiências, desde colaboraçãoo com grandes encenadores estrangeiros, à realização cinematográfica e a uma intensa actividade escrita de que já aqui, neste blog falei e celebrei. Depois com o seu regresso definitivo a Portugal apareceram os “Artistas Unidos” de que ele foi a alma e o encenador. 

Nem vale a pena dizer, pois é vox publica, quanto o Jorge valia como encenador, dramaturgo, animador, folhetinista e sei lá que mais. Em tudo , ou quase, ono que se meteu deixou um rasto brilhante que se lhe granfeou admiradores também lhe deve ter criado um bom par de adversários invejosos.  Disso não falarei: de minibus non curat praetor.

Durante anos lá nos íamos encontrando, um pouco ao acaso, durante as minhas idas a Lisboa. Isto de viver na “província” não dá grande azo amanter uma proximidade e uma conversa em dia, constante como deveria. Acompanhei de longe a carreira dele, foi lendo o que ele escrevia, comprei os livros que ia publicando e disso, como acima disse, dei  conta.

Relembro, muito especialmente, um brilhante exercício literário e cultural no mais nobre sentido da palavra: Fala da criada dos Noailles que, no fim de contas, vamos descobrir chamar-se também Séverine, numa noite de inverno de 1975 em Hyeres” (Cotovia ed)

 

A última vez que nos encontramos foi na “feira dos alfarrabistas” em Lisboa e recordo que o terei convencido a comprar a colecção completa da revista “Almanaque  (também já aqui devidamente celebrada) que um livreiro distraído oferecia por cem euros e pronto a fazer mais um desconto. Depois de folhear um dos exemplares, o Jorge lá se decidiu, agradeceu-me o conselho e comprou a revista em colecção completa e muito bom estado. Despedimo-nos com um até breve que afinal foi até hoje e já não tem qualquer sentido

Vai esta para Maria José Carvalho, que também foi minha cunhada, é minha amiga e correu mundo como professora universitária a espalhar sabedoria, alegria generosifade ent alunos e amigos. Agora anda metida no estudo do persa. Talvez me ajude nalgum passo mais difícil da leitura do grande HAfiz. Valeu, Zé? Um beijo do

M.